Capítulo 49 - Até um dia, West Sayan!

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"No final, o vento leva tudo, não é? E porque não? Por que outro? Se a doçura de nossas vidas não partisse, não haveria doçura".

(Stephen King – O vento através da fechadura)

O trem apitou como um suspiro aliviado quando chegou a Porto Feroz. Os últimos raios de sol de uma tarde um pouco fria para outubro tingiam de dourado a plataforma da estação e o Grande Rio Sadala, à beira do qual a cidade se erguia. Chirai se despediu polidamente de Maron, que seguiria no Trem, e desceu na estação.

Sozinha novamente.

Parecia que esse seria sempre o seu destino: muito pequena, ela havia sido uma refugiada da guerra civil; então, se perdeu dos seus pais naturais e acabou sendo adotada por um casal que, infelizmente, era idoso, e, aos 16 anos acabara casada com um fazendeiro apenas para não morrer de fome. E como ele morrera de febre pouco mais de dez anos depois, ela se vira viúva com uma fazenda, que ela burramente perdera por conta de sua ligação com Freeza. Felizmente não tivera filhos com nenhum dos dois.

Ela não tinha muito ali consigo além dos 100 dólares que a família de Goku dera a ela e a ordem de pagamento, muito bem guardada num bolso interno escondido no vestido que Chichi gentilmente dera a ela: apenas uma outra muda de roupa numa pequena valise e a recomendação de que prestasse atenção porque as ruas da cidade eram perigosas para uma mulher sozinha.

Quando saiu da estação, Chirai percebeu que estava escurecendo bem rápido, os homens que acendiam os lampiões já corriam pelas ruas com suas longas tochas, acendendo os bicos de gás, mas nem toda cidade estava bem iluminada. Ela precisava achar um lugar para passar a noite, e Goku dissera que próximo à estação havia hospedarias, mas a vizinhança era um pouco violenta.

Andando devagar, cautelosa, ela quase sentia o coração bater no peito. Ela tinha que achar um lugar para passar a noite onde pudesse deixar sua ordem de pagamento a salvo, ou poderia ser roubada. A ordem estava nominal e ela tinha seus documentos – conseguira leva-los quando abandonara Freeza – mas ainda assim um pressentimento ruim a assaltava.

De repente, ela se viu numa rua estreita e pensou em dar meia-volta, pois ela terminava no rio e não havia sinal de nenhuma hospedaria por perto. Foi quando ela sentiu uma mão segurar sua cintura e algo gelado e duro encostar em seu pescoço. Engoliu o grito. Não queria ser degolada.

– O que tem aí para nós, boneca? – uma voz anasalada sussurrou no seu ouvido. Ela pôde sentir o hálito podre do homem que a emitia e seu estômago se revirou.

– Eu tenho... – ela sussurrou – tenho cem... cem dólares!

Uma terceira mão agarrou sua coxa e outro homem disse:

– Não era desse tipo de riqueza que falávamos... mas vamos ter prazer de ficar com o dinheiro quando terminarmos a festinha com você...

Em sua mente ela gritou de desespero. Era o fim, aqueles dois homens, não muito diferentes de muitos que ela fora obrigada a conviver nos últimos meses mas que a haviam respeitado apenas porque tinham medo de Freeza, iriam estupra-la, roubá-la e era provável que acabasse morta e jogada no rio. Ela fechou os olhos com nojo quando o homem que a segurava pela coxa aproximou o rosto dela e fez menção de lamber o seu pescoço.

E então, tudo aconteceu muito rápido.

Ela sentiu os dois apertos se afrouxarem de repente e apenas ouviu um "croc" surdo, como o barulho de nozes se quebrando. Permaneceu de olhos fechados, cheia de medo por um momento, pensando que, como um predador maior que espanta os menores, talvez ela estivesse sendo salva para cair na mão de bandidos ainda piores... ou de uma gangue rival à daqueles.

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