Capítulo 2 - Nuvem Dourada

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 "De todos eles, ele tinha sido o mais perfeito, um homem cujo núcleo profundamente romântico estava envolto em uma caixa brutalmente simples, que consistia em instinto e pragmatismo."

(Stephen King, terras devastadas – A Torre Negra, vol. III)

Vinte anos depois...

Era uma tarde morna e preguiçosa na cidade de West Sayan.

O velho Kame entalhava um pedaço de madeira na porta da sua estrebaria de aluguel, onde praticamente todos os cavalos da cidade descansavam, enquanto seu assistente Kuririn dormia, com o rosto escondido sob o chapéu, recostado num monte de feno. Mais adiante, Lunch, uma mulher loura com ar enfezado, varria vigorosamente a frente do Saloon antes que os fregueses começassem a chegar. Do outro lado da rua, a viúva Bulma estava entediada apoiada no balcão do seu armazém. Ela era a mulher mais rica da cidade, mas desde que seu marido Yamcha fora dado como morto ao ir atrás de ouro nas montanhas, ela vivia num luto forçado, louca para voltar a vestir roupas alegres e coloridas.

Ao lado do armazém, havia a loja de roupas do pequeno Oolong, um sujeito baixo e mau humorado que lembrava ligeiramente um porco e, o pequeno entreposto comercial comandado pelo pai de Bulma, o senhor Briefs, e, ao lado deste uma lúgubre casa funerária. Quase não se via o dono dela do lado de fora, o estrangeiro calado e sempre sério, que diziam ser a pessoa mais culta da cidade, cujo nome era Piccolo. Ele era alto e soturno, usava sempre ternos escuros e um turbante, e ninguém sabia exatamente qual a nacionalidade dele.

Mais para o fim da rua, havia um posto de correio e a delegacia comandada pelo xerife Satan e seu obeso assistente Buu, que naquele momento dormia roncando ruidosamente recostado na parede da delegacia, a baba escorrendo pelo rosto redondo e rosado. No fim da rua, bem no centro do que se pretendia que fosse uma praça, mas não passava de um descampado sem graça, havia uma igrejinha branca, com uma casa ao lado onde moravam o Pastor Cutelo e sua adorável filha Chichi. Atrás da igreja havia um pátio cercado e gramado, onde havia uma imensa macieira e duas vacas pastavam placidamente. Mais umas cinquenta casas e algumas lojas, algumas mais próximas e outras mais afastadas, completavam o perímetro de West Sayan.

Era uma cidade pequena e pacata, que estava prestes a receber um novo e agitado morador.

Um jovem conduzia uma carroça, cujas rodas rangiam enquanto ela avançava lentamente, carregada de peles, couros e algumas caixas de madeira. Ele era alto, tinha a pele clara, porém queimada de sol, e seus cabelos pretos teimavam em se espalhar por todas as direções sob a aba de seu chapéu de couro marrom claro. Ele usava uma calça jeans muito desbotada e uma camisa xadrez laranja e preta aberta, deixando ver parte do seu peito largo e sem pelos. De cada lado dos quadris estreitos pendia um revólver, acomodado em coldres de couro gasto que se prendiam displicentemente ao cinto que ele usava, fechado por uma bonita fivela dourada onde havia um dragão em alto relevo. Conduzia a carroça um burrico gordo e cansado que parou bem na porta do curral do velho Kame, ofegando. O jovem jogou o chapéu para trás libertando seu cabelo arrepiado que se espalhou em todas as direções. Ele pulou da boleia da carroça e disse para o velho Kame, que parara de entalhar e o encarava, receoso:

- Oi. Eu sou o Goku. O senhor pode conseguir água pro meu burrico e um pouco de feno? Estamos desde ontem na estrada... se viesse a cavalo teria chegado ontem ao anoitecer – ele suspirou e sorriu.

- Cinco centavos – disse o velho, e o rapaz jogou uma moeda para ele:

- Taí. Dez, para que ele coma muito bem...

- Kuririn – gritou o velho, e o rapaz que dormia levantou-se com um ar sonolento ainda:

- Sim, sim, senhor Kame?

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