Cap.16 "My heart beats faster when you take me over" (Mariah Carey)

3.4K 219 65
                                    

[Elizabeth 's POV - On]

Aquela madrugada foi lenta, eu sentia como se o tempo não passasse, eu queria vê-lo logo outra vez. Sua presença me fazia esquecer o temor por sua ausência, eu não saberia o que fazer se o perdesse e eu sei que o mundo não é bom, eu descobri isso sozinha, as pessoas não pensam pra te fazer mal e passar por cima de seus sentimentos, mas eu, de alguma forma, sempre confiei em Jug.
É fato que ele me pareceu um grande idiota desde que o conheci, todas aquelas brincadeiras sem graça, todas as vezes que ele jogava bolinhas de papel no meu cabelo, ou colocava besouros na minha mochila... Talvez por esse motivo eu nunca me imaginei com ele, eu realmente nunca imaginei que ele pudesse me ver com os olhos que ele me via agora, ou eu achava que sim. Na verdade, eu não achei que fosse me apaixonar, nem beijar tão cedo outra boca depois de Reggie, mas ele chegou tão de repente e tudo aconteceu tão rápido... Rápido demais.
Eu me levantei da cama assim que o primeiro raio solar atravessou a cortina, quebrando o escuro que preenchia o ambiente no minuto anterior. Entre minhas pernas habitava um incômodo constante, não era doloroso, apenas desconfortável. Peguei uma muda de roupas e caminhei sorrateira até o banheiro, não queria despertar meus pais, afinal, eu acordava cedo, mas 6 horas é exageradamente cedo.
Enquanto a água percorria minha pele, aquecendo-a, eu me lembrava das mãos de Jug que exerceram o mesmo papel na noite anterior, ele havia sido incrível, eu não sei se alguém poderia ser melhor, tudo o que pesquisei sobre isso me revelou histórias horripilantes de dor e sangramento intenso, vez ou outra eu encontrava contos que me faziam enjoar, mas agora tudo me parecia bem mais claro. Eu sabia o que era sexo, eu tinha feito amor e não me parecia nem mesmo um pouco ruim agora. Embora a dor tivesse realmente sido grande, eu estava ansiosa pela próxima vez, eu queria sentir tudo novamente, eu queria conhecer aquele universo tão distante do meu, Jug era meu ticket de entrada.
Aquele foi, de fato, o banho mais longo da minha vida, meus dedos estavam enrugados e ligeiramente dormentes enquanto eu me vestia. Coloquei um moletom qualquer, não iria sair àquela hora. Sequei meus cabelos e os prendi num rabo de cavalo enquanto passava os olhos por meus livros novos, pensando em qual começaria a ler, me senti instigada por um deles e cheguei a me deitar para ler, mas, ainda no primeiro capítulo, ou melhor, na primeira página, desisti. Jug vagueava por minha cabeça, seu sorriso, seu perfume, seus braços, suas mãos, seu beijo. Tudo nele me mantinha totalmente enfeitiçada, cedida.
Novamente me levantei, mais enteadiada do que anteriormente, e liguei meu notebook. Normalmente eu pesquisaria sobre a faculdade para a qual queria entrar, mas daquela vez eu não consegui prestar atenção em absolutamente nada do que lia. Pesquisei sobre produtoras enquanto baixava algumas músicas, li alguns fóruns sobre relações sexuais, pois eu não queria parecer uma boba todas as vezes que ele tirasse minha roupa, não que eu quisesse parecer experiente quando ele sabia que eu não era e não parecia se importar com isso, mas eu não precisava parecer uma beata.
Tomei o café junto com meus pais e, finalmente, o relógio marcou dez horas; peguei minhas coisas e saí de casa. Eu e Charles tomamos um ônibus e eu o deixei na escola de futebol, para em seguida ir ao ballet, onde passei minhas horas até meio dia e meio. Papai passou para nos pegar, tomei outro banho, desta vez mais rápido, pois meus pais me esperavam para o almoço. Eu estava constrangida com as perguntas frequentes sobre o jantar da noite passada. Meu pai queria saber sobre a família de Jug e, bom, não tínhamos realmente jantado com eles, então eu era obrigada a mentir e me sentia estupidamente mal com isso.
Charles insistiu por um tempo e nós fomos para a sala assistir O Irmão Urso; por mais apaixonada que eu fosse pelo filme, eu novamente me encontrava dispersa, com os olhos hesitantes eu olhava o relógio digital sobre a tv. As horas pareciam não passar, mas quando os números vermelhos anunciaram 2:30 eu saltei do sofá e avisei que iria sair com Jug, ouvi meu pai murmurar algo em tom de preocupação enquanto subia rapidamente as escadas até meu quarto. Retirei o moletom e, como de costume, coloquei uma camiseta simples e um macacão, eu gostava desse tipo de roupa. Escovei os dentes, coloquei meu all star por cima das meias brancas curtas e soltei meu cabelo, penteando devagar. Fiz um rabo de cavalo alto e arrumei minha franja antes de borrifar um pouco da minha colônia amadeirada e me sentei na cama, esperando ansiosamente o soar da campainha.
Olhei para o relógio prata em meu pulso e constatei que já passava das três horas, minhas pernas se moviam frenéticas, por que demorava tanto? Eu precisava vê-lo! Mais alguns minutos de tortura e finalmente ouvi a campainha preencher todos os cômodos duas vezes consecutivas. Meus pés me levaram rapidamente escadaria abaixo, gritei a meus pais que estava saindo enquanto girava a chave para destrancar a porta, abrindo-a em seguida. Jug, que estava de costas, se virou pra mim e sorriu desconcertado, passando a mão pela parte de trás da cabeça e erguendo os cabelos desajeitadamente.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora