Capítulo 37 - Mundos em confronto

114 10 2
                                    

"Não, senhor. Este é o Ocidente, senhor. Quando a lenda se tornar realidade, imprima a lenda."

(O homem que matou o facínora – Dir.John Ford, 1962)

Tullace

Cell distribuiu as cartas e ficou encarando o outro. Havia uma mulher com ele. Ele puxou a cadeira gentilmente para ela, que sentou-se à mesa, pronta a participar do jogo, mas antes, ele sussurrou algo no ouvido dela e ela sorriu. Cell ficou olhando-a e perguntou:

- Ela vai jogar?

- Ela participa de tudo que eu faço – disse Freeza, que, depois de sentar-se, enrolava um cigarro preguiçosamente.

Ele tinha esse hábito, enrolar cigarros por horas e horas até deixá-los perfeitos. Então dar um único trago e deixá-los de lado para que se consumissem. Era o prazer de enrolar o cigarro perfeito que o motivava, não o cigarro em si. Ele olhou por cima do cigarro, avaliando o oponente. Cell era muito mais alto que ele, mas não tão forte. Tinha uns olhos de um tom violáceo e a pele doentiamente pálida num rosto sério, que carregava uma expressão impaciente.

- Não tenho muitas mulheres no meu bando – ele disse – você veio aqui porque quer se juntar a nós, estou certo?

- Pode ser que sim, pode ser que não... – Freeza observou novamente o cigarro. Estava quase perfeito. O monte de cartas já estava diante dele, mas ele o ignorou por um instante, para ver quanto tempo Cell demorava para ficar irritado. Ele deu uma olhada furtiva. Cell já parecia incomodado, e ele achava isso bom.

Pacientemente, ele pegou sua mão de cartas, deixando o cigarro temporariamente de lado e examinou com um sorriso cínico. Então encarou o homem por cima das cartas e disse:

- Você é bem famoso, parece não ter medo de ter seu rosto em cartazes por aí, não é mesmo?

- Quando a cidade inteira tem medo de você, um rosto num cartaz não é problema nenhum... aqui em Tullace, todos tem medo de mim, até as autoridades.

- Mas fica complicado andar por cidades como Oozaru e Nova Sadala...

- Por que eu iria a Oozaru? Aquela cidade é um lixo. E Nova Sadala vai pelo mesmo caminho.

Freeza riu. Era um sujeito claramente amador, sem a mínima noção do que era um bando. Começou o jogo pensando em perder bastante. Ele sabia que alguém como Cell contaria vantagens e diria exatamente o que ele queria saber se fosse corretamente estimulado com algo tolo como uma vitória num jogo de pôquer.

E ele aproveitou-se disso. Descartou mãos que poderiam levá-lo à vitória enquanto conversava com o outro, que, contando vantagens, disse que seu negócio era roubar gado nos arredores de Vegetown, uma cidade agora bem mais próspera que anos antes, com as fazendas que haviam sido retomadas vendidas para produtores de gado, e vendê-lo a um bom preço para aqueles que passavam por Tullace a caminho de West Sayan.

- Mas gado é barato, seu bando está destinado a não crescer, então – disse Freeza, enquanto baixava mais uma mão ruim.

Cell deu uma gargalhada e disse:

- Isso é barato, mas é café pequeno. Tem uma mina de carvão aqui perto de Tullace, mas o trem está longe de chegar por aqui. Roubar carroções de carvão é muito fácil... e sabe quanto custa uma carreta de carvão no mercado negro de Porto Feroz, de onde saem as barcaças a vapor?

- Seu roteiro está todo traçado por cidades longe das garras de Hitto, pelo jeito... Que eu saiba, ele não pode prender em Vegetown e aqui em Tullace, embora seja o delegado regional.

West SayanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora