Capítulo 39 - Chamas e vingança

104 11 3
                                    

"Esses prazeres violentos tem finais violentos"

(Westworld, T01, Episódio 01 "The Original")

Vegetown

Havia algo nele que sentia prazer com a destruição, e ele sempre soubera disso. Por isso, colocar fogo na cidade perto da fazenda onde vivera a maior parte da sua vida, vê-la arder até o chão depois de matar a maior parte dos seus habitantes por pura vingança parecia ser o melhor momento de toda sua vida.

Freeza sentia-se pleno como nunca. O bando que chefiava agora era completamente diferente do anterior, e ele sabia disso. Aqueles homens não eram desesperados como muitos que ele reunira em seu primeiro bando: eram criminosos perigosos e cruéis. Havia apenas alguns dias que ele matara Cell e ele sabia que ninguém mais duvidava de que o grande Freeza estava de volta.

No primeiro dia ele havia liderado um assalto à diligencia. Nos dias seguintes, liberara os homens para sair assaltando quem pudessem, aterrorizando quem quisessem entre Oozaru e Tullace. Agora era hora de algo realmente grande, um tapa na cara do homem que jamais pusera as mãos nele, por mais que quisesse.

Havia algo de especialmente cruel em invadir Vegetown em pleno domingo: muitas pessoas estavam na igreja, e elas podiam ser pegas ali mesmo, inclusive o xerife. Chegar atirando, intimidando, matando quem aparecesse era apenas mais um detalhe. Vegetown parara no tempo, não havia se desenvolvido como Tullace ou West Sayan, justamente por causa de todos os anos em que ele, Freeza, fizera daquele lugar seu ponto de partida.

Massacrar a população de Vegetown foi ridiculamente fácil, ver a cafetina do bordel local implorar pela sua vida e pelas vidas de suas garotas, apenas mais um pequeno prazer. Ele havia frequentado o lugar, e elas haviam cedido a todo e qualquer capricho pervertido dele, anos atrás, parte por medo e parte porque ele pagava por isso. E agora nada disso importava. Ele as matou uma a uma.

Como matou homens, mulheres e crianças na pequena vila. Uma lição que ele havia aprendido e não esqueceria era que não deveria poupar ninguém. Achara homens para segui-lo que não se importavam em atirar em velhos e crianças e estava feliz por isso. Quanto mais tivesse aliados que não se importassem, melhor.

Mas havia uma pessoa que via aquilo tudo com um olhar amedrontado e, aos poucos, ia percebendo que cometera um grande engano ficando ao lado dele: Chirai. Os primeiros anos haviam sido bons, ele parecia um homem forte e disposto a trabalhar duro. Mas então, ele confessara quem ele era, e ela já estava envolvida demais para abandoná-lo.

Ela o encontrara às portas da morte, e, por isso, acreditara que ele tinha o direito de se vingar de quem fizera aquilo com ele, e o apoiara por acreditar em tudo que ele dizia. Mas agora, via que pior que tivesse sido o que acontecera com ele, a população de Vegetown não tinha nada a ver com aquilo. Ele simplesmente era psicótico. Ele simplesmente não tinha limites quando se tratava de fazer aquilo que queria, de destruir tudo que ele acreditava que estava em seu caminho.

O saque a Vegetown renderia muito dinheiro, afinal, levariam tudo que tinha valor na cidade. Mas colocaria Hitto atrás dele novamente. E agora ele não tinha mais vergonha de mostrar o rosto, era uma questão de tempo para que aparecessem cartazes com o retrato dele e sua cicatriz arroxeada por toda parte. Eles se esconderiam nos arredores de Tullace, mas, por quanto tempo?

Mas ela sabia que se fugisse naquele momento, ele não teria piedade e nem consideração pelo tempo que ela dedicara a ele, mandaria homens atrás dela e ela seria morta como cada aliado que havia fugido da loucura dele. Ao contrário, Chirai decidiu que o que a salvaria seria parecer mais fiel que nunca. E era isso que ela parecia naquele momento: ela o trairia, cedo ou tarde, mas precisava estar segura quando o fizesse.

West SayanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora