Cap.18 "It may be over, but it won't stop there" (James Blunt)

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Mais uma noite mal dormida, pesadelos horripilantes e o centro de todos eles tinha nome e sobrenome: Veronica Cooper. Por que diabos aquela garota me assustava tanto? Elizabeth já havia provado que não dava ouvidos à ela, que não confiava nela e indicava o tempo todo que, pelo contrário, confiava em mim. Veronica simplesmente não tinha provas e não conseguiria convencer Elizabeth sem elas, eu conheço minha garota, ela não permitiria que Veronica estragasse tudo pra ela, outra vez.
Era quinta-feira e aquela semana tinha passado num piscar de olhos, eu tinha ido mal em todas as provas. Eu e Elizabeth estávamos especialmente melosos e chatos, eu não me reconhecia e se eu visse nós dois há algumas semanas atrás provavelmente eu diria "blargh, eles não se largam?", assim como meus amigos, agora, faziam comigo. Eu não me importava, nós até dávamos boas risadas juntos quando ela não estava por perto e algumas coisas mudaram na terça quando Elizabeth nos passou cola na única aula que quase todos nós tínhamos junto, exceto Archie, nós tiramos nota integral e na quarta os garotos ficaram com graça pra cima dela. E eu que achei que nunca fosse sentir ciúme, menos ainda dos meus próprios amigos. Aquela garota me enlouquecia!
Não me demorei muito no banho, o aquecedor do banheiro estava quebrado e meu pai ainda não consertara, o que resultava em muito frio pela manhã. Vesti meu uniforme preguiçosamente, ainda me decidindo se deveria mesmo ir à escola, mesmo tendo prova e Elizabeth, sabe aquele dia em que você acorda sem a menor vontade de sair da cama? Não saia, ele tem tudo pra dar errado.

- Bom dia, meu menino. - Elizabeth disse ao entrar no carro, desencostei a testa do volante, sorrindo involuntariamente pelo apelido que ganhei na noite passada.
- Bom dia, pequena. - Murmurei e selei os lábios nos dela.
- Eca. - Ouvi um murmúrio e olhei pra trás, Charles brincava com os dedos, nós dois demos risada e eu arranquei com o carro.

Eu estava me sentindo um pouco irritado, mas sem motivo aparente. Parecia que tinha apanhado a noite toda, meu corpo doía, talvez fosse um resfriado ou algo do tipo. O sono me fazia permanecer mais quieto do que o comúm e acho que Elizabeth percebeu isso. Deixamos Ryan na escola e, enquanto fazia o caminho até a escola, descansei a mão livre sobre a coxa dela, fazendo um carinho suave. Ela acariciou meu braço por um tempo, me olhando vez ou outra.
- Jug, 'tá tudo bem? - Perguntou ela, fazendo uma leve pressão com os dedos em minha mão.
- Tudo, por que? - Perguntei, sem olhar pra ela, de alguma forma ela parecia sempre descobrir as coisas pela minha expressão.
- Não mente pra mim, mocinho. - Falou manhosa, colocando a mão sobre a minha, eu gargalhei e entrelacei os dedos nos seus.
- É só sono, minha linda. - Disse, beijando as costas de sua mão e segurando-a na minha, enquanto entrava pelo portão da escola.
- Huum, só isso mesmo? - Usou um tom desconfiado e eu dei risada, desligando o carro, então me virei pra ela.
- O que poderia haver de errado? Você está aqui. - Eu disse em tom de obviedade e a vi sorrir largamente, soltei meu cinto e me aproximei para beijá-la.

Ficamos nos beijando por um tempo, então Elizabeth deu uma risadinha sem graça e disse que era hora de entrarmos, provavelmente porque minha mão já estava à caminho do seu seio. Desci, ainda rindo da expressão fofa de "terminamos mais tarde" que ela fez, e a abracei apertado, guiando-a para dentro da escola com nossas mochilas penduradas em meu ombro. Nos despedimos e fomos pra sala. Eu queria dormir, mas eu tinha prova e isso me manteve acordado na primeira e na segunda aula, na terceira o que me manteve acordado foi o olhar de Veronica que não desviava do meu rosto, a professora até achou que estivéssemos colando, mas como ela não tinha provas, apenas nos trocou de lugar.

Reduzi meu prazo a zero.

Era o que dizia no bilhete que Veronica deixou na minha carteira antes de sair da sala. Li e reli algumas vezes até entender de que prazo ela estava falando e, quando isso aconteceu, eu não pensei uma vez antes de entregar minha prova quase em branco e sair correndo da sala. Ela iria contar tudo, ela não me deixaria contar. O medo invadiu meu corpo fazendo com que minhas pernas ficassem fracas e minhas mãos começassem a transpirar um suor frio. Ela não podia dizer nada, Elizabeth não daria atenção. Parei em frente à sala na qual Elizabeth estava fazendo prova e, pela pequena janela de vidro no centro da porta, pude vê-la concentrada, sorri em um misto de alúvio e admiração e depois me virei para o corredor, procurando pelo rosto de Veronica, mas eu estava sozinho ali.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora