Cap.64 "You and I know what this world can do" - Bruce Springsteen

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Londres era tudo o que pensávamos que seria, e a banda subiu tão rápido que nós mal pudemos acompanhar o sucesso. Em um dia, estávamos cantando Queen no carro novo de Sweet Pea, em direção à Londres. No outro, estávamos sendo escoltados em um aeroporto. Foi realmente assim que aconteceu, de repente.
Nos primeiros dias, trabalhamos duro no álbum e no segundo single. Obviously foi lançada, uma semana depois atingiu o topo do UK Single Chart, e na outra semana nosso primeiro álbum de estúdio, Roon On The Third Floor, chegou às lojas. Estávamos na Domino's quando Fletch nos ligou e deu a notícia de que ROTTF estava no primeiro lugar de álbum mais vendido no Reino Unido, e logo em seguida entramos para o Guiness Book – não por todas as merdas que já havíamos pensado em fazer para estar no livro dos recordes – mas por sermos a banda mais jovem a ter seu álbum em primeiro lugar. Fangs não sabia se chorava por estarmos lá, ou se chorava por termos tomado o lugar dos Beatles.

O contato com minha família e com Elizabeth ficava cada vez mais trabalhoso conforme a banda atingia o nível que queríamos. Precisávamos conciliar a gravação de novas músicas, shows e composição. Era complicado encaixar uma viagem à Bolton entre todos os outros compromissos.
Passamos Natal e Ano Novo juntos, ela estava tão brilhante que eu mal podia acreditar. Eu estava feliz em estar ao seu lado e poder dividir com ela tudo o que eu estava conhecendo. Mas de alguma maneira, eu nos senti um pouco mais distantes. Eu quis colocar a responsabilidade disso em diversas coisas para não tomá-la pra mim. "Talvez seja o antidepressivo que começou a tomar", ou "talvez seja a falta que sente da mãe", engoli o que ela mesma me disse quando perguntei se tudo estava bem entre nós "está sendo tudo novo, Jug, tudo está mudando muito rapidamente, estou tentando administrar isso, tenha paciência".

Foi assim que as coisas começaram a acontecer. Ajudei Betty a arrumar suas malas para Oxford, e prometi à ela que a levaria para lá assim que ela estivesse com tudo pronto, agora que eu tinha conseguido comprar meu primeiro carro. Uma semana depois ela me ligou, e perguntou se eu estaria disponível. Eu queria estar, mas tínhamos uma entrevista importante com uma revista. Eu não podia faltar. Ela não pareceu chateada, mas eu estava.
Elizabeth entrou para a universidade, e eu fiz mais três tatuagens. A princípio, nos falávamos por telefone todos os dias, e nos víamos dois dias a cada duas semanas do mês, ou quando, com sorte, eu não estava trabalhando em um feriado e podia ir visitá-la, ou trazê-la para a casa que havíamos comprado recentemente. Eu não gostava do lugar onde ela vivia, e não gostava de seus amigos. Eles não eram nerds, e ela também não se parecia mais com uma, embora não houvesse uma única nota abaixo de 9 em seu boletim.
No início, era difícil estar longe dela, mas quando nos víamos, era sempre como antes. A mesma cumplicidade, o mesmo sentimento, a mesma preocupação, talvez tudo um pouco abalado pela distância, mas ainda assim, vivo como uma chama, que aos poucos foi perdendo sua força e seu calor. Quando estávamos nos aproximando do último bimestre do ano de 2005, com o segundo álbum da banda lançado, Wonderland, e quase um ano depois de estarmos namorando a distância, Betty pediu um tempo. Eu não entendia o que estava acontecendo, pois apesar de tudo, nem por um único momento pensei em nos afastarmos, terminarmos o relacionamento. Pelo contrário, eu me apegava todos os dias às chances de ouvir o sim que ela havia me garantido. Ficamos separados até o Natal, quando eu fui pra Riverdale e a encontrei em uma comemoração com sua família. Charles estava grande, e mais esperto. Eu sentia falta dele, e de Betty, que decidiu nos dar uma chance, ainda sem explicar o motivo de ter pedido por espaço.
Tentei vê-la com mais frequência, e consegui pelos primeiros três meses do novo ano, mas então Motion in the Ocean, nosso terceiro álbum, foi lançado, e a turnê veio em breve. Ficamos dois meses inteiros nos falando apenas por telefone, quando conseguíamos, quando nossos horários batiam. É claro que era ruim, tinha noites que eu tinha vontade de largar tudo e pegar estrada até Oxford, mas não estava em meus planos ceder ao mundo e romper com Betty.
Fletch não nos queria juntos. Aliás, nenhum dos empresários. A imprensa fazia questão de publicar qualquer coisa que eu fizesse e parecesse suspeito. As fãs a odiavam sem conhecê-la. E os amigos dela me odiavam, também sem me conhecer. Mas nem por um único instante, em todos aqueles dias, pensei em desistir.
Elizabeth, em julho daquele mesmo ano, quando cheguei da turnê, pediu que eu fosse à Riverdale para visitá-la. Eu nem mesmo sabia que ela não estava em Oxford, apesar de ter tentado falar com ela todos os dias por celular, e não ter recebido uma resposta se quer, uma mensagem, talvez.
FLASHBACK ON:

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora