Cap.54 "You made me feel like our love was not real" (Chris Brown)

1K 125 182
                                    

Depois de conhecer Elizabeth, e deixar que ela me encantasse completamente, eu não podia imaginar um momento onde eu simplesmente não fosse querer abraçá-la, por menor que a vontade fosse, nunca imaginei que ela fosse deixar de existir. A última coisa que eu pensei que um dia chegaria a sentir por ela é asco, mas por hora era só o que me atingia quando eu tinha de vê-la passar pelos corredores da Riverdale High.

FLASHBACK ON:

- Como é? - Perguntei, sem a menor vontade de ouvi-la repetir, mas precisando disto para assimilar a informação.
- Jughead, não significou nada pra mim, eu juro... - Ela dizia, de maneira entrecortada, eu não sabia se ela tremia de nervoso, ou se era apenas frio, mas eu deixei de me importar, automaticamente.
- Você quase transou com o Chuck, é isso? - Perguntei, ainda descrente.
- Eu não queria...
- Então por que fez? - Perguntei sem deixá-la terminar, com meu rosto rígido, e meu coração mais ainda - Quando? Quando foi?
- Foi depois do aniversário do Moose, quando ele foi me levar embora. - Apertei os olhos, sentindo meu coração disparar, soltei minha mão da sua e cerrei meus punhos, virando o rosto para o outro lado - Eu estava um pouco bêbada, eu, eu, não foi nada demais, não mesmo, eu...
- Cala a boca, Elizabeth, pelo amor de Deus! - Pedi, num tom alterado, com a adrenalina pulsando por todo meu corpo, notei que eu tremia dos pés a cabeça, eu queria quebrar alguma coisa, eu queria quebrar Elizabeth, e Chuck.
- Jug...
- Cala a boca! - Aquilo foi um grito, ela se encolheu e soluçou, chorando com mais força - Cala essa sua boca e não me conte mais nada, eu não quero saber mais nada, não tente se justificar, também! - Olhei pra ela, vendo-a soluçar com as mãos pressionadas contra a boca - Eu não esperava isso de você, apesar de tudo, eu não esperava isso de você.
- Você também fez isso com outras garotas...
- Eu fiz isso com muitas outras garotas a minha vida toda, mas você não é assim, Elizabeth! - Exclamei, sentindo minha garganta arder e meus olhos queimarem, não sei se de raiva, ou mágoa, ou as duas coisas - Eu achei que você se desse mais valor, só isso, mas você mudou muito, e essa sua nova versão, eu não faço questão de ter por perto.

FLASHBACK ON:

Faltava apenas um dia para a viagem que eu tinha prometido acompanhá-la, e eu não estava com a menor disposição para fazê-lo. Mas sr. Cooper me ligou pela manhã, perguntando se tudo estava preparado, e estava, exceto pela minha boa vontade que pareceu ficar nas lágrimas que eu deixei escorrer naquela noite, enquanto levava Elizabeth pra casa. A última vez que chorei por ela, e prometi à mim mesmo que isso não voltaria a acontecer.
Cheguei ao colégio e reconheci Veronica parada na porta principal, andei devagar até ela, vendo-a rapidamente enlaçar seu braço no meu. Começamos a andar, e ela a tagarelar sobre como as coisas estavam indo com a barraca de doces, o festival estava muito perto agora, e eu tentava me concentrar somente nisto, e nos ensaios da banda.
Havíamos composto uma música, e eu estava trabalhando em outra. As demos também já estavam gravadas, a audição estava agendada para o dia 02 de Outubro, e eu não sei pelo quê eu estava mais ansioso. Eu apenas queria que as coisas dessem certo, mas em meio à época de provas, era difícil ser otimista.
Apesar disto, minhas notas estavam boas, altas como nunca estiveram antes. Os professores vinham me parabenizar por isto, me dizer o quanto estavam felizes com a minha mudança. Eu tentava não ser grosso, mas às vezes eu não conseguia. Isso se aplica em qualquer aspecto, com qualquer pessoa que não fosse minha mãe. Bem, até mesmo ela não escapava do meu súbito mal humor em alguns momentos. Era natural, eu estava tão rancoroso que isto me cegou completamente, devo admitir.

- E aí, como estão os preparativos para a viagem? - Veronica quis saber, sentando-se ao meu lado, meus amigos me olharam, interessados, os cumprimentei com um aceno de cabeça e apoiei meus antebraços na mesa, semicerrando os olhos para protegê-lo dos fracos raios de sol.
- Bem. - Deixei claro minha resistência quando o assunto envolvia Elizabeth, eles sabiam que não estávamos nos falando, mas não faziam ideia sobre o motivo, talvez Veronica soubesse, mas acho que se isso fosse verdade, ela teria vindo falar comigo, ela não consegue se segurar muito bem.
- Ah, qual é? Você vai viajar com a Elizabeth, há uma semana atrás você estaria dando o cú na esquina pra ter essa oportunidade. - Sweet Pea falou, afetado pela minha resposta curta.
- E hoje eu me castraria pra não ter que ir.
- Quando você vai nos contar o motivo desse ódio todo? - Fangs perguntou, curioso.
- Elizabeth quase transou com Chuck. - Aquilo fez meu estômago guinar de uma maneira tão intensa que eu achei que fosse vomitar, prendi a respiração por um tempo, sem me mover - É por isso que ele está assim.
- Isso é verdade, Jughead? - Archie perguntou, com a voz baixa.
- É. - Dei de ombros.
- Porra, cara, sinto muito. - Fangs soltou, talvez arrependido por ter insistido no assunto.
- Relaxa. - Falei, sem entusiasmo, ou qualquer entonação.
- Relaxa nada, Jug, você tá sendo muito injusto. - Veronica disse, e antes que eu pudesse me defender, ela continuou - Talvez eu nem tenha direito de te dizer qualquer coisa, mas você não vai conhecer pessoa mais sincera que eu, e eu te digo, você tá sendo injusto, e infantil.
- Eu sou o infantil, Veronica ? Ela queria dar pro Chuck! - Exclamei, sentindo toda a revolta da notícia me atingir - Logo pro Chuck, ela sabe quem ele é, não é como se ela fosse ingênua...
- Jughead, você não comeu a Rebecca? Não comeu a Angie? E deve ter se deitado com muitas outras que você nem sabe o nome... - Veronica dizia, tão colérica quanto eu mesmo - Ela estava bêbada, e nem aconteceu, além do mais, dê graças a Deus que só aconteceu com uma pessoa diferente de você, que já dormiu com garotas que nem se lembra e que depois ficam comparando o tamanho do seu pinto com a lista de 6 outros caras que elas dormiram no fim de semana...
- Mas nenhuma delas é minha ex namorada, nenhuma delas teve minha confiança e minha admiração...
- Ah, você não namorou a Kendra, então? - Trinquei os dentes - Pelo amor de Deus, você tá sendo hipócrita! Pode perguntar pro time todo de Cricket, de Polo, de Hockey... Pode ir lá e perguntar, se algum deles não comeu a Kendra é porque é novato ou gay... Você sabe disso, sabe que eu 'tô certa.
- É diferente, Veronica , quando eu conheci Kendra ela já era assim, ela nunca prestou, eu estava consciente disso, mas Elizabeth não é assim...
- Ela teve um deslize, você nunca teve um deslize?! - Veronica gritou, com as veias de sua testa saltadas, a pele vermelha - Você é um idiota!
- Veronica ...
- Nem vem, não tem justificativa, pensa se você tá sendo maduro, você sabe tudo pelo quê ela está passando, você também sabe o que acontece quando bebe, e você sabe melhor ainda como é o instinto sexual, o Chuck é insuportavelmente persistente... Vocês nem estavam juntos! Tente colocar-se no lugar dela por um momento, e tente, também, não pensar tanto só nesse seu pinto.

Veronica não me deixou responder, levantou-se e afastou-se. Respirei o mais fundo que pude e fingi não perceber o olhar debochado dos garotos à minha frente. Me levantei e peguei minha mochila sobre a mesa, saindo de perto deles que explodiram em gargalhadas quando ainda estava apenas há alguns passos da mesa. Rolei meus olhos, exaurido.
Talvez Veronica estivesse certa, mas só talvez. Eu ainda não conseguia imaginar Elizabeth, minha menina, que mal sabia o que fazer, que dependeu de mim pra cada pequeno passo na cama e agora, agora havia cedido uma tentativa de seus poucos conhecimentos, provindos da minha experiência, à Chuck... Logo ele que nunca mereceu um olhar vindo dela. Eu não iria me conformar tão cedo com o fato de seu corpo tão próximo de ser de outra pessoa. E só de imaginar as mãos de Chuck excursionando algo que era meu, eu sentia vontade de estrangulá-lo. Não no sentido figurado, eu realmente não conseguia suportar a raiva, era maior do que eu.

FLASHBACK ON:

A chuva não havia cessado, apenas diminuído muito pouco. Eu sabia que Elizabeth, no banco de trás, estava com medo, mas provavelmente seu choro era por outro motivo. Eu não queria saber, por mim ela teria ficado lá, sozinha naquele posto que havíamos deixado pra trás há mais ou menos uma hora, agora já estávamos perto de Londres, e eu mal podia esperar para vê-la fora do meu carro, e do meu alcance.
- Jughead, podemos conversar amanhã? - Ela choramingou, quando estacionei em frente à sua casa.
- Não...
- Jug...
- Não, Elizabeth, não vamos conversar, amanhã ou qualquer outro dia, eu não quero conversar. - Não olhei para seu rosto, continuei com os pulsos apoiados no volante.
- Jughead, você está nervoso, tente me entender, não aconteceu nada, de fato, foram só... Você sabe... Podemos conversar quando você estiver mais calmo, quando achar que pode me ouvir...
- Isso não vai acontecer! - A encarei, vendo seu rosto de anjo tentar me amolecer, não funcionou - Entendeu? Não vai acontecer! Agora desce do carro, eu não aguento mais olhar pra sua cara.
- Tudo bem. - Soprou, entre uma lágrima e outra - Boa noite, Jughead.
- Você já acabou com ela.

FLASHBACK OFF.

Retirei a mala que estava guardada em um compartimento no alto do guarda-roupa. A deixei sobre a cama e comecei a retirar as peças de roupa, jogando-as de qualquer jeito sobre a cama. Mamãe, que havia me dispensado do almoço, entrou no quarto e, com aquele olhar curioso, começou a dobrar algumas peças e a guardá-las organizadamente dentro da mala.

- Quer conversar? - Mamãe murmurou, receosa, neguei com a cabeça - Aconteceu algo entre você e Betty, não é? Não quer ir à essa viagem?
- Mãe, eu disse que não quero conversar. - Resmunguei, minha mãe me conhecia muito bem, e eu estava certo de que ela sabia o quanto eu estava chateado com alguma coisa, mas deveria saber também que esse era o último assunto do qual eu gostaria de tratar agora.
- Tudo bem. - Ela disse, em tom baixo, voltando a guardar minhas roupas, suspirei, me sentindo mal por ter sido estúpido.
- Desculpa, mãe. - Cedi - Eu não quis ser rude, é só que... Todo mundo quer saber, falar disso, e eu não quero tornar isso mais real.
- Isso? - Rolei os olhos - Ok, se você não quer dividir isso comigo, não tem problema, mas saiba que se precisar de qualquer coisa, é só pedir.
- Tudo bem, mãe, obrigada.

Ela permaneceu ali, em silêncio, apenas me ajudando a selecionar tudo o que seria necessário para aquela viagem. Deixei separada duas trocas de roupa no respaldar da minha cadeira, uma para ir trabalhar mais tarde, e a outra para ir viajar. Por várias vezes, durante o banho, o jantar, e enquanto atendia as mesas do pub sob o olhar casual de Angie, me perguntei como seria passar os próximos três dias em París com Elizabeth. A única imagem, inflada, que não saía de minha cabeça era a de minha ex namorada tentando se explicar por ter ficado com o pior cara do colégio e, com isto, conseguir meu perdão. Não iria funcionar desta vez.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora