[Elizabeth's POV]
Sentada em uma poltrona em frente à porta da sacada, assisti Jug chegar, depois ir embora. Também acompanhei a noite se estender até a chegada do dia. A insônia parecia ter gostado da minha companhia e eu não tinha a menor vontade de me deitar e tentar conciliar o sono. Eu tinha medo que isso fizesse o dia chegar mais depressa, eu não queria ter de ir pra escola e encarar lá tudo o que eu mais queria distância naquele momento. Aquela confusão desnecessária arrepiava até meus ossos, só de me lembrar de todos aqueles olhos, todas aquelas expressões surpresas, era tanta gente; e aquelas fotos, tão íntimas. Como Jughead fora capaz de dividi-las com quem quer que fosse? E como Veronica tivera coragem de armar todo aquele escândalo quando ela sabia que eu odiava qualquer atenção sobre mim. Eu não conseguia pensar numa maneira de me livrar daquela sensação invasiva, eu queria poder ignorar, ou então enfrentar, mas eu não sabia como.
O azul voltava a ganhar uma escala mais clara, me levantei, sentindo-me ligeiramente trêmula, talvez por não ter conseguido colocar nada no estômago desde o dia anterior. Andei devagar até meu guarda-roupa e retirei um uniforme limpo de lá, estendi sobre minha cama e comecei a verificar meu material dentro da mochila. Pensar que, no dia anterior, eu estaria dando um toque no celular de Jug para garantir que ele fosse acordar. Cedi à fraqueza de minhas pernas e me sentei na beirada da cama, sentindo meus olhos embaçados e a angústia embolar-se em minha garganta. Eu não sabia se era capaz de perdoar Jughead, nem mesmo se estava preparada para ouvi-lo explicar-se, mas ficar sem ele parecia ainda pior que qualquer outra coisa. Ele não podia ter feito aquilo por mal, não podia. Ele tinha que ter uma explicação que me fizesse perdoá-lo facilmente, me fizesse esquecer a humilhação toda, ele tinha que me fazer acreditar nele, pois eu precisava dele ao meu lado, acima de tudo.
Tomei um banho, daqueles que a gente sente que pode derreter sob o chuveiro, quem sabe isso resolvesse meu problema de ter que ir para a escola, se talvez eu dissolvesse...
Sequei meu cabelo e vesti meu uniforme, rapidamente fiz uma trança embutida com o meu cabelo e enquanto procurava pelos meus fones de ouvido, um envelope colorido arrastou-se com uma corrente de ar e escondeu-se embaixo da cama, andei até lá e o peguei, na parte de trás reconheci minha caligrafia, "Jug", sorri fraco. Era o convite para o meu festival de danças, era o convite que eu deveria dar a Jug no dia anterior. Mas agora eu não sabia o que fazer com ele, então o deixei sobre minha cama e coloquei minha mochila no ombro, descendo para o café da manhã.
Papai questionou sobre mim e Jug, mamãe também quis saber o que havia acontecido, mas eu me limitei a dizer que havíamos discutido e que eu achava melhor ficarmos afastados por um tempo. Eles pareceram acreditar. Se eu dissesse a verdade, não gosto de pensar no que eles fariam com Jughead e com Veronica... Ok, na verdade eu tinha medo que eu decidisse perdoar Jug e eles continuassem o odiando, teríamos um grande problema com isso. Era melhor ser cuidadosa, agora que eu estava com a cabeça um pouco mais fria.
Quando saímos de casa, eu e Charles, em direção ao carro de papai, pude reconhecer a Tucson de Jug estacionada sob a àrvore do outro lado da rua, meu coração disparou e, mais do que subitamente, meu estômago deu um tranco, enrigeci meus músculos e tentei não ceder à vontade de ir lá e perguntar o que ele estava fazendo ali, apenas para ouvir sua voz. Papai abriu a porta pra mim e eu desviei meus olhos, me recolhendo contra o assento do carro.
Vulnerável, era como eu me sentia enquanto atravessava o gramado do colégio. Sentia as pessoas me olharem, mas não quis saber o que seus olhos refletiam, não me importava. Eu estava cansada de ser julgada, ou que tivessem pena de mim. Eu não precisava de nada disso, eu apenas queria que aquele ano acabasse e eu recomeçaria em algum outro lugar. Eu esqueceria toda aquela gente que me humilhava dia após dia pelo que eu vestia, pelo que eu pensava. As pessoas não sabem lidar com as diferenças, é uma pena.
Ignorei os chamados de Veronica, fui direto para a sala. A última pessoa com a qual eu queria falar era ela. Fiz minhas provas e eu sabia que meu rendimento não tinha sido tão bom quanto o esperado por mim, pelos professores e por meus pais, todavia, eu tinha dado o meu melhor.
Apoiei minhas mãos sobre a mureta e fitei o campus, o refeitório, todas aquelas pessoas apenas esperando a oportunidade de excomungar quem quer que fosse, por motivo nenhum. Novamente aquelas risadas, os gritos, as fotos. Finquei minhas unhas no concreto e apertei meus olhos, liberando as lágrimas presas ali até então.
Minha mente me atormentava, trazendo de volta as coisas que eu queria esquecer. Nossas conversas, risadas, os momentos bons, as discussões tolas... Meu coração encolhia-se ainda mais com aquela saudade, aquela vontade de estar entre seus braços, sentir seu perfume impregnado em minhas roupas...
Ao ouvir o ranger do alçapão, rapidamente virei meu rosto pra trás, eu sabia quem estava ali, a única pessoa com a qual eu havia compartilhado a vista daquele lugar.
- Podemos falar? - O ouvi perguntar, rapidamente ignorei seu olhar e comecei a me afastar, mas senti seus dedos ao redor do meu pulso - Por favor, Betty, me deixa falar com você. - Me livrei de seu toque e marchei depressa até a saída, mas Jug foi mais ligeiro e se colocou sobre a porta, me impedindo de erguê-la. Rolei os olhos e virei o rosto para o lado, tentando me livrar de seus olhos.
- Jughead, por favor, me deixa sair. - Pedi, tremendo dos pés a cabeça.
- Não antes de me ouvir. - Ele persistiu, fechei meus olhos e respirei fundo, tentando controlar minha insana vontade de esmurrá-lo - Betty, eu sei que você deve estar me achando um idiota, e com razão, eu falhei com você e eu mereço... Mereço que você me trate assim, mas eu te peço só uma chance de me explicar. - O encarei, ele pareceu desconcertar-se com isso, pois encolheu-se e coçou a nuca - Eu... Eu não passei aquela foto pra todo mundo, muito menos pra Veronica, eu só tinha... Passado ao Andrews e, bom, eu não sei o que ela fez pra conseguir isso dele, mas sei que... Não foi tão difícil levando em conta que ele é apaixonado por ela. - Eu sentia sinceridade em seus olhos e havia um rastro e honestidade em sua voz, o que me fez sentir a garganta trancada, eu não podia ceder.
- Você não devia ter feito isso, Jug. - Me ouvi dizer, com a voz pastosa - Eu confiava em você.
- Me desculpa, Betty, por favor! - Pediu, tentando se aproximar, me esquivei - Por favor, eu não fiz por mal, eu juro pra você.
- Por que você passou a foto pra ele? Por que fez isso? - Quis saber, engolindo o choro e encarando-o com firmeza.
- Eu não sei, eu achei que ele fosse meu amigo, Elizabeth, eu só queria mostrar...
- Mostrar o quê? Que dormiu comigo?! - Exclamei, agora permitindo-me extravasar a indignação que aquilo me causara - Que conseguiu chegar onde eu não permiti que nenhum outro cara fizesse? Como um troféu? Que você quis exibir? Como um prêmio de consolação por ter me sup...
- Por Deus, Elizabeth! - O ouvi exclamar, com os dedos embrenhados nos próprios cabelos - Que tipo de burro eu seria se espalhasse suas fotos daquele jeito para todo o colégio? Seria quase como pedir que os garotos caíssem em cima de você, eu não faria isso, eu... Eu não aceitaria te perder pra ninguém, entenda isso! - Ambos estávamos exaltados, ele parecia querer fazer com que eu me calasse, apenas com os olhos fixados nos meus daquela maneira.
- Eu não posso. - Soprei sob meu fôlego, sem valor pra desviar meus olhos dos seus.
- O quê?
- Não posso entender e não posso te perdoar agora.
Jug permaneceu apenas me olhando, como se esperasse algo a mais, uma explicação mais específica, talvez. Eu precisava de mais tempo, tempo pra digerir tudo aquilo, pra perdoá-lo por ter traído minha confiança. Tempo pra entender que eu precisava dele a ponto de superar o que ele havia feito.
Aproveitei-me de seu descuido e puxei o alçapão, começando a descer o primeiro lance de escadas. Ouvi seus passos pesados e ligeiros logo atrás de mim, seus dedos agarraram meu antebraço e me puxaram contra si, tropecei em meus pés e senti meu corpo colidir contra o seu, ergui meu rosto subitamente, encontrando seus olhos em meio a penumbra do cômodo. Jug resfolegava, eu podia sentir sua respiração pesada soprar meu rosto e mesclar-se com a minha, também descompassada.
- Elizabeth, você não pode fazer isso comigo. - Ele disse baixo, entredentes, segurando meus braços unidos ao meu corpo, encolhi meus ombros e olhei para outro lado.
- Me solta, Jughead. - Pedi, sem olhá-lo, e o senti me sacudir, voltei a encará-lo, agora assustada - Você está me machucando, me solta!
- Elizabeth, você já parou pra pensar em como vão ser seus dias sem mim? - Ele perguntou, de uma maneira desesperada - Porque os meus serão uma merda sem você e eu sei que eu estou parecendo um maricas agora, mas eu-preciso-de-você!
- Me solta, Jones! - Exclamei, tentando ignorar aquela declaração e a maneira como ele me segurava - Não me faça ficar aqui sem querer. - Pedi, entredentes. Jug afrouxou seus dedos em torno de meus braços e me soltou, seus olhos penderam pra baixo, sua expressão de repente triste fez com que meu coração batesse mais lentamente, ele assentiu uma vez, respeitando minha decisão, eu não queria isso, essa não era minha decisão - Ou me faça querer ficar.
Jug me pareceu completamente surpreso diante do meu pedido, eu sentia minhas pernas vacilarem como se de repente não houvessem ossos para mantê-las firmes. Um baque surdo se fez quando meu corpo foi lançado contra a parede e em seguida a boca de Jug estava grudada na minha. Nos beijávamos com urgência, a mesma com a qual as mãos de Jug percorriam minha cintura, me forçando contra seu corpo como se quisesse me colocar dentro de si. Não seria bom se desse certo?
Alisei seu peito sobre a camisa e agarrei o nó de sua gravata, começando a desfazê-lo às cegas enquanto sentia as mãos de Jug tatearem firmemente a parte traseira de minhas coxas, atraíndo-as facilmente para sua cintura. Desisti de me desfazer de sua gravata e me distrai com seus cabelos enquanto sentia seus lábios depositarem beijos famintos por meu pescoço, com uma experiência que eu adorava nele.
- Está sentindo isso? - Ouvi seu timbre rouco em meu ouvido e estremeci, sentindo meu corpo todo arder em contato com o seu - Não importa o que façam, ou o que digam, isso nunca vai mudar... - Ele falava e arfava enquanto desabotoava desastradamente minha camisa - Eu te amo.
- Eu te perdoo.
Jug sorriu com os lábios colados nos meus e depois voltou a me beijar, afastando minha blusa e apertando meus seios sobre o sutiã, numa massagem bruta. Voltei a trabalhar de maneira débil com os botões de sua camisa, retirando-os de suas casas e expondo seu peito. Alisei sua pele rígida e quente enquanto sua língua brincava dentro da minha boca, não tão delicada quanto das outras vezes.
Senti suas mãos agarrarem meu quadril por baixo da saia, forçando sua ereção contra mim. Controlei um gemido, mas, ao senti-lo repetir a pressão, deixei escapar um ruído dentro de sua boca, que agora parecia ainda mais feroz. Seus dedos invadiram minha calcinha, me tocando com maestria enquanto com a outra mão libertava meu seio de dentro do sutiã, começando a sugá-lo sem mais delongas.
Pressionei minha cabeça contra a parede e rebolei contra seus dedos, agarrada aos seus cabelos enquanto o sentia mordiscar meu mamilo. Grunhi, sentindo meu corpo queimar intensamente a cada movimento de seus dedos contra meu clitóris. Com dificuldade, desafivelei seu cinto e desabotoei sua calça, abaixando até onde pude. Alisei - de um jeito desatento - seu sexo, completamente rígido, dentro da boxer justa, ouvindo Jug chamar meu nome em um tom sufocado, arrebentando arrepios por todo meu corpo.
O senti segurar meu pulso e por conta própria abaixou sua boxer, pegando o preservativo em sua carteira, que em seguida perdeu-se pelo chão. Ele mesmo se protegeu e, em seguida, afastou minha calcinha para o lado. Nenhum de nós disposto a nos desprender para nos livrarmos de qualquer peça que fosse. Senti uma única investida de Jug, prendi todo o ar que pude, sentindo como se ele houvesse me rasgado por dentro. Agarrei seus cabelos com força, sentindo-o estocar ávidamente dentro de mim, me invadindo de maneira intensa.
Tudo o que podíamos ouvir era nossa respiração ruidosa, mas o sinal soou e o corredor começou a ser preenchido por passos apressados. Jug soltou um gemido mais alto, me estimulando a fazer o mesmo. Pouco tempo depois, chamávamos um pelo outro sem nos importar com mais nada que não fosse o orgasmo que, em pouco tempo, antingimos.
Alisei as costas de Jug sobre sua camisa completamente úmida, me agarrei ao tecido e enterrei meu rosto em seu pescoço, com os olhos apertados. Ele me segurava e me abraçava com a mesma devoção, soltei um suspiro forte e sorri fraco ao senti-lo beijar minha bochecha com calma.
- Senti sua falta, minha menina. - Mordi o lábio, apertando-o em meus braços.
- Tenho que ir. - Me limitei a dizer - Tenho prova. - Jug buscou meu rosto com os olhos e examinou minha expressão, sorri fraco e o senti me colocar no chão.
- Tudo bem. - Concordou, livrando-se do preservativo e erguendo sua boxer enquanto eu abotoava novamente minha camisa - Estamos bem, agora? - Perguntou, visivelmente angustiado.
- Nós conversamos depois, está bem? Boa prova.
Saí de lá depressa e corri até a sala onde estava sendo aplicada minha prova. A resolvi facilmente e a que veio a seguir da mesma maneira. Veronica tentou falar comigo assim que pisei no gramado, pronta pra ir pra casa. Eu novamente a ignorei, bem como as coisas que ela dizia. Eu era grata por sua preocupação, mas não era mais capaz de confiar nela. Vi Jug encostado em seu carro, ele havia se apressado pra terminar sua prova, ou tinha ido muito bem, ou realmente muito mal... Fico com a segunda opção. Jug nunca estudava, eu costumava me importar com isso, mas de alguma forma eu sabia que ele não ia precisar de química orgânica ou fórmulas de Bháskara, era só o Jug, um rockstar.
Sorri fraco pra ele e continuei a caminhar em direção à saída, rapidamente sua expressão se torceu, confuso. Ri baixo e vi o carro de meu pai parado ao lado do portão, assim que me ajeitei no assento, ouvi meu celular vibrar, vasculhei meu material até encontrá-lo.
- Alô.
- Por que você não veio nem me cumprimentar? - Esbravejou imediatamente, mordi o lábio e olhei de esguelha para meu pai.
- Depois a gente conversa, Jug. - Falei, meio baixo, meio entredentes, meio inaudível.
- Quê? - Suspirei alto - Seu pai não pode ouvir sua explicação?
- Não.
- Ok, então eu vou te buscar à tarde.
- Não vai dar, tenho compromisso o dia todo. - Ouvi Jug bufar - Faz o seguinte, passa lá em casa uma hora, em ponto!
- Combinado. - Desliguei o celular e o deixei sobre meu colo.
- Você e Jug, qual o problema? - Eu sabia que isso ia acontecer - Por que se desentenderam?
- Foi só um mal entendido, papai, nada demais, vamos conversar e nos resolver.
- Ele te magoou? - Olhei para meu pai e novamente para o lado de fora do carro, umedecendo meus lábios.
- Talvez eu me magoe muito fácil.