Capítulo 44 - A última esfera

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Tullace, no mesmo dia

A mulher baixa e gorda, usando um vestido inteiramente preto, de olhos claros entediados e uma voz pausada e monocórdia olhava diretamente para Freeza, dando o seu relato calmo sobre o tempo em que passara espionando West Sayan.

- A inauguração da estação será depois de amanhã – ela disse, tranquilamente –Acho que o senhor poderá atacar tranquilamente, porque o exército sequer pensou em mandar um destacamento e o xerife continua fora da cidade. Mas poucas pessoas sabem o que ele foi fazer.

Freeza se ajeitou na cadeira e juntou as duas mãos na frente do corpo, abrindo um sorriso mau, antes de dizer:

- Mas a minha querida Beriblu, com seu jeito de viúva boa e desinteressada acabou descobrindo tudo para mim, não é verdade?

Ela deu um sorriso modesto e sacudiu a cabeça afirmativamente, dizendo:

- Deu um pouco de trabalho... foi preciso me aproximar e fazer amizade com aquelas duas malucas que vivem pajeando o pastor, a Uranai e a Octógono... bruxas moralistas insuportáveis. Fiquei andando com elas o tempo todo para vigiar a mulher do xerife. Ela é bem discreta e não dá assunto para as duas, mas o pai dela é um ingênuo...

- E você sempre consegue enganar os ingênuos, hohoho – disse Freeza, com evidente prazer na voz.

- Então... a moça conversou com o pai sobre a missão que envolvia o marido, e ele, obviamente, censurou a ideia dele sair por aí atrás de...

- De...?

- Esferas mágicas capazes de realizar qualquer desejo.

O rosto de Freeza se iluminou. Era exatamente aquilo que ele imaginava, a história que um dia rondara Bardock, na qual Nappa parecia acreditar. As esferas, que o pai buscara sem sucesso quando ele era criança.

- Então ele foi atrás das esferas que Bardock falhou em coletar? Interessante, interessante... e será que ele conseguiu?

- Bem – Beriblu deu outro dos seus sorrisos cínicos e disse – eu acho que ele tirou dois ou três meses de licença, e pelo que o pastor disse foi há quase dois meses.

- Hum... então quando atacarmos ele não vai estar por lá... pelo que dizem da pontaria dele – e eu não pude comprovar porque o peguei realmente de surpresa – é bastante bom que ele esteja ausente. E quando chegar vai ter uma terrível surpresa... e pode ser que venha atrás de mim para se vingar.

- E então o senhor vai poder tomar dele as tais esferas...

- Exatamente. Adoro quando fazem todo serviço para mim, Beriblu... aqui está seu dinheiro. Não precisa voltar para a cidade. Fique aqui, vou precisar de você quando voltar.

A mulher se retirou e Freeza chamou por Chirai, acreditando que ela não estava ouvindo a conversa dele, mas ela estava. Desde o massacre de Vegetown, eles vinham se distanciando, ela cada vez mais arredia e ele cada vez mais desconfiado e crendo em uma traição. Isso o fazia sentir muita falta de Zarbon, o companheiro mais fiel que ele tivera. No fundo ele sentia que Chirai não era tão fiel quanto ele desejaria. O único motivo pelo qual ainda não a matara era o fato dela ter bom trânsito em Tullace.

Mas aquilo tudo podia mudar. Se ela morresse por acidente em West Sayan, uma vítima de fogo cruzado, não levantaria suspeitas entre as pessoas da cidade que os acobertavam por causa dela. E então, ele teria liberdade para procurar outra pessoa para satisfazer suas necessidades. Ele sempre acabava cansando, tinha de admitir, de qualquer companhia.

Chirai apareceu, perguntando o que ele queria e ele perguntou pelo jantar. Ela disse que a criada estava quase terminando e perguntou se ele queria mais alguma coisa. Ele disse que não e ela se retirou, pensando em como conseguiria fugir dele ainda naquela noite. Em dois dias ele atacaria West Sayan e ela queria realmente estar bem longe dele e da cidade.

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