Capítulo 38 - O bem e o mal

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"Antes que eu possa viver com outras pessoas, tenho que viver comigo mesmo. A única coisa que não respeita a regra da maioria é a consciência de uma pessoa."

(Harper Lee – O Sol é para todos)

West Sayan

Turles deu mais um passo na direção da cama. O olhar apavorado de Lunch era um componente a mais para excitá-lo. Ele a encarava, enquanto avançava na sua direção, uma das mãos já tirando o cinto e pondo de lado, a outra segurando a pistola, que ele tirou do coldre para garantir que ela não gritasse ou não fizesse nenhuma gracinha.

- Então, minha flor, é esse o seu olhar de medo? – ele riu – não fique com medo de mim. Eu tenho certeza que você vai adorar quando eu te fizer minha... eu tenho certeza que vai implorar por mais...

- Eu vou gritar agora por socorro, seu nojento... você não vai tocar em mim, nunca!

- Do que você tem medo, boneca? – ele desabotoava as calças. Lunch andava para o lado, pensando em pegar algo pesado para bater-lhe na cabeça, mas ele percebeu e apontou a pistola para ela, dizendo – eu não faria isso se fosse você...

A calça comprida dele caiu no chão, e ele livrou-se dela, chutando as botas em seguida.

- Vamos, minha flor, tire a roupa também... desabroche para mim...

- Nunca - ela deu uma cusparada em cheio no rosto dele, não se importando mais se ele ia ou não matá-la. Ela prometera a si mesma que nenhum homem, jamais, abusaria dela novamente, e se morrer era o preço, ela não se importava.

- Vadia – ele disse, e levantou a pistola para dar com o cabo no rosto dela, só que antes que pudesse completar o gesto, a porta do quarto se abriu e uma sombra escura e rápida como o vento avançou para ele, segurando seu pulso e jogando longe sua pistola.

O primeiro soco acertou-lhe o maxilar, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e cambaleasse antes do segundo soco, que quebrou seu nariz. Ele foi pego pela gola da camisa, batido na parede sem piedade, e foi sendo arrastado para fora do quarto, os pés tentando se firmar no chão sem sucesso à medida em que ele era batido de um lado para o outro. Por fim, ele só percebeu que estava sendo atirado escada abaixo quando sua costela bateu dolorosamente num degrau, ele rolou os restantes, protegendo o rosto com as mãos e sentindo o impacto de cada rolada nas costas, no peito e, finalmente, no rosto, quando aterrissou no chão do salão humilhado, sem calças e com o rosto coberto do sangue que saía copiosamente pelo nariz.

Turles ficou ainda um tempo caído no chão, sentindo dores por todo corpo, enquanto tentava entender o que havia acontecido. Quando ele conseguiu levantar a cabeça, viu Tenshin no alto da escada, os punhos fechados, um fogo de puro ódio ardendo nos seus olhos escuros. Nenhuma gota de suor na sua pele vermelha. Ele acabara com o sargento sem esforço algum.

- Vo...cê? – Turles disse, incoerentemente, olhando aturdido para o rosto do rapaz. Não era a relação de poder que ele estava acostumado. Normalmente ele era o que humilhava índios, não o contrário.

- Você – Tenshin apontou para ele, a voz grave ressoando como uma trovoada no salão vazio – homem sem honra e sem vergonha, capaz de fazer mal a uma mulher que não o quer. Se tocar novamente nela, morre. Tenshin não tem medo de seu ferro-de-fogo. Tenshin não tem medo de você, demônio branco!

O queixo de Turles caiu com a audácia do pele vermelha. Ele ia se erguer para dizer qualquer coisa quando Lunch surgiu no alto da escada, jogando suas botas, suas calças e o resto de suas coisas pela escada. Ela então jogou para ele a pistola, que havia esvaziado de munição e disse:

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