Capítulo 9 - Viajando para Nova Sadala

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"Deus ajude o homem que realmente te amar. Você partiria o coração dele, minha querida, cruel e destrutiva gata que é tão descuidada e confiante que nem sequer se incomoda de embainhar suas garras."

(Margareth Mitchell, "E o vento levou)

A palavra que as pessoas de West Sayan mais associavam à jovem viúva Bulma Briefs certamente era "rude", embora nunca o fizessem na sua frente. A jovem mulher era irritadiça, cheia de personalidade e, certamente, tinha o pavio mais curto daquela cidade, até mais que o da dona do Saloon. A sorte era que, ao contrário de Lunch, Bulma era inacreditavelmente incompetente com uma arma nas mãos. Por isso nunca andava armada.

Muito antes do amanhecer ela já estava pronta para embarcar na diligência que a levaria a Nova Sadala, e parecia extremamente satisfeita e feliz por sair um pouco da tediosa atmosfera da sua cidade. Olhava-se diante do espelho antes de colocar o chapéu preto. Roupas pretas a aborreciam, significavam que ela estava de luto pelo marido com quem não passara nem dois anos casada. Faltava pouco mais de um mês para completar dois anos que recebera a notícia da morte dele, mas parecia que usara roupas pretas por toda uma era. Ela mal podia esperar para livrar-se do luto.

Pensando um pouco, ela mal conseguia se lembrar do rosto do marido. Havia ficado bastante aborrecida quando o amigo dele, um baixinho estrangeiro chamado Pual, o convencera a ir para o sul para tentar a sorte na mina de ouro de South Namek. Seis meses depois, chegou uma carta comunicando a morte dele num surto de febre tifoide.

"Maldito imbecil. Nem ficou rico e nem voltou para casa!" – ela pensou, ajeitando o chapéu sobre os cabelos azuis. Olhou-se por um instante e, então, mexeu o chapéu, colocando-o de lado na cabeça, numa atitude ousada para uma viúva. Só jovens solteiras usavam o chapéu naquela pose assimétrica. Mas ela não tinha mais um marido, certo? Que mal havia em jogar algum charme?

Ela saiu e foi até a praça, onde a diligência a esperava. Podia ver a silhueta de Yajirobe em cima da boleia, cabeceando de sono. Ao lado da diligência, a irritante égua dourada que deveria ter sido dela estava parada como um dócil pônei, enquanto seu dono lhe acariciava o pescoço. Bulma achava que estavam pagando muito caro pelos serviços daquele sujeito, ainda que ele tivesse ótima pontaria. Mas esperava que ele fosse eficiente caso ocorresse algum assalto.

– Bom dia! – disse o rapaz, animado.

– Bom dia... – ela bocejou e esperou que ele abrisse a porta da carruagem, em vão – Você não tem educação?

– Eu dei bom dia, não dei? – ele perguntou.

Ela bufou e abriu ela mesma a porta dizendo:

– Não tem mais nenhum passageiro, só eu vou para Nova Sadala. E quero chegar lá num bom horário, Yajirobe.

Ela entrou sem dizer mais nada. Goku montou na sua égua e disse, perto do ouvido do animal, com suavidade:

– Vamos, minha nuvem, vamos voar!

West Sayan ficava numa planície, espremida entre duas grandes cadeias de montanhas: Frypan, ao sul e Paozu, ao Norte. A leste, havia o limite do planalto Namek, que levava ao grande deserto e, a Oeste, o Monte Sayan. A planície era cercada por uma campina, que se mantinha verde graças ao desvio das águas do Açude Sayan, uma represa construída anos antes numa das colinas do monte de mesmo nome. Chovia bastante na região apenas no fim do verão, por isso, o desvio da água fresca que se acumulava na montanha era tão importante para manter viva a pequena e isolada cidade, que nascera da exploração de cobre numa velha mina, abandonada alguns anos antes.

A estrada para Nova Sadala começava com uma subida ao grande Planalto Namek que, próximo a West Sayan, era semi-árido, então seguia pela colina Sayan onde virava na curva das cruzes e subia as colinas verdejantes do Monte Paozu próximo a Tullace, seguia até Vegetown, ao Norte e, então, atravessava um desfiladeiro para sair da cadeia de montanhas, descendo pelo vale do Rio Oozaru, que enchia de verde a paisagem, conforme a estrada o acompanhava até a movimentada cidade de Nova Sadala, passando antes por Oozaru e Porto Feroz, no encontro entre os rios Sadala e Oozaru. Era uma viagem que podia durar de dez a doze horas, dependendo das paradas que se fizesse.

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