Capítulo 23 - Amor é liberdade

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"Um tipo de luz se espalhou para fora dela. E tudo mudou de cor. E o mundo se abriu. E um dia foi bom para despertar. E não havia limites para nada. E as pessoas do mundo eram boas e bonitas. E eu não estava mais com medo.

(John Steinbeck – a leste do éden)

Depois do desastre da primeira noite, Chichi passara o dia dolorosamente consciente daquela parte do seu corpo que, por muitos anos, fora ensinada a ignorar e ate mesmo, temer. Havia sido acordada pela carícia suave de Goku em seu rosto e delicadamente e abrira os olhos sonolenta, para encontrar o olhar dele, cheio de amor. Mordeu os lábios, nervosa e disse:

- Eu... me desculpe, Goku.

- Pelo quê?

- A noite passada...

- Shhh! – ele tocou de leve os lábios dela e disse – Você me pediu para continuar, mas eu tinha que parar, Chi. E nunca me perdoaria se fôssemos até o fim daquela forma tão ruim para você.

- Mas eu senti que precisava... me disseram que eu devia...

- Não, você não devia e não tem culpa nenhuma. Talvez nenhum de nós tenha culpa. Talvez a culpa seja minha, mas sua, nunca.

Ela sentou-se para ficar ao nível dos olhos de Goku. Ele tinha a camisa do pijama aberta e os cabelos pareciam mais desgrenhados que nunca. Mas estava adoravelmente bonito naquele desalinho todo. Ele tirou uma mecha do cabelo dela que insistia em cair sobre o olho esquerdo e disse:

- Você é tão linda. Fiquei te olhando dormindo e pensei na sorte que eu tenho. De todas as mulheres do mundo, a mais linda gostou de mim.

Ela sorriu e se abraçou a ele sem dizer nada. Então ele disse, bem baixinho:

- Você tem todo tempo que precisar. Eu espero, prometo, até que nós dois estejamos prontos. Mas não fuja mais de meus beijos, Chi. Não pense que estamos fazendo alguma coisa errada... porque não estamos, sei que não estamos... esse negócio de luxúria... isso é uma bobagem. Estamos casados. E você me ama, não ama?

- Claro que eu te amo... muito... é como se eu sempre tivesse te amado.

Ela se abraçou a ele, grata pela compreensão e carinho e disse:

- Doeu um pouco... acho que sangrou.

- Ainda dói? – ele perguntou, num sussurro.

- Um pouco. – ela respondeu no mesmo tom – Mas eu não quero que você olhe! Eu... eu tenho vergonha.

- Tudo bem – ele disse, acariciando os cabelos dela. – Eu vou sair do quarto para você se vestir.

Depois do café da manhã, Chichi assumiu suas tarefas com o leite que o seu pai levou até ela. Como ela agora queria cuidar da sua casa, o pai combinou que ele entregaria todo leite e ela ferveria e faria o queijo na sua própria casa. Goku foi até a estrebaria porque estava ajudando Kuririn em retribuição à ajuda que o amigo dera na construção da casa deles.

À tarde, quando lavou suas roupas, Chichi viu o sangue na sua camisola. Não era muito, afinal. Ela esfregava a mancha com sabão pensando em como seria a próxima vez. Aquilo a deixava um pouco nervosa, insegura... ela se lembrou da tarde debaixo da macieira e da mão de Goku sobre seu seio esquerdo. Um sorriso involuntário apareceu no seu rosto. Ela lembrou do formigamento que sentira, o mesmo formigamento que sentira naquela noite, quando Goku a tocara entre as pernas. Uma urgência de se entregar àquele desejo...

Que tola havia sido ao escutar a palavra da velha Octógono e da senhora Uranai de que se ela não consumasse logo o casamento, daquela forma injusta que a machucara, Goku a acharia fraca, que era obrigada a dar prazer a ele e que seus desejos eram um pecado. Onde ela estava com a cabeça quando aceitou aquilo tudo? De repente olhou para o tecido entre suas mãos. Ela esfregara tanto, com tanta raiva que quase esgarçara sua linda camisola.

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