Capítulo 50 - Terna

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-Pelo jeito, somente eu lhe compreendo, você está satisfeita onde está, fazendo parte desta floresta, mas sem ouvir lamurias. –Diz ele quando noto uma folha descendo em sua direção lentamente, foco nela, mas ao se aproximar ela desaparece, não isso está errado, ela se torna quase como invisível, como se toda sua vitalidade tivesse sido retirada dela. - se ficar aqui, não precisara mais ouvir as preces dos gardianos... nunca mais terá que se preocupar com a depravação deles, eles são como vermes rastejantes, e você só alimenta o veneno que corre em suas mentes... se quiser se desfazer deste veneno tenho uma rápida solução, se aproxime Terna. Eu juro lhe darei, o seu merecido descanso.

Meu coração bate rápido, é uma proposta boa e ele é um ser divino, eles não costumam mentir e sim omitir verdades. Vendo minha expressão o canto de sua boca sobe num quase sorriso. Ele é uma divindade, portando é belo, alto e esbelto, com sombras dançando ao seu redor, um rosto firme e seguro, com traços atraentes que esbanjam a beleza do divino. Mesmo assim ele é diferente, parece estar longe de ser algo... é como se as sombras o camuflassem o tempo todo, e escondessem seu verdadeiro eu, a palavra insano me vem à mente, seus olhos são perturbados por este sentimento. Ele volta a sorrir e meu coração dispara pelo medo, pois há uma pergunta em seus olhos.

Como se já estivesse decidido ele abre os braços para me receber. Eu inspiro e aspiro, chegou o momento decisivo. Talvez seja melhor aceitar sua proposta, fico de joelhos me levantando aos poucos. A poeira abandona meu corpo, quando foi que lama virou poeira eu não saberia dizer. Ele ainda me espera, sua paciência com meus movimentos me deixam alerta. Isso não está certo.

-Não posso... –Digo com a voz rouca, e ele respira fundo e aperta a ponte do nariz. –Agora que me lembro delas, eu preciso ir. –E se você não me machucou até agora, não vejo o por que está aqui, acredito que veio tentar corromper minha mente, me fazer desistir, mas não vou.

Com esse sentimento de esperança levanto, a nevoa desapareceu. Ele molha os lábios e estala a boca.

-Vamos ver o que dirá depois. – Diz ele se afastando e levantando uma de suas mãos em minha direção. E com isso minha cabeça lateja em um rompante de sons. Aperto os ouvidos, mas sei que não vai adiantar, aqui, nesta floresta, não tenho controle sob meu dom de depravação. Estou à mercê das preces depravadas, desta forma caio no chão com as lágrimas escorrendo por minha face, aquelas preces continuam chegando até mim, são tão confusas, minha cabeça lateja e o único som que sou capaz de ouvir são dos gardianos.

"Ela me quer, não importa o quanto diga não! Ela está fingindo inocência, vou toma-la para mim, os gritos e o choro dela me divertem".

-Não! –Grito, desesperada os olhos arregalados. -eu o proíbo, sou sua soberana e essa vontade se extinguira.

"Só preciso de um pouco mais de depravação para corta-la viva, tirar os pedaços desta adúltera, veja que lindo, o sangue escorrendo de seus membros decepados".

Imploro a plenos pulmões que parem, a chance é pequena, mas talvez me escutem, tento bloquear aqueles pensamentos horríveis em suas mentes, mas não alcanço sua fé, e por fim sou obrigada a observar as mortes, estupros, maldade, perversidade.

-Não consigo, não posso... –Choramingo. Tento focar em apenas um, talvez se focar em apenas um eu consiga alcançar sua mente. -"Pare Gardiano, sua soberana ordena"

Eu não o alcanço, ele fará.

"Ha-há, mandei prenderem aquele maldito devedor em uma fogueira, vou assistir enquanto ele queima, tomando meu vinho e passar a alta dívida dele para a esposa e filhos, que serão obrigados a ouvi-lo queimando e gritando, temendo que aquele destino se torne o deles".

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⏰ Última atualização: Sep 19, 2017 ⏰

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