Capítulo 20

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As horas foram se passando e as mulheres permaneceram na varanda, nuas, deitadas no sofá, na mesma posição, Emma por cima de Regina, com a cabeça entre seus seios, ouvindo as batidas calmas do seu coração, em silêncio, apenas contemplando a noite e a música que ainda tocava no pequeno aparelho de som da fotógrafa, até que o vento forte obrigou a dona do apartamento a se levantar e buscar uma manta para cobri-las.

Quando Regina voltou com o cobertor quentinho, Emma se tremia de frio, ainda deitada no sofá. Balançando a cabeça negativamente e sorrindo, a morena volta a se deitar, acolhe a modelo em seus braços novamente e cobre as duas com sua manta quentinha.

Com o olhar perdido no céu Nova-iorquino, Regina repassava cada detalhe do que aconteceu desde que Emma passou pela porta do seu apartamento, horas mais cedo, e as duas se encontraram exatamente onde estavam agora, na varanda.

Emma, também com os verdes perdidos no céu pouco estrelado visivelmente devido à cidade ser muito iluminada e não ser muito perceptível, estava achando-o ainda mais lindo no momento. Era como se as estrelas tivessem resolvido aparecer e brilhar mais para contemplar as duas se amando pela primeira vez.

Regina, sentindo a respiração fraca da loira, interrompe suas carícias nos cabelos loiros e desce suas mãos para as coisas nuas e quente.

— Emma? ― Chama-a baixinho, querendo saber se ela estava dormindo, mas hesitante, temendo acorda-la caso estivesse.

— Ainda estou aqui... ― Respondeu prontamente, também baixinho, e levantou a cabeça para olhá-la. As duas sorriem e Regina lhe puxa para um beijo.

— Acho que hoje foi a melhor noite da minha vida. ― Confessa, mantendo o rosto da modelo junto ao seu e olhando fundo em seus olhos brilhantes. — Na verdade, eu tenho certeza. ― Corrige-se em um tom sério, passeando com os polegares pelas bochechas e queixo dela.

— Eu me sinto honrada em saber que foi eu quem proporcionou essa melhor noite a você. ― Rebate sussurrada, segurando sua mão direita e beijando seus dedos carinhosamente. — A melhor noite da minha vida, até agora, também foi hoje. ― Também confessa, beijando seus lábios demoradamente.

— Por que até agora? ― Mills pergunta, franzindo o cenho, porém sorrindo.

— Porque eu sei que terei outras bem melhores a partir de agora, que estarei ao seu lado. ― Respondeu em tom de confidencia, deu uma piscadela e um sorriso, e beijou o vale de seus seios, fazendo-a se arrepiar.

Emma voltou a deitar a cabeça no peito da morena e Regina lhe abraçou com força, como se tivesse a segurando para não ir embora, beijou seus cabelos e fechou os olhos. Então ficaram em silêncio, com seus pensamentos particulares.

― Eu estava apreensiva antes dessa noite. ― Emma confessa, quebrando o silêncio. Então, levanta a cabeça novamente e encontra um olhar confuso e curioso lhe observando atentamente. ― Você nunca tinha ficado com uma mulher antes e...

― Shh... ― Regina interrompe-a, colocando um dedo delicadamente em seus lábios, entendendo do que ela estava falando. A modelo beija a ponta do seu dedo delicadamente e ela beija os seus lábios. — Antes de você aparecer, eu nunca me imaginei com uma mulher e nem mesmo tive curiosidade para saber como é... ― É sincera. ― Mas também, nunca fui do tipo que jamais aceitaria essa experiência. Eu sempre disse para mim mesma que se aparecesse uma oportunidade de me envolver com uma mulher, eu iria em frente. ― Faz uma breve pausa. ― Mas jamais seria capaz de usar alguém para isso. Apenas para matar a minha curiosidade. ― Deixa claro, temendo uma má interpretação de Emma. ― Quando eu percebi que... ― Interrompe-se e respira fundo, controlando a vontade de dizer que estava apaixonada. Ainda não se sentia preparada para isso, e mesmo que tudo estivesse indo muito bem entre as duas, seus medos e traumas ainda existiam. ― Quando eu percebi que estava interessada em você, eu me permiti ir em frente, bem como eu queria. Eu deixei a minha vontade, o meu desejo de conhecer, de experimentar, me guiar, e então estamos aqui. ― Olha rapidamente para os corpos colados debaixo da coberta. ― Contudo, não foi por causa disso que eu me aproximei de você e permiti que se aproximasse, não foi por isso que eu me envolvi tanto com você e deixei que se envolvesse tanto comigo. ― Seu coração se acelera com a indireta declaração de seus sentimentos, mas logo suspira aliviada por ver que Emma parecia não ter entendido. ― Como eu disse, eu jamais seria capaz de te usar apenas para isso, Emma, para satisfazer a minha curiosidade, o meu desejo. Eu jamais seria capaz de me envolver tanto com você apenas para isso. Eu não sou assim. ― Sussurra a última sentença, olhando fundo em seus olhos. ― Sim, eu quis uma nova experiência, eu quis o novo, o diferente do que eu estava habituada, mas não foi por querer isso que eu te beijei e deixei ser beijada, não foi por isso que eu continuei me envolvendo depois que nos beijamos a primeira vez. Eu me interessei por você. De verdade. ― Deixa claro para que não haja dúvidas e Emma sente a emoção lhe invadir no peito. Estava sem palavras para expressar o quanto estava aliviada e feliz por ouvir tudo que estava ouvindo. Cada palavra que saia da boca de Regina estava sendo um alento para o seu coração, antes tão apreensivo. ― Então eu tive a experiência, mas não vou cair fora como está pensando, não vou embora só porque eu tive o que queria. ― Olha fundo em seus olhos. ― Eu não sou assim. — Repete com firmeza. ― Entendo o seu receio, acho que se eu estivesse em seu lugar, eu também sentiria, mas quero que saiba que, se ainda estiver com medo de ter algo a mais comigo por achar que eu estou te usando como um experimento, para ter experiências novas, não precisa se preocupar com isso, eu não sou desse tipo. ― Diz com firmeza, segurando seu rosto e acariciando-o. ― Eu conheci algo novo com você, gostei e quero continuar conhecendo cada dia mais. ― Conclui com um sorriso e a puxa para um beijo urgente, cheio de significados, cheio de desejos, cheio de sentimentos que não foram ditos, não explicitamente. — Eu não quero que você saia da minha vida nunca mais, Emma. ― A fotógrafa confessa quando as bocas se separam e a da loira desce por seu pescoço. Sua confissão nada mais era do que mais uma afirmação velada de seus sentimentos por ela, e uma confirmação de que queria algo muito maior e a longo prazo, do que estavam tendo no momento.

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