Betting Her - Adaptação Bughe...

By litrolouis

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Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeit... More

Cap.1 "Please, allow me to introduce myself" (Rolling Stones)
Cap.2 "But like none of em are (like you)" (Ciara)
Cap.3 "If you put me to the test, if you let me try" (ABBA)
Cap.4 "Would you tremble if I touched your lips?" (Hero - Enrique Inglesias)
Cap.5 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap.6 "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (John Mayer)
Cap.8 "You know it's only just begun" (Nickelback)
Cap.9 "I wonder what's like to be loved by you."
Cap.10 "I wonder what's like to be loved by you"
Cap.11 "Do you care if I don't know what to say?" (There Is - Box Car Racer)
Cap.12 "It's just that no one makes me feel this way" (Justin Timberlake)
Cap.13 "I said too much again" (My Stupid Mouth - John Mayer)
Cap.14 "You make it easier when life gets hard" (Lucky)
Cap.15 "Can you feel the love for the first time?" (V Boys)
Cap.16 "My heart beats faster when you take me over" (Mariah Carey)
Cap.17 "One thing I can say, girl, love you all the time" (The Beatles)
Cap.18 "It may be over, but it won't stop there" (James Blunt)
Cap.19 "Back under the stars, back into your arms" (Avril Lavigne)
Cap.20 "I just don't wanna miss you tonight" (Iris - Goo Goo Dolls)
Cap.21 "You fave my life direction, a game show love conection" (Train)
Cap.22 "I've had you so many times, but somehow, I want more" (Maroon 5)
Cap.23 "If you wanna fight, I'll stand right beside you" (The Heart Never Lies)
Cap.24 "The truth hurts, the lies worse" (Broken Strings)
Cap.25 "I'm sorry for the things that I did not say" (Akon)
Cap.26 "You're acting like you're somebody else" (Avril Lavigne)
Cap.27 "Somebody made a bet, somebody paid" (Bruce Springsteen)
Cap.28 "And she comes and goes, like no one can" (John Mayer)
Cap.29 "Only you can cool my desire, I'm on fire" (Bruce Springsteen)
Cap.30 "Inside I know it's over, you're really gone" (Mariah Carey)
Cap.31 "That kinda lovin' turns a man to a slave" (Crazy - Aerosmith)
Cap.32 "Only in hopes of dreaming that, everything would be like it was before"
Cap.33 "Let's go all the way tonight, no regrets, just love" (Katy Perry)
Cap.34 "What if you did? What if you lied? What if I avenge?" (Creed)
Cap.35 "I knew about your plans to make me blue" (Marvin Gaye)
Cap.36 "I can't ignore you, you sent me spinning" (Boomerang - Plain White T's)
Cap.37 "But if you need me, I'll be there" ('ve Got You - McFLY)
Cap.38 "I don't want you to say a single word" (The Pussycat Dolls)
Cap.39 "The day has come and now you'll have accpet" (Oasis)
Cap.40 "I've found out a reason for me to change who I used to be" (Hoobstank)
Cap.41 "Espera, que o sol já vem" (Mais Uma Vez - Legião Urbana)
Cap.42 "Eu sou um acidente em câmera lenta" (Hear Me Out - Frou Frou)
Cap.43 "Trying to recall what you want me to say" (Kings Of Leon)
Cap.44 "But Angie, Angie, ain't it good to be alive?" (The Rolling Stones)
Cap.45 "In the way she moves, attracts me like no other lover" (The Beatles)
Cap.46 "And I don't know which way it's gonna go" (James Morrison)
Cap.47 "And you won't be alone, I am beside you" (Angels & Airwaves)
Cap. 48" I said, for you I'm a better man" (Better Man - James Morrison)
Cap.49 "I hate to look into those eyes and see an ounce of pain" (Guns N' Roses)
Cap.50 "I die when he comes around to take you home" (Damien Rice)
Cap.51 "I'm hanging by a moment here, with you" (Lifehouse)
Cap.52 "Forget yesterday, we'll make the great escape" (Boys Like Girls)
Cap.53 "With your pretty mouth, laughing with your broken eyes" (The Corrs)
Cap.54 "You made me feel like our love was not real" (Chris Brown)
Cap. 55" Give me reason, but don't give me choice" (James Blunt)
Cap.56 "Sishing to kiss you, before I rightly explode" (Jason Mraz)
Cap. 57"You see, she hides 'cause she is scared" (Red Hot Chilli Peppers)
Cap.58 ''And I don't wanna lose you" - Don't Let It Go To Waste - Matt Willis
Cap.59 ''Pois quando eu penso em você, eu não me sinto tão sozinha" - Owl City
Cap.60 "I just feel complete when you're by my side" - A Day To Remember
Cap.61 "Looking in your eyes, hoping they won't cry" - McFLY
Cap.62 PARTE I "Close your eyes, listen to my voice, I'm by your side"
Cap.63 PARTE II "Thousand miles seems far, I'd walk to you if I had no way"
Cap.64 "You and I know what this world can do" - Bruce Springsteen
Cap.65 "So much has changed, now it feels like yesterday I went away" - McFLY
Cap.66 "Cada palavra que você diz, deveria anotar. Não quero esquecê-las"
Cap.67 "Eu tenho uma última chance para encontrar a mim mesmo" - Last Chance
Cap. 68 "I forgive you for been away for far too long" - Far Away
Cap. 69 "It's been an everlasting summer since we found each other" - McFly

Cap. 7 "Please let me know that my one bad day will end" (Blink 182)

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By litrolouis

Eu podia jurar que, depois de tomar uma decisão, as outras fases daquele término seriam fáceis, mas, quando o sol substituiu a lua e o céu clareou por completo, a desistência me pareceu um caminho bem mais acessível.
Nada me atraia mais do que ficar na cama pelo resto do meu dia, fugir de Elizabeth até ela perceber sozinha que não deveriamos ficar juntos e ficar irritada o bastante para não querer mais me ver, seria tudo mais fácil dessa forma. Mas que merda de hora eu fui aceitar essa maldita aposta! Digo, não aceitei, apenas não neguei. Por que o bosta do Lenni tinha que existir? E que promessa idiota era essa da Jessy? E que tipo de vegetal faria uma aposta desse tipo? Todos eram culpados, menos eu! Bom, talvez eu tenha uma parcela de culpa em não ter negado e estar nessa, por mais que eu não quisesse, eu toquei a barriga da garota mais inocente que eu já havia conhecido, eu a fiz assistir Lolita e eu a estava desvirtuando sem nenhum esforço. Ela também tinha culpa por deixar, ou a culpa era minha de ter incitado-a?

- Nossa, já está de pé? - Meu pai perguntou surpreso ao me ver entrar na sala de jantar, assenti e me joguei na cadeira. - Aconteceu algo? - Ele perguntou, fechando o jornal e deixando-o ao lado de seu pires.
- Eu preciso de uma ajuda. - Eu disse, apoiando os antebraços na mesa.
- Ok. - Ele disse e assumiu uma posição parecida com a minha.
- O senhor pode depositar 2.500 libras na minha conta? - Eu perguntei, encarando-o, a expressão preocupada de meu pai se tornou em uma de susto.
- Tudo isso? Para quê você quer 2.500 libras? - Ele perguntou confuso.
- Ah, pai, é coisa minha. - Suspirei e ele se recostou na cadeira.
- Que coisa sua? - Ele indagou com o olhar desconfiado, soltei um suspiro longo.
- Você não vai contar à mãe? - Ele negou com a cabeça. - Eu e os meninos... digo, os meninos apostaram comigo que, se eu não conseguisse ir ao baile de primavera com uma garota lá da escola, eu teria que transar com a garota que estava aqui ontem. - Eu dizia em tom baixo, se minha mãe soubesse eu certamente ficaria de castigo. - E, de quebra, eu ganharia 3.000 libras, agora se eu desistir... eu tenho que pagar a eles, e eu só tenho 500. - Eu disse sem graça.
- Jughead ... - Ele começou e respirou fundo, apoiando os antebraços na mesa outra vez, encarando-me. - Filho, isso é muito errado, isso está muito errado. Esses seus amigos... O que é isso? 3.000 libras para você transar com uma garota como a que estava aqui ontem? - Eu contraí o cenho. - Esse é o tipo de garota que merece respeito, que a gente fica junto sem nada em troca. Você não gostou dela nem um pouco? - Ele me perguntou e eu senti a garganta trancar, olhei para o lado.
- Não, pai, nem um pouco. - Dei de ombros, meu pai soltou um riso anasalado e eu o encarei.
- Ok, então eu vou colocar esse dinheiro na sua conta e você paga esses garotos, mas, antes de largar dessa garota, pense bem... Porque essa aposta pode ser só uma desculpa de aproximação, e você pode não saber mais ficar longe dela.
- Bom dia, meus bebês. - Minha mãe interrompeu meu pai e eu senti uma onda de alívio inundar meu corpo.
- Bom dia. - Respondemos, ainda nos olhando com cumplicidade.

Tomei meu café sem muito entusiasmo, só coloquei para dentro o que meu estômago permitiu. Meu pai sacou o iPhone do bolso e fez a transmissão do dinheiro para minha conta. Antes mesmo de esperar minha mãe acordar a Jellybean, eu saí de casa e fui direto ao banco. Peguei o que havia lá e me dirigi à escola. Ainda não tinha muita gente por ali, então, após deixar meu material no armário, eu fui para o gramado e me sentei na mesa onde os garotos viriam quando chegassem.

- E aí, cara! - Fangs chegou e me cumprimentou.
- Hey. - Após o high five, ele se sentou ao meu lado e eu apoiei os braços na mesa, soltei um suspiro longo. - Será que os dois imbecis vão demorar?
- Já devem chegar, por quê? - Ele perguntou, curioso.
- Quero falar com vocês sobre a aposta. - Eu disse sério.
- Ah! Por falar na aposta... o que foi aquilo ontem, cara? E por que você não apareceu para o ensaio à tarde? - Ele perguntou rápido e eu bufei.
- Eu fiquei irritado ontem, me alterei. - Respondi sem graça. - E me esqueci do ensaio, desculpa, cara. - Ele assentiu.
- No problem. - Bateu no meu ombro. - Mas hoje você tem de ir, o baile de primavera está aí, ao que tudo indica, nós vamos tocar. - Ele me dizia e eu apenas assentia. - Cara, você está legal? O que houve?
- Fangs, eu quero romper com a aposta. - Eu disse sincero, olhando para ele, que riu.
- Eu achei que você aguentou até demais, já provou que tem estômago, pode desistir quando quiser. - Ele deu de ombros. - Nós estávamos levando na brincadeira de início, mas aí você foi lá e saiu com ela. - Eu me sentia patético naquele exato minuto.
- Cara, eu não acredito! - Eu exclamei irritado. - Por que vocês me deixaram fazer se não estava valendo a aposta? - Eu perguntei rápido.
- Porque você levou a sério, então nós achamos que seria engraçado. - Deu de ombros.
- As coisas não funcionam assim, mate. - Eu disse, virando o rosto para o outro lado.
- Do que você está falando, afinal? Você não queria quebrar a aposta? Já disse que tudo bem, então por que está bravo? - Eu bufei, nem mesmo eu sabia o motivo.
- Deixe para lá, eu vou falar com ela quando ela chegar. - Eu disse ainda sem encará-lo, o silêncio reinou e eu senti o peso dos olhos de Fangs sobre mim, virei-me e o encontrei com uma expressão variando entre confusão e malícia.
- Você gosta dela. - Isso não foi uma pergunta.
- Claro que não! - Eu disse rápido e ri tenso, ele arregalou os olhos e gargalhou.
- Cara, você gosta mesmo dela? Por isso aceitou a aposta? Pode dizer, Jughead, eu não vou contar a ninguém. - Ele dizia entre risos.
- Pare de ser idiota, quem pode gostar daquele tipo de garota? Ela é uma nerd, chata e que tem vergonha de tudo! - Eu disse rápido, exasperado, e Fangs soltou um suspiro aliviado.
- Agora você me assustou, eu juro. - Ele disse com a mão no meu ombro, rindo.
- Não se preocupe. - Eu disse, sério. - Dessa doença eu não morro. - Pisquei falso e me virei para o outro lado.

Os garotos começaram a chegar e entramos num consenso, a aposta acabava ali, junto com meu pseudo romance com Betty e tudo ficava certo, desde que eu compusesse duas músicas para a banda. É certo que eles fizeram isso só como forma de eu não sair imune.
Meu nervosismo aumentava a cada minuto que se passava, eu ainda estava decidindo se queria que ela chegasse de uma vez para que pudéssemos conversar e assim eu ficaria livre o resto da tarde; ou se eu queria que ela nem viesse e assim eu iria adiar o término, mas lá estava ela. A roupa era a mesma, o jeito de andar, a quantidade de material. A grande diferença estava nos óculos de grau pequeno que estava suspenso em seu rosto, ela ficava linda com ele... Oh, shit!

- Melhor ir se livrar dela agora, cara, aproveita que não tem muita gente aqui.
- É, eu vou fazer isso.

Eu disse, sentindo meu coração comprimir a um ponto que chegou a causar falhas na minha respiração. Levantei-me e caminhei completamente hesitante até a mesa onde ela estava sentada, segurando o livro que lia e onde fazia algumas anotações rápidas. Sentei-me ao seu lado e ela me esboçou um sorriso rápido, tornando a ficar séria no instante seguinte para continuar o que fazia.

- Literatura? - Eu perguntei, colocando as mãos entre as pernas, e ela assentiu.
- Estudou? - Ela me perguntou sem me olhar.
- Er... não. - Disse sincero, ela me olhou repressiva e voltou a olhar para o livro.
- Deveria. - Disse, empurrando o livro na minha direção. - Eu anotei as coisas que considero mais importante, se quiser dar uma olhada. - Ela disse, olhando-me e baixando o rosto depois.
- Hum... Na verdade, eu queria falar com você. - Disse, sentindo meu peito se encher de coragem, que foi embora no segundo seguinte, quando ela me olhou nos olhos e assentiu vagarosamente.
- Pode dizer. - Eu assenti e me virei de frente para ela, deixando um pé de cada lado do banco.
- Elizabeth, eu... eu estou um pouco confuso. - Eu disse, sem saber direito o que estava fazendo. - E-eu... eu... não sei como fazer isso sem te magoar... mas é que eu não quero... eu acho melhor nós pararmos por aqui. - Eu disse, notei que ela deixou-se sobressaltar minimamente para, em seguida, assentir em pausas, como se estivesse digerindo o que eu havia dito. - Não quero que fique chateada. - Eu disse, sincero.
- Tudo bem. - Ela disse séria e puxou o livro de volta, colocando-o sobre o colo e passando o marcador amarelo fosforescente por algumas frases, traguei em seco e passei a mão no cabelo, olhei para os garotos, que riam de mim, e voltei a olhar para ela.
- Você não quer ser minha amiga? Podemos ser bons amigos. - Eu disse, sentindo meu coração apertar com a ideia de nunca mais falar com ela.
- Nunca fomos amigos. - Ela disse baixo e eu pude notar uma trepidação em sua voz.
- Mas eu quero que sejamos agora, eu... eu quero ficar perto de você, eu preciso disso. - Sua calma estava me desesperando.
- Sabe, Jones... - Ela disse, virando o rosto para mim, e só então notei seus olhos mareados, prestes a transbordarem, por culpa minha. - Você nunca quis que fôssemos amigos, estudamos juntos desde a quinta série e você nunca sequer foi gentil comigo, não faz sentido você precisar disso agora. - Ela disse lentamente, como se falasse com uma criança, depois se levantou e juntou seu material. - Você não precisa disso, e eu acho que, se você realmente quer ser meu amigo, você não deveria começar mentindo para mim. - Sorriu irônica e depois saiu de perto de mim.

Não sei por quanto tempo minha respiração ficou presa, talvez desde o minuto em que ela se levantou até ela desaparecer na porta do refeitório. Só então soltei o ar preso nas bochechas e pude sentir o corpo latejar pelo tempo que o retive, meu coração se mostrou desesperado, parecendo grande demais para o meu peito naquele momento.
Levantei-me e senti as pernas fraquejarem, praguejei-as por isso enquanto retornava até a mesa, onde os garotos gargalhavam, neguei com a cabeça e me sentei, totalmente mal humorado.

- E aí? Ela chorou? - Sweet Pea perguntou, achando graça.
- Não. - Eu disse simplesmente, na verdade acho que fui um pouco áspero.
- Ih, que bicho te mordeu? - Fangs perguntou, confuso.
- Nada, cara. - Respondi, impaciente. - Vou para a sala.

Como já era de se esperar, eu bombei em Literatura, tinham 8 questões, quatro objetivas e quatro dissertativas, se eu tiver sorte acertei uma das objetivas, agora me perguntem se eu sou um cara de sorte. Acho que dá para saber a resposta. Não estava a fim de assistir aula, na verdade, eu não queria ficar na escola. Durante o intervalo, Betty ficou sentada sozinha na mesa onde sentamos no dia anterior, tomou seu leite tranquilamente, ouvindo as mesmas piadas de sempre. Eu estava me sentindo estranho, eu realmente queria ir lá e me sentar com ela, eu queria quebrar a cara de cada um deles que ficavam falando bobeiras para ela, ela não deveria ouvir aquilo, mas quem era eu para protegê-la, depois do que eu pretendia fazê-la passar?
Eu nunca desejei tanto que o sinal tocasse para que eu pudesse me enfiar em qualquer sala e fingir que estava prestando atenção. Que diabos estava acontecendo comigo? Eu deveria estar me sentindo aliviado por ter me livrado da aposta e de Betty ao mesmo tempo, e sem pagar nada aos garotos, eu ainda podia comprar um instrumento novo, então por que eu me sentia exatamente como me senti quando minha primeira namorada me deu um fora e eu chorei um dia inteiro? Por que eu estava angustiado? Eu sou Jughead Jones, tudo ficaria bem, no worries!

- Oi, filho. - Minha mãe disse assim que eu passei pela porta da sala de jantar.
- Oi. - Eu respondi e olhei para o meu pai, depois olhei para a mesa e suspirei. - Vou subir, depois eu como qualquer coisa.
- Não, senhor, sente-se e coma conosco. - Minha mãe disse, emburrada.
- Mãe. - Arrastei a voz, olhando-a com os ombros arcados para baixo.
- Está bem, está bem, mas só dessa vez. - Ela disse, séria, mas depois sorriu.
- Valeu. Bom apetite para vocês, licença. - Disse enquanto cruzava o cômodo.

Larguei minha mochila no chão e meu corpo na cama, eu só queria poder dormir o resto do meu dia, mas no momento em que eu fechei os olhos o sono resolveu tirar um racha com meu tédio e os dois sumiram, tornando-me novamente um ser agitado, como sempre. Odeio me sentir hiperativo!
Tomei um banho rápido, cantarolando uma coisa qualquer só para não pensar, o que definitivamente é uma boa tática, quem quiser tentar, eu aconselho. Coloquei uma bermuda, a primeira que puxei da gaveta, e uma camiseta, também a primeira.

- Filho? - Meu pai tocou na porta, eu equilibrei a cadeira do computador nas pernas de trás e olhei para ele. - Posso entrar?
- Entre aí. - Eu disse, voltando a cadeira e olhando para a tela do computador.
- E aí? Deu certo? - Ele perguntou, parando do meu lado, balançando a chave do carro na mão.
- Deu. - Encolhi os ombros, sem olhar para ele. - Eles não aceitaram o dinheiro, só rompemos a aposta.
- Hum, e você terminou com ela? - Perguntou, apoiando a mão na escrivaninha, eu assenti, com as sobrancelhas arqueadas em sinal de desdém. - E não está se sentindo bem com isso. - Ele afirmou, eu dei de ombros, forjando desinteresse.
- Sei lá, tanto faz.
- Eu não sou um dos seus amigos, Jughead e, ao contrário deles, eu tenho alguma experiência com esse tipo de coisa. - Ele disse e eu rolei os olhos, virando o rosto em sua direção para esperar o sermão. - Não vou te dar sermão. - Ele disse rindo e eu ri também.
- Então...
- Então você deveria pensar mais em você do que no que os outros vão pensar disso.
- Pai... - Eu comecei, mas ele me interrompeu.
- Jughead, você não é mais uma criança. - Ele disse sério e eu suspirei. - Você sabe o que fazer porque eu e sua mãe te educamos bem, creio eu, espero não estar enganado.
- Não está, pai.- Eu disse, cruzando os braços.
- Ok, se você gosta dela, diga isso a ela e a quem quiser saber. - Deu de ombros e foi saindo. - Tchau.
- Pai... - Chamei e ele se virou. - Valeu. - Sorri forçado e ele fez um sinal positivo com o polegar antes de sair definitivamente do meu quarto.

Assim que estive novamente sozinho, eu tinha duas escolhas a fazer: pensar sobre aquilo ou ignorar aquilo. Admito que fiquei tentado a pensar, mas decidi ignorar e me arrumar para o ensaio, Fangs me mataria se eu não fosse outra vez.
Calcei meus vans e peguei minha pasta de partituras e joguei dentro de uma mochila junto com algumas palhetas; peguei minha gaita e a coloquei junto com os demais objetos antes de fechar a mochila e jogá-la nas costas enquanto descia rapidamente as escadas.
"Well, I met this girl, just the other day", eu tinha essa frase e nenhuma outra que rimasse se formava em minha cabeça, eu precisava acabá-la para valer minha palavra. Eu disse que faria e iria fazer, eu só precisava de mais inspiração.
O ensaio foi... complicado? Os garotos estavam empenhados demais e eu estava empenhado "demenos", eu simplesmente não estava me sentindo à vontade, eu errei praticamente todas as músicas que tocamos e isso os deixou um pouco irritados, eu diria. Fangs levava tudo isso muito a sério, e eu também, mas não dedicava toda minha vida a isso, talvez antes sim, mas agora eu estava um pouco perdido, hoje eu estava um pouco perdido, talvez eu precisasse dormir um pouco. Minha mãe sempre disse que noite mal dormida resulta em um dia sem produtividade, acho que ela está certa.

- Tá, para mim deu! - Sweet Pea disse, irritado.
- Desculpa. - Eu disse, realmente frustrado. - Eu não estou fazendo por querer.
- Aconteceu alguma coisa, dude? - Archie perguntou, passando a mão por trás da cabeça, eu neguei com a cabeça e umedeci os lábios.
- Eu só estou um pouco alienado. - Eu disse, sentando-me no chão e esfregando o rosto. - Amanhã vou estar melhor... eu acho. - Sussurrei a última parte, olhando para a parede.
- Já sei. - Sweet Pea disse, deitado no chão. - Vamos tomar algumas cervejas e jogar um pouco de videogame. - Sentou-se e depois se levantou.
- É, cara, vamos lá. - Archie tentou me animar e eu fingi que tinha funcionado, levantando-me e os seguindo para fora da garagem e para dentro da casa de Fangs.

Um pouco de toda aquela distração me fez bem, na verdade acho que o álcool foi o motivo de algumas gargalhadas, o fato é que eu me diverti bastante durante o resto da tarde, mas voltar para casa fez todo o clima fúnebre voltar de uma vez só. Eu estava tão para baixo que isso chegava a me irritar, pois eu não via motivo concreto para isso, ou pelo menos fingia não ver, queria não ver, mas estava ali, bem à minha frente, nome e sobrenome em letras garrafais contornadas com neon verde: "Elizabeth Cooper". As setas piscavam apontando para ela, todos os caminhos me levavam a ela, tudo era ela, tudo sobre ela! Eu odeio essa minha falta de controle sobre os sentimentos, mas eu a odeio ainda mais por ter me encantado da forma como havia feito. Logo ela... Logo Elizabeth Cooper.
No jantar, eu descontei minhas frustrações na comida, wow, como eu comi! Isso me deixou um pouco mais calmo, ou pelo menos até meu estômago esvaziar e minha mente pedir por um pouco de sorvete. Verifiquei as horas e vi que passava das 10 havia algum tempo, bom, que mal tinha? Sorveterias não fecham às 11, fecham?
A verdade é que eu só entrei naquele carro e fui em busca de uma sorveteria como desculpa, e eu só descobri isso quando me peguei parado em frente à casa dela. Perguntei-me e agora pergunto a você: qual o meu problema? Por que ela iria me atender? Por que ela falaria comigo? Ela não tinha motivos para isso, não fazia sentido algum, e eu sabia disso, mas por que então eu desci do carro e fui até a porta? Não sei, mas, quando dei por mim, já tinha pressionado a campainha. Sentia minhas pernas tremerem feito galhos apodrecidos, e confesso que meu coração parou por alguns segundos quando eu vi a figura de um homem alto aparecer na porta.

- Posso ajudar? - Ele me perguntou, sério, eu traguei a saliva, pisquei algumas vezes e abri a boca na intenção de dizer algo, só bastava encontrar minha voz.
- Er... a Elizabeth está? - Eu perguntei, sentindo-me uma garotinha com a voz trêmula e esganiçada, idiota.
- Ela está dormindo, o que você quer com ela? - Ele perguntou, ainda no mesmo tom firme, fazendo uma dor de barriga instantânea me afetar.
- Ela esqueceu... um livro de Literatura na sala de aula... Eu peguei e só pude vir agora... Eu... Ela... É isso. - Eu finalizei e bufei discretamente, ainda sentindo meu estômago vibrar de medo.
- Pode dar para mim, eu entrego para ela. - Ele disse, cruzando os braços, eu senti meus músculos se contraírem.
- Eu... - Apontei com o polegar na direção do meu carro, na verdade, ele estava para o outro lado, mas acho que ele entendeu. - V-vou pegar ele.
- Quem é, papai? - Ouvi a voz infantil dizer e logo um garotinho surgiu entre as pernas do homem e me sorriu, sorri fraco, quase saindo correndo. - Betty, o seu amigo está aqui! - Ele saiu correndo e gritando pela casa, o senhor à minha frente me encarou sério e minha respiração resolveu me deixar na mão.
- Amigo? - Ouvi Elizabeth dizer e logo a vi surgir ao lado do pai, sua expressão de susto foi impagável, eu não sabia se ria, se chorava ou me cagava de medo. - Jones?
- E-eu... - Eu ia começar, mas o pai dela me interrompeu.
- Ele veio te entregar um livro de Literatura que você esqueceu na sala, não é isso, rapaz? - Eu assenti rápido e ela contraiu o cenho.
- Tudo bem, pai, eu já vou entrar. - Ela disse cuidadosa, passando à frente dele.
- Não demore, você tem de colocar seu irmão na cama, já passou da hora. - Ele disse ríspido e eu baixei a cabeça. - Boa noite, rapaz.
- Boa noite, senhor. - Eu disse, tomando postura, ele saiu carregando o pequeno pela mão.

Elizabeth fechou a porta atrás de si e se encostou a ela, colocando as mãos no bolso do moletom cinza que usava por cima da calça rosa bebê, provavelmente era parte de um pijama. Ela estava me encarando sem se mover enquanto eu me mexia até demais, balançando para frente e para trás enquanto estralava todas as juntas dos meus dedos. Ela soltou um suspiro longo e pesado e eu notei que era hora de começar a falar.

- Não tem livro nenhum. - Eu confidenciei e ela arqueou a sobrancelha.
- Eu sei disso, meus livros estão todos comigo. - Ela disse sem nem sinal de timidez na voz, estava brava.
- É. - Eu disse, encarando seu rosto delicado, os óculos em seu rosto indicavam que ela provavelmente estava lendo. - Eu vim falar com você sobre... sobre o que aconteceu hoje mais cedo. - Eu disse, cruzando meus braços para tentar cessar com a agitação das minhas mãos.
- Hum... - Ela continuou me olhando, esperando que eu concluísse a conversa enquanto eu me perguntava uma maneira de fazer isso.
- Eu estou arrependido. - Eu disse sincero, notei que ela se surpreendeu com a minha honestidade e a facilidade com que falei aquilo. - Eu... estou mesmo arrependido do que eu fiz, é complicado dizer. - Eu dizia hesitante, eu podia jurar que vomitaria a qualquer momento tamanho meu nervosismo. - Eu não sei fazer isso, eu não sei lidar com essas coisas... Eu estava certo... certo de que aquilo era o que eu tinha que fazer. - Eu disse, gesticulando. - Mas aí agora eu... eu não quero mais, não sei se estou me preciptando ou se... eu não sei! - Disse, impaciente, ela encolheu os lábios. - Eu te quero de volta. - Disse baixo, erguendo meu rosto até o dela. - Fica comigo?
- Jughead... - Ela começou e eu senti meu corpo estremecer.
- Olha, eu sei que eu deveria ter pensado isso antes de terminar com você, e que eu fui muito imaturo e preciptado, mas você não entenderia minhas razões. - Eu falava rápido, sem conseguir olhar diretamente para seu rosto. - Eu estava confuso, mas agora eu tenho certeza, eu quero mesmo ficar com você, e se você não quiser me perdoar agora, tudo bem, eu vou entender, juro que vou, mas eu pens...

Não pensei em mais nada, exatamente nada passou pela minha mente quando Elizabeth segurou meu rosto firmemente e sussurrou para que eu calasse a boca, antes de fazer isso por conta própria, tomando meus lábios para si num beijo calmo. Sem mais delongas, eu a abracei pela cintura e a apertei contra mim, expressando o quanto eu estava contente por aquele beijo estar acontecendo.
Nossas línguas dançavam freneticamente dentro de nossas bocas, as mãos de Elizabeth afagavam meus cabelos, puxando-os vez ou outra, enquanto minhas mãos lhe acariciavam as costas, uma por fora e outra por dentro do moletom, sentindo sua pele eriçada sob minha palma. Elizabeth subia nas pontas dos pés, buscando um maior contato entre nossos corpos, enquanto eu tentava incessantemente fazer com que ela aceitasse passar as pernas por minha cintura, mas tanto um quanto o outro paramos quando a luz da varanda se acendeu, eu pulei para trás e passei as mãos pelo cabelo, Elizabeth estava encostada na parede, arfando, com as mãos para trás e cabisbaixa.

- Eu tenho que entrar. - Ela disse, erguendo os olhos na direção dos meus.
- Tudo bem, eu... me desculpa vir esse horário. - Eu disse, aproximando-me um pouco, ela negou com a cabeça.
- Foi a melhor visita inconveniente que eu já recebi. - Ela disse, sorrindo envergonhada, eu ri um pouco e a abracei com força, erguendo-a breve e facilmente do chão.
- Amanhã eu passo para te pegar antes de ir para a aula, ok? - Eu disse, alinhando meu rosto frente ao dela.
- Não, melhor não, meu pai não sabe de nada ainda. - Ela sussurrou e eu me lembrei disso, coloquei-a no chão calmamente.
- Mas... ele nem vai ver. - Eu disse com os ombros encolhidos.
- Eu... levo meu irmão para a escola antes de ir para o colégio.
- Subornamos ele, eu levo os dois. - Eu disse, sorrindo divertido, ela riu baixo e acaricou meu rosto com o polegar.
- Está bem. - Suspirou e eu sorri mais ainda.
- Até amanhã. - Selei meus lábios demoradamente nos dela.
- Até. - Disse assim que nos afastamos e abriu a porta, entrando sem tirar os olhos dos meus. - Boa noite.
- Você já fez da minha noite ótima. - Sussurrei, descendo as escadas, virado de frente para ela, que sorriu e encostou a porta assim que me virei.

É, não importa o quão ruim havia sido meu dia, ela estava ali para salvá-lo nos últimos minutos, fazer tudo valer a pena.

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