Betting Her - Adaptação Bughe...

By litrolouis

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Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeit... More

Cap.1 "Please, allow me to introduce myself" (Rolling Stones)
Cap.2 "But like none of em are (like you)" (Ciara)
Cap.3 "If you put me to the test, if you let me try" (ABBA)
Cap.4 "Would you tremble if I touched your lips?" (Hero - Enrique Inglesias)
Cap.5 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap.6 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap. 7 "Please let me know that my one bad day will end" (Blink 182)
Cap.8 "You know it's only just begun" (Nickelback)
Cap.9 "I wonder what's like to be loved by you."
Cap.10 "I wonder what's like to be loved by you"
Cap.11 "Do you care if I don't know what to say?" (There Is - Box Car Racer)
Cap.12 "It's just that no one makes me feel this way" (Justin Timberlake)
Cap.13 "I said too much again" (My Stupid Mouth - John Mayer)
Cap.14 "You make it easier when life gets hard" (Lucky)
Cap.15 "Can you feel the love for the first time?" (V Boys)
Cap.16 "My heart beats faster when you take me over" (Mariah Carey)
Cap.17 "One thing I can say, girl, love you all the time" (The Beatles)
Cap.18 "It may be over, but it won't stop there" (James Blunt)
Cap.19 "Back under the stars, back into your arms" (Avril Lavigne)
Cap.20 "I just don't wanna miss you tonight" (Iris - Goo Goo Dolls)
Cap.21 "You fave my life direction, a game show love conection" (Train)
Cap.22 "I've had you so many times, but somehow, I want more" (Maroon 5)
Cap.23 "If you wanna fight, I'll stand right beside you" (The Heart Never Lies)
Cap.24 "The truth hurts, the lies worse" (Broken Strings)
Cap.25 "I'm sorry for the things that I did not say" (Akon)
Cap.26 "You're acting like you're somebody else" (Avril Lavigne)
Cap.27 "Somebody made a bet, somebody paid" (Bruce Springsteen)
Cap.28 "And she comes and goes, like no one can" (John Mayer)
Cap.29 "Only you can cool my desire, I'm on fire" (Bruce Springsteen)
Cap.30 "Inside I know it's over, you're really gone" (Mariah Carey)
Cap.31 "That kinda lovin' turns a man to a slave" (Crazy - Aerosmith)
Cap.32 "Only in hopes of dreaming that, everything would be like it was before"
Cap.33 "Let's go all the way tonight, no regrets, just love" (Katy Perry)
Cap.35 "I knew about your plans to make me blue" (Marvin Gaye)
Cap.36 "I can't ignore you, you sent me spinning" (Boomerang - Plain White T's)
Cap.37 "But if you need me, I'll be there" ('ve Got You - McFLY)
Cap.38 "I don't want you to say a single word" (The Pussycat Dolls)
Cap.39 "The day has come and now you'll have accpet" (Oasis)
Cap.40 "I've found out a reason for me to change who I used to be" (Hoobstank)
Cap.41 "Espera, que o sol já vem" (Mais Uma Vez - Legião Urbana)
Cap.42 "Eu sou um acidente em câmera lenta" (Hear Me Out - Frou Frou)
Cap.43 "Trying to recall what you want me to say" (Kings Of Leon)
Cap.44 "But Angie, Angie, ain't it good to be alive?" (The Rolling Stones)
Cap.45 "In the way she moves, attracts me like no other lover" (The Beatles)
Cap.46 "And I don't know which way it's gonna go" (James Morrison)
Cap.47 "And you won't be alone, I am beside you" (Angels & Airwaves)
Cap. 48" I said, for you I'm a better man" (Better Man - James Morrison)
Cap.49 "I hate to look into those eyes and see an ounce of pain" (Guns N' Roses)
Cap.50 "I die when he comes around to take you home" (Damien Rice)
Cap.51 "I'm hanging by a moment here, with you" (Lifehouse)
Cap.52 "Forget yesterday, we'll make the great escape" (Boys Like Girls)
Cap.53 "With your pretty mouth, laughing with your broken eyes" (The Corrs)
Cap.54 "You made me feel like our love was not real" (Chris Brown)
Cap. 55" Give me reason, but don't give me choice" (James Blunt)
Cap.56 "Sishing to kiss you, before I rightly explode" (Jason Mraz)
Cap. 57"You see, she hides 'cause she is scared" (Red Hot Chilli Peppers)
Cap.58 ''And I don't wanna lose you" - Don't Let It Go To Waste - Matt Willis
Cap.59 ''Pois quando eu penso em você, eu não me sinto tão sozinha" - Owl City
Cap.60 "I just feel complete when you're by my side" - A Day To Remember
Cap.61 "Looking in your eyes, hoping they won't cry" - McFLY
Cap.62 PARTE I "Close your eyes, listen to my voice, I'm by your side"
Cap.63 PARTE II "Thousand miles seems far, I'd walk to you if I had no way"
Cap.64 "You and I know what this world can do" - Bruce Springsteen
Cap.65 "So much has changed, now it feels like yesterday I went away" - McFLY
Cap.66 "Cada palavra que você diz, deveria anotar. Não quero esquecê-las"
Cap.67 "Eu tenho uma última chance para encontrar a mim mesmo" - Last Chance
Cap. 68 "I forgive you for been away for far too long" - Far Away
Cap. 69 "It's been an everlasting summer since we found each other" - McFly

Cap.34 "What if you did? What if you lied? What if I avenge?" (Creed)

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By litrolouis

[Elizabeth's POV]

Sorrateiramente, percorri o apartamento, admirando a maneira como a claridade penetrava pelos cômodos, preenchendo-os de uma luz meio azulada. Encolhi-me dentro de meus braços, buscando em mim o calor que antes vinha dos braços de Jug ao meu redor. A brisa matinal fazia meu vestido, agora molhado, parecer ainda mais gélido do que realmente era. Por sorte Veronica estava dormindo no tapete da sala, talvez por eu ter trancado o quarto antes de sair, ou talvez não tivesse conseguido se levantar de lá. Eu ainda não estava habituada à rotina deles. Eu não conseguia acompanhá-los em nada, quem dirá na bebida.
Destranquei a porta do quarto e adentrei, voltando a trancafiá-lo para que não desconfiasse que eu estivera fora. Liguei o chuveiro e regulei a temperatura, fechando qualquer possível passagem de vento até que o ambiente estivesse suficientemente abafado, e então, me despi. Eu ia ficar gripada, com certeza ia. Passei um tempo no banho, até me sentir bastante aquecida e não restar nenhum grão de areia em minha pele. Retornei para o quarto e vesti uma lingerie qualquer, junto de uma camisola leve.
Meia hora depois, rolando pela cama, e tentando encontrar a posição mais confortável, ou me livrar dos pensamentos que não paravam de retornar à minha cabeça, narrados pela voz grave de Jughead, tão nítida que parecia estar sendo sussurrada em meu ouvido. Era a primeira vez, desde que havíamos terminado, que eu me sentia daquela maneira, precisando estar com ele. Talvez antes daquela noite, minha mágoa não me permitisse sentir sua falta, não me deixasse enxergá-lo de outra maneira, se não um mentiroso egoísta, agora era diferente, o rancor começava a se dissipar de uma maneira estranha, e não era como se eu pudesse intervir. Quando dei por mim, eu estava em seu quarto, nua, tocando teclado, por querer, e não por nenhum outro motivo.
Eu já não me reconhecia quando me olhava no espelho, aquelas roupas, a maquiagem, os trejeitos. Nada meu, nada eu. Eu não sabia onde eu iria parar se continuasse dando corda às coisas que Veronica dizia. Eu não queria ficar com James, e eu não queria ser outra pessoa se não eu mesma, mas antes parecia tão certo mostrar à Jug o que ele havia perdido... Agora já não fazia assim tanto sentido... Talvez porque ele não houvesse perdido.
Era como se naquela madrugada tivesse chovido, murchando com isso todas aquelas nuvens escuras que pairavam em minha mente, e agora o tempo começava a limpar. O cheiro do verão, o sol quente. Tudo estava de volta, de repente, e eu podia tomar minhas próprias decisões, então. Eu não precisava de mais planos, mais idéias vindas de minha prima ou de quem quer que fosse, eu tinha meus próprios planos e o futuro só dependia de mim. Eu precisava conversar com Jughead e esclarecer, primeiramente, as coisas entre nós. Eu queria, finalmente, ouvir sua versão, e queria sentir que podia perdoá-lo definitivamente, sem que restasse desconfiança ou mágoa, e no fim das contas estaríamos em uma relação tão transparente que não haveria resquício de insegurança.

- Betty... - Ouvi a voz pastosa de Veronica vim do lado de fora da porta, fechei os olhos e fingi que estava dormindo, como se ela pudesse ver - Betty, abre aqui pra mim! - Ela não ia desistir, e eu também não queria deixar que ela voltasse para o tapete da sala.
- Já vou. - Tentei fazer uma voz de sono enquanto caminhava até a porta, destrancando-a e dando passagem à Veronica.
- Nossa, eu apaguei na sala... - Suspirou, sustentando uma expressão de dor indescritível.
- Você parece péssima. - Comuniquei com cuidado, Veronica me lançou um olhar cansado, e ainda assim, hostil - Quer um café? Uma aspirina? - Eu queria ficar longe dela, Veronica tinha algo em suas palavras, em sua maneira de falar, que me persuadia sempre.
- Você vai levantar 7 horas só pra ir buscar café pra mim? Sério? - Rolei os olhos, parada aos pés da cama - Claro que eu quero, traz aquelas bolachinhas de leite com chocolate também.

Veronica fechou os olhos e pronto, estava dormindo. Pudera eu ter essa facilidade. Vesti um short jeans e uma camisetinha qualquer, calcei um par de chinelos. No caminho até o restaurante, fiz uma trança em meu cabelo, sem muita paciência para arrumá-lo. Embora eu soubesse que Jug estivesse dormindo - o que eu também deveria estar fazendo - eu ainda sentia uma cócega no estômago, acho que isso definia bem a sensação, eu esperava vê-lo, quem sabe poder me aproximar e me aconchegar em seus braços. Fazer algo escondido nunca me pareceu tão errado quanto ter de esconder que ele e eu estávamos novamente juntos, mas eu teria de esperar até estarmos longe daquele Resort, ali eu não teria para onde fugir das acusações de Veronica, nem condições para enfrentá-las. Talvez eu estivesse com vergonha de admitir que havia perdoado o que ele havia me feito. As pessoas não costumam se colocar no lugar umas das outras. Da mesma maneira que tive de ouvir uma onda de críticas por não tê-lo perdoado, sem que ninguém tivesse a menor idéia do quanto eu estava machucada, agora, eu também teria de me prender a algo seguro para não ser levada pelas críticas daqueles que nunca amaram a ponto de perdoar um erro como o que Jugheas havia cometido.
Busquei o café da manhã para Veronica, como havia prometido, e depois fui dar uma volta, ainda na esperança de encontrar algo para fazer já que meu sono havia se dissipado há algum tempo, trazendo em seu lugar a ansiedade de poder estar com ele novamente. Ele, ele, ele. Esse era meu medo, que ele se tornasse novamente o centro da minha vida. Eu nunca deixei que ninguém, além da minha família, fosse prioridade em minha vida, que interferisse, mesmo sem saber, em minhas decisões diárias ou coisas do tipo. Mas tudo mudou desde que Jug chegou, tudo, cada único ponto do meu dia. Todos os meus planos eram como frágeis pinos de boliche, Jughead foi, para eles, como uma bola. Strike!
Meus pais agora se preocupavam com coisas que antigamente não faziam o menor sentido. Como, por exemplo, minha decisão de talvez mudar de faculdade, esse era um plano que eu tinha traçado desde muito cedo, era como um sonho, que repentinamente me pareceu sem brilho. Eles ficaram completamente assombrados quando eu disse que talvez eu pudesse mudar de idéia, que ainda estava em tempo. De início, pensaram ser um absurdo, já que tudo estava encaminhado para que no ano seguinte eu me mudasse para Oxford, eu até já tinha uma carta de recomendação da diretora do Riverdale High, tudo indicava que após a minha apresentação no congresso, eu poderia ganhar uma bolsa integral na universidade, mas até onde eu realmente queria isso? Eu não tinha dúvidas do que eu queria até me pegar pesquisando sobre faculdades em Londres, é claro que nenhuma lá podia ser tão boa quanto Oxford, mas eu podia dar meu melhor em qualquer uma que fosse. Eu queria estar perto de Jughead, não queria depender de destino para encontrá-lo novamente em minha vida, pois eu sabia que já havia sido sorte demais ele ter aceitado aquela aposta, que embora tenha me machucado, trouxe outro significado à muitos aspectos da minha vida, a maior parte deles.
Eu só fui ver Jughead naquele dia depois do almoço, quando estava saindo do restaurante com Veronica e Midge, o vi sentado sob a sombra de um guarda sol na borda da piscina, havia um copo de suco em suas mãos e seu óculos de sol não me permitia saber se ele estava, ou não, olhando pra mim, o que me incomodava de um tanto, eu queria que ele estivesse, queria sua atenção, mais hoje do que em qualquer outro dia, pois diferente de todos eles, eu queria que ele notasse meu short não tão curto, minha camiseta não tão justa e a trança frouxa em meu cabelo, eu queria que ele notasse a ausência de maquiagem, e acessórios desnecessários. Eu queria que ele sentisse falta de quem eu realmente era, pois eu estava disposta a voltar pra ele, eu era dele.
Passamos ao lado de sua mesa, mas Jughead pareceu não notar minha proximidade. Isso nunca acontecia. Era como se estivéssemos, de alguma maneira, conectados e ele sempre sentisse quando eu me acercava, mas dessa vez algo falhou, ele não virou seu rosto em minha direção, continuou rindo de algo que os meninos haviam dito, sem dar a menor importância para mim. Me perguntei se estava indo pelo caminho errado, se eu deveria continuar me vestindo como Veronica achava que eu deveria. Será que eu não podia ser eu mesma, e fazê-lo me notar mesmo assim? Funcionava há um mês atrás, não podia ter mudado assim tão rápido, de uma hora pra outra.
Ignorei aquela crise momentânea e me prendi à idéia de que ele não teria me visto. Era isso o que tinha acontecido, sem dúvidas. Fui para o bangalô, apenas pra colocar nossa roupa de banho e retornar para a área da piscina. Os alunos já haviam tomado conta de cada parte daquele lugar, eles não pareciam desanimados com o fim da viagem mais próximo, e sim querendo aproveitar absolutamente cada segundo. Eu também não estava desanimada, pelo contrário, estava contente por esta viagem estar chegando ao fim, longe daqui as coisas seriam mais fáceis, e eu poderia explicar muita coisa à ele, que estava dentro da piscina, conversando com seus amigos de forma descontraída. Eu queria me esquivar da sensação de que algo estava errado, mas isso não parava de se repetir em minha mente desde que me deitei na espreguiçadeira para tomar sol, Jughead não havia voltado seus olhos em minha direção uma vez se quer, e aquela curiosidade "barra" angústia parecia se propagar. Eu ia perder o controle.
Eu sabia ser ignorada, fui obrigada a aprender desde muito cedo. Eu não era o tipo de garota mais legal e interessante. Eu não bebia, detestava cigarros e não sabia dançar música eletrônica. Também detesto mini saia e até muito pouco tempo não sabia usar lápis de olho. Eu não era a garota padrão, nunca fui e tampouco fiz questão de ser, o tipo de garota que eu era, não costumava chamar a atenção de ninguém, menos ainda de garotos com dinheiro, carro e popularidade, se tivessem uma banda então, esquece. Foi aí que tudo mudou, Jug me notou, de alguma maneira ele me conheceu e mudou seu conceito sobre mim, e agora, mesmo depois de todos os anos que ele não olhou em minha direção, ele havia me deixado acostumada com outro tratamento, eu não admitiria voltar a ser evitada por ele, de maneira alguma, não por ele.

- E com o Chuck, como vão as coisas, Betty? - Ouvi Veronica me questionar, fechei meus olhos, aproveitando a lente escura do óculos de sol para disfarçar meu asco.
- Não, vão, Veronica, você sabe que eu não tenho o menor interesse nele. - Talvez eu tenha sido muito hostil, ou prática.
- Credo! Eu achei que você fosse dar uma chance à ele depois de tudo que ele fez por você nos últimos dias.
- Achou errado, não tenho intenção de continuar com isso por mais tempo, quero distância dele, quero me dedicar somente aos estudos, faltam apenas seis meses até nossa formatura. - Apressei-me a explicar.
- Ai, você é dura demais com ele. - Veronica reclamou, ela se incomodava muito com minha posição diante de Chuck, pois sabia que Reggie iria acabar abandonando-a mais uma vez caso eu parasse de sair com Chuck.
- E você é mole demais com Reggie, talvez se você tomasse uma atitude em relação à isso, as coisas mudariam na sua vida... - Disparei, sem conseguir controlar o bolo de coisas que estava me sufocando desde... sempre.
- Credo, Elizabeth, eu 'tô de ressaca e você que fica de mal humor, eu ein?! - Respirei fundo, engolindo de volta a resposta.
- Estou cansada, apenas, me desculpa.

Tentei parar de dar "patadas" em Veronica, e com isso fazer menos alarde do quanto eu estava estressada com tudo naquele momento. Eu não queria saber de Chuck, e não queria falar sobre isso, ou qualquer outra coisa que envolvesse Veronica. Eu estava exausta de ter que ouvi-la e seguir seus conselhos medíocres, faltava muito até que ela notasse seus próprios rancores, eu só esperava que fosse a tempo de dissipá-los.
Desisti de esperá-lo me olhar ou dirigir sua preciosa atenção pra mim. Levantei-me, sentindo meu corpo febril pelo tempo que eu havia passado estendida naquela espreguiçadeira, e me estiquei, pegando o short jeans em uma mesa próxima. O vesti e calcei meus chinelos, marchando apressadamente em direção à piscina, sem dar ouvidos aos gritos histéricos de Veronica.
Não faço idéia do que poderia estar acontecendo comigo, ou de onde havia surgido essa coragem, e cara de pau, mas me aproveitei disso. Cruzei meus braços, parada na borda onde Jughead estava encostado. Ele não pareceu se dar conta da minha presença, mas os olhos de Fangs me anunciaram e ele rapidamente se virou para trás, a fim de se certificar do que o amigo havia informado silenciosamente.

- Podemos conversar? - O vi contrair o cenho, fazendo com que suas sobrancelhas se destacassem para fora do óculos.
- Sobre? - Não faço idéia de qual exatamente foi minha expressão, mas não deve ter sido nada boa.
- Sobre a apresentação de hoje à noite. - Respondi automaticamente, Jughead concordou com a cabeça, parecendo pouco se importar com o que eu tinha a dizer.

Seus músculos ganharam destaque quando ele firmou suas mãos na borda da piscina e deslizou seu corpo pra fora d'água. Ele era lindo, e eu devia admitir que chamava muita atenção de quem quer que fosse, mas eu nunca fui realmente ciumenta, então não me preocupava saber que as garotas estavam, agora mesmo, me praguejando por estar saindo dali com ele ao meu lado.
Conforme íamos nos afastando, eu esperava que o silêncio fosse quebrado por Jughead, que seus braços, provavelmente gélidos, fossem me envolver mesmo que eu pedisse discrição. Nada aconteceu. Ele continuou andando distraidamente paralelo à mim, como se estivesse absorto em seus pensamentos, dentro do seu próprio mundo.

- O que você tem? - Atirei, já com o tom de voz acusador, Jughead desviou seus olhos do chão e encarou o caminho à sua frente.
- Nada, por que? - Quis saber, sem dar atenção, ou corresponder, meu olhar sobre ele.
- Não se faça de bobo, você está completamente estranho, não 'tá me dando a menor atenção e nem estamos mais perto das pessoas... - Jughead interrompeu o que eu dizia, passando um braço ao redor de meus ombros, sem deixar de andar, ou ao menos responder coisa alguma.
- É impressão sua. - Foi o que ele disse, com um tom de voz quase robótico, como se estivesse dizendo um simples "oi", mas com ainda menos emoção.
- Não, não é! Quer me contar o que houve?
- Eu disse que não aconteceu nada, relaxa! - Exclamou, aparentemente sem paciência.
- Certo, se você diz. - Decidi me calar, sentindo seu braço ao meu redor como se fosse um peso pra porta, apenas jogado sobre meus ombros, sem qualquer delicadeza.
- O que você precisava falar comigo? - Quis saber.
- Eu só queria ficar com você, na verdade.
- Ah.
- Jug... É comigo? Eu te fiz algo sem perceber? - Eu não conseguia parar de pensar sobre isso, o que poderia ter acontecido pra ele ter mudado de comportamento tão repentinamente.
- Chega, Elizabeth! - Soltou-se de mim, nervoso com minhas cobranças - Eu disse que não aconteceu nada, se eu tivesse algo pra te dizer, já teria dito.
- Certo, me desculpe. - Envergonhada, murmurei - Se quiser voltar pra lá, tudo bem, vou para o bangalô descansar um pouco, nos vemos no quiosque às 6?
- Pode ser. - Disse simplesmente, para ele não fazia qualquer diferença, percebi.
- Você leva os instrumentos? - Ele concordou com a cabeça e depois começou a se afastar para o lado oposto.

O vi se afastar até que, finalmente, desaparecesse em meu campo de visão. Agora não havia dúvida sobre haver algo errado, era um fato. Ago tinha acontecido e feito com que ele se enojasse com minha presença. Ele podia ter me esclarecido o que poderia ser, já que eu não conseguia pensar em absolutamente nada, embora mil e uma coisas passassem por minha cabeça. Será que Chuck havia dito algo? Mentido? Veronica não poderia ser, já que estivera comigo desde muito cedo. Eu não conseguia entender. Talvez não fosse comigo, e ainda que não fosse, eu queria saber, eu precisava tomar conhecimento das coisas que estavam acontecendo com ele. Eu sabia que Jug não era o mesmo, mas não era de um todo desagradável, ele nunca havia parecido tão maduro. É claro que suas piadas eram as mesmas, e sua falta de esperteza. Mas estava tomando atitudes mais centradas, sensatas. Eu gostava desse novo Jughead, e eu o queria pra mim... Talvez fosse tarde demais pra voltar atrás.
Como havia dito à ele, retornei ao bangalô e dormi pelo resto da tarde. Valerie veio para me acordar, mas eu preferi fingir que não estava ouvindo-a. Meu sono atrasado me permitiu conciliar facilmente no sono assim que ela saiu pela porta. Assim que acordei, por volta das 5, tomei meu segundo banho do dia e comecei a escolher uma roupa que não fosse vulgar como Veronica queria, mas que não fosse antiquada como as que eu costumava usar. Eu precisava de algo básico, bonito e que chamasse a atenção de Jughead sobre mim.

- Cheguei! - Ouvi a voz animada de Veronica, meu estômago deu uma volta e eu controlei um suspiro pesado - O que está procurando?
- Uma roupa pra hoje à noite. - Respondi com simplicidade, ainda vasculhando minha mala.
- Coloca aquele shortinho verde, ele é lindo. - Veronica sugeriu, entrando no banheiro em seguida - Já tomou banho?
- Já.
- Ok, minha vez, então.

Enquanto Veronica tomava banho, retirei uma lingerie, ainda embalada, e a vesti pela primeira vez. Pareceu ficar bom em mim, constatei ao olhar-me no espelho. Vesti uma blusinha preta justa, e o short em seguida, deixando o cós sobre a barra dela. Calcei meu vans e aproveitei que Veronica havia deixado o banheiro para me maquiar, dessa vez não carreguei muito meus olhos, na verdade apenas passei corretivo para esconder algumas imperfeições e um pouco de blush, deixei o mais natural que pude, e contornei meus lábios com um batom claro, quase imperceptível. Borrifei o desodorante e depois um perfume não muito forte, e após pentear meus cabelos, coloquei uma tiara delicada apenas para segurar a franja pra trás. Voltei para o quarto e coloquei uma camisetinha sobre a blusinha preta, finalmente, pronta.

- Já disse que odeio esse seu tênis e essa sua tendência a ser emo? - Veronica disparou ao me ver, assenti devagar, sem dar muita atenção ao que dizia - O que você tem? Parece triste.
- Estou preocupada com a apresentação, só isso.

Eu não estava mentindo, não queria ter que cantar em frente à todos aqueles alunos, e menos ainda, tocar. Eu não tinha escolha, e não queria parecer tão insegura quanto realmente estava, isso me exigia alguma concentração. Saí do apartamento sem esperar por , pelo jeito que as coisas iam, ela ia demorar. Assim que cheguei no restaurante, onde seriam as apresentações, vi Jughead sentado no canto do palco dedilhando seu violão. Olhei ao redor e notei que estávamos sozinhos, exceto pelos funcionários do local. Andei até ele e me sentei ao seu lado, ele pareceu notar minha presença, mas a ignorou.

- Tudo pronto? - Perguntei, sem vontade.
- Uhum. - Respirei fundo uma, duas, três vezes, tentando controlar minha vontade de enforcá-lo até que ele me dissesse o que estava acontecendo.
- Que bom. Acha que podemos vencer? - Vi seus ombros guinarem pra cima, indiferente, completamente indiferente - Ok, Jughead, eu já entendi.
- Entendeu o que? - Pela primeira vez voltou-se pra mim, mas por sua expressão julguei que ainda estivesse disperso.
- Você não 'tá a fim de conversar.
- Ah sim, é, não mesmo.
- Tá, e vamos ficar assim o resto da viagem? - Ele negou com a cabeça.
- Aparece lá no meu apartamento depois do jantar, vou estar lá te esperando.
- E os garotos? - Contraí o cenho, mas senti meu estômago revirar de ansiedade, finalmente um indício de que ainda queria me ver.
- Sei lá, eu cuido disso.
- Certo.

O palco, improvisado, estava com todos os instrumentos necessários, supus que todos fossem apresentar uma canção, mas talvez eu eu estivesse enganada, pois havia sido improvisada uma coxia. As mesas do restaurante estavam todas enfileiradas no centro dele, de frente para o palco. E logo todos preenchemos seus lugares vagos. Os professores tomaram conta do microfone, explicando que o grupo que estava com a pontuação mais baixa iria se apresentar primeiro. Aliviada, relaxei em minha cadeira, entre Jughead e Chuck, e esperei por nossa vez. Sweet Pea e Valerie apresentaram, ao contrário do que eu imaginei, uma cena de uma obra de Shakespeare, Romeu e Julieta, com direito a beijo e tudo. Não sei, mas tive a sensação de aquela não era a primeira vez que se beijavam.
Em seguida foi a vez de Veronica e Chuck, que finalmente saiu do meu lado e parou de tentar desenvolver um assunto comigo, Jughead não pareceu se importar com isso, nem mesmo quando Chuck colocou sua mão em minha coxa com a intenção de fazer carinho. Ele nem mesmo olhou, apenas comemorando junto com seus amigos o desempenho de Sweet Pea e . Os líderes do grupo azul apresentaram uma canção, mas isso não foi uma surpresa, eu já esperava. Chuck cantava bem, e arriscou um trecho ou outro da canção, e até que foram bastante aplaudidos.
Eu não achei que estivéssemos na frente, portanto assim que eles terminaram, comecei a me levantar, mas professor chamou Samantha e Patrick, Jughead segurou meu pulso ao mesmo tempo, me informando que éramos o grupo com maior pontuação até então. O casal representou uma cena do romance Moulin Rouge, e Samantha fez jus aos seus anos de teatro, roubava toda a cena, preenchia todo o palco. Ela era uma ótima atriz, já Patrick.
Era nossa vez, eu sentia um bolo em minha garganta, e era como se eu fosse vomitar a cada vez que eu abrisse minha boca pra dizer algo. Nos sentamos nos bancos altos que nos foram cedidos e Jug preparou o teclado pra mim, assim como ajustou a altura do microfone. Me ajeitei no acento e encarei o teclado, sentindo minha respiração falhar só de imaginar todos aqueles olhos sobre mim, eu podia sentir minha pele queimar, febril.

- Está pronta? - Indagou, Jughead. Neguei com a cabeça, mordendo meu lábio inferior e tentando me recordar qual era a primeira sequência de acordes - A partitura está aí, nada vai dar errado. - O ouvi dizer, agora mais perto, o encarei por um momento e concordei com a cabeça, mesmo discordando em teoria.
- Acho que podemos começar.
- Ok... 1, 2... 1, 2, 3...

Jug começou a tocar, e como combinado, eu o acompanhei em seguida, inclusive no vocal para fazer uma introdução simples à estrofe que viria a seguir. Tentei não olhar pra frente, nem para a partitura, ou para o teclado, preferi ficar de olhos fechados um tempo, mas desviei minha atenção para Jug, assim que ele começou a cantar:

Honesty,
(Honestidade)
Was all I ever wanted you to show to me
(Era tudo o que eu sempre quis que você mostrasse pra mim)
And all I ever needed
(E tudo o que sempre precisei)
Now you're gone from me
(Agora você se foi)
And how did this happen after so long?
(E como isso aconteceu depois de tanto tempo?)

Jug fechou seus olhos, a letra saía facilmente e sua voz nunca estivera tão limpa. Vez ou outra ele desviava seu olhar para o violão, trocando de acorde com um cuidado e uma habilidade extraordinária. Eu não conseguia tirar meus olhos de seu rosto, sua feição centrada, tranquila, como se nada pudesse dar errado. Como se aquela letra não dissesse nada, não significasse nada.

Finally, if can we just have some time
(Finalmente, se nós pudermos ter algum tempo)
So you could talk to me, can't you see?
(Então você poderia falar comigo, você não consegue ver?)

Me perguntei se Jug não estava realmente se importando, ou se estava tão concentrado em não errar em nada, que esqueceu-se da emoção.

That we've no time to waste our lives
(Que nós não temos tempo para desperdiçar nossas vidas)
And I don't have all the answers
(E eu não tenho todas as respostas)
So I close my eyes, and I hope I'm doing right
(Então eu fecho meus olhos, e espero estar fazendo certo)

Quase me esqueci de cantar, perdida no movimento dos lábios de Jug, mas ao reconhecer o refrão, aclarei a garganta delicadamente e o acompanhei. Aquela composição podia não significar muita coisa pra quem estava escutando-a naquele momento, mas era absurdamente simbólica pra mim. Tudo o que havia nela, nada era dito em vão, absolutamente nada... Eram conteúdos meus e de Jug, que agora se mesclavam e já nem sabíamos mais quem havia escrito o quê, era uma única letra, um único sentimento.

You and me,
(Você e eu,)
In your head we were always gonne be happy
(Na sua mente nós seríamos sempre felizes)
So now we're nothing more than just a memory
(Então agora não somos nada além de memórias)
So wipe away those tears, and go be string
(Então limpe essas lágrimas e seja forte)

Talvez aquela fosse a parte que eu menos gostava em toda a composição, pois tanto na minha cabeça, e agora sei, na de Jug também, nós queríamos que tivesse dado certo. Acreditávamos, quando éramos apenas nós dois, que seríamos felizes todo o tempo, que não havia nada que pudesse desfazer o que sentíamos, mas as coisas haviam mudado repentinamente. E embora eu não quisesse que nos tornássemos apenas uma boa lembrança um para o outro, era o que estava acontecendo. E eu não tinha a força que ele pedia na última frase, não sabia onde encontrá-la... Definitivamente.

I hesitate to tell you what I'm feeling,
(Eu hesitei em te dizer o que estou sentindo)
Baby, I'm afraid to say
(Amor, eu estou com medo de dizer)

Não sei bem o motivo, mas naquelas duas frases, Jug e eu nos entreolhamos. Era isso, ambos estávamos com medo do que estávamos sentindo, e do que poderia ainda estar por vir. Estaria, então, Jughead se retraindo? Por isso estava me tratando mal?

That we've no time to waste our lives
(Que nós não temos tempo para desperdiçar nossas vidas)
And I don't have all the answers
(E eu não tenho todas as respostas)
So I close my eyes, and I hope I'm doing right
(Então eu fecho meus olhos, e espero estar fazendo certo)

Eu queria dizer à ele que não devia temer, eu estava disposta a perdoá-lo e fazer as coisas darem certo, eu faria o que fosse para ter de volta nossos dias e noites, a relação pura e sem jogos que tínhamos há tão pouco tempo atrás, e que agora parecia nunca ter existido.

Nothing ever changes when we make up
(Nada nunca muda quando nos reconciliamos)
You just stay at my house when I'm in town
(Você fica em minha casa apenas quando estou no centro)
So, inevitable, we must break up
(Então, inevitavelmente, nós devemos nos separar)
Sorry if I'm out of line
(Me desculpe se estou fora da linha)

Me recordei do que Jughead havia dito na noite anterior, sobre seus pais. Rapidamente meus olhos procuraram os seus, mas eles estavam fechados, então decidi cantar, tentando com isso demonstrar que eu estava ali pra ele. Suas sobrancelhas penderam pra baixo e sua expressão expressava sua mágoa. Senti minha garganta trancar, eu queria poder ajudá-lo a superar.

But we've no time to waste our lives
(Mas nós não temos tempo para desperdiçar nossas vidas)
And I don't have all the answers
(E eu não tenho todas as respostas)
So I close my eyes, and I hope I'm doing right
(Então eu fecho meus olhos, e espero estar fazendo certo)

Retomamos o refrão, e agora ele parecia finalmente mais entregue à música, mas ainda assim não voltou seus olhos em minha direção, eu só queria entender o que eu poderia ter feito de tão grave para aquela raiva, aquele asco repentino. De repente a ansiedade para estar a sós com ele, em seu quarto, aumentou 80%.

But we've no time to waste our lives
(Mas nós não temos tempo para desperdiçar nossas vidas)
And I don't have all the answers
(E eu não tenho todas as respostas)
So I close my eyes, and I hope I'm doing right
(Então eu fecho meus olhos, e espero estar fazendo certo)

Jug olhou pra mim quando deixei que ele cantasse sozinho, acompanhando-o em apenas algumas palavras. Um sorriso bem pequeno surgiu em seus lábios, mas novamente ele se voltou pra frente e fingiu que eu era indigna sua atenção. Que ironia, até alguns dias atrás, era o contrário.

We've no time to waste our lives
(Nós não temos tempo para disperdiçar nossas vidas)
And I don't have all the answers
(E eu não tenho todas as respostas)
So I close my eyes, and I hope I'm doing right
(Então eu fecho meus olhos e espero estar fazendo certo)

Jug escondeu sua voz enquanto eu cantava, eu quis parar, achei até que estivesse errando a continuidade da música, mas minha partitura me certificou de que era apenas uma gracinha do senhor Jones. Tentei equilibrar meu tom de voz e não desafinar até o fim, que estava próximo. Assim que a melodia morreu, as palmas a substituiu. Sorri, sem jeito, e virei meu rosto para Jug, que também me olhou desta vez, com um sorriso um pouco maior, ainda assim desanimado.
Me levantei, Jug fez o mesmo e desceu do palco, levando consigo o violão. Desci e voltei para o meu lugar, entre ele e Chuck, que me parabenizou, sorri forçado e agradeci sem a menor vontade. Eu não conseguia me importar com qualquer coisa que não fosse o término do jantar.

- Ok, vamos às considerações finais da gincana... - Começou o professor, sorri ansiosa, soltando minha colher e afastando o prato de bolo - Primeiramente quero agradecer à todos os alunos por terem participado de todas essas provas, nós sabemos que o prêmio não tem grande valor, mas mesmo assim vocês se esforçaram pra cumprir todas as regras e tenho certeza que no fim, foi bastante divertido pra todos nós. - Jug e eu nos entreolhamos, inevitavelmente, depois voltamos a atenção para o professor - Em último lugar, recebendo uma medalha de bronze com a estampa de um bicho preguiça, e também um delicioso saco de pirulitos... o grupo... Verde!

Olhei pra Valerie, que fechou a cara imediatamente, mas Sweet Pea começou a gritar e pular como se fosse a melhor coisa do mundo, arrancando uma gargalhada de todos. Ele puxou Valerie até o palco, onde a professora os esperava com as tais medalhas e o pacote de pirulitos. E então algo inesperado pra mim, e acredito que pra muitos outros alunos, aconteceu.

- Esse aqui é meu prêmio! - Sweet Pea gritou no microfone, e de repente, ergueu nos braços, ela exclamou um grito ardido e cobriu o rosto - Nada poderia ser melhor.

Sorri, contente pelos dois. Sweet Pea merecia alguém como Valerie, e ela também merecia alguém como ele. Só agora eu notava, mas eles até formavam um casal bem bonito. A balbúrdia foi interrompida quando o professor retornou a falar.

- Em terceiro lugar, recebendo uma medalha de prata e 1 vale refrigerante pra cada um do grupo... O grupo... Azul! - Veronica e Chuck se entreolharam, completamente revoltados com o resultado final, prendi o riso quando ambos se levantaram e pisaram firme até lá, como se fosse a pior coisa do mundo.
- É, acho que vencemos. - Ouvi Jug dizer, me virei em sua direção, mas ele continuava com os olhos fixos no palco, assistindo Veronica e Chuck receberem seus prêmios.
- Acha? - Ele concordou com a cabeça e me olhou por um instante, tive vontade de beijá-lo, ou abraçá-lo... Quis que estivéssemos a sós.
- Continuemos... - O professor se pronunciou - Em segundo lugar, o grupo que irá receber esta bela medalha de ouro e ainda um baú de trufas para dividir com os membros é o grupo... - Contraí o cenho, talvez fossemos nós, afinal, Samantha e Patrick haviam ido muito bem na apresentação, isso pouco me importava, na verdade - AMARELO!

Arqueei minha sobrancelhas e sorri, Veronica me olhou com um sorriso enorme e eu retribui com um não tão grande. Enquanto Samantha e Patrick recebiam seu prêmio, Jug e eu nos encaminhávamos para o palco lentamente, para receber o prêmio do grupo, que eu nem mesmo sabia qual era.

- E o grupo vermelho, como vencedor, receberá, além deste belo troféu de ouro, uma noite na Domino's com tudo pago e os líderes receberão ingressos para a área vip do show que quiserem compartilhar. - O professor disparou, sorri contente com os prêmios, seria bastante divertido, tanto ir à Domino's com o grupo, quanto poder ir à um show apenas na companhia de Jug.
- Obrigada, professor. - Agradeci enquanto o abraçava, Jug estava logo ao meu lado, e longe do microfone o professor nos disse:
- Espero que tenha lhes servido muito mais do que para receber esses prêmios, que vocês tenham aproveitado esse tempo que eu lhes proporcionei para conversar e consertar as coisas... - Eu e Jughead continuamos ali, em silêncio - Quando eu tinha a idade de vocês, eu tive a oportunidade de conhecer a mulher da minha vida, mas éramos apenas crianças, eu não achava que fosse passar de um namoro adolescente, e um dia eu a traí... - Mordi meu lábio inferior, tentando controlar a comoção que me assolou repentinamente - Eu a traí e ela sumiu... Eu digo, eu nunca mais a vi em toda minha vida, na época, as únicas pessoas a quem eu podia recorrer eram seus pais, pois ela era um ano mais velha e não estudava mais, eu nunca encontrei um endereço se quer que me levasse à ela, ou um telefone... Tudo o que eu sei é seu nome completo, e a única coisa que me restou dela foi uma carta de despedida...
- O senhor nunca mais foi atrás dela?
- Fui durante alguns anos, mas já tem um tempo que eu desisti, ela já deve estar casada, com filhos... - Ele dizia tudo isso com uma tristeza que trancou minha garganta - Eu quero que entendam que, eu a perdi por bobeira, é verdade... Eu mereci perdê-la, e eu não tive como lutar por ela, ou pelo amor que sentíamos, eu não tive tempo, mas vocês têm, então lutem um pelo outro, não deixem que as pessoas se intrometam numa coisa que não lhes diz respeito, o sentimento de vocês, ninguém pode tomar, e é isso o que importa, o sentimento.
- Eu sinto muito por tudo, professor... - Foi o que eu consegui dizer.
- Não se preocupe, Elizabeth, eu estou habituado à isso, já não dói tanto, só lhes peço que ouçam o que digo, se amam um ao outro, não deixem isso passar despercebido, não finjam que não é amor. A gente sabe quando é amor... A gente sempre sabe.

Sim, a gente sabe, e eu sabia. Meus olhos buscaram os de Jughead, esperando retorno pelo menos uma vez no dia, mas ele estava cabisbaixo. Será que ele tinha dúvidas de que me amava? Ou sobre meu amor por ele? Minha garganta pareceu fechar-se, sufocando minha respiração e me fazendo ofegar uma vez, para depois me afastar. Eu queria acabar de uma vez por todas com aquela situação, de alguma maneira eu sabia que quando estivéssemos a sós, em seu quarto, as coisas se esclareceriam.
Saltei do palco e andei apressadamente até meu grupo, entreguei o troféu à eles, que comemoravam como se fosse algo realmente sensacional, não que não fosse ser divertido sair com a turma, e poder ir à um show com Jug, mas naquele momento nada me parecia mais interessante do que sair dali.
Eu estava a poucos passos da porta, Jug estava parado lá, parecia esperar que eu olhasse para me dar algum aviso silencioso. Fitei seu rosto impaciente e o notei esfregar os cabelos da nuca, antes de por fim encarar meus olhos, mas antes que qualquer coisa fosse dita, senti minha cintura amparada por dois braços, tentei ver quem era. Tentei entender o que estava acontecendo. Mas nada solucionou-se em minha mente. Meus lábios eram pressionados pelos de Chuck, e ele não parecia ter a menor pretensão de romper o beijo. Com asco, o empurrei, sem muito sucesso, mas o suficiente para virar meu rosto para o lado e procurar por Jug, mas tudo o que encontrei foi os saltos excitados de Veronica. Patético, definindo a cena.
Atravessei o resort sem se quer prestar atenção no que fazia. Ignorei os berros de e os apelidinhos ridículos que James atribuía à mim, parados na porta do restaurante.
Toquei duas vezes consecutivas na porta do apartamento onde Jug estava hospedado, mas sem obter qualquer resposta, adentrei. Notei que não havia luz alguma acesa na parte inferior, e no meio do lance de degraus até o segundo andar, realizei que estava tudo apagado. A porta de ambos os quartos estavam fechadas, e eu temi o que encontraria do outro lado.
Com o indicador, bati três vezes repetidas na porta, soava como uma melodia tola. Nada. Sem permissão, girei a maçaneta e abri uma fresta, ampliando meu campo de visão, embora a penumbra ainda limitasse o que eu podia enxergar. A luminosidade natural da lua invadia o cômodo, refletindo na pele nua do tronco de Jug em uma nuance de amarelo dourado. Ele estava parado em frente à sacada, olhando para fora como se houvesse algo muito interessante lá fora a ser admirado. Talvez a chuva. Talvez o nada.
Perdi uns instantes admirando o desenho do músculo das suas costas e seus ombros, que enrijeceram ao mesmo tempo em que deixei um suspiro escapar, permitindo que ele notasse minha presença ali. O fato de não ter virado-se em minha direção me fez concluir que Jug não queria me ver. Não retirei sua razão.
Passei para dentro, mesmo assim, e antes que eu pudesse fechar a porta, ele se virou, lenta e graciosamente. Seus ombros brilharam úmidos, as gotas escorregavam pelos cachos curtos de seu cabelo, como se fossem tobogãs. Seus olhos estavam vermelhos, suas pupilas dilatadas e sua íris estava acinzentada, como se nuvens pairassem sobre ela. Estremeci enquanto ele se acercava, agora estava tão perto que eu podia sentir o calor e o perfume que emanava da sua pele e me abraçava, atrapalhando minha concentração. Com seu corpo parado em frente ao meu, Jug estendeu seu braço e apoiou a palma na porta, empurrando para fechá-la. Minha respiração entrecortou quando ouvi um "click" duas vezes enquanto ele girava a chave na lingüeta, trancafiando-nos.

- Jug... - Minhas cordas vocais tremeram e seu nome soou como um gemido estranho, ao qual ele não respondeu - Eu sinto muito pelo que você viu...
- Não quero conversar. - Esclareceu, sua voz firme como suas mãos, que agora amparavam meu dorso, me puxando de uma só vez.
- Jug... - Chamei ao erguer minha cabeça, que colidiu contra seu queixo ao mesmo tempo que eu pisava sobre seus pés, me desequilibrando sem sair do lugar graças a precisão com a qual ele me mantinha entre seus braços, ele não piscou, não riu, não pareceu afetado ou comovido com qualquer coisa, apenas continuou me olhando de um jeito que me fez apoiar minhas mãos em seus peitos a fim de uma distância segura. Segurança, algo que Jug sempre me proporcionara sem se esforçar - Eu posso explicar...
- Sempre pode, não é? - Ele sorriu com escárnio - Mas saiba, Elizabeth, suas explicações são dispensáveis... E planos são planos, não é?

Não respondi, sentindo meu coração perder a força dentro de meu peito, que parecia diminuir. Meu corpo tremia todo, e minha língua parecia dormente, eu não consegui dizer nada, tampouco tive tempo de tentar. Seus lábios foram pressionados aos meus sem delicadeza, e eu, sem entender, retribui o beijo desesperado ao qual Jughead se dedicava. Coloquei as mãos em seu rosto, sentindo-o rígido como se me beijar fosse algo horrível. Abri meus olhos e a expressão de Jughead fez com que meu estômago se contraísse, seu cenho estava encolhido, suas sobrancelhas baixas, como se sentisse uma dor inexplicável, eu queria entender.
Firmei minhas palmas contra seu peito, quente e completamente rijo. Tentei, em vão, afastá-lo, pois minha força parecia ter sido anulada pelo meu desespero repentino. Inspirei o máximo de ar que me foi possível, quantidade ainda insuficiente para aliviar meus pulmões. Meus olhos e narinas começaram a queimar, trancando minha garganta numa intensidade nada familiar.
Os braços de Jug me libertaram de uma vez só, uma vertigem me fez cambalear para perto da parede, onde me apoiei. Ele se afastara, andando até a cama com seus pés descalços e sua calça caindo pelo quadril. Olhei pra porta, cogitando a possibilidade de ir embora, engolindo em seco a vontade de chorar.

- Vem, não vai se deitar aqui comigo? - Desviei os olhos da maçaneta para Jug, apenas de boxer, sentado na beirada da cama com uma das mãos apoiadas pra trás - Vamos lá, Elizabeth, agora você não quer?
- Jug, por favor, o que pensa que está fazendo? - Perguntei, sentindo-me subitamente enojada com sua expressão sarcástica - Eu sei que as coisas ficaram fora de controle, mas... - Não consegui continuar, ele havia se levantando e estava se acercando - Jug, me deixa ir embora. - Pedi, tentando manter a calma quando suas mãos me seguraram pelos cotovelos e começaram a me conduzir até a cama - Jug, não faça isso.
- Sabe, Elizabeth, eu te tratei tão bem, com tanto respeito... Mas no fim das contas, vocês são todas iguais e não merecem tratamento diferenciado, mais ou menos especial... São todas grandes vadias que se escondem atrás de uma maquiagem de bela moça pra depois fincar o salto agulha em nossos corações confusos e apaixonados. - Ele dizia tudo aquilo entre dentes, com o maxilar trincado e os olhos fixos nos meus, senti seus dedos me soltarem de uma só vez, me sentei na beirada da cama e encolhi os ombros, em proteção.
- Por que está dizendo isso? - Sussurrei, sentindo os lábios trêmulos e os olhos encharcados - Não é por causa do beijo que Chuck me deu... É? - Jughead sorriu de um jeito que confirmou minha suspeita, não era só isso, afinal, ele estava estranho o dia todo - O que está acontecendo? - Perguntei, vendo-o ajoelhar-se à minha frente com uma expressão sarcástica.
- Não era isso que você queria, me ter aqui aos seus pés? - Apertei o lençol entre meus dedos, apenas encarando-o - Depois de ter traído sua confiança, não parecia a coisa certa ir lá e foder com a minha vida e com o meu coração? Não era isso o que você pretendia? Me atrair até sua cama como se meu sentimento por você se resumisse em tesão? Aqui estou, Elizabeth, aos seus pés, e meu sentimento por você, hoje, é só tesão... Então não quero conversar e nem chorar.

Mas seus olhos brilhavam cheios de lágrimas, denunciando que nem mesmo tesão ele estava sentindo naquele momento, nada além de mágoa. Eu queria dizer algo, queria ter dito algo, mas fui incapaz de fazer qualquer coisa. Eu estiquei minhas mãos para tocar seu rosto, mas com o punho ele as afastou, e num movimento ágil me deitou na cama, com seu corpo sobre o meu e sua boca na minha. Apertei meus olhos, sentindo meus cílios úmidos e uma dor aguda em ambos os pulsos pela maneira como ele os segurava acima de nossas cabeças. Eu não me movi, mas meu interior era todo resistência, demonstrada em lágrimas.
Eu não precisei fazer nada, Jughead rompeu com o beijo de repente e se afastou, andando para perto da porta com os próprios cabelos preso entre os dedos. Ele encostou sua testa na parede enquanto eu rolava para fora da cama, caindo ao lado dela, e aos tropeços me levantei e corri, com as pernas fracas, para o lado oposto, perto da sacada. Massageei meus pulsos enquanto meus olhos gotejavam na mesma freqüência com a qual a chuva caía lá fora.
Jughead mantinha-se de costas, com os ombros subindo e descendo rapidamente, os músculos contraídos e os dedos enroscados na cabeça, como se estivesse prestes a explodir.

- Eu errei muito, é verdade... - Ele começou a dizer, sua voz embargada e trêmula - Eu errei quando não te contei tudo o que estava acontecendo, errei por ter permitido que você passasse por toda aquela humilhação pelo medo que eu tinha de te perder, eu quis correr o risco... - Fechei meus olhos com força, as imagens do baile de primavera voltando a passar como um filme em minha cabeça - Mas eu esperava algo mais maduro de você. - Sua voz se tornou um pouco menos abafada e quando abri os olhos notei que ele estava de frente pra mim, embora longe, seus olhos cheios d'água - Eu me redimi de todas as maneiras que pude, eu me humilhei e fui atrás, e tentei me desculpar... Eu achei que algo estivesse errado quando você fingiu que estava tudo bem... Mas eu nunca imaginei que um dia você seria capaz de agir como... Uma idiota.
- Quem é você para falar de atitudes idiotas?! - Exclamei, sentindo a indignação corroer minha calma.
- Eu sou um merda! - Gritou, duas lágrimas caíram de seus olhos rapidamente e ele voltou a trincar os dentes - Eu sou um grande merda, sempre fui... Até te conhecer, porque por você eu queria ser alguém melhor, eu sempre achei que você merecia estar ao lado de alguém que eu nunca tinha sido, mas que eu tentei e tenho tentado ser desde então... Achei que você fosse boa demais pra mim, mas agora eu não entendo o por quê. - Funguei, sem forças para responder ou reagir - Você agiu exatamente como qualquer outra garota que eu já tenha ficado, todas elas passaram pela minha vida e eu nem senti falta quando foram embora... Era pra ser diferente com você. - Ele assentiu, lentamente, com as lágrimas banhando seu rosto - E eu estou tão chateado que eu nem consigo te olhar sem ter vontade de mandar você ir para o inferno!
- Jughead - Meu tom parecia implorar, e eu não consegui continuar, o choro me arrancou um soluço ao invés de palavras.
- Não quero que diga nada, eu não quero ouvir nada, eu quero que você vá embora porque você não é quem eu pensei que fosse, e apesar de todos os meus erros eu sempre deixei claro que era um idiota...
- Você está sendo egoísta! - Exclamei, ofegando pela dificuldade que eu tinha em respirar com o nariz trancado devido ao pranto.
- VOCÊ FOI UMA GRANDE EGOÍSTA POR QUERER COMPENSAR SUA DOR COM A MINHA! - Ele gritou, com tanta força que sua voz saiu rouca ao final, eu estremeci, sem conseguir me mover.

Jug continuou me olhando, as veias de sua testa e pescoço pulsavam, sua pele estava toda vermelha e já não era só em conseqüência do sol. Ele estava tão nervoso que não devia nem estar percebendo todas aquelas lágrimas, elas pareciam escorrer com tanta facilidade enquanto seus olhos, vidrados em mim, mal piscavam. Solucei e escondi meu rosto entre minhas mãos, envergonhada por tudo o que eu havia feito. Jughead estava certo, ele havia sido um idiota sim, e eu havia me igualado a ele. Eu havia sido uma idiota quando aceitei fazer com que Jughead se sentisse atraído por mim, para depois deixá-lo. Eu havia sido uma idiota por ver que ele havia melhorado, e mesmo assim ter continuado piorando, dia após dia, até ser tarde demais.
Jughead estava exatamente da maneira como eu desejei no último mês. A sua imagem chorando passava por minha cabeça todas as noites antes de dormir com lágrimas nos olhos, tentando entender o porquê ele teria me escolhido para aquela aposta, tentando entender como ele poderia ter sido tão teatral a ponto de me fazer acreditar no amor que ele fingia sentir. Eu desejei, dia após dia que ele se arrependesse profundamente por aquilo, sem saber que ele já se arrependia há muito tempo, mesmo antes de tudo ter sido descoberto por mim. Eu não sabia, mas Jughead não precisava sofrer além do que já havia sofrido. E eu não sabia que diante de sua dor, a minha se tornaria ainda maior. Mas agora eu sabia de tudo isso. E me arrependia por tudo isso.

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