Cap.40 "I've found out a reason for me to change who I used to be" (Hoobstank)

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Há um momento na vida de cada pessoa em que ela tem de decidir entre o que quer fazer, e o que deve ser feito. Quem quer ser, e quem deveria ser. Um momento onde ninguém pode intervir em sua posição, ou ser seu intermediário. É você contra você mesmo, para seu próprio bem, e para o bem geral. Quem é que se importa com o bem geral? Eu me importo. Me importo desde que esse momento chegou pra mim.
No dia seguinte, primeiro dia de aula após as férias, me dei conta do quanto minha vida tinha mudado, como eu tinha mudado. Não sei se por necessidade, ou se era natural meu desinteresse em ficar no pátio com os garotos. Eu queria ser diferente, e embora eu sentisse que estava sendo radical, e começando a ser um nerd otário, eu não tinha vontade de lutar contra isso. Nem motivos.
A primeira semana foi complicada, tanto no colégio, quanto em casa. No colégio em consequência do interrogatório insuportável que os caras insistiam em fazer sempre que possível, desde o motivo pelo qual eu estava entrando na classe nos horários certos, até meu comportamento "embocetado", era assim que Archie me chamava agora. Também havia o fato de Elizabeth me ignorar de uma maneira tão intensa que não podia cruzar o mesmo caminho que eu, ela ficava completamente dura todas as vezes que eu me sentava ao seu lado na aula de biologia laboratorial. Já Chuck estava sempre por perto. É. Chuck. O cara que fodeu com ela, talvez até mesmo no sentido literal. Enquanto eu, o maldito guarda-costas, ganhava todo seu desprezo e rancor. Eu não conseguia contestar, questionar... Eu não queria, na verdade, voltar minha atenção para algo infantil, quando na minha casa eu passava por algo mais relevante e sério.
Mamãe não correspondia a nenhum dos meus estímulos. Eu tinha dado o meu melhor, e eu não queria desistir, mas eu estava ficando cansado. Após uma bronca minha, Jellybean decidiu sair de seu quarto e me ajudar. Ela cuidava do salão, junto de outras duas funcionárias, enquanto mamãe dormia o dia todo, ou quase todo. Eu tinha de ficar todo o tempo por perto, controlando-a, ditando regras e obrigando-a a cumpri-las. Era difícil dividir o tempo que eu tinha entre dar atenção à minha mãe, cuidar da casa, ensaiar com a banda e estudar. Mas isso mantinha minha cabeça ocupada o dia todo, e ajudava a evitar os pensamentos inoportunos e filhos da puta que sempre se direcionavam à Elizabeth, ou à procurar meu pai para estourar sua cara, assim como fiz com Chuck.
Decidi, no meio da segunda semana após o fim das férias, que deveria procurar um emprego, quando Jellybean chegou em casa com um bolo de libras amassadas, era suficiente apenas para as contas de água e luz. O telefone teria que esperar pra podermos fazer a compra do mês. Eu podia pedir ajuda aos rapazes, mas eu não queria contar à eles tudo o que estava acontecendo. Já estava sendo difícil o bastante para ter de lidar com a pena, eu sei que eles sentiriam, eu também o faria se estivesse fora da situação.

- Jug, 'tá tudo legal, dude? - Ouvi Fangs perguntar quando errei mais uma vez o mesmo acorde, fechei os olhos com força e respirei fundo - Cara, o que está acontecendo?
- Velho, só 'tô desconcentrado. - Tentei não ser rude, mas vinha ficando mais difícil com o passar dos dias.
- Eu sei, eu respeito isso, mas você tem estado desconcentrado há dias, nós temos uma apresentação depois de amanhã e você não consegue se ligar aqui, dude, deixa a Elizabeth fazer o que ela quiser, esquece isso tudo cara, é a banda!
- A Elizabeth não tem nada a ver com isso, Fangs! - Trinquei os dentes, irritado - Eu não sei se vocês sabem disso, mas minha vida não gira em torno da del...
- Diga isso a si mesmo, porra! - Sweet Pea exclamou de maneira colérica - Se você quer destruir sua vida por causa dela, faça isso, mas não leva a banda junto!
- Teu cú, Sweet Pea! - Gritei, soltando meu instrumento no chão e andando até a porta - Parem de achar que sabem de tudo, e parem de querer controlar minha vida, se vocês não estão satisfeitos comigo, procurem alguém melhor, eu 'tô fora!

Não dei tempo pra que eles respondessem. Era a terceira semana depois do fim das férias e no sábado tínhamos uma apresentação importante. Mas já havíamos tido tantas dessas que eu já nem acreditava mais que iria realmente vingar. Eu estava cansado de depender só disto, eu estava com medo ao me dar conta que a realidade era outra.
Enquanto voltava pra casa, naquele dia, ouvi meu celular tocar. Eu não me dei ao trabalho de tirar do bolso da calça, devia ser os caras, e eu não queria atender. Mas ao chegar e ver a chamada perdida não reconheci o número, então liguei de volta.

- Pub Ducati, boa tarde.
- Oi, aqui é o Jughead...
- Jug...head?
- Er... É. Esse número me ligou um pouco mais cedo, estou retornando a ligação.
- Oh, só um momento, Jughead. - Esperei alguns minutos na linha até uma outra voz soar.
- Alô.
- Oi, com quem falo? - Perguntei, tentando não parecer hostil.
- Boa tarde, sou Angie Crowder, proprietária do pub Ducati. - Fiz um barulho, como se pedisse pra que ela continuasse - Eu gostaria de falar a respeito do currículo que você deixou aqui.
- Ah, sim, sim... O currículo! - Completei com o entusiasmo ao me recordar.
- Sim, se ainda estiver interessado no emprego, gostaria de marcar uma entrevista com você ainda amanhã.

Comentei com Jellybean sobre meu suposto novo emprego, mas não permiti que mamãe tomasse conhecimento, ou ela interviria, diria que eu era um artista e que devia gastar meu tempo com a banda, e não com qualquer outra coisa. Eu respeitava esse anseio dela, pois também era o meu. Mas naquele momento não havia escolha.
No dia seguinte faltei à escola, contra minha vontade, por mais estranho que isso possa parecer. Tive que ir à entrevista, pois a tal Angie só poderia estar lá durante a manhã naquela sexta-feira. Respeitei seus horários, eu precisava do emprego, e o consegui sem muita dificuldade. Angie era a típica mulher independente que desperta o tesão de qualquer homem, e isso eu devo comentar antes de dizer, com muita felicidade, que ela simpatizou comigo. Não me disse diretamente, mas eu sabia, sentia, sei lá.
Durante a tarde, naquela sexta-feira, decidi ir até a casa de Fangs, pois estava decidido que eu iria contar tudo à eles e pedir seu apoio. Mas ao chegar lá e ver um outro cara tocando em meu lugar, me neguei a qualquer relato. Não fiz questão de disfarçar minha mágoa, apenas entrei, andei até minha guitarra e a guardei em seu case, suspendendo a alça do mesmo em meu ombro. Ouvi Fangs me chamar, mas o ignorei, também não olhei pra eles ao fazer o caminho de volta até a saída da garagem, e então fui pra casa.
A culpa era minha, eu havia explodido e dito para que eles procurassem outra pessoa. Eu não podia julgá-los por querer fazer a banda dar certo quando eu não conseguia se quer pensar em futuro. Eu tinha problemas demais no presente para conseguir vislumbrar coisa alguma para o dia de amanhã, ou para o mês seguinte.
Era sábado, meu primeiro dia no pub. Pedi que Jellybean ficasse em casa com mamãe, mesmo sabendo que ela não fazia mais questão de sair. Os caras deviam estar se preparando para a apresentação enquanto eu recebia um avental preto, um crachá e minha bandeja. Não parecia a melhor profissão do mundo, mas... "É o que tem pra hoje", eu tinha de aceitar.
Amarrei o avental em minha cintura e olhei o pequeno broche em minha mão, uma placa prateada com meu nome cravado. Respirei fundo e comecei a tentar colocar, enquanto ouvia os saltos de Angie baterem pra lá e pra cá, até virem em minha direção. Parou em minha frente e tomou o crachá de minhas mãos, colocando-o por conta própria antes de me dar um tapinha no peito e ir em direção à porta, girando a placa branca que dizia em letras vermelhas "Open".
A parte mais difícil pra mim, em ser garçom, era equilibrar todas aquelas coisas sobre a bandeja, e ainda saber que eu estava sendo observado. Como Angie mesmo disse, era um teste. Minha permanência dependia daquela noite, então eu estava tentando dar o meu melhor.
Já era aproximadamente 10 pras 11, e as pessoas começavam a pedir a conta para irem embora, visto que o pub fechava todos os dias as 11 da noite. Eu atendia uma das últimas mesas quando Angie se acercou e tocou meu braço. Fitei seu rosto e desconheci a expressão desenhada ali.

- O que fiz de errado agora? - Perguntei, já esperando por mais uma crítica, eu havia recebido algumas ao longo da noite.
- Sua irmã ligou pra cá e pediu que você fosse o mais rápido possível ao hospital Royal Bolton...
- O que aconteceu?! - Exclamei, sentindo a bandeja deslizar pela ponta dos meus dedos, Angie a segurou rapidamente e ergueu seus olhos até os meus.
- Sua mãe está internada.

{Nota: oi fadinhas, peço desculpa pela demora, essa última semana foi bem conturbada pra mim e fiquei sem tempo e mal por umas coisinhas pessoais que aconteceram comigo!!! Agradeço de coração a todxs que estão acompanhando e interagindo com a história, voltarei a postar dois capítulos normalmente durante a semana. E aí, o que vocês acham que vai acontecer?!
Para qualquer dúvida me sigam no twitter: @reinharthings
Beijinhos, até amanhã ❤️}

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora