Capítulo 8 - Para fazer Chichi sorrir

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"Às vezes, quando ela estava sozinha, e sabia que estava sozinha, ela permitia que sua mente brincasse em um jardim e sorrisse."

John Steinbeck, a leste do Éden

Depois de levar todas as suas coisas para o quarto que alugara no segundo andar do saloon, Goku guardou o dinheiro, a esfera e o mapa no pequeno cofre e foi na direção da casa do pastor para pegar as tintas e seguir com seu trabalho de pintar a igreja. Depois de meia hora, Chichi apareceu com uma garrafa de leite e ficou parada, esperando que ele dissesse qualquer coisa.

- Vai jogar o leite de novo em mim? – ele perguntou, olhando para ela de rabo de olho, desconfiado. Ela baixou os olhos, envergonhada, e disse:

- Me desculpe. Achei que você tinha dito que ninguém ia querer casar comigo.

- Tudo bem. Acho que eu fiquei tempo demais sozinho e então quando falo com as pessoas elas nem sempre me entendem. – ele disse, mais como reflexão do que para respondê-la – e eu sei que muitos rapazes devem querer casar com você.

- Você não vai beber o leite? – ela ofereceu a garrafa e ele pegou. Parou um instante para olhar Chichi, que evitava seu olhar. Ele gostava quando ela fazia pequenas coisas para disfarçar sua timidez. Naquele momento ela torcia a ponta do seu avental distraidamente, enquanto olhava para uma minúscula borboleta pousada numa flor de dente-de-leão que brotava num matinho na lateral da igreja. Ele bebeu o leite todo, limpando a boca com as costas da mão, como de costume. De repente ela falou, ainda olhando para a borboleta:

- Eu soube que você ontem expulsou uns sujeitos que acham que é do bando de Freeza do saloon. Que deu uma surra neles e quando um tentou atirar você deu um tiro que arrancou o dedo dele.

- Ah... foi. Isso aconteceu.

- Você foi ao saloon por causa da garota nova? A tal que veio de Nova Sadala? – ela perguntou cautelosamente, olhando-o de modo furtivo.

Ele quase achou graça, afinal, só por insistência dos outros tinha ido ao saloon. Então disse:

- Kuririn e senhor Kame insistiram para que eu fosse lá. – ele riu – eles, sim, estavam loucos para ver a garota. Eu fui e tentei tomar uma cerveja, eu nunca tinha experimentado, mas não gostei, acho que prefiro leite. Então conversei com a Lunch, que é dona do saloon um pouco e já ia saindo quando começou a confusão. A garota? Ela é bonita, realmente... – dessa vez foi ele quem olhou furtivamente para ela e disse – mas você é mais. Muito mais, na verdade.

Chichi arregalou os olhos e corou intensamente. Ele sorriu para ela, com esperança que aquilo a fizesse sorrir, mas ela ficou muda por um tempo, então ele prosseguiu:

- Por causa do que eu fiz, da forma que eu reagi... bem, o senhor Briefs precisa de alguém para escoltar as diligências que vão para Nova Sadala e eu acabei contratado. Dentro de 5 dias vou para lá, com a diligência...

A cor fugiu do rosto de Chichi, que disse:

- Você vai embora para Nova Sadala?

- Não. Eu só vou acompanhar a diligência, e volto na próxima semana, com a próxima, que vem para cá. É um bom trabalho, paga bem.

- Goku... – ela torcia nervosamente o avental – mas isso é muito perigoso... os bandidos, eles...

- Eu não tenho medo, Chichi. – Ele sorriu – nunca tive.

- E se você levar um tiro, Goku, e se você morrer? – o rosto dela estava aflito. Ele sorriu para ela e disse, suavemente.

- Eu já enfrentei bandidos antes, Chichi... você não sabe disso, mas eles nunca conseguiram me machucar. Pode ficar tranquila. – ele disse e a encarou, com aqueles olhos grandes e inocentes, como se não tivesse realmente medo algum.

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