Capítulo 3 - Aves de Rapina

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Ele era apenas diferente. Ele fora moldado na forja firme de circunstâncias passadas de maneira diversa.

(Jack Scheafer – Shane – Os Brutos também amam)

No alto de uma colina perto de West Sayan, três homens montados em cavalos observavam a estrada. Estavam num ponto privilegiado, escondidos atrás de um ajuntamento de arbustos onde poderiam ver a diligência que voltava de Nova Sadala para West Sayan sem serem vistos. E isso era essencial quando se pretendia assaltar a diligência.

O mais alto deles era também o mais forte. Montado num cavalo enorme como ele, de pelo escuro e que tinha uma crina preta longa e reluzente, tinha um cabelo muito preto e comprido, que descia pelas suas costas até a cintura. O chapéu não escondia as entradas pronunciadas e mal continha a rebeldia da sua cabeleira, pousado precariamente sobre a sua cabeça. Ele tinha uma expressão debochada e olhos maliciosos e zombeteiros que se destacavam, muito pretos, no seu rosto másculo e altivo. Usava uma camisa cinzenta, um colete pardo e uma calça jeans surrada e desbotada, além de cinto e botas pretas onde destacavam-se um par de esporas prateadas. Suas coxas grossas e musculosas estavam tensas sobre a sela e ele às vezes acariciava o cabo de uma faca que tinha na cintura, ao lado de um imenso revólver de cabo preto. Parecendo impaciente, ele enrolou um cigarro e pediu fogo ao homem ao seu lado.

Contrastando com a inquietude do cabeludo, o homem que acendeu o cigarro com um isqueiro, parecia calmo e olhava placidamente para a estrada. Sua cabeça completamente calva estava escondida sob um chapéu cinzento, e ele era bem mais velho que seus dois companheiros. Tinha cavanhaque e bigodes pretos onde já se viam fios brancos, e seu corpo também era bem forte. Vestia uma camisa xadrez vermelha e preta e calças jeans, suas botas e cinto eram bem surrados e seus revólveres de cabo de mogno reluziam em sua cintura larga. Seu cavalo tinha o pelo acinzentado mesclado de manchas escuras. Ele guardou o isqueiro logo depois de acender o cigarro do outro e disse ao mais magro e baixo dos três:

- Parece que a diligência hoje atrasou, Vegeta.

O terceiro homem apenas meneou a cabeça. Montado num enorme cavalo preto de crina sedosa, ele parecia ainda menor em comparação aos outros dois. Seus cabelos, tão pretos e rebeldes quanto os do primeiro rapaz, espetavam-se contra o chapéu que ele usava. O rapaz parecia ter uma predileção pela cor preta, porque tudo que usava, das botas ao chapéu, passando pela calça, camisa e colete era inteiramente preto. Só suas pistolas, a fivela do cinto, onde um símbolo que lembrava uma âncora destacava-se, e as esporas eram prateadas. Ele observou o horizonte e disse, fazendo um cálculo mental:

- Temos mais duas horas de sol... se não aparecerem logo, vamos ter que descer daqui e nos esconder na curva das cruzes.

- Odeio aquele lugar – disse o cabeludo.

- Você pode aproveitar e pôr flores na cruz do seu pai traidor, Raditz, – provocou Vegeta, olhando de lado para o outro, que jogou o cigarro no chão e disse:

- Pelo menos meu pai morreu de pé. Não envenenado na cama por uma puta...

- Parem – disse o homem entre eles, rispidamente – quantas vezes eu vou ter de dizer que agora vocês são do bando e tem que parar com essas palhaçadas se não quiserem levar um tiro do Freeza?

Os dois calaram-se, mas ficaram remoendo seu ódio mútuo, como sempre faziam. A única coisa que os impedia de dar vazão a esse ódio e duelarem até a morte era justamente a tutela do homem entre os dois. Nappa cuidara de ambos, a despeito da zombaria do resto do bando, desde meninos e os transformara em homens. Vegeta tinha sido recolhido por ele na casa do pai aos nove anos, logo que este morrera envenenado e Raditz havia sobrevivido à chacina que vitimara sua família quando ele tinha apenas seis anos.

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