Capítulo 29 - Taioken, luz do meu sol

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"Kohana: Leva meu coração contigo, quando fores...
Akecheta: Fica com o meu no lugar dele"

(Westworld, Temporada 02, episódio 8, "Kiksuya")

Enquanto Goku estava em viagem para Nova Sadala, West Sayan seguiu no seu ritmo lento de todos os dias. Piccolo continuava entalhando detalhes interessantes e trabalhosos nas tampas dos caixões mais caros para se distrair, sendo eventualmente interrompido pelas visitas do pequeno Gohan que tinha desenvolvido um estranho fascínio pela morbidez da funerária. Oolong continuava vendendo suas roupas aos mineiros e apregoando junto às mulheres a elegância dos chapéus que trouxera de sua última viagem a Nova Sadala. O Senhor Kame tinha um novo ajudante, o jovem Pual, amigo de Yamcha. E o bordel de Yamcha continuava contemplando debochadamente o armazém de Bulma, do outro lado da rua, lembrando a ela que era divorciada de um homem que não era exatamente "decente" nos conceitos de rígida moral de West Sayan.

Em sua casa, Chichi continua com suas tarefas de todos os dias, fervendo o leite, fazendo os queijos e, isso a entristecia um pouco, fazendo muito menos comida que o habitual, afinal, seu faminto marido estava numa viagem que deveria durar mais alguns dias. Numa manhã, poucos dias após a partida de Goku, no entanto, aconteceu algo que não era comum. O índio Tenshin Han saiu do mato da campina, coisa que raramente fazia, e caminhou até a porta da casa de Goku. Parou um instante, hesitando. Sabia que os homens batiam à porta, mas não sabia exatamente como faze-lo sem soar rude, e, por isso, deu três batidas de leve à porta, que Chichi abriu, limpando as mãos no avental com um olhar intrigado.

- Bom dia, Tenshin... – ela disse, encarando o semblante preocupado do índio. – No que posso te ajudar?

- Bom dia, esposa de Goku. Ele demora voltar? – A voz do índio tinha uma falsa neutralidade, Chichi podia sentir a preocupação sob o seu tom casual.

- Eu não sei, Tenshin... ele tem um problema e...

- Tenshin sabe, senhora, Tenshin sabe sobre o irmão e sente muito. Mas Tenshin precisa falar com Goku sobre coisas que viu no céu... quando ele voltar, pede para procurar Tenshin na campina, por favor.

Chichi assentiu, preocupada. Ela aprendera com o marido a levar a sério as premonições de Tenshin, porque, afinal, uma delas o havia salvo quando era um menino. Ela também não tinha nenhum preconceito pelo fato dele ser um índio, afinal, havia aprendido com o pai que os homens nasciam todos iguais e Deus amava a todos do mesmo jeito.

Mas não era toda cidade que pensava assim.

Quando Tenshin deu meia volta e deu a volta ao lado da casa na direção da passagem para a campina ao lado do Saloon, duas mulheres vestidas inteiramente de preto o olharam com uma mistura de nojo e desprezo, como se ele fosse um inseto asqueroso.

- Como pode, o xerife ter amizade com um sujeito de pele vermelha – disse a mais velha, que, por acaso, era a mesma senhora Octógono que, um dia, havia enchido de ideias sobre pecado a cabeça de Chichi.

- Inaceitável – ecoou a outra.

Lunch havia acabado de sair para varrer a frente do saloon e ouviu o diálogo inteiro. Subitamente, sentiu seu sangue ferver e se aproximou das duas velhas brandindo a vassoura como se fosse uma espada de duas mãos:

- Quem são vocês duas para falarem do Tenshin, abutres malditos?

As velhas voltaram-se para ela, espantadas. Tenshin parou onde estava, petrificado. Ela prosseguiu, ainda irritada:

- Tenshin é um homem muito melhor que qualquer branco de West Sayan. E se Goku percebe isso, é porque ele também é uma das pessoas mais decentes daqui, não perde seu tempo tomando conta da vida dos outros como vocês duas, lacraias velhas! – ela as enxotou como se fossem baratas, brandindo a vassoura. Já fora do alcance de uma vassourada, a senhora Octógono ainda disse:

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