Betting Her - Adaptação Bughe...

By litrolouis

140K 11.9K 7.4K

Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeit... More

Cap.1 "Please, allow me to introduce myself" (Rolling Stones)
Cap.2 "But like none of em are (like you)" (Ciara)
Cap.3 "If you put me to the test, if you let me try" (ABBA)
Cap.4 "Would you tremble if I touched your lips?" (Hero - Enrique Inglesias)
Cap.5 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap.6 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap. 7 "Please let me know that my one bad day will end" (Blink 182)
Cap.8 "You know it's only just begun" (Nickelback)
Cap.9 "I wonder what's like to be loved by you."
Cap.10 "I wonder what's like to be loved by you"
Cap.11 "Do you care if I don't know what to say?" (There Is - Box Car Racer)
Cap.12 "It's just that no one makes me feel this way" (Justin Timberlake)
Cap.13 "I said too much again" (My Stupid Mouth - John Mayer)
Cap.14 "You make it easier when life gets hard" (Lucky)
Cap.15 "Can you feel the love for the first time?" (V Boys)
Cap.16 "My heart beats faster when you take me over" (Mariah Carey)
Cap.17 "One thing I can say, girl, love you all the time" (The Beatles)
Cap.18 "It may be over, but it won't stop there" (James Blunt)
Cap.19 "Back under the stars, back into your arms" (Avril Lavigne)
Cap.20 "I just don't wanna miss you tonight" (Iris - Goo Goo Dolls)
Cap.21 "You fave my life direction, a game show love conection" (Train)
Cap.22 "I've had you so many times, but somehow, I want more" (Maroon 5)
Cap.23 "If you wanna fight, I'll stand right beside you" (The Heart Never Lies)
Cap.24 "The truth hurts, the lies worse" (Broken Strings)
Cap.25 "I'm sorry for the things that I did not say" (Akon)
Cap.26 "You're acting like you're somebody else" (Avril Lavigne)
Cap.27 "Somebody made a bet, somebody paid" (Bruce Springsteen)
Cap.28 "And she comes and goes, like no one can" (John Mayer)
Cap.29 "Only you can cool my desire, I'm on fire" (Bruce Springsteen)
Cap.30 "Inside I know it's over, you're really gone" (Mariah Carey)
Cap.31 "That kinda lovin' turns a man to a slave" (Crazy - Aerosmith)
Cap.32 "Only in hopes of dreaming that, everything would be like it was before"
Cap.33 "Let's go all the way tonight, no regrets, just love" (Katy Perry)
Cap.34 "What if you did? What if you lied? What if I avenge?" (Creed)
Cap.35 "I knew about your plans to make me blue" (Marvin Gaye)
Cap.36 "I can't ignore you, you sent me spinning" (Boomerang - Plain White T's)
Cap.37 "But if you need me, I'll be there" ('ve Got You - McFLY)
Cap.38 "I don't want you to say a single word" (The Pussycat Dolls)
Cap.39 "The day has come and now you'll have accpet" (Oasis)
Cap.40 "I've found out a reason for me to change who I used to be" (Hoobstank)
Cap.41 "Espera, que o sol já vem" (Mais Uma Vez - Legião Urbana)
Cap.42 "Eu sou um acidente em câmera lenta" (Hear Me Out - Frou Frou)
Cap.43 "Trying to recall what you want me to say" (Kings Of Leon)
Cap.44 "But Angie, Angie, ain't it good to be alive?" (The Rolling Stones)
Cap.45 "In the way she moves, attracts me like no other lover" (The Beatles)
Cap.46 "And I don't know which way it's gonna go" (James Morrison)
Cap.47 "And you won't be alone, I am beside you" (Angels & Airwaves)
Cap. 48" I said, for you I'm a better man" (Better Man - James Morrison)
Cap.49 "I hate to look into those eyes and see an ounce of pain" (Guns N' Roses)
Cap.50 "I die when he comes around to take you home" (Damien Rice)
Cap.51 "I'm hanging by a moment here, with you" (Lifehouse)
Cap.52 "Forget yesterday, we'll make the great escape" (Boys Like Girls)
Cap.53 "With your pretty mouth, laughing with your broken eyes" (The Corrs)
Cap.54 "You made me feel like our love was not real" (Chris Brown)
Cap. 55" Give me reason, but don't give me choice" (James Blunt)
Cap.56 "Sishing to kiss you, before I rightly explode" (Jason Mraz)
Cap. 57"You see, she hides 'cause she is scared" (Red Hot Chilli Peppers)
Cap.58 ''And I don't wanna lose you" - Don't Let It Go To Waste - Matt Willis
Cap.59 ''Pois quando eu penso em você, eu não me sinto tão sozinha" - Owl City
Cap.60 "I just feel complete when you're by my side" - A Day To Remember
Cap.61 "Looking in your eyes, hoping they won't cry" - McFLY
Cap.62 PARTE I "Close your eyes, listen to my voice, I'm by your side"
Cap.63 PARTE II "Thousand miles seems far, I'd walk to you if I had no way"
Cap.64 "You and I know what this world can do" - Bruce Springsteen
Cap.66 "Cada palavra que você diz, deveria anotar. Não quero esquecê-las"
Cap.67 "Eu tenho uma última chance para encontrar a mim mesmo" - Last Chance
Cap. 68 "I forgive you for been away for far too long" - Far Away
Cap. 69 "It's been an everlasting summer since we found each other" - McFly

Cap.65 "So much has changed, now it feels like yesterday I went away" - McFLY

1K 108 42
By litrolouis

  Reli, mas a sensação ainda era a mesma. Surpresa. Angústia. Ansiedade... Saudades, talvez.
Me sentei onde estava, em um dos degraus do lance de escadas que dividia a cozinha de um corredor que levava à sala de TV. Segurei o convite, de papel amarelado e letras sofisticadas, entre os dedos de ambas as mãos. Meus olhos percorreram todo o conteúdo mais uma vez, e outra, até decorá-lo.
Me perguntei, primeiramente, como eles haviam conseguido meu endereço. Tentávamos a todo custo mantê-lo em sigilo, com o sucesso de McFLY, também veio o fanatismo, um fenômeno que desconhecíamos, e que é muito maior que qualquer um de nós imaginou. Desde então, qualquer privacidade pra nós é consideravelmente mais valiosa.
Depois me perguntei se os caras também teriam recebido, e se estavam dispostos a fazer aquilo. Certamente estariam, afinal, o que tinham a perder? O que eu tinha a perder? Seria legal reencontrar todo mundo. Todo mundo que não fazia mais parte do meu mundo.

- Alô - Ouvi o tom de voz de Sweet Pea do outro lado da linha e logo respirei fundo.
- Você recebeu o convite da Riverdale High?
- Não sei, cara, que convite? O correio ainda não passou por aqui - Explicou, Sweet Pea.
- Um convite pra um reencontro dos formandos de 2004, vai ser um evento beneficente, cada um doa o que quiser doar - Meu tom de voz e o jeito que eu usava pra falar, parecia que aquela situação não era natural pra mim - Enfim, achei que você já teria recebido, também.
- Nossa, que legal, cara! - Eu imaginei que Sweet Pea fosse se sentir animado, Fangs teria a mesma reação, sem dúvida.
- É, é bem legal - Fingi entusiasmo, porque, de repente, ele não existia - Você pensa em ir?
- Bom, se não tivermos nada agendado, vou falar com Valerie. - Sim, Sweet Pea e Valerie prevaleceram.
- Hm... É dia 12, acho que não temos nada agendado, por enquanto - Comentei, dobrando o convite e deixando-o ao meu lado, no degrau coberto pelo carpete palha.
- Você tá bem, Jug?
- Estou, por que não estaria? - Respondi rapidamente.
- Sei lá, você pareceu nervoso.
- É só a nostalgia, nada demais.
- Certo, então nos vemos mais tarde, no estúdio.
- Tudo bem, até depois.

Eu não sabia que sensação era aquela, talvez fosse a mesma de quando sentimos muita vontade de fazer algo, um profundo e mórbido tédio, ao mesmo tempo em que não temos a menor coragem de nos levantarmos pra, de fato, sair de tal situação. Percebi que eu não queria ir, de jeito algum, a este encontro. Ao mesmo tempo havia muito tempo que eu não desejava algo com tanta intensidade.
Eu quis que o convite não tivesse chego ao endereço certo. Que eu não precisasse ir. E também que não precisasse de razões para isto, não precisasse me justificar aos garotos, e principalmente quis não ter de me explicar para mim mesmo. No entanto, eram possibilidades inúteis, o convite já estava comigo. E, caso eu não fosse, eu precisaria de alguns motivos pra isso. Eu não tinha motivos pra isso.
Meu estômago guinou e eu tentei ignorar aquela ansiedade estranha e sem sentido. Me levantei e subi para tomar banho, eu precisava ir trabalhar, talvez assim eu me esquecesse de que, em poucos dias, eu poderia reencontrar todos os meus ex colegas de classe, estar em Riverdale. Riverdale. Há quanto tempo eu não visitava minha cidade natal? Sair de lá, sem dúvidas, causou uma falha em minha estrutura emocional jamais superada.

---

Acordei trêmulo de frio, notei-me sentado na cama, meu pescoço doía. A luz estava acesa, na TV ainda passavam clipes musicais. Me encolhi, cruzando meus braços a fim de me esquentar. Olhei para a garrafa quase vazia de vinho no criado mudo, ela explicava a dor de cabeça.
Liguei o aquecedor, coisa que eu havia esquecido de fazer antes de dormir. Estava bêbado demais e ocupado em me atormentar com o fato de ser dia 12. Eu havia confirmado presença no reencontro. Fangs, sua namorada Midge, Sweet Pea e Valerie estavam lá desde o dia 10. Archie foi noite passada, mas eu adiei o quanto pude. O evento era aquela noite, e eu não sabia se realmente estava preparado pra ir... Bem, na verdade eu não estava, mas precisava ser menos mulherzinha.
Naquela manhã, enquanto me olhava no espelho, verificando minha barba, recém-nascida, e pensando se tirava ou não, reconheci uma espinha abaixo do meu queixo. Dedilhei a saliência em minha pele, depois examinei novamente meu rosto todo. Meus traços de expressão menos marcantes, minha pele mais oleosa e nenhuma barba, cabelos quase cobrindo os olhos, ombros diminutos, braços magricelos. Pisquei com força, dissipando a imagem da minha versão mais jovem no espelho, e não voltei a procurar meu reflexo.
Tomei um banho de quase uma hora, eu não costumava me demorar tanto, mas era um daqueles dias em que não temos vontade, se quer, de nos mexer. Então fiquei um tempo apenas parado sob a água, a dor no pescoço parecia melhorar com isto. A cabeça também já não doía tanto, mas eu sentia o gosto do vinho impregnado em minha língua. Meu estômago enviava sinais de ressaca.

Veronica está na cidade, saímos pra beber ontem acordei hoje no Queens Park pelado e com a camisinha no pinto! Bom dia. Xx Archie.

Gargalhei por um tempo, mas depois percebi o quão tensa minha risada havia soado. Veronica estava em Riverdale. Eu não a via desde 2008, quando nos encontramos em Wolverhampton na turnê do álbum Radio: Active. Ela está morando lá, havia se formado e estava trabalhando como auditora em uma empresa grande naquela época. Estava muito bonita, e Archie se sentiu um idiota por não ter mantido a relação que tinham, mesmo instável e sem nome. Ele descobriu que poderia levar pra cama quase qualquer garota que quisesse depois que ficamos famosos. Isso não incluía mais Veronica.
Enviei uma resposta a Archie "Pelo menos estava com camisinha, meninão! Haha. Vejo você mais tarde. X Jug." e em, seguida desci, até a cozinha pra preparar um café. Ficou horrível, isso quase nunca acontecia. Eu sabia o que fazer na cozinha. Era uma vantagem de morar sozinho. Você é obrigado a aprender a cozinhar. E embora eu não levasse jeito pra muita coisa, eu era bom cozinheiro. Mas parece que aquele dia seria cheio de exceções.
Eu não pretendia passar muito tempo em Riverdale, até pra mamãe e ela insistir que eu levasse uma mala pequena com roupas e fosse, depois de tanto tempo, visitar meus avós. Não era justo que eles sempre tivessem de vir para Londres. Eles vinham com frequência, por sinal. Vovô principalmente. Passava dias em casa, sua companhia era sempre muito tranquilizadora... Ele sempre me questionava porquê há anos eu não ia mais para Bolton, e eu não sabia como responder. Eu não sabia sobre os fantasmas que me esperavam por lá e que eram muito mais assustadores do que eu poderia suportar.
Peguei uma mala de bordo, nada de grande, sem rodinhas, sem exageros. Eu não queria estender muito minha estadia. Ali caberia três trocas de roupa e dois tipos diferentes de sapato. Meias, boxers, antitranspirante, perfume, alguns relógios... Não estava faltando nada. Mas havia um espaço na minha mala onde caberia alguma coragem, eu só não sabia onde comprar.
Fiz a barba e arrumei meu cabelo. Tirei o moletom e vesti um jeans claro, uma camiseta branca de mangas longas sob uma flanela xadrez e um colete preto, desses que mantém uma sensação térmica agradável, embora não tenha mangas. Calcei meias grossas e um tênis macio, eu precisava compensar o repentino desconforto interno que significava voltar à Riverdale.
Me sentei mais uma vez na beirada da cama, resistente. Escolhi um dos relógios que já estavam na mala e o coloquei no pulso, me perfumei, e fiquei conferindo minha bagagem, mesmo sabendo que não havia nada mais que eu precisasse levar. Respirei fundo, não tinha mais pra onde correr. Era hora de encarar minha cidade natal.
Esfreguei meu rosto algumas vezes e respirei fundo algumas outras. Já era dez da manhã, eu tinha de ir, afinal, íamos ficar na casa de Sweet Pea e já havia sido combinado de que almoçaríamos juntos, só os mais íntimos, que não eram muitos, já que não éramos os alunos mais amigáveis da Riverdale High.
Enviei uma mensagem aos caras assim que me entrei na Range Rover Sport, avisando que estava saindo de Londres. Liguei o motor, depois o aquecedor e, por fim, o rádio. Eu não sabia se queria ouvir meu pendrive. As mesmas músicas de sempre. Eu gostava delas, eu não queria poluí-las com minha ansiedade. Não queria me lembrar daquela sensação sufocante quando as escutasse em outro momento.

- Completa com gasolina - Pedi ao frentista enquanto descia do carro e entregava a chave a ele.

Entrei na loja de conveniência e saí de lá com um copo de café (desta vez um que consegui tomar) e um sanduíche de queijo. Terminei de comer a caminho de Bolton. Não havia descido muito bem. Mas eu fingi não perceber aquele enjoo. Fingi não me importar com a maneira como eu estava apertando o volante entre os dedos, como se fosse perder o controle do carro a qualquer momento. Eu não tinha motivos pra me sentir assim. Havia se passado muito tempo, tudo mudou e tudo ia ficar bem! Tudo vai ficar bem!
Quando todo meu otimismo preencheu minhas veias, retomei minha postura de desbravador e meu olhar aventureiro... O carro começou a falhar. Minha primeira reação foi tentar fazer com que ele chegasse, aos soquinhos, até o acostamento. Que diabos?
Encostei minha cabeça ao volante e permaneci ali por aproximadamente dez minutos controlando minha raiva. Eu não deveria estar ali. Tudo soprava contra. Eu não tinha que rever aquelas pessoas, eu não queria olhar para as ruas de Bolton, eu não queria me reencontrar com Elizabeth... E aquela foi a primeira vez, nos últimos anos, que eu pensei nela. De repente meu coração estava batendo tão rápido e com tanta força que eu não tinha certeza se ele estava dentro do peito ou excursionando meu corpo. Minha respiração desregulou e foi como se todos os meus sentidos ameaçassem se perder. Elizabeth. Repeti seu nome em minha cabeça e tive a certeza do motivo de todo o meu mal estar nos últimos dias desde que recebi o convite para aquele reencontro. Reencontrar meus antigos colegas de classe significava reencontrar Elizabeth, minha ex-namorada.
Tentei novamente fazer com que meu carro pegasse, desesperado para encontrar o primeiro retorno e voltar pra casa. Eu não podia ir até lá, eu não podia encará-la. Eu não podia, não depois de todo o tempo que levou até não querer mais vê-la, não querer mais saber como ela estava. Levou muito tempo para superá-la, eu não podia vê-la e cair de volta ao mesmo buraco em que ela havia me atirado anos atrás.

- Já está chegando? - Era a voz de Archie, no celular de Sweet Pea.
- Não, meu carro parou de funcionar, estou quase chegando, passei pelo toll há alguns minutos, estou na A666...
- Não, espera... Como seu carro parou? Tá tudo bem?
- Tá, tá tudo bem, ele só parou...
- Você abasteceu?
- Sim, o tanque estava quase cheio, só pedi pro cara completar, eu não sei o que aconteceu, deve ser o motor, a ignição, eu não sei, não entendo nada! A gasolina deles deve ser adulterada!
- Jug... - Houve um silêncio, exceto pelos caminhões que passavam a toda velocidade perto de mim, fazendo com que eu sentisse um vácuo intenso onde estava - Seu carro é a diesel.

Eu não queria mais responder Archie. Eu podia ouvir a risada dele e dos caras atrás. Não eram só homens, na verdade, eu também podia ouvir tons femininos... Eu estava apenas me sentindo idiota e querendo voltar pra casa.

- Jug? Tudo bem? - Agora era Sweet Pea, apesar do tom risonho, eu sabia que ele diria algo útil - Vou ligar para o guincho agora mesmo, tá bem? Estou indo te buscar.
- Obrigado.

Desliguei, encostando meus cotovelos no capô do carro e deitando minha testa em meus punhos cerrados. O que havia de errado comigo? Onde é que eu estava com a cabeça? É claro que meu carro é a diesel!
Voltei pra dentro da Range Rover, estava ventando muito na estrada e eu precisava me sentir aquecido. Houveram diversos estágios de humor nas últimas horas, desde que acordei. Naquele momento, não havia humor algum. Eu sentia um novo espasmo muscular a cada vez que pensava na entrada de Bolton, nas ruas, nas casas familiares.
Trêmulo, completamente trêmulo, pensei que ainda havia chance de Elizabeth não aparecer por lá, de ter se sentido como eu, e isso tê-la feito desistir. Ela poderia, ainda, estar casada, com filhos pequenos que ainda não adquiriram independência o suficiente pra que ela pudesse sair à noite. Mas essa ideia fez com que todo o café da manhã mal digerido parecesse ainda mais incômodo em meu estômago, querendo subir até a garganta. Era a mesma sensação de quando ela decidiu me deixar. O frio. A vulnerabilidade. A angústia e a náusea constante. O coração acelerando e desacelerando o tempo todo, conforme sua imagem ia e voltava diante dos meus olhos. Tudo de novo, tudo de volta, e eu me perguntei por que? Por que a vida tende a nos colocar em contato com realidades tão doloridas? Por que eu tenho que lidar com isso? Por que, no final das contas, eu estava tão afetado? Eu tinha superado Elizabeth. Eu não a queria de volta. Então qual o problema em vê-la? Talvez fosse até esse o segredo pra nunca mais me sentir da maneira como me senti naquela tarde... Talvez vê-la fosse desfazer o tabu que havia ao redor dela, diante dos meus olhos. Talvez reencontrá-la fosse me fazer enxergar que eu, de fato, já havia esquecido-a e que ela não tinha mais qualquer efeito sobre mim.
Sweet Pea demorou aproximadamente 15 minutos para chegar até lá, esperamos mais 10 até o guincho nos alcançar e levar meu carro. Eu sabia que meu amigo estava prendendo o riso porque percebeu que eu não estava tendo um bom dia, mas sua compreensão não durou muito.

- Midge disse algo muito coerente - Comentou, desviei os olhos da estrada e encarei seu rosto risonho - Ela é psicologa agora, você sabia? - Neguei com a cabeça - Ela disse que você parecia estar fazendo de tudo pra não conseguir vir pra Riverdale.
- Por que ela disse isso? - Bradei, um pouco mais alto e mais desesperado do que deveria - Digo, ela nem fala comigo! - Sweet Pea manteve uma sobrancelha erguida e um sorriso sarcástico.
- Ela disse isso porque você foi o único que deixou pra vir no último dia, e ainda trocou o combustível do seu carro sem querer... - Neguei com a cabeça, achando um absurdo.
- Eu fiz confusão, estava com sono! - Me justifiquei - Ou ela acha que eu faria isso propositalmente?!
- Jug... - Ele pareceu mais sério naquele momento - Calma, cara, ninguém está te crucificando! Ela só disse isso de acordo com o que ela estudou, não quer dizer que você fez de propósito, mas que sua vontade de vir era tão pequena que, inconscientemente, você colocou obstáculos...
- Não faz sentido pra mim.

Sweet Pea provavelmente preferiu se calar diante do meu mal humor. Também mantive o silêncio, tentando não pensar sobre o que Midge disse, pra mim não tinha qualquer verdade incluída em sua análise, ao mesmo tempo ela me afetou fortemente. Mas essa seria só mais uma, dentre muitas outras coisas, que eu não iria admitir.

- Moose e Midge estão juntos - Sweet Pea comentou, contraí o cenho.
- Sério? Moose? E Fangs, como ficou? - Perguntei imediatamente.
- Sim, Moose - Afirmou - Fangs está normal, cara, já se passou muito tempo. - É, havia se passado muito tempo.
- Hm... E o resto do pessoal? Vieram todos? - Perguntei, segurando o cinto de segurança com força, eu podia ver ao longe a placa que dizia "Welcome to Bolton, Settled 1822", era como esperar pela descida de uma montanha-russa.
- Não sei, além de Moose e Midge, encontramos Reggie, Kevin, Chuck e Veronica, saímos todos pra beber ontem, ela e Archie passaram a noite juntos...
- Ele me contou - Ri um pouco, me recordando da mensagem que ele havia me enviado mais cedo.
- Ela não veio ainda, Jug. Ninguém tocou no nome dela. Nem mesmo a Veronica, talvez ela nem venha - Disparou, eu sentia meu coração bater acelerado, como se tivesse sido pego fazendo algo muito errado, de repente perdi as palavras. Me peguei sem saber até onde aquela informação era boa.
- E Chuck? - Perguntei, virando meu rosto para a janela.
- Jug, tem 10 anos... Chuck é outra pessoa, todos nós somos, cara.
- Certo, entendi.

Adentrar Riverdale foi como assistir a uma apresentação de power point, um curta metragem. Por cada lugar que eu passava eu tinha uma nova lembrança. Uma pressão em meu peito parecia dificultar minha respiração. Eu a via por todas as partes, eu nos via em cada uma daquelas ruas, e o cheiro da cidade, úmido, gélido, como as mãos dela em nossa primeira vez. Eu fechei os olhos, por um instante, mas foi pior, seus olhos pareciam querer me engolir... Pressionei a palma das mãos na testa e me curvei, eu estava enlouquecendo.

- Tá tudo bem? - Sweet Pea perguntou, me ergui novamente e respirei fundo.
- Minha cabeça... Parece que vai explodir - Justifiquei.
- Estamos chegando, deve ter analgésico em casa, você sabe como minha mãe é!
- Superprotetora...
- Hipocondríaca. - Gargalhamos, vi a fachada da casa onde Sweet Pea morou durante toda nossa adolescência, estar ali me manteria seguro, eu não tinha nenhuma memória de Elizabeth lá, então talvez fosse mais fácil lidar com o fantasma de nosso relacionamento frustrado.

Descemos do carro e eu senti a chuva fina fazer cócegas em meu rosto. Assim que adentramos ao hall da casa de Sweet Pea me lembrei de quantas noites eu chegava tão bêbado que não conseguia passar dali e era carregado escadaria acima pelos caras. Ri, colocando minhas mãos no bolso do jeans.

- Vem, cara, estão todos lá fora... - Sweet Pea chamou, acenando com a mão para que eu o seguisse.

Andei, logo no encalço de Sweet Pea, até a área gourmet. Era tão grande e bonita quanto a da minha casa hoje, mas me lembro de achar ainda maior quando só conhecia a dele. A grande mesa de madeira estava rodeada de todos aqueles rostos que eu nunca achei que precisaria voltar a ver.
Midge, eu havia visto-a há aproximadamente 8 anos atrás. Seus cabelos estavam mais longos e mais claros, seu rosto não era mais tão ossudo, ela costumava ser mais magra, estava confortavelmente encaixada entre os braços de Moose, que finalmente tinha cortado o cabelo e se desfeito daquelas mechas loiras. Reggie estava sentado ao lado, não tinha mudado tanto, apenas pela barba que nunca estivera ali antes e pelo bebê, um menino que devia ter 3 anos, sentado em seu colo enquanto brincava com dois carrinhos em miniatura. A mãe deveria ser a mulher pálida, de cabelos negros curtos e olhos azuis cristalinos... Talvez agora ele tivesse esquecido Veronica, ele tinha uma bela esposa.
Vi Kevin, estava em pé, falando alto e teatralmente, como sempre. Ri, só de ouvir sua voz. Há anos atrás, quando Elizabeth e eu terminamos, ele passou um tempo comigo em Londres, saíamos quase todas as noites, ele foi, de fato, o melhor companheiro de balada que já encontrei.
Chuck, estava na ponta da mesa... Eu não queria sentir raiva dele, pois, como Sweet Pea disse, ele mudou, dez anos se passaram... Mas meu estômago vibrou e meu humor quis oscilar... Pelo menos ele estava gordo... E aparentemente acompanhado por uma moça linda de cabelos vermelhos.
Do outro lado da mesa, portanto de costas pra mim, vi Veronica se virar, com aquele sorriso imenso que não mudaria nunca, e que despertou imensa nostalgia e carinho em mim. Tínhamos criado uma relação ótima, e eu realmente torcia por ela. Continuava linda e viva. Isso me deixava feliz. Archie estava sentado perto dela, talvez ainda houvesse chance pra eles.

- Olha quem chegou! - Veronica exclamou, se levantando e saltando para o outro lado do banco, a fim de me cumprimentar.
- Hey, Veronica! - Abri meus braços e a aconcheguei ali, sorrindo enquanto sentia ela dar tapinhas em minhas costas.
- Como vai? Bem? Parece saudável! - Ela falava depressa, dei risada e esfreguei o alto da sua cabeça com a ponta dos dedos.
- Eu estou bem, e você? - Ela sorriu em concordância e eu dei uma risada breve e debochada - Soube que a noite de ontem foi bem divertida - Falei baixo, pra que só ela ouvisse, Veronica gargalhou, dando um tapa em minha nuca, também dei risada e estendi minha mão para Kevin, que a pegou e, com o braço livre, me abraçou de lado.
- Meu bom companheiro Jughead Jones! - Exclamou saudoso - Quanto tempo não te vejo, jovem.
- Você desapareceu de Londres, está atuando em baladas de qual cidade agora?
- Estou morando em Brighton, você precisa ir pra lá qualquer dia, as mulheres de lá são... Elas são malucas! - Rimos e eu concordei com a cabeça.
- Irei assim que der - Respondi, me acercando da esposa de Reggie, que se apresentou como Emma.
- É um prazer - Respondi, vendo Reggie se levantar e me estender uma das mãos.
- E aí, Jug?
- Como vai, cara? - Era um pouco estranho e constrangedor saber tudo o que passamos quando éramos jovens.
- Eu vou bem, você parece ótimo... - Comentei e olhei para o garotinho em seu colo.
- Diga olá ao Jug, Ace - Disse, ele estava tão feliz, e aquela criança tinha tanta vida em seu pequeno sorriso que eu me senti aquecido só de olhá-lo. Ace me estendeu sua mão, como se tivesse muito mais que sua real idade.
- Olá, sou Ace. - Apresentou-se, dei risada, segurando sua mão na minha.
- É um prazer Ace, eu sou Jughead.
- É, eu sei. - Deu de ombros, Reggie deu risada, sentando-se, senti duas mãos em minhas panturrilhas e busquei de onde vinha, uma garotinha, que batia em meus joelhos, cabelos lisos até os ombros e olhos claros.
- Ah, Jug, essa é Isabelle, ela é sua fã - Ri, achando graça na maneira como, de repente, ela soltou minhas pernas e encolheu-se, envergonhada, colocando as mãozinhas na boca.
- Ah, é mesmo? - Me agachei, a fim de ficar da sua altura - Prazer, Isabelle, eu sou Jug.
- Oi, eu gosto muito da sua música Party Girl. - Disparou, olhei para as pessoas ao meu redor, rindo com encanto, Fangs deu de ombros como se dissesse "alguém tinha que gostar do novo álbum", gargalhei e me voltei pra ela.
- Obrigado, Isabelle. Fico muito feliz que você goste. - Afaguei seus cabelos e a senti me dar um abraço breve, com seus bracinhos curtos - Aw - Murmurei, eu precisava de uma criança em minha vida... E de repente senti falta de Charles. Meu coração voltou a disparar com as possibilidades que Riverdale me oferecia de, talvez, encontrá-lo. Devia ter 19 anos agora.
- E ai, Jug. - Moose se ergueu assim que me acerquei dele, estendendo sua mão, nos cumprimentamos brevemente, eu não me recordava de tê-lo agradecido por me ajudar a encontrar Elizabeth no resort, mas não faria muito sentido dizer aquilo depois de todos aqueles anos, certo?
- Como está, cara? - Ele sorriu e sentou-se, dando espaço pra Midge, que veio me dar um abraço confortável.
- Olá, Jug, é bom vê-lo.
- É bom vê-la também, Midge - Me recordei do que ela havia dito a Sweet Pea, automaticamente ponderei minhas palavras, ela poderia estar me analisando agora mesmo.
- Jughead?! - Ela exclamou e eu me dei conta do meu erro, dei risada, negando com a cabeça - É bom que você esteja se vendo, Jug, é bom reencontrar a si mesmo às vezes, não é?
- Midge... - Murmurei, rolando os olhos, ela gargalhou.
- Desculpa, mas esse foi o ato falho do século, se meus colegas de trabalho estivessem aqui iriam vomitar um arco-íris.
- Eu não sei o que é esse negócio de ato falho, mas não quero explicações, obrigado e pare de me analisar. - Ela ainda dava risada, sentando-se ao lado de Moose, que deu de ombros com uma expressão pesarosa - Sinto muito por você, Moose.
- Vai se foder, Jughead. - Ela disse, entre as gargalhadas de todos nós, olhei pra Chuck, que forçou um sorriso sem graça, devo ter feito o mesmo.
- Oi, Jones. - Disse, levantando-se e estendendo sua mão.
- Como vai, Chuck? - Apertei sua mão, mas de repente preferia não fazê-lo, não havia questão da minha parte, e mesmo em 50 anos, talvez ainda não houvesse.
- Tudo bem, essa é minha namorada, Gabriela. - Apresentou, estendi minha mão para receber a sua delicada, sorri em sua direção, lamentando por ela.
- Prazer, sou Jughead - Ela sorriu de volta.
- O prazer é meu.

Aparentemente eu tinha cumprimentado a todos os que eu não via há muito tempo, depois o fiz com aqueles que eu tinha visto ainda aquela semana, Fangs e sua namorada, Archie, e por fim, Valerie. Que me deu um sorriso irônico e não pode deixar de comentar "como vai seu carro a gasolina?". Acabamos por rir. Aparentemente meu humor estava melhor, então aceitei a cerveja que Sweet Pea me ofereceu.
Passamos a tarde toda ali, tinha horas que eu via todos como eram antigamente, cabelos estranhos, corpos magricelos, mais pálidos e menos maduros fisicamente... Talvez fosse pela quantidade de longnecks que eu havia tomado, aquela seria uma noite longa.

- Cara, toma um banho, se não você não vai conseguir nem chegar ao baile - Sweet Pea me alertou, Kevin gargalhou, dando alguns tapas em meu ombro.
- Vamos relembrar os velhos tempos hoje, Jones, acordar sem saber onde, com garotas sem roupa por todas as partes...
- Acordar sem saber onde? Em Bolton é difícil, tomem cuidado pra não acordar na casa da Senhora Smith.

Gargalhamos da piada de Fangs, Senhora Smith era uma velha "garota" de programa da cidade, muito conhecida. Todos nós já havíamos espiado por sua janela alguma vez na vida.
Por volta das 18h, parte dos convidados para o almoço já tinham ido pra casa, e Kevin aproveitou para fazer o mesmo, estava hospedado na casa de sua avó e, portanto, precisava ir pra lá se trocar. Lembro de termos lamentado muito termos de pausar com a bebida nesse tempo em que iríamos nos arrumar, mas dissemos, pelo menos umas cinco vezes, no caminho até o hall de entrada, que aquela noite prometia.
Enquanto eu sentia a água quente cair em minhas costas eu sentia um vazio no estômago como se não tivesse comido há dias. Na verdade o vazio não parecia ser exatamente no estômago, era um buraco grande, por toda parte, um vácuo. Eu estava me sentindo oco. A imagem de todos eles passando por mim. Todos pareciam felizes. Até Chuck, que eu achei que seria punido algum dia por tudo que fez, Chuck estava em um relacionamento, e eles pareciam se gostar de verdade. E Reggie, que nem era um cara tão bom assim, casado e com filhos lindos. Todos os outros namorando, aparentemente apaixonados... Exceto por Archie e Veronica, ele apaixonado por ela, e ela por sua vida. Ela gostava de si mesma, e gostava de tudo o que tinha, dava pra notar. Kevin parecia tão sozinho quanto eu, e ao mesmo tempo não aparentava estar se importando, foi a vida que ele escolheu. Eu estava na vida que me foi oferecida e eu acatei por não haver opção. Soa tão injusto quanto realmente é. Com a sensibilidade arrepiando meus poros e o coração dolorido, desejei que Elizabeth se sentisse da mesma maneira, pois ela era a culpada por eu ter tudo, e me sentir sempre faltante.
Ouvi batidas na porta e desencostei a testa da parede, pensando se queria responder. Era Sweet Pea, perguntando se eu estava em condições para dirigir, ele e Valerie já estavam prontos e com pressa de ir. Afirmei, seguro de mim. Ele me disse que deixaria a chave do seu carro sobre a cama, iria com o do pai. Aproveitei e permaneci sob o chuveiro por mais um longo período de tempo, até me sentir melhor e menos descoordenado.
Me olhei no espelho, meu rosto estava corado e minhas pálpebras pareciam ter controle sobre si mesmas, eu não conseguia manter meus olhos completamente abertos. Abri a torneira de água gelada e molhei meu rosto e nuca, minha respiração falhou e meu corpo reagiu ao frio. Cambaleei pra fora do quarto segurando a toalha ao redor da cintura. Me enxuguei direito antes de vestir a primeira boxer que encontrei na mala. Puxei um jeans claro e uma camisa preta, meio amarrotada, os coloquei sem muita coordenação e disposição após quase morrer asfixiado com o antitranspirante. Deixei o blazer cor de vinho separado na cama e voltei para o banheiro. Sequei meu cabelo com o secador que ficava suspenso na parede ao lado da pia. Eu não tinha certeza de que o resultado tinha sido satisfatório, mas o estágio da ebriedade que eu estava não permitia que eu me importasse.
Peguei um perfume e borrifei, sem prestar muito atenção se realmente estava me perfumando ou aromatizando o quarto de hóspedes. Escolhi um dos meus relógios de pulso e o coloquei, primeiro do lado contrário.
Respirei fundo e dei uma olhada ao redor, talvez isso me ajudasse a perceber caso tivesse faltando algo... Coragem, por exemplo. No entanto, de alguma maneira (bastante estranha) eu sentia que ela não viria, Elizabeth não estaria lá naquela noite. Bastava descobrir se isso era positivo ou negativo, já que, aparentemente, naquele momento eu estava decepcionado caso não pudesse vê-la aquela noite.
Peguei minha carteira e me certifiquei de que eu estava com o cheque da doação que eu faria. Depois guardei a mesma, junto com o celular, dentro do bolso interno do meu blazer. O carreguei no braço até estar do lado de fora da casa, onde eu me lembrei de que estávamos em pleno a um inverno rigoroso.
Enquanto dirigia, meio incerto, a caminho da escola, as lembranças novamente tentavam me atacar, desde as mais felizes, até as mais frustrantes. É sufocante saber que eu era tão pleno. É ingrato me sentir vazio em dias fartos como estes. Eu tenho tudo o que qualquer jovem gostaria de ter. Eu trabalho no que sempre sonhei, com pessoas que eu amo, tenho minha família ao meu lado, embora não é sempre que possa visitá-los. Eu posso ter quase qualquer mulher que eu quiser. Tenho dinheiro suficiente pra me permitir caprichos, como comprar um carro novo caso eu sinta vontade. Eu acabei de terminar a decoração da minha nova casa, que foi construída conforme eu planejei. Não me falta nada, se visto de fora. Mas meu coração idiota continua choramingando quando eu chego em casa, depois de um show, ou após meses em turnê, e não tem ninguém por lá me esperando, além dos meus cachorros. Não os menosprezando, são grandes companhias... Mas digo, alguém pra se deitar comigo, pra quem eu pudesse contar sobre minhas falhas no palco, alguém que risse comigo e não ficasse tentando transar a cada palavra que eu digo, como eu fui obrigado a me acostumar. Eu queria uma mulher... Uma mulher de verdade, não qualquer mulher. Eu queria minha mulher. Deus, como eu a queria.
Chegar ao colégio foi como ser imerso em uma banheira de gelo. Meu corpo doía, minha cabeça girava e eu estava enjoado... Como uma mulher... uma mulher grávida. Respirei fundo algumas vezes, sentindo minhas pernas vacilantes avançarem. Meus punhos firmemente cerrados. Se eu pudesse andar de olhos fechados, eles não estariam abertos para encarar aquele cenário tão familiar. Poucas coisas estavam diferentes, e eu ainda podia nos ver por todos os cantos. Milhares de novas recordações que me fizeram ter vontade de voltar pra casa correndo e me esconder sob meu edredom. Eu era tão feliz... Eu sou feliz... Sou feliz! Afirmava pra mim mesmo, me acercando do salão onde a festa estava acontecendo. Me recordei do baile de primavera e, pela primeira vez, sorri. Que dia louco! Pensei. Éramos tão jovens e inconsequentes, sempre agindo por impulso... Bem, pelo menos a gente vivia. E agora? Eu vou ao Cuckoo club, ou ao Berties, encontro com algumas pessoas, que não são exatamente meus amigos, apenas companheiros de festa. Mulheres bonitas, não nego, mas que são só isso... Mulheres bonitas com quem eu posso ter bom sexo. Isso não é bem viver, certo? Talvez pra alguém no mundo, como Kevin... Mas não pra mim.
Adentrei à festa. Era exatamente como ter um machucado a ponto de cicatrizar e, de repente, esbarrar em algum lugar que o faça sangrar novamente. Soa mesmo dramático e filosófico, mas é só dor. A dor que estive mascarando todo aquele tempo. Eu cheguei a acreditar, de fato, que já não existia qualquer sentimento, independente de qual fosse, afinal, se passaram 10 anos. Ouvi isso o dia todo, de todos eles, sem deixar que eles percebessem o quanto aquilo me assustava e fazia com que eu me sentisse impotente. Não haviam se passado 10 anos pra mim. Mas sim para todos eles. Isso provavelmente incluía Elizabeth. Eu tive medo de ainda querê-la ao eu lado. E medo de que, caso acontecesse, eu me deparasse com informações do tipo "ela se casou, está feliz", ou "se mudou para o Havaí". Eu sempre via isso acontecer em filmes, e se tivesse chego a minha vez? E se esse clichê fosse parte da minha vida também? E se eu fosse procurá-la e a encontrasse em uma casa bonita, com alguém por quem fosse apaixonada, e eles tivessem um cachorro? Se meu pai, que tinha uma família, conseguiu tudo isso, por que Betty, a melhor pessoa que já conheci na minha vida, estaria sozinha e insatisfeita, tanto quanto eu?

- Jug! - Só então percebi que já estava lá dentro, com a voz irritante de Jessica entrando por meus ouvidos, quis dar um passo para trás ao vê-la, o que o tempo havia feito com aquele corpo bonito?
- Oi... Jessy! - Ela sorriu abertamente, formou-se um papo sob seu queixo e seus braços fortes me abraçaram - Como vai você?
- Eu estou ótima, e você? - Ela parecia mesmo feliz, saudável...
- Também estou bem! Você parece feliz! Arrumou o tal velho rico que você sempre falava? - Sorri em sua direção, Jessica soltou uma gargalhada estridente, que sempre me soou muito sexy, até aquele momento.
- Não, ele tem nossa idade, e não é rico... Eu estou trabalhando pra ajudar nas despesas, mas está tudo bem... Você soube? Tive dois filhos! - Ela exclamou, batendo uma palminha - Jug, você devia vê-los, são lindos.
- Que bom, Jessy, parabéns!
- Engraçado, fomos descuidados várias vezes, mas meus filhos não são seus. - Outra gargalhada, também ri um pouco, sem vontade, apenas para não constrangê-la.
- É, não são. Enfim, parabéns, mesmo. Fico feliz em ver que você não virou uma profissional do sexo. - Jessica gargalhou mais alto.
- Só do meu marido, claro! - Rimos e fui me afastando.
- Jessy, vou ver o resto do pessoal, até mais.
- Até! - Ela gritou e acenou, quando já estávamos mais longe, ela me chamou - A Betty não está aqui, você sabe dela? - Meu estômago afundou de uma só vez, eu tive vontade de segurar Jessica por seu pescoço gordo e fazê-la se desculpar por tocar no nome de Elizabeth, será que ninguém percebia o quanto isso era desagradável?
- Não, Jessy, não sei dela.
- Ah... Ok.

Percebi, enquanto avançava pra dentro do salão e cumprimentava alguns antigos amigos, que o casamento faz mal ao físico das pessoas. Todos estavam gordos, pouco arrumados, rindo de um jeito estranho, agindo como pessoas adultas, com aquelas danças escrotas de gente mais velha. Isso me fez pensar que éramos adultos. Éramos mais velhos. Me questionei, então, em que momento daqueles últimos anos, fiquei pra trás. Talvez a banda exigisse de mim e dos caras uma postura mais jovem. E isso me fez pensar que o problema não estava em nós. Mas também não estava neles. Não havia problema nenhum. Apenas havíamos, todos, tomado rumos diferentes. Isso, automaticamente, nos levou a uma condição diferente, também. Mas eu os invejei. Enquanto enchia um copo com o ponche de vinho com maçã, os invejei. Porque estavam todos despreocupados naquela noite. Casados, ou não. Gordos, ou não. Velhos, ou não. Ricos, ou não. Talvez não se sentissem plenamente satisfeitos, mas e eu... Eu, que não havia envelhecido quase nada. Eu, que não havia me casado e me tornado escravo de uma relação. Eu, que tinha dinheiro o suficiente para nada me faltar. Eu... Que estava tomando um ponche de vinho com maçã, enquanto observava todos serem mais felizes do que eu.

- Jug! Jug! Jug! - Veronica chegou gritando e pulando, pude ver em seus olhos avermelhados que já estava bêbada, dei risada, sentindo-a envolver minha cintura com o braço e tentar me fazer pular.
- Sério que você fica bêbada com ponche? Sei lá, parece estranho. - Usei um tom de deboche que fez Veronica rolar os olhos e rir.
- Você é o único que está bebendo ponche, sr. Jones, ou você acha que aquele tumulto ao redor do Kevin é por ele ser gostoso? Oh, não! É whisky, babe! - Soltei uma gargalhada alta, depois neguei com a cabeça.
- Sempre o Kevin! - Ela concordou e segurou minha mão, me puxando para mais perto das pessoas.
- Kevin, sirva o velho do seu amigo, que estava bebendo esse ponche horrível!
- Meu booooooooom e veeeelho, mais velho do que bom, Jughead Jones! - Anthony me abraçou como se ainda não tivesse me visto, provavelmente não havia dado tempo para se curar da bebedeira de mais cedo - Você quer o que? Whisky? Vodka?
- Ele só toma champagne, agora! - Chuck disse, me provocando, dei uma risada breve, eu não queria demonstrar que minha raiva por ele não havia exatamente se dissipado.
- Eu fico com o whisky, Kev. - Kevin sorriu e me serviu - E você, Chuck, o que tem tomado? - Perguntei, querendo parecer amigável - Já diziam por aí "me digas o que tu bebes, e eu direi quem tu és" - Os outros riram, mas Chuck entendeu, no meu tom de voz, nas entrelinhas da minha piada, que eu nunca o engoliria, passado 10 anos, ou não.
- Veio quase todo mundo, não é? - Reggie se manifestou, percebendo o clima.
- Sim! - Veronica concordou - Faltou apenas Oliver, o nerd babão.
- Ele faleceu, Veronica. - Disse Toni, todos paramos por um momento, nos entreolhamos, todos em um círculo, e lamentamos em silêncio.
- Poxa... Não sabia. - Veronica murmurou, com a mão sobre o peito.
- Faltou a Elizabeth, também. - Comentou Midge, eu sabia que ela faria algo do tipo em algum momento. E que todos olhariam pra mim exatamente como aconteceu.
- É, ela também. - Concordei com a boca dentro do meu copo, depois tomei um gole longo do meu whisky.
- Será que ela também morreu? - Perguntou Chuck, a bebida pareceu ter entrado pelo canal errado e voltou, pelo nariz e pela boca, esguichei whisky para fora e me engasguei, Archie deu uns tapinhas nas minhas costas enquanto eu ouvia o pessoal gritar pra que eu erguesse os braços.
- Calma, Jug, foi só uma piada! - Valerie, como sempre, zoou. Aclarei a garganta, negando com a cabeça.
- Ela jamais viria, mas não morreu, exatamente! - Veronica falou sobre Elizabeth pela primeira vez no dia, senti certa curiosidade, mas eu jamais perguntaria à ela, não na frente de todo mundo.
- Se eu fosse ela viria, para se vingar de todos que fizeram bullying com ela, tipo a Carrie, daquele filme "Carrie, A Estranha" - Todos gargalharam, eu tive vontade de enfiar meu punho inteiro na boca de Jessica, mas me controlei, sorvendo o resto do whisky que tinha em meu copo.
- Kev... - Dei de ombros, estendendo o copo, ele gargalhou, preenchendo-o novamente, assim seria mais fácil sobreviver àquela noite.

A bebida começava a me oferecer uma sensação de alivio e felicidade ilusória. Por volta da meia noite, estava tudo bem. Estávamos todos dançando como se, pela primeira vez em todo o dia, não tivessem se passado 10 anos. Como se estivéssemos, novamente, no baile de formatura...
E então eu quis que ela estivesse ali. Mais do que em qualquer outro momento da noite. Uma vontade pura e límpida. Não mais mesclada à dúvida, não senti que poderia haver qualquer desvantagem, eu apenas quis vê-la. Quis saber como estava. Se estava gorda. Se tinha dinheiro. Se dançava como uma velha. Quis saber, principalmente, por que Veronica disse com tanta propriedade que ela jamais viria. Talvez fosse por mim, mas seria prepotência apostar minhas fichas nisso. Poderiam haver vários motivos. Talvez ela estivesse mesmo casada, e tivesse mesmo filhos. Filhos que não eram meus. Assim como os de Jessy.

- Ah, o que há comigo? - Perguntei em tom mais alto do que gostaria, eu estava sentado em um dos degraus da escadaria do ginásio, sozinho, com uma garrafa de whisky e muita melancolia.
- Jug? - Era Veronica, ergui minha cabeça, ela começou a rir histericamente - Você estava falando sozinho, cara. Você tá muito louco! - Ri, um pouco entorpecido, vendo-a sentar do meu lado - O Archie não é lindo?
- É... - Concordei, olhando meu amigo dançando estranhamente com Sweet Pea, sorri, nostálgico - Não é irônico? Estarmos aqui, você e eu? - Veronica me olhou confusa, dei de ombros - Há tantos anos atrás eu te desejei a morte nesse mesmo lugar.
- Isso é horrível de se ouvir!
- É horrível de se dizer, também. - Veronica sorriu e encostou seu rosto em meu braço, respirei fundo - Você gostaria que as coisas pudessem ter sido diferentes depois do colegial?
- Algumas sim, a maioria não. - Concordei brevemente com a cabeça - E você?
- Algumas sim, a maioria não. - Rimos juntos e eu soltei meu copo, tomando um gole do whisky direto da garrafa.
- Era uma época muito boa, não era? - Veronica perguntou, pegando a garrafa da minha mão e repetindo meu gesto.
- Era... - E novamente aquele filme tornou a passar na minha cabeça.
- Mas eu imagino que você esteja melhor agora, com a banda... Sua casa é imensa, eu vi na revista. - Ri amargo, sarcástico.
- Grande demais pra mim... - Dei de ombros levemente - Tudo, tudo é grande demais pra mim agora... Eu to me sentindo muito pequeno hoje. - Veronica ergueu a cabeça e me olhou - Muito pequeno. - Eu não tinha muita certeza do que estava dizendo, tampouco tinha controle sobre mim mesmo.
- Tá tudo bem, Jug?

Ao que Veronica disse isso, pareceu ativar um mecanismo dentro de mim. Uma mão inexistente foi me apertando por dentro, meu coração, meu estômago, minha garganta. Tudo se fechava, lenta e firmemente. Me inclinei pra frente, deixando minha cabeça cair entre minhas pernas. Que patético!

- Jughead?

É engraçado esse movimento que a maioria de nós tem. Sempre que estamos muito angustiados, ou tristes, conseguimos nos controlar muito bem até alguém virar e perguntar "tudo bem?", ou simplesmente te abraçar, isso faz com que você desmorone, como se estivesse só esperando a disponibilidade de alguém pra se lamentar.

- Faz algum tempo que eu não me pergunto se estou bem... - Comentei, minha voz falha como se eu fosse chorar, mas não havia uma lágrima – Tanto tempo que eu nem sei a resposta.

Veronica deitou seu rosto em minhas costas, alisando meu braço lentamente com a palma da mão como se quisesse me acalmar. Estava tão bêbada quanto eu, então suas palavras saíam borradas e entrelaçadas umas as outras. Eu não entenderia muito, mesmo que ela estivesse dizendo tudo muito claramente, mas uma coisa eu escutei, com nitidez.

- Eu também sinto falta dela. - Ergui um pouco minha cabeça, eu precisava perguntar algo, mas ainda estava raciocinando sobre o que ela havia dito, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Archie chegou.
- Ei, vamos dançar! - Ele não estava falando comigo, Veronica deu dois tapinhas em meu ombro e beijou minha bochecha antes de sair com meu amigo.

Olhar para todos eles, dançando e interagindo com tamanha facilidade e familiaridade, fez com que eu me sentisse fora do lugar, como se eu não me encaixasse àquele momento, àquele dia. Talvez eu não me encaixasse, de fato. Então decidi ir pra casa. Eu não tinha porquê ficar ali. A única pessoa que me fez ter um pouco mais de afeto pelo colégio, que me fez pensar em permanecer em Riverdale depois de formado, não estava ali naquela noite. Então eu não precisava ficar. Eu não ia ficar.
Me levantei, e só então percebi o quanto estava bêbado. Senti-me desequilibrar um pouco, mas me encostei ao corrimão, esperando a vertigem passar. Procurei por Sweet Pea, mas só encontrei Valerie, então cambaleei até ela e Midge, estendi as chaves do carro e disse que voltava em um minuto, mesmo sem a menor intenção de fazer isto. Claro que eu não estava raciocinando direito, sem meu carro eu não teria muito pra onde ir. Mas minha prioridade era sair de lá, e então foi o que fiz.
Não me lembro exatamente tudo o que aconteceu desde que entrei no metrô. Estava um tanto quanto vazio, recordo. Algumas pessoas me reconheceram e isso gerou certa polêmica nos dias que vieram a seguir, mas naquele momento, em si, eu não me lembrei de quem eu sou. Na verdade, eu havia me esquecido disso desde que acordei. De repente eu tinha 17 anos novamente, e estava indo visitar minha namorada, Elizabeth.
Quando desci do metrô, ainda andei alguns bons quarteirões até chegar em frente à casa que um dia Elizabeth morou com sua família. Eu me recordava exatamente dela como era antes, e vê-la tão diferente me atingiu como um soco no estômago. Me peguei prendendo a respiração. As sacadas, as quais escalei uma noite antes do baile de primavera, não existia mais. Havia apenas uma imensa janela de vidro e um canteiro cheio de flores que me pareciam cheirosas. A varanda da frente também havia sido destruída, mas o jardim estava maior e mais bem cuidado. Havia se tornado uma casa mais moderna, de cor gelo.
Cambaleei, com a mão pressionada contra meu estômago fragilizado, para longe dali. Não havia restado muito do tempo que passamos juntos. Mas o parquinho ainda estava lá. Com todos os mesmos brinquedos enferrujados. Ninguém havia construído outra coisa, ou os pintado de outra cor. Eram os mesmos de quando a vi pela última vez.
Me escorei na corrente do balanço e me sentei, ansioso e abalado demais pra fazer qualquer outra coisa que não fosse respirar um pouco, sentindo minha calça umedecer em contato com o assento molhado. Foi ali, naquele mesmo lugar, que a ouvi dizer as coisas que eu menos esperei ouvir. Menos quis saber. Foi ali, há mais ou menos sete anos atrás, que deixei Elizabeth partir, escorregar ligeiramente por entre as curvas dos meus dedos, mas não do meu coração.
Duas ou três lágrimas escorreram, de uma só vez. Constatei, ao enxugar meu rosto, que não chorava só pelo fato de ter perdido Betty, ou pelo medo de nunca mais encontrar alguém que eu amasse tanto quanto a amei. Mas pelo fato de estar insatisfeito e ter vergonha de admiti-lo. Por cada vez que eu me sentia sozinho e vazio, e ter de lidar com aquelas perguntas tão ordinárias, como "quem é você pra se sentir assim diante de tudo o que tem?". Eu estava chorando porque, cada vez que sentia falta de algo que eu não sabia nomear, cada vez que saía de casa e sentia a necessidade de uma mão pra segurar ou de um colo pra me lamentar por alguma coisa, cada vez que me sentia pra baixo eu ouvia a voz da mamãe dizer "você ainda tem coragem de reclamar com tanta gente no mundo passando fome?". E então calei. Calei toda a dor e todo o sentimento amargo que pudesse haver dentro de mim, por não me sentir no direito de sofrer, por me achar uma pessoa plena demais e sortuda demais em consequência da minha saúde, família, amigos, banda, bens materiais... Eu agradeci e agradeço todos os dias por tudo o que tenho e por tudo que sou, mas apesar disso, me sentir triste ou chorar fazia com que eu me sentisse culpado, até aquele dia. Até aquele momento, quando eu explodi pela segunda vez, no mesmo lugar em que explodi pela primeira. Pelo mesmo motivo. Eu tenho o direito de sofrer. E sofri. Sofri por todo o resto da madrugada, até expulsar, através das lágrimas, todo o álcool que eu havia ingerido. Algumas conclusões chegaram até minha mente, ainda um tanto ébria. Betty não viria, de fato. Ela odiou o colegial, odiou todas aquelas pessoas e com certeza tinha mais lembranças ruins do que boas. De alguma maneira, eu sei que estou incluído nestas últimas, mas isso não a faria vir. Assim como eu não seria o motivo único de sua desistência. Se é que ela se lembrava de mim. E pensando nisso, admiti, com dor, que se tivéssemos assinado um contrato para formalizar nosso relacionamento, alguém tinha pago pela quebra do mesmo. E, infelizmente, não fui eu.

Continue Reading

You'll Also Like

1.5K 202 18
Erin Anderson é vista como a personificação do Sol, sempre alegre ela ilumina as pessoas ao seu redor. Mas, quando ela se envolve em um mal entendido...
68.2K 12.3K 111
Rebecca Armstrong, é apaixonada por Hanna Marín, mas não sabe se a mesma tem os mesmos sentimentos, então Rebecca ver com a volta de sua melhor amiga...
124K 11.5K 34
𝐎𝐍𝐃𝐄 𝐉𝐎𝐀𝐂𝐎 e Esther se odiavam quando eram crianças ou 𝐎𝐍𝐃𝐄 𝐄𝐒𝐓𝐇𝐄𝐑 E Joaco se reencontram após seis anos. •ᴊᴏᴀǫᴜɪɴ ᴘɪǫᴜᴇʀᴇᴢ x ғᴇᴍ...
39.2K 4.1K 28
Alexandra Martins é órfã desde os 11 anos e vive com os irmãos mais velhos em uma pequena cidade praiana chamada Horizonte do Norte desde então. Em s...