Capítulo 72

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2 meses depois

Despertei ao ouvir um barulho estranho, como quando o fogo está consumindo a lenha, uns estalinhos diferentes. Levantei a cabeça pra ouvir melhor, então senti William me abraçar mais forte, sua mão sob a minha barriga redonda de cinco meses já aparente. 

— É o barulho da neve. — Ele sussurrou. Então voltei a deitar em seus braços, encarando o teto do quarto na penumbra. Recordando onde estou! As coisas aconteceram tão rapidamente que as vezes eu esqueço. Esqueço que é inverno em Nova York e a neve faz um barulhinho diferente quando toca o chão. Esqueço de me agasalhar melhor quando desço para a cozinha pois lá em baixo é mais frio, a mãe do William está sempre me mandando colocar mais um casaco. A gravidez tem disso causar um leve esquecimento na gestante, estou descobrindo isso agora. Ou é realmente a minha vida que mudou muito em pouco tempo e eu ainda não me acostumei com ela. Acho que é a vida pois em menos de dois meses eu: Deixei tudo no Brasil e me mudei pra Nova York, ficamos uns dias no apartamento do William e logo se mudamos para a casa dos pais dele. Porque ele decidiu comprar uma casa maior, escolhemos juntos mês passado, é linda, só que precisava de uma reforma e uma nova decoração, pra ficar com o nosso jeitinho, antes da chegada do bebê. Então optamos por morar com os pais dele, até que tudo fique pronto. Também foi a forma que ele encontrou para que eu não ficasse sozinha enquanto ele trabalhava, porque as vezes sinto tonturas e William tem medo que eu caía e não tenha ninguém pra me ajudar. Além do mais, Isabel mora na casa ao lado, e estar perto, já é um jeito de me reaproximar dela, tentar recuperar a nossa relação... 
Então as tardes frias do inverno de Nova York, se tornaram uma rotina de sentar na sala e assistir filmes, novelas, programas tudo na compainha, da minha sogra e da minha mãe. No final da tarde, William chegava e passamos o resto na noite no quarto, nos amando, conversando, vendo cada detalhe da casa e também cada mudança da gravidez. Eu nunca estive tão feliz, me sentindo tão abençoada, como eu estou nesses últimos meses. Minha felicidade só não é ainda maior, porque a saudade é grande, mesmo falando todos os dias com Candinha e Camilla, sinto muita falta delas. Lembro de como foi difícil me despedir da Cândi, mesmo eu sabendo que ela ia ficar bem, doía pensar que eu não a veria todo dia, então fiz ela prometer novamente que estaria comigo no dia que eu filho nascesse, sua presença era muito importante pra mim, não quero que ela deixe de participar da minha vida, é a minha mae de coracão e eu a amo muito. Tadinha, chorei tanto quando fui me despedir, que ela estava quase desistindo e vindo comigo. 
O mesmo aconteceu com Camilla, só que no aeroporto, nos abraçamos e choramos como se nunca mais fossemos nos ver, sem nos importar quantas pessoas estavam nos olhando. Doeu demais deixar as duas, mas eu precisava, estava indo em busca da minha felicidade, num lugar melhor pra formar a minha familia e tenho plena certeza que elas me entendem e me apoiam. Lembro de olhar para o William  quando o avião decolou, ele estava segurando a minha mão e sorriu pra mim, nesse momento eu tive certeza que eu estava tomando a decisão certa. E agora quase três meses depois, eu não me arrependi em nenhum momento, pois sei que nada faz sentido algum, sem ele. 
— Eu te amo. — Falei do topo da escada, William havia chegado do trabalho e subia as escadas para me encontrar, ele parou por um instante, mas logo se apressou para subir.
— Também te amo. — Me olhando de forma terna, ele enlaçou em minha cintura. — Tudo bem? Porque está me dizendo isso?
— Eu sempre digo que te amo.
— Eu sei mas... Eu não esperava nesse momento, só um boa noite talvez... — Ele sorriu dando de ombros.
— Só senti vontade de te falar que te amo. Te amo... — Sussurro baixinho.
— Você é maravilhosa. — Ele acariciou o meu cabelo, me trazendo para um beijo lento e terno. — Também amo você, amo vocês dois... — Sua mão desceu até minha barriga. — Queria que as horas passassem rápido pra poder voltar pra casa e ficar com os meus amores. — Ele se inclinou e beijou a minha barriga. — Sentiu falta do papai? — Sussurrou. Era uma das melhores coisas da gravidez, ver William fazendo voz fofa pra falar com bebê, eu amava, as vezes eu até chorava, então ele vinha me consolar com a mesma voz fofa, me beijando, me abraçando. Ele se levantou e eu notei que ele ficou um pouco envergonhado por eu estar sorrindo.
— Não faça essa cara, você sabe que eu amo isso e o bebê também... Não é meu anjinho? Você adora ouvir o papai não é? — Fiz voz fofa também e William sorriu.
— Espero que ele não enjoe de ouvir minha voz.
— Isso nunca. Sua voz é única. — Ele ainda sorria, o olhar preso em minha barriga, muito pensativo.
— Eu enchi a banheira, quer tomar banho comigo? — Susssuro com medo que seus pais, possam ouvir no andar de baixo. Então o olhar de William se encontra com o meu, seu sorriso se amplia, enquanto ele afirma.
— Eu adoraria. — Susssura pra mim, antes de me beijar mais uma vez, me guiando até o banheiro.
Fiquei de frente pra pia, me olhando no espelho e deixei ele fazer seu trabalho, peça por peça. É engraçado, porque a gravidez finalmente, me fez entrar em paz com meu corpo. Mesmo agora eu estando mais gorda, eu me sinto bonita, segura, talvez seja o olhar de veneração que William faz quando me olha. Senti a ultima peça deslizar sobre as minhas pernas até o chão e encarei William pelo espelho. Ele não hesitou em beijar meu ombro subindo até meu pescoço.
— Linda... Gostosa... Minha... — Sussurrou, sua voz causando uma dorzinha em meu ventre. Mordiscou  minha orelha, fazendo minha pele se arrepiar. — Vem... —  Disse segurando minha mão, então abri meus olhos e o segui até a banheira. Com cuidado ele me ajudou a entrar e sentou atrás de mim, sua respiração em meu pescoço me deixou quente. Suas mãos foram até o meu cabelo, o erguendo num coque desajeitado e o prendeu, mas ainda assim, ele deixou alguns fios soltos. Então suas mãos começaram a  massagear meus ombros.
— Como foi seu dia? — Perguntou.
— Normal... Demorei a levantar, então sua mãe me trouxe café na cama, me disse pra comer nas horas certas...
— Te deu uma bronca?
— Não, eu acho... Ela falou com  carinho, não levei por esse lado, só está preocupada.
— Hum...
— Isabel veio logo após o almoço, ela se emocionou bastante quando, eu contei que é um menino.
— Bem... Não posso julga-la... — Ele sussurrou. Sorri lembrando de como ele chorou quando a médica disse que era um menino. Ele sempre dizia que não se importava com o sexo, mas era bem nítida a sua preferência por um menino. E quando se confirmou, ele não aguentou, choramos juntos, de alegria, eu queria menina, mas fiquei tão feliz por ele, que não me importei em não ser o que eu queria.
Estavamos em silêncio, talvez William  também estivesse relembrando aquele momento, ou não, pois senti as suas mãos deslizarem para baixo, sobre meus seios, parando em minha barriga, acariciando.
— O papai te ama... — Sussssurou. — E espero que você não veja isso campeão. — Sorri já sabendo do que se tratava. Uma de suas mãos, enfim alcançou o ponto que desejava, e a outra permaneceu em minha barriga.  Ele me fez deitar a cabeça em seu ombro e abrir mais minhas pernas. Senti seus dedos se movimentando com carinho inicialmente, mas logo fizeram a pressão que eu desejava, no ponto que eu necessitava. Gemi, pedindo que não parasse, estou tão sensível que o simples roçar de seus dedos já me causa um prazer... Ahhh... Indescritível.
— Amor... eu.... Ahh... — Ele continou, carinhoso e constante, enquanto beijava meu pescoço. Quando cheguei ao meu limite ele parou e meu gemido foi de frustração.
— Bela... vira de frente, quero te comer assim, amor... — Como negar um pedido desses? Fiz o que ele pediu, com a sua ajuda, sentei sobre ele, a barriga sendo um impedimento que William adorava, suas mãos, sempre ali, acariciando. Seus olhos presos nos meus, seu sorriso de lado, cativando o meu. Sua boca se abrindo em busca de ar, enquanto chegava ao ápice, era como um imã atraindo a minha, não pude evitar, roubei o pouco ar que lhe restava, ele não se importou, retribui o beijo, como se sua vida dependesse disso. E quando acabou, não encontrei outra palavra que não fosse, eu te amo, eu te amo, eu te amo... Repetidas vezes... Até as lágrimas me inundarem e William sorrir, sabendo que eram de alegria, ele me abraçou, me beijou e me aninhou em seus braços, por muito tempo, até a água esfriar, então fomos para a cama, se abraçar novamente, se beijar mais uma vez, sussurrar eu te amo, pela milionésima vez, só hoje. E dormir abraçados, mais uma noite, das muitas outras que esperamos ter, pelo restos das nossas vidas.

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