Cap.6 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)

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Assim que coloquei o filme, eu caminhei até a porta da sala, encostando-a. Perguntei se Betty se importava se eu fechasse as cortinas, ela negou, encolhendo as pernas inteiras sob a saia. Eu fechei as cortinas, por ser de cor nude não escureceu a sala de um todo, só vetou em parte os raios de sol. Sentei-me ao seu lado e peguei o controle do DVD. O início do filme era um pouco sombrio, um cara contando sobre sua história, não me parecia muito interessante e eu nem mesmo me lembrava do começo, então me estiquei e peguei nossas taças, entreguei uma a ela, que me sorriu agradecida e se recostou ao sofá, olhando para a TV novamente. Sorri e suguei um pouco do meu leite, virando meus olhos para a TV, quando notei que não teria a atenção dela.
Para quem nunca viu o filme, ele conta basicamente a história de um velho tarado que casa com uma mulher e se apaixona pela filha dela, a Lolita. A mulher morre, ele e Lolita, literalmente, se envolvem e fim. Na verdade, o fim não é esse, mas se você nunca assistiu seria inconveniente eu contar o fim, odeio que façam comigo e não vou fazer isso com ninguém.
Olhei de esguelha para Betty enquanto apoiava meus pés na mesa de centro, ela do mesmo jeito, com as pernas em posição de índio cobertas pela saia, recostada ao sofá, sem mater uma postura totalmente ereta, com os olhos fixos no filme e o canudo preso entre os lábios entreabertos, totalmente absorta. Sorri e mordi meu lábio, de alguma forma ela me pareceu bem atraente. Traguei a saliva e me voltei para o filme, tentando absorver algo das cenas que eu via, mas eu não queria prestar atenção, então isso ficava um pouco complicado.
As cenas se passavam e Elizabeth exclamava alguns rápidos sustos quando algo inesperado acontecia, eu apenas sorria. Meus olhos vagavam por seu rosto, estava sem expressão alguma, ela estava devota ao filme, e eu a ela. O canudo estava próximo de seus lábios, quase entre eles, vez ou outra ela o envolvia com a língua e sugava um pouco de sua bebida, depois soltava, com as bochechas cheias de leite, engolia aos poucos e limpava os lábios com a língua, contornando-os com sua língua que nunca me pareceu tão convidativa. De repente, suas bochechas começaram a corar, e ficavam cada vez mais vermelhas, virei-me para a TV e notei que a cena era desagradável, pelo menos para ela. Não era nada demais, era a primeira transa das personagens, mas sequer aparecia alguma coisa concreta, ninguém nu nem nada disso, mas eu podia ouvir a respiração descompassada da garota ao meu lado. Eu sorri e virei meu rosto em sua direção. Seus seios subiam e desciam rapidamente, ela estava vermelha, realmente muito vermelha, parecia até sufocada com alguma coisa. Quando notou meus olhos, ela virou o rosto na minha direção e pareceu um pouco assustada quando seus olhos se encontraram com os meus, eu lhe sorri e tentei passar alguma confortabilidade, ela sorriu sem graça e mordeu o lábio.
Umedeci meus lábios e me aproximei um pouco, ela não hesitou, apenas forçou os dedos na taça de vidro, eu sorri e peguei a mesma de suas mãos, esticando-me para colocá-la na mesa de centro ao lado da minha. Quando me voltei para ela, pude sentir suas mãos se instalarem em minha nuca, delicadas, receosas. Ergui meu rosto um pouco mais, encarando seus lábios. Antes que pudéssemos pensar em qualquer coisa, eu a beijei. Sua língua pareceu um pouco tímida de início, mas eu a instiguei pouco a pouco com a minha, até que as duas estivessem envolvidas em movimentos lentos, namorando entre si. Eu sentia suas mãos tateando meu cabelo, seus dedos leigos se enroscavam entre os fios. Minhas mãos estavam apoiadas no sofá, mas ao notar que ela não se importaria coloquei uma delas em torno de seus ombros, apoiando o antebraço no encosto do sofá, e levei a outra em sua cintura. Deus do céu, sua cintura era fina, fina como eu não imaginei que fosse, e só agora, tateando seus ossos salientes, eu pude perceber isso.
Investi um pouco os lábios nos seus e senti ela se encolher minimamente, arrastei a mão de sua cintura para suas costas, tentando atraí-la para mais perto, mas ela jogava o peso do corpo para trás, não me deixando fazer isso. Eu podia sentir quão tensa ela estava, e teria que resolver isso. Com a mão que estava atrás de seus ombros, eu acariciei seus cabelos, enroscando-os com cuidado entre os fios, massageando sua cabeça e nuca com as pontas dos dedos até senti-la um pouco mais fraca. Ela cedeu ao meu braço e eu a trouxe um pouco mais cerca de mim. Nossos joelhos se encostaram e eu voltei a mão para sua cintura, tentando fazê-la se virar de frente para mim, de alguma forma eu sabia que não ia ser tão fácil assim. Ela se contraiu e quebrou o beijo, estávamos ofegantes, seus olhos arregalados fixos nos meus, com os quais eu tentava acalmá-la.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora