Cap.32 "Only in hopes of dreaming that, everything would be like it was before"

1.9K 159 29
                                    

Felicidade, para mim, sempre foi um sentimento relativo. Ninguém consegue ser feliz um dia inteiro, sem que nada faça alterar, mesmo que um pouco, essa sensação. Concluo então que, o que existe, são momentos felizes. Momentos que você se esquece de qualquer coisa que não seja o simples, e justo, desejo de que os ponteiros paralisem e você não precise nunca mais lidar com outro sentimento, se não aquele. Mas quando estes momentos chegam ao fim - e eles sempre chegam - tudo o que resta é uma vaga e confusa lembrança. Era como eu me sentia, na verdade. Vago, confuso.
Após obter tudo o que mais quis durante todos aqueles dias, havia uma pergunta que me assolava desde então: Será que aquela transa significara para Elizabeth o mesmo que para mim? Afinal, ela me parecia bastante convicta em demonstrar seu ódio e rancor para, de repente, estar tocando teclado completamente nua pra mim... Pra mim. Então dentre todas as possibilidades, a mais cabível, e a que menos me fazia sofrer, era a de que Veronica estava por trás de cada olhar cheio de mágoa em minha direção, cada palavra hostil, cada roupa, cada novo movimento da nova Elizabeth, ela estava tão abarrotada de novos falsos trejeitos e falsos vocabulários, que eu mal podia ver minha menina abaixo de tudo aquilo, mas eu sabia que ela estava em algum lugar, despindo-se para tocar uma canção de amor pra mim... Pra mim. Foi isso o que aconteceu, Elizabeth também sentiu-se esmagada por sua outra versão, a nova, que não me agradava em nada, e então retirou-a de cima de si, assim como cada peça de roupa, e livre de tudo aquilo, entregou-se aos meus braços, ela voltou a ser ela mesma, e se tem uma coisa na qual ninguém jamais poderá intervir será essa. Elizabeth, sendo ela mesma, sempre será minha. Minha.

- Jug, acorda. - Eu ouvia, mais uma vez, a voz de Archie. Bufei e me encolhi, eu queria que ele desistisse e fosse sem mim - Vamos, benzinho, vai me abandonar assim? - Suspirei e controlei o riso diante de sua voz afinada - Jughead! - Chamava com a entonação melódica e pastosa, ri, abrindo os olhos e vendo-o sentado na cadeira de balanço em frente ao sofá.
- Você é chato pra caralho. - Murmurei alongando meu corpo, e sentindo meus músculos protestarem aos movimentos, voltei a me encostar e fechei os olhos.
- Eu ainda fui muito gentil deixando você dormir até agora, anda logo ou a gente fica sem almoço. - Falou rapidamente, suspirei, sem querer sair dali - Anda, Jug!
- Já vou, merda!

Ainda que eu houvesse dormido a manhã toda, era como se eu tivesse tido uma noite em claro. Minhas pálpebras mal conseguiam se manter erguidas, mas após lavar o rosto e escovar os dentes, parecia melhor, ou mais fácil ficar acordado. Fiz toda a higiene matinal e saí em busca de uma roupa. Nada mais que um boardshort preto e uma camiseta branca lisa. Calcei meus chinelos e coloquei meu óculos de sol, não queria amedrontar ninguém, certo? Meu cabelo já daria bons sustos.

- Ahhh, até que enfim! - Ouvi Sweet Pea reclamar assim que Archie e eu atravessamos a porta do restaurante.
- Eu disse ao Archie que não era hora pra dar uma, mas vocês conhecem essa putinha. - Respondi com bom humor, eles gargalharam e Archie me abraçou pela cintura.
- Não fala assim, benzinho. - Fazia biquinho enquanto caminhávamos até a mesa, ouvindo os garotos rirem, notei que Mia e Abbie também estavam sentadas ali, as cumprimentei com a cabeça e me soltei de Archie, sentando-me em uma cadeira desocupada.

Enquanto os garotos falavam sobre algo que parecia engraçado, meus olhos começaram a buscar pelos de Elizabeth, que corou ao perceber-me encarando-a, sorri e ela encolheu-se, sorrindo de volta, mas logo desviou seus olhos para Veronica, com um falso sorriso espontâneo na direção da moça, que falava sem parar. Suspirei e tentei ignorar o fato de como as coisas estavam diferentes agora, podíamos estar sentados juntos, podíamos, ao menos, não estar escondendo nossa vontade de estar perto um do outro, mas nada era como antes. Podíamos perceber em seu rosto, seus gestos e sorriso, no decote de sua blusa, minha menina nunca usaria aquilo, ao menos não com a intenção de provocar, mas devo admitir... Ela estava linda pra caralho.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora