Cap.5 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)

2.9K 293 181
                                    

Acordei ridiculamente animado, de alguma forma eu queria vê-la, e ao mesmo tempo não queria que fosse na escola. Eu ainda estava confuso sobre aquela sensação, e alguns minutos embaixo da água não mudaram nada. Eu não sabia se o problema era ser visto com ela, ver todos eles. Os boatos eram rápidos, maldosos e chatos, eu nos queria longe disso, eu nos queria no meu carro, comendo torta de maçã com sorvete. Ninguém riria da nossa boca suja... Ninguém questionaria o porquê de estarmos juntos, e isso nos faria ficar longe da resposta, a aposta.

- Bom dia. - Eu disse, não tão animado como quando acordei.
- Jones, eu vou te avisar uma última vez, pare-de-usar-meu-desodorante! - Minha irmã gritou e eu ergui meu braço, inalando um pouco.
- Eu não estou usando seu desdorante. - Dei de ombros.
- Gay. - Ela disse, rolando os olhos.
- Idiota. - Eu retruquei, sentando-me e pegando uma rosquinha.
- Imbecil.
- Vadia...
- Chega! - Minha mãe gritou e eu joguei um pedaço de rosca em minha irmã, que me jogou um pedaço de pão e foi suficiente para começarmos a rir feito idiotas.

Peguei minha mochila e comi o resto da rosquinha, então me levantei e terminei de comer antes de sair andando. Despedi-me de Dah, que estava na cozinha, e corri para o meu carro, gritando que já estava saindo. Cheguei na escola e, antes de sair do carro, fiquei um tempo parado, olhando o pátio cheio de gente. Procurei-a com os olhos, se eu a beijasse dentro do carro não precisaria beijá-la fora, e isso já fazia diminuir as possibilidades de ser zoado até a morte. Bom, parece que eu teria de correr esse risco.
Desci do carro e ativei o alarme, ajeitei a mochila no ombro e coloquei as chaves do carro no bolso. Atravessei a secretaria e o refeitório, os caras estavam no mesmo lugar de sempre e foi onde eu me sentei.

- E aí, Jones! - Sweet Pea me cumprimentou e eu apenas sorri.
- Que cara é essa? - Fangs contraiu o cenho, rindo.
- Já dei um passo. - Eu disse, ajeitando a mochila sobre a mesa.
- Que passo? - Fangs perguntou curioso.
- A gente já se beijou. - Eu disse sorrindo.
- Nossa, que enorme passo! - Ele disse com desdém, eu não considerava aquilo pouco, não quando estávamos juntos, tinha sido um grande avanço, pelo menos entre nós dois.
- Eu acho que sim. - Disse sincero e Sweet Pea rolou os olhos.
- Cuidado para não se apaixonar, hein, Jones. - Ele me zoou, colocando as mãos sobre o peito e piscando rapidamente.
- Certeza. - Ironizei e deitei o rosto sobre a mochila, olhando quem entrava e saia do refeitório.
- Sua namoradinha. - Archie me zoou assim que Elizabeth passou pela porta do refeitório, nada diferente do que eu já estava acostumado a ver, mas desta vez de alguma forma ela fez meu corpo formigar de ansiedade.

Ela me olhou e estacionou no lugar, olhou em torno de si e para baixo, apertou a alça da mochila e começou a fazer o caminho de volta. Levantei-me sem dar ouvidos ao que os caras diziam, caminhei rápido até ela e lhe segurei o antebraço com cuidado, ela se virou para mim.

- Hey, bom dia. - Eu disse animado, ela ergueu o rosto na minha direção e sorriu tímida.
- Bom dia. - Disse com a voz baixa, suave.
- Dormiu bem? - Perguntei, descendo a mão até a sua, segurando-a cuidadosamente.
- Sim, e você? - Respondeu simplesmente.
- Também. - Assenti e olhei para trás, Sweet Pea fazia sinais com as mãos com significado de beijos, eu ri baixo e me virei para ela. - Vou pegar minha mochila, me espera?
- Sim. - Sorriu. Soltei sua mão e corri até a mesa para pegar meu material.
- A gente quer ver. - Archie disse prontamente e eu ri.
- Ver o quê?! - Fingi surpresa.
- Um beijo, para acreditarmos que vocês realmente se beijaram.
- Hum, ok. - Dei de ombros e joguei a mochila nas costas.

Elizabeth estava parada em seu lugar e, conforme eu me aproximava, eu ouvia os garotos chamando-a de boa samaritana, beata e coisas do tipo. Rolei os olhos e não senti vontade de rir, como faria alguns dias antes. Senti que, de alguma forma, estavam todos nos olhando, então passei o braço por sua cintura e me inclinei, selando meus lábios nos dela, até ela ceder um breve espaço para um beijo. Ouvi uma gritaria confusa e ignorei logo quando sua língua tocou a minha. Não havia nada além de nós dois, todas as vozes foram abafadas, uma pena que durou pouco tempo e logo estávamos saindo dali com os murmúrios daquela gente sem o que fazer.
Peguei sua mochila para me mostrar um pouco cavalheiro e carreguei até uma das mesas, ela se sentou e eu o fiz ao seu lado, abraçando-a pelos ombros.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora