Cap.14 "You make it easier when life gets hard" (Lucky)

Começar do início
                                    

Ouvimos o sinal, e ainda calados, vimos Elizabeth se levantar e pegar seu material. Ela me lançou um olhar carinhoso e um sorriso confiante, tentei retribuir com algo parecido, mas não tenho certeza se funcionou. Ela se inclinou e encostou os lábios quentes em minha bochecha, fechei meus olhos, desfrutando de seu beijo, e sorri um pouco mais verdadeiro, em seguida.

- Vai ficar tudo bem. - Ela sussurrou. - Estou indo para o seu carro, te espero lá.

Eu fiquei um tempo apenas olhando-a sair. Contraí o cenho e assimilei o que ela havia dito, soltei um riso baixo e então olhei para os garotos.

- E aí?
- Acho que podemos tentar mais uma vez. - Fangs encolheu os ombros e nós nos voltamos para Sweet Pea.
- Tsc, vocês não desistem, né? - Nós permanecemos apreensivo, ele negou com a cabeça e eu suspirei. Não existem músicos como o Sweet Pea em qualquer canto. - Estou com vocês, vocês sabem. - Disse sem nos olhar, nós começamos a rir. Por outro lado, ele não era muito bom com sentimentos.
- Bom, eu vou indo. - Acenei para eles, levantando-me.
- Para onde? - Perguntou Sweet Pea confuso.
- Não sei, mas acho que a porta que está abrindo é a do meu carro, e lá eu vou ter uma boa recompensa pela fechada.

Os garotos gargalharam e eu acenei para eles, rindo antes de pegar minhas coisas e sair em direção à diretoria. Fui passando de fininho, cabisbaixo, típica expressão de camponês inocente. Mãos no bolso e tudo mais.

- Aonde vai, senhor Jones? - Ouvi a diretora questionar e meus músculos contraíram imediatamente.
- Embora. - Eu disse sem me virar.
- E por que acha que tem o direito de ir embora? - Ela perguntou, indo até a minha frente.
- Olha, diretora, eu... - Fiz minha melhor carinha de bom moço. - Minha bisavó está internada e meu pai precisou ir trabalhar, minha mãe não pode ficar sozinha no hospital e me ligou agora. - Minha mãe não gostava que eu "adoecesse" pessoas vivas, mas mortas não tinha problema, certo?
- Hum, e eu posso ligar para sua mãe confirmar? - Eu assenti.
- Vou te passar o celular dela. - Eu disse, pegando meu celular.

Passei um número absurdo à diretora e me despedi. Ela desejou melhoras a minha bisavó e eu quase ri na cara dela enquanto descia em direção ao meu carro. Eu procurei por Elizabeth com os olhos, mas ela não estava ali, e eu temi que meu esforço tivesse sido em vão, mas, assim que entrei no carro, pude vê-la deitada no banco de trás, escondendo-se da diretora. Dei risada e partida, seguindo para fora do colégio. No primeiro sinal, ela pulou para o banco da frente e afrouxou a gravata, sorridente.

- Sou eu ou você tem se tornado um pouco rebelde nos últimos dias? - Perguntei divertido, ela gargalhou.
- É você. - Disse, virando as páginas do meu estojo de CD's.
- Ótimo, estou muito confortável agora. - Brinquei, ouvindo-a rir.
- Acho que não faz mal eu sair vez ou outra já que eu nunca falto a escola. - Ela ponderou e eu assenti, concordando.
- É, acho que você é uma aluna boa o suficiente para poder faltar sem ser punida por isso. - Eu disse, olhando-a de esguelha enquanto ela colocava um CD do The Who no rádio. - Gosta?
- De quê? - Ela perguntou confusa.
- The Who. - Disse, acelerando um pouco.
- Nunca escutei. - Deu de ombros e se recostou ao banco, baixando um pouco o vidro.
- Eles são bons demais. - Eu disse, já me animando com os acordes de "I can't explain".

Got a feeling inside (Can't explain)
Sinto algo por dentro (Não consigo explicar)
It's a certain kind (Can't explain)
De um certo tipo (Não consigo explicar)
I feel hot and cold (Can't explain)
Me sinto quente e frio (Não consigo explicar)
Yeah, down in my soul, yeah (Can't explain)
Sim, desce em minha alma, sim (Não consigo explicar)

Eu comecei a cantar junto com Roger Daltrey, era incontrolável. Elizabeth sorriu e eu pude ver quando a olhei de esguelha, sorri junto e comecei a tamborilar os dedos no volante, sabendo exatamente para onde ir.

Betting Her - Adaptação BugheadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora