West Sayan

Capítulo 35 - Serpentes na Campina

"Um covarde julga tudo que vê por ele mesmo"

(Stephen King – A Torre Negra – A Torre Negra, volume VII)

Tullace, dias antes...

Freeza chegara, incógnito, à cidade de Tullace na madrugada em que acreditava ter assassinado Goku. Ele estava nas sombras há cinco longos anos, preparando sua vingança e remoendo seu ódio. Na sua opinião, matar aquele filho de Bardock havia sido apenas um pequeno bônus.

Ele passara dois anos recuperando a sua força na fazenda de Chirai. Ao contrário do que poderia parecer, ele não havia se importado em ajudar no trabalho da fazenda: precisava recuperar suas forças e não conseguiria refazer seu bando simplesmente voltando às cidades de sempre.

Ele havia sido derrotado e desmoralizado e tinha plena consciência disso. Portanto, além de ter novamente o bando, ele queria matar pessoalmente os dois traidores. Às vezes pensava que seu erro havia sido poupar ambos quando eram crianças. Mas o primeiro passo para sua vingança havia sido conquistar a confiança da arredia Chirai.

Ela era viúva e só, e sua fazenda era numa área de terreno pedregoso e árido, pouco a leste de North Tullace. Com o trabalho duro, ele acabou fazendo com que ela o admirasse... e não demorou para partilhar com ela a cama.

Mas não bastava, ele precisava que ela confiasse nele ao ponto de ter o mesmo tipo de fidelidade que lhe devotara um dia Zarbon, certamente a mais fiel criatura que ele conhecera. E ele conseguiu isso armando uma situação de perigo numa ocasião e então, fingindo salvá-la.

Foi só então, que ele revelou quem era realmente, dizendo-se miseravelmente traído. Disse a ela que seu bando não era o que parecia, na verdade, ele unia homens que não tinham ninguém por si e dava proteção. E como ela um dia, anos antes, havia sido exatamente uma criança que fugira da fome, nascida logo depois da guerra civil num lugar miserável, ela confiou nele e se comprometeu a ajudar a formar o bando novamente.

Habilmente, ele a convenceu a vender a fazenda e mudar-se com ele para a cidade de Tullace. Convenceu-a de que por lá poderiam começar algo interessante e grandioso.

Os dois começaram então a comprar armas e roubar cavalos silenciosamente, durante a noite. Logo, havia a história de que criminosos roubavam cavalos em North Tullace, e a própria Chirai, uma pessoa de quem ninguém suspeitaria, plantou o boato de que aquilo era a volta do bando de Freeza, que ele havia sido visto por ali.

Nesse período, Freeza encontrou Sorbet, um dos únicos sobreviventes do bando que havia fugido durante o ataque dos traidores. Ele ia matá-lo imediatamente quando o reconheceu, mas o covarde disse a ele que se fosse poupado ele entregaria a localização de Raditz e Vegeta. Freeza aceitou e ele disse que os dois estavam nas redondezas de Porto Feroz e se escondiam num beco junto com duas irmãs trapaceiras. Freeza agradeceu a informação com um tiro na testa de Sorbet e, depois de deixar Chirai em Tullace com o compromisso de recrutar pessoas para um novo bando, ele rumou para Porto Feroz.

Antes que pudesse achar Raditz e Vegeta, Hitto os achou. Freeza, tendo perdido a corrida para matar Raditz, decidiu ficar por perto, acreditando que Vegeta apareceria. E, num golpe de sorte, encontrou o filho de Bardock. Ele o estudou, fingindo ser um homem humilde. Havia ido com a carroça de Chirai para Nova Sadala, e com sua habilidade para se passar por menos do que realmente era, ele conseguiu que o rapaz o contratasse, e, a partir dali, achou que tudo estava a seu favor.

O maldito era rápido, ele tinha de admitir, além de livrar Vegeta, foi por pouco que ele não o acertou em cheio, e ainda o fez perder o melhor dos seus dois colts. Com o outro, ele tratou de acertar o filho de Bardock. Quase chegando em Tullace, ele retirou o revólver restante da cintura e ficou olhando. Era sua arma mais antiga, e ele apenas a passara para a mão direita (ele era canhoto) porque passara a usar um dos revólveres de Bardock, que ele caprichosamente havia mandado comprar na casa de penhores de West Sayan depois da morte do desafeto.