Capítulo 15 - Noite sem luar

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"É a possibilidade da escuridão que faz a luz parecer tão brilhante"

(Stephen King – Lobos de Calla – A Torre Negra, volume V)

A noite caiu como um manto escuro sobre a cidade de West Sayan. Uma noite negra por causa da lua nova, que cedo despontara e cedo iria se recolher, deixando o céu como um manto negro coalhado de estrelas que brilhavam como diamantes.

Depois de oito horas de viagem, o oficial Hitto encontrava-se absurdamente cansado, mas pensava freneticamente na segurança daqueles dois presos. Ele não podia interrogá-los ali, na delegacia de West Sayan, que não era sua jurisdição, mas tentara uma conversa informal com ambos assim que chegara.

O mais jovem parecia arrependido e desesperado, e ele podia imaginar por quê: era apenas um garoto muito assustado que havia se metido com uma coisa que não entendia muito bem e que agora não sabia como fazer para escapar daquilo. Não devia ser o primeiro arrependido de ter entrado para o bando, mas era o primeiro que ele conhecia. E ele sentia pena.

O outro, no entanto, se recusara a sair do fundo da cela. Era um homem de meia-idade gordo, como uma pele macilenta e cheia de marcas de uma acne severa no passado. Quando Hitto o chamou ele encarou o oficial com um olhar que ele já vira muitas vezes na vida.

Era o mesmo olhar de um condenado à forca.

- Se você colaborar – disse Hitto – podemos garantir a sua segurança em Nova Sadala, ou uma transferência para uma prisão em outra jurisdição, onde Freeza não o ache. A única coisa que precisamos é que identifique o homem e nos ajude a fazer um retrato falado dele...

- Retrato? – Dodoria disse, do fundo da cela, de onde não saíra. Seu rosto estava escondido pelas sombras – o senhor acha realmente que um dia vai conseguir pegar o Freeza, oficial?

- Diziam que não pegariam ninguém do bando dele, e pegamos você.

- Não, o senhor não me pegou. Aquele jovem demônio sim, e eu o amaldiçoo, porque ele me condenou à morte. E condenou o frangote aqui junto. Eu espero que aquele morra um dia nas mãos de Freeza. Porque ninguém se põe na frente dele e sobrevive.

- Amanhã vamos levá-lo para Nova Sadala. E veremos se você colabora ou não.

O oficial se virou com aquela ameaça no ar, mas ela não fez o mínimo efeito em Dodoria. Já o rapaz, Orlen, ficou num canto trêmulo, chorando cheio de medo. Hitto estava preocupado: o xerife Satan garantiu a ele que seus homens poderiam dormir tranquilamente que a segurança dos detentos ficaria por conta dele... mas ele não conseguia sentir a mínima confiança naquele sujeito falastrão.

- Eles ficarão bem vigiados?

- Posso garantir que sim. Deixarei meu assistente aqui a noite toda. Ninguém vai passar por ele.

Hitto não viu o assistente do xerife, e esse foi seu maior erro. Se tivesse visto, saberia que aquele homem não estava à altura da tarefa para a qual fora designado.

***

No Saloon, Goku jantava um prato enorme de carne-seca com batatas enquanto conversava com Yamcha e Kuririn, que bebiam cerveja:

- Não acham que deveríamos nos revezar para vigiar os presos?

- Acha que eles podem fugir? – Kuririn perguntou, virando o resto da sua caneca de cerveja.

- Não é isso – Yamcha tinha uma expressão preocupada – acho que Goku tem o mesmo medo que eu, do bando de Freeza invadir a cidade para resgatar ou matar os dois.

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