Capítulo 17 - Bardock e Gine

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Goku não havia pedido nada, mas, como conhecia bem o amigo, Lunch levou um copo de água e pôs diante dele, que sorriu agradecido.

Depois de um momento em que conversaram amenidades e Toma quis saber como era a vida de Goku, que contou brevemente sobre o assalto e seu triste desfecho, o construtor deu um longo suspiro e disse:

- O que vou contar a você, nem mesmo meu filho Turles sabe. Era um segredo meu e de minha amada Seripa, até o dia de hoje... e quando você souber tudo, creio que vai ser uma grande emoção para sua tia finalmente poder abraçá-lo... então, meu jovem, ouça com atenção essa história porque ela é de seu pai, mas também é a sua história, e se ela esteve escondida até hoje é apenas porque eu e o velho Gohan não queríamos que a fúria vingativa de Freeza o alcançasse antes de você ser um homem feito como é hoje.

"Eu e Bardock nos conhecemos ainda crianças, na cidade de Vegetown, onde nascemos, um pouco longe daqui, na rota de Nova Sadala. Vivíamos bem, embora pobres, porque nossos pais eram condutores de gado que trabalhavam para o velho King Vegeta. Era um homem irado e forte, que havia fundado Vegetown uns anos antes e prosperou criando gado. Nós crescemos laçando bezerros com nossos pais enquanto nossas irmãs mais novas viviam na pequena colônia mantida pelo velho Vegeta.

Ele tinha um filho, pouca coisa mais velho que nós, chamado King Júnior, mas que depois passamos a chama-lo apenas de Vegeta. Ele, embora rico, era rude como nós, endurecido pela vida no campo e pelo pai, que fazia questão que ele tivesse a mesma vida que um colono. Ele tinha um melhor amigo que era como uma sombra, filho do capataz da fazenda, chamado Nappa.

Quando tínhamos cerca de 16 anos, a guerra civil estourou e foi como se uma febre tivesse tomado conta de nós quatro. Perto de uma guerra, a vida na fazenda, mesmo que um touro brabo quase tivesse pego Bardock quando ele tinha nove anos, e eu quase tivesse caído em um abismo quando meu cavalo desembestou, aos 14, parecia repleta de marasmo e tédio.

Bardock, a essa altura, já era o melhor atirador que eu ou qualquer um de nós tivéssemos visto na vida. Ele conseguia atirar com um colt 45 com uma naturalidade, destreza e rapidez que você nem conseguiria vê-lo desarmando e armando o tiro, ele atirava e puxava direto, com a mesma mão, o cão da arma, com tal habilidade que motivava apostas entre os mais velhos sobre quantos tiros ele era capaz de dar em um pequeno espaço de tempo."

- Como eu faço... – interrompeu Goku – eu atiro e puxo o cão com a mesma mão... sempre atirei assim.

- Quem puxa aos seus não degenera, meu jovem – disse Toma, sorrindo, antes de prosseguir:

"E assim, como todo jovem tolo, eu e ele mentimos nossa idade e acabamos no exército, na mesma tropa que King Junior e Nappa. Éramos um quarteto unido, mas confesso que vi coisas na Guerra que jamais contei e nem irei contar a ninguém, coisas que vivem apenas nos meus pesadelos e não merecem ser lembradas nem divididas com ninguém, e sei que o mesmo aconteceu com Bardock.

Não era emocionante caminhar nas planícies alagadas durante o período de chuvas do fim do verão, com a arma acima da cabeça para não molhar a munição, correr de encontro ao inimigo apontando a baioneta e ver a vida fugindo dos olhos de alguém tão jovem quanto você quando por sorte sua baioneta o atravessava. Não era agradável atravessar campos nevados tremendo de frio e cavar trincheiras na terra congelada pelo inverno. Atirar às cegas e ver que vários homens caem de uma vez, te fazendo pensar qual deles seu tiro derrubou. E pensar que em breve poderia ser você caindo e morrendo longe de casa, chorando o nome de sua mãe.

Embora ele tivesse ganho uma cicatriz no rosto decorrente de uma luta corpo a corpo logo no início da Guerra, a pontaria de Bardock o fez um atirador de elite, enquanto eu, Vegeta e Nappa nos contentávamos com mais um dia sem morrer na infantaria. Nosso esforço contínuo para sobreviver acabou sendo recompensado quando nós três viramos uma equipe de canhão.

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