Capítulo 41 - No poço do desejo profundo

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"Pássaro e urso e lebre e peixe, dê à minha amada apenas aquilo que ela mais deseja"

"Se você me ama, me ame."

(Stephen King – Mago e Vidro, A Torre Negra, Vol IV)

North Papaya, 10 dias depois do encontro da terceira esfera

- Devemos nos separar para achar as duas próximas esferas – disse Goku a Vegeta e Bulma.

Eles haviam chegado à cidade no dia anterior, da cansativa jornada aos gêiseres do bafo de dragão. Eles haviam vindo um pouco mais devagar do que haviam ido, por conta da febre que Vegeta tivera alguns dias depois de deixarem o poço, graças à sua queimadura no braço, que infeccionara.

No caminho não havia nenhum grande recurso para tratar a ferida, a única coisa que podiam fazer era manter a queimadura limpa e tentar evitar que piorasse. Mas não era fácil para ele cavalgar com o braço naquele estado. Bulma perguntava várias vezes por dia se ele precisava de ajuda ou se queria parar e obtinha sempre a mesma resposta:

- Não quero ser um atraso. Não preciso de nada.

O orgulho. Ela aprendera, ao longo da viagem, que aquele homem era um poço de orgulho, e desde que a tentativa dele de seduzi-la falhara, ele se afastara dela e se tornara arredio, o que a fazia se sentir mal.

Por que ela não podia negar, de forma alguma, que se importava bastante com ele.

Quando chegaram à pequena cidade, ela foi até o médico e pediu conselhos, mas ele disse que se o homem não fosse ao consultório, não podia fazer nada. Ela implorou a ele que fosse ao médico com ela, mas ele ainda não queria ceder, e foi Goku que o acabou convencendo:

- Não seguimos enquanto você não estiver bem, amigo. E se você não quer nos atrasar, melhor ir ao médico.

Ele aceitou e foi medicado com tintura de quinino e conhaque, que o fez suar até que a febre passasse, e, além disso, recebeu um unguento amarelado que aliviou as dores da queimadura imediatamente. Ele e Goku dividiam o quarto, e o xerife riu quando, no meio do seu delírio, meio pela febre, meio pelo conhaque, Vegeta murmurou:

- Bulma...

Ele se deitou e, pela primeira vez desde que haviam começado a jornada, se permitiu pensar em algo que não era seu objetivo. Pensou em Chichi, Gohan e na cidade, que poderia estar desprotegida se Freeza resolvesse atacá-la. Esperava que estivesse tudo bem e que nada terrível acontecesse na sua ausência.

Eles já estavam fora há mais de um mês, e ainda faltavam três esferas. E ele havia lido o mapa, sabia que duas esferas estavam separadas por quase 600 kilometros e a última que procurariam, para seu horror, estava bem no meio do deserto onde ele quase havia morrido. Fechou os olhos, pensando em Chichi e se ela estaria muito zangada pela sua prolongada ausência e, então, teve uma ideia. Levantou-se, acendeu o lampião e pegou o mapa, papel e lápis, que havia na gaveta do quarto. Quando terminou seu pequeno trabalho sorriu satisfeito. Estava pronta a proposta que faria aos dois no dia seguinte.

- Eu não sei – disse Vegeta. Ele ainda tinha olheiras profundas, mas a febre passara e a queimadura parecia finalmente estar melhorando, coberta com o unguento que o médico da cidade receitara. – Eu entendo que vamos perder muito tempo, mas só temos um mapa, como vamos fazer?

Goku sorriu e mostrou aquilo que trabalhara no dia anterior: colocara uma folha de papel sobre o mapa e copiara apenas o trecho em que ia do ponto onde a esfera central estava e a esfera mais ao leste, e as duas eram separadas por uma linha reta e havia um ponto marcado entre as duas.

- Aqui – ele disse – essa cidade chamada Cidade do Leste. Ela fica entre as duas esferas. Nós vamos até lá e de lá nos dividimos. Tem agora um mapa para cada um, embora esse aqui não seja lá grande coisa – ele mostrou o mapa de papel. – pode ficar com quem for pegar a esfera central, que fica num lago – ele leu no mapa – "O poço do desejo profundo". E a outra, que está... numa floresta, acho, vai ser aparentemente mais difícil de achar.

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