Capítulo 21 - Nós somos o bando

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 "Haverá verdade entre nós, como dois homens? Não como amigos, mas como inimigos e iguais? Há uma oferta que você receberá raramente, Roland. Apenas inimigos falam a verdade. Amigos e amantes mentem sem parar, presos na rede do dever"

(Stephen King, O pistoleiro – A torre negra, volume I)

"Batalhas que duram cinco minutos geram lendas que vivem mil anos."

(Stephen King, "A Torre negra" – Volume 7, série "A Torre Negra")

Se havia algo que estava irritando Vegeta nessa nova aliança com Raditz era a admiração que este demonstrava pelo irmão recém-descoberto. Os repetidos elogios à pontaria e rapidez do tal Kakarotto o faziam antipatizar pelo rapaz sem nem ao menos conhecê-lo. Vegeta estava acostumado a ser o melhor pistoleiro do bando, mesmo ouvindo, durante toda sua vida que ele "quase" atirava como Bardock.

Agora aparecia alguém que não só atirava como Badock mas já dizimara alguns dos melhores atiradores do bando, e isso o atiçava contra o irmão do outro, embora ele não dissesse. Um dia queria se confrontar com o tal Kakarotto para tirar à prova o seu talento.

Mas ele sabia que havia mais do que simplesmente admiração: Raditz gostava da ideia do irmão sendo uma pessoa livre, alguém que poderia ter uma vida normal e não andar em bando e assaltar e matar para viver. Aquela história sobre a bela moça de Oozaru o fizera lembrar sua história breve com Bulma. Nunca havia se interessado de verdade por mulher nenhuma, até que a moça dos cabelos azuis, com sua ousadia alegre e despreocupada chamara sua atenção.

Se ele houvesse crescido livre, talvez nunca chegasse a conhecê-la. Mas era impossível não pensar em como tudo que acontecera em sua vida o levara para um caminho tortuoso e solitário. E naquele momento, os dois só tinham um pensamento:

Dar um fim ao bando de Freeza. Matar o seu algoz. Acabar com o sofrimento de ambos.

***

O bando tinha mais de 100 homens, era verdade, mas a maioria estava ali apenas por medo de ir embora, porque Freeza ameaçava de morte quem saía, embora não fosse lógico os que tinham pouca importância terem tanto medo dele, que nem sabia o nome de nenhum deles. Ele os manipulava limitando recursos rigidamente: armas, munições, cavalos, tudo isso era controlado e vigiado e só os bandidos da elite, menos de dez, tinham acesso a eles livremente. Aos demais cabia tentar se destacar de alguma forma e viver de restos, fazer número. Era intimidador ter um bando de 30, 40 homens em cada roubo de gado. Mas pouco do que se apurava gerava benefícios para todos.

Na rígida hierarquia do bando, o medo era o componente principal. Freeza tinha uma fama lendária e muitos jovens sem perspectiva se juntavam ao bando. E era nesses que Raditz apostava. Ele era o único da elite que andava entre eles, conversava com eles, cantava em suas festas, era admirado e querido por eles como nenhum dos outros "bandidos importantes". Vegeta nunca fora um sujeito popular no bando, mas era temido. Se os dois juntos quisessem, seria fácil virar o jogo contra Freeza, usando contra ele sua principal arma: o bando.

A noite caía quando se aproximaram dos portões da fazenda. A partir dali, seriam, de fato, traidores do chefe e o sucesso de sua estratégia dependia de realmente conquistar apoio para aquilo que pretendiam fazer. Esconderam seus cavalos e entraram a pé, juntos, assim que escureceu.

O portão do Rancho tinha o símbolo de Freeza pintado na porta: um lagarto, como aquele que ele tinha tatuado no peito, sobre o coração. Uma salamandra branca, animal que ele admirava porque mesmo que se cortassem muitos pedaços do seu corpo era capaz de se regenerar. Raditz olhou com ódio o símbolo de Freeza e, usando sua faca, fez um talho profundo, partindo a salamandra ao meio. Só assim, segundo o que dizia Freeza, separando seus órgãos vitais ou cortando-lhe a cabeça, a salamandra poderia morrer.

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