Cap.39 "The day has come and now you'll have accpet" (Oasis)

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- Me ajuda! Por favor, me ajuda!

Sua voz preenchia minha mente e meu cérebro parecia pulsar. Meus pés tropeçavam um no outro, consequência da pressa com a qual eu caminhava. Não havia estruturas, apenas um pátio imenso, a rua constituída de paralelepípedos, e pessoas, rostos desconhecidos e ofuscados por uma névoa acinzentada. A lua estava vermelha, como se fosse um sol em chamas, mas era noite, eu sabia que sim, embora o céu não estivesse tão escuro. Eu corria, corria, e não saía do lugar, como se um cabo de aço me puxasse pra trás a cada passo que eu tentava dar.

- Rápido, Jug... Mais rápido... Isso!

Sua voz já não parecia pavor, pelo contrário. Parecia transbordar tesão. Continuei correndo, mas sem me mover, como se eu estivesse sobre uma esteira. As pessoas foram sumindo, dissipando-se frente aos meus olhos como poeira, e só restou um casal transando. Os cabelos da moça estavam cacheados, cheios, e úmidos de um suor que prendia mechas por sua pele pálida e lisa como ceda. Vi seu rosto em minha direção e a reconheci, Elizabeth, aquele sorriso excitado de lábios inflados, vermelhos como suas bochechas. Seus olhos estavam cheios d'água, mas ela estava gostando, eu sabia que sim. O rapaz investia com força, fazendo a cama dobrável ranger. Chuck, o rapaz era Chuck, ele me abriu um sorriso cheio de sangue, e rapidamente seu rosto todo estava desfigurado, mas ele continuava empurrando seu quadril contra o dela. O sangue pingava de seus lábios e escorria pelo corpo de Elizabeth, contornando seus seios e escorregando por sua barriga até sua virilha. Eu havia parado de correr, e repentinamente estava imobilizado por uma camisa de força. Gritei, gritei a plenos pulmões, encobrindo seus gemidos e gargalhadas, gritei até minha voz ficar rouca e depois sumir. Então abri meus olhos, úmidos e ardentes... Os fixei no rosto do rapaz, que agora não parecia-se tanto com Chuck, os hematomas e feridas ainda estavam lá, mas o rosto, era o meu...

Abri meus olhos e rapidamente olhei ao meu redor, me certificando de que o cenário que ainda estava nítido em minha memória não passava de um pesadelo. Sweet Pea me olhou com estranheza, neguei com a cabeça e voltei a me encostar no acento do ônibus, esfregando meu rosto. Minhas mãos estavam geladas, e minha respiração custava a se normalizar.

- O que você sonhou? - Neguei com a cabeça novamente, com os olhos fechados.
- Nada demais.
- Como nada demais? Você 'tava se remexendo aí, acordou com essa cara pálida, conta aí. - Sweet Pea insistiu.
- Eu não me lembro direito, se eu me lembrar, te conto. - Falei, sem abrir meus olhos.
- Hm, tá.

Sweet Pea não parecia convencido disto, mas também não voltou a questionar. Respirei fundo mais uma vez e abri meus olhos, acompanhando a estrada ficar pra trás como um borrão através da janela. Encostei minha cabeça no vidro, observando as gotas escorrerem lentamente por ele. Estávamos chegando, me certifiquei quando uma placa de Bolton passou por meus olhos, enquanto pela minha cabeça a única coisa que passava era o bem estar de Elizabeth. Eu queria saber como ela estava, ou se recordava de algo, até onde se lembrava da noite anterior. Eu estava certo de que o final era desconhecido por ela, pela maneira como me ignorou, muito provavelmente não estava grata pelo que fiz. Eu também não estaria, eu se quer cheguei a tempo. Eu gostaria de poder falar com ela, mas também respeitava seu silêncio. As coisas aconteceriam ao seu tempo agora. Eu deveria ser paciente, e só.
A viagem havia chego ao fim, e minha realidade parecia a mesma de quando saí dali. Eu ainda não estava com Elizabeth, ela provavelmente não queria me ver ou falar comigo, e minha casa devia estar indo abaixo junto com o relacionamento dos meus pais. Tudo ficaria bem se eu pudesse simplesmente tomar um banho e dormir na minha cama por uma noite, depois de todas aquelas noites.

- Cara, a gente se vê amanhã. - Fangs disse, estendendo sua mão pra um high Five.
- Ok, até amanhã.
- Você não quer carona mesmo? - Sweet Pea quis saber, sua mãe o esperava dentro do carro.
- Não, valeu, eu vou andando.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora