Capítulo 33 - Sobre pais e seus filhos

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As histórias que ouvimos em nossa infância são as que lembramos por toda a vida."

(Stephen King – O vento pela fechadura: um conto de "A Torre Negra")

Goku estava deitado, olhando o teto do seu quarto, sentindo-se extremamente grato por ter sobrevivido ao tiro de Freeza e ao deserto. Voltara inconsciente, no lombo do cavalo de Yamcha, por causa insolação severa depois de ter passado quase oito horas caminhando pelo deserto, pelo menos quatro das quais sob um sol implacável, e, além disso, passara mais de mais de doze horas sem um mísero gole de água. Mas sobrevivera para contar aquela história. O que quase o matara, talvez, o fizesse mais forte agora.

Estava vivo para contar ao filho que sobrevivera a um tiro no peito graças a um dólar de prata que o menino lhe entregara inocentemente e para a esposa que a imagem dela e do filho haviam impulsionado cada passo que ele dera na direção da cidade. E que, graças à sorte de ter bons amigos, ele havia vivido para contar aquela história.

Ele chegara em casa com a febre do deserto que durara quase 24 horas, apesar dos banhos frios e das compressas de Chichi. Tinha bolhas de queimadura nos braços, no rosto, em todas as partes do corpo onde o sol o castigara e, por isso, o doutor Karin o mandara ficar em casa, repousando até que o corpo estivesse totalmente recuperado. E isso havia sido há três dias. As bolhas no seu corpo haviam estourado e ele agora estava com a pele descascando, mas já se sentia forte o suficiente para voltar ao trabalho e se preparar para a jornada da qual ainda não desistira.

Mas havia um pequeno problema: Chichi. Ela não permitira que ele saísse de casa desde que ele entrara em casa carregado por Yamcha e Tenshin. Ela dizia que ele precisava recuperar-se e ficava furiosa quando ele dizia que já se sentia bem. Pelo menos naquele dia ele só havia sido obrigado a se deitar brevemente depois do almoço e agora, após o jantar. Mas jurava que voltaria para a delegacia no dia seguinte.

De repente, percebeu os dois grandes olhos mirando-o, na beirada da cama. O pequeno Gohan havia subido, provavelmente pé ante pé para não alertar a mãe, e chegara para observar o pai, como fizera mais de uma vez desde que Goku voltara. Goku sorriu e disse:

- Pode subir na cama, Gohan. Papai está te vendo aí.

Ele subiu, com um sorriso radiante, e aboletou-se ao lado do pai, que retribuiu o sorriso com outro, ainda mais largo. O menino sentara-se de pernas cruzadas ao lado dele e perguntou:

- Papai, o senhor vai ficar descascando assim para sempre?

Goku riu e disse:

- Não, meu filho, quando a pele nova estiver boa as cascas vão sumir.

- Ufa... – disse o menino – eu posso ouvir uma história, papai? Mamãe está costurando e me disse que eu podia ficar um pouquinho aqui antes de dormir.

- Claro – sorriu Goku – qual história quer ouvir?

- A do menino com rabo de macaco.

- Claro – riu Goku – a sua favorita. Ele começou:

"Havia um menino que se parecia com todos os outros na Floresta do Norte, com uma pequena diferença. Ele havia nascido com um rabo, como um macaco. E como um macaco, vivia, selvagem e sozinho na floresta, sobrevivendo como podia..."

- Mas pai... ele não tinha pais?

- Não. Ele caiu das estrelas quando era um bebê.

- E quem cuidou dele se ele não tinha uma mamãe?

- Hum... ele teve um vovô bonzinho que cuidou dele, mas esse vovô morreu. Posso continuar a história?

- Pode. Coitadinho dele.

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