Cap.15 "Can you feel the love for the first time?" (V Boys)

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Antes de abrir meus olhos, ou acordar definitivamente, eu senti meu coração bater tão forte que eu jurei que teria um infarto. Meu corpo parecia preso à cama e meu inconsciente projetava a imagem de Veronica apontando para mim e gritando coisas em outra língua, talvez Latim. Eu não conseguia me mover e, por mais que eu estivesse consciente o suficiente para dizer a mim mesmo que era um pesadelo, eu não conseguia abrir meus olhos ou despertar completamente. Comecei a concentrar minha força no tronco para arqueá-lo e, quando por fim abri meus olhos, vi-me sentado na cama. Eu me mantive ali, apenas encarando a parede até recobrar minha sanidade mental e a força nas minhas pernas trêmulas. Levantei-me e fui para o banheiro praguejando a amargurada da Veronica. Que droga aquela garota tinha na cabeça? Ela já não tinha estragado muito a vida da Elizabeth? Tudo o que ela tinha me dito me fez relembrar algumas das coisas relatadas, cheguei a comentar com Fangs e ele me disse que eu deveria ser o único que não me lembrava da confusão que foi, e eu admito que ainda não sei se eu só não me lembrava ou se eu preferia bloquear tais lembranças. Fez-me também repensar em tudo o que eu estava fazendo, como você consegue ser o protetor e ao mesmo tempo quem mais pode machucar? É como ser o vilão e o super herói ao mesmo tempo, e as chances de ela nunca descobrir essas duas faces eram tão grandes quanto as de ela descobrir. Isso estava me deixando paranóico demais, eu precisava relaxar, afinal, era sábado e eu tinha um jantar para preparar!
Vesti qualquer coisa, um pouco incomodado pelo meu corpo ainda estar um pouco úmido depois do banho, eu sempre tenho essa sensação e ela sempre me irrita. Desci para o café da manhã, mas acho que cheguei tarde demais, meus pais estavam saindo para ir ao clube e dessa vez eles nem me convidaram. Na verdade, deixaram claro que não queriam que ninguém fosse e até me deram dinheiro, muito dinheiro, para almoço e janta... Hum, suspeito. Bom, Jellybean que se vire, esse dinheiro é meu.
Por falar nela, adoro acordar minha irmã, ela é tão engraçada mal humorada, embora eu ache que um dia eu posso acordar sem cabelos, nunca se sabe o que esperar de sua irmã revoltada. Sabe aquela caveira que ri alto que você ganhou do seu vizinho sem graça no aniversário de 11 anos e você nunca encontrou uma utilidade para ela? Eu encontrei para a minha! Entrei silenciosamente no quarto e ergui parte do edredom que cobria Jellybean até a cabeça, coloquei a caveira ao lado de seu rosto e cobri novamente, segurei a cabeça do objeto por cima da coberta e puxei a corda com força, afastando-me para apreciar a cena. A sequência foi bem engraçada: a caveira começou a bater os dentes e ela já se remexeu, na primeira gargalhada Jellybean se sentou, toda atrapalhada com o cobertor, remexendo-se para tentar se livrar dele e do barulho que me fazia rir junto. Bati palmas animadas e apoiei as mãos no joelho, sentindo dores na barriga de tanto rir dela.

- Idiota, Jones, IDIOTA! - Ela gritou, jogando a caveira no meu pé, nem preciso dizer que doeu pra valer, mas, tudo bem, ela ainda estava engraçada.
- Pedi pizza na Domino's, levante que quem tem caso com o entregador é você. - Eu disse, jogando uma nota no colo dela e saindo do quarto meio mancando pela dor que latejava meus dedos.
- EU NÃO TENHO UM CASO COM ELE! - Ela gritou e eu ri, já fechando a porta do quarto, claro que ela tinha!

Depois do almoço, eu avisei Dah que sairia e não sabia bem que horas voltava. Na verdade, eu tinha que voltar antes das 6. Tinha marcado um jantar com Elizabeth no dia anterior e tudo precisava estar pronto até às 7h30, horário que marquei de passar para pegá-la em casa. O fato é que, para onde eu a levaria, não tinha geladeira, nem fogão e nem luz elétrica, improviso total, confusão total, mas eu queria que fosse lá, eu sentia um tipo de necessidade de agradá-la, e eu tinha certeza de que lá era o lugar perfeito para preparar aquela noite, e eu me esforçaria mesmo!
Eu poderia ter ido ao mercado, mas o shopping me pareceu mais conveniente. Eu não podia levar velas comuns, seria extremamente esquisito. Parei num quiosque da Godiva e comprei uma caixa de bombons sortidos, seria bom para cortar o álcool do vinho que eu tinha comprado. Talvez ela nem fosse querer beber, mas vinho foi a primeira coisa que eu pensei que não precisava estar gelada. De qualquer forma, eu tive a brilhante ideia de levar uma caixa térmica com refrigerante. A comida seria China in Box, nada mais prático, e com um carro eu faria milagres. Passei por uma daquelas lojas gays de velas aromatizadas e me senti péssimo quando todo mundo se virou para mim, qual é? Um homem não pode mais comprar velas e incensos? Preconceito!
Comprei algumas velas pequenas e em formatos quadrados. Não sabia bem que cor escolher, então escolhi aleatoriamente algumas brancas, outras rosas, vermelhas, alaranjadas e roxas. Tinham aromas diferentes, um mais enjoativo que o outro. Comprei três velas comuns, embora fossem rosas, para colocar no castiçal que eu roubei da minha mãe, assim como os lençóis de seda que ela havia ganhado da minha tia. Se ela soubesse que estavam comigo, eu não sobreviveria para contar a história dessa noite... Bom, isso não vem ao caso, eu sobrevivi. Peguei a estrada durante todo o caminho já muito bem decorado por mim, eu sabia de alguma forma que aquele era o lugar favorito de Elizabeth, eu queria que ela se sentisse especial.
Por mais idiota, patético, cedido e gay que isso possa parecer, eu varri a cabana, é, e quase fui engolido pelo tanto de poeira acumulada em todos os cantos do pequeno ambiente. Peguei um pano que estava dentro do banheiro e, por sorte - e precaução -, eu trazia um galão de água no porta-malas. Umedeci o trapo e limpei a mesa pequena de madeira que eu trouxe no dia anterior, junto com as cadeiras que a mãe do Fangs me emprestou. Mal sabe ele, se soubesse, eu seria apedrejado por toda a nação masculina. Estendi a toalha de cetim branca e organizei os pratos, talheres, taças e copos que eu havia trazido cuidadosamente dentro de uma caixa de papelão. Coloquei as velas no castiçal e espalhei as outras pelo cômodo em lugares estratégicos. Testei o sofá e o colchão sobre o estrato para ver qual das duas coisas era mais confortável e me decidi pelo colchão. Estendi o lençol da minha mãe e notei que tinha me esquecido das almofadas, mas, tudo bem, eu levaria mais tarde.
Quando eram quase 5h30, eu decidi voltar, passei pelo mercado e comprei um saco de gelo em pedaços junto com duas garrafas de refrigerante que deixei dentro da caixa térmica, dentro do porta-malas, junto com os travesseiros, o acendedor automático para facilitar com as velas e a palha com a qual eu tentaria acender a lareira mal feita, podia nos manter aquecidos e aumentar a claridade.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora