Capítulo 49

4.2K 339 18
                                    


— Minhas pernas doem. — Bela diz com a voz preguiçosa. Alugamos bicicletas e andamos por quase todo o parque, com razão suas pernas estão doendo.
— Você é uma fracote. — Brinco. E ela me olha sorrindo.
—  Você é quem tem músculos.
— E você gosta? — Ela confirma com um leve aceno de cabeça. Massageio os seus ombros, caminhando atrás dela até o  nosso quarto.
— Você precisa de um banho, cama e uma massagem se tiver sorte. — Digo ao seu ouvido, a guiando para o banheiro.
— Acho que sou uma mulher de sorte. — Ela sussura. Sorrio puxando sua regata pra cima e abro o seu sutiã. Com rapidez ela termina de tirar o resto e vai para o box. Retiro toda a minha roupa e entro embaixo do chuveiro com ela, a água é pouca para nos dois, mas no momento não me importa. Pego em sua cintura abraçando seu corpo.
— Gosto muito. — Sussura.
— Do que? — Pergunto a olhando.
— Dos seus músculos. — Diz deslizando as mãos sobre meus braços. Prendo o seu corpo na parede, beijando sua boca, seu pescoço, então a ergo no meu colo, sei que não precisamos de preliminares. Sem deixar de beija-la, deslizo para dentro dela, Bela aperta as pernas ao redor da minha cintura interrompendo o beijo.
— Camisinha... — Sussurra. Porque ela sempre lembra no ultimo instante?
— Não vou parar agora. — Sussuro entre dentes.
— Mas... se eu engravidar? — Ela geme no final.
— Hoje a tarde eu disse que queria um menino e você uma menina, então...
— Sim... mas não deveríamos conversar sobre isso? Como os casais nos filmes. E escolher um tempo certo para ter um filho?
— Eles conversam sobre isso durante o sexo? — Pergunto vendo sua expressão ficar pensativa e confusa, me fazendo rir.
—  Quando... O sexo é sem camisinha,  acho que sim. — Fala passando os seus braços pelo meu pescoço, olhando nos meus olhos e encosta a sua testa na minha. Sorrio lembrando das primeiras vezes que fizemos sexo.
— O que foi? — Ela pergunta.
— Você mudou. Você era tão ingênua e tímida, que mal me olhava nos olhos enquanto fazíamos sexo, deitava na cama e esperava ser atacada... — Ela respira profundamente, antes de desvia o olhar, abaixando a cabeça.  — E agora você é uma mulher sexy, que realiza os meus desejos, minha mulher. — Beijo a sua testa e começo a me movimentar lentamente. Paro quando sinto o corpo dela tremer sem parar, como se soluça-se.
— Bela. — Ergo seu rosto, encontrando ele molhado por lágrimas. — O que ouve? Porque está chorando? — Ela apenas nega com a cabeça, o choro não a deixa falar nada. — Está sentindo alguma dor? — Ela nega novamente. — Então o que?... — Sem esperar ela me abraça, escondendo o rosto em meu pescoço. Seu choro é tão desesperado que não consigo imaginar o que está acontecendo.
— Tudo bem. —  Digo acariciando seu cabelo. Permaneço assim até o choro diminuir e só restarem alguns soluços dispersos. Me afasto devagar para olha-lá, mas Bela mantem os olhos fechados. E os soluços a fazem tremer.
— Meu amor... Diz pra mim o que está acontecendo. — Seu rosto se contrai querendo voltar a chorar. — Olha pra mim, estou aqui com você.
— Desculpa... — Sussura chorando.
— Shhi... Tudo bem. — Solto suas pernas deixando ela ficar em pé e acaricio o seu cabelo. — O que ouve? Te machuquei? — Ela nega, finalmente abrindo os olhos e tenta limpar as lágrimas.
— Não, você não. — Estranho o modo com que ela fala isso, olhando para o nada, perdida.  — Eu lembrei de uma coisa ruim, foi só isso.
— Que coisa? — Pergunto e ela me olha de repente, parece desnorteada.
— Desculpa, eu não posso contar isso, não posso. — Diz virando de costas e pega o sabonete começando a passar no corpo, com força.
Estranho seu comportamento, o que ela poderia estar me escondendo? Não consigo pensar em nada, Bela nunca me deu motivos para pensar que havia algo de errado.
Ver seu corpo tremer a cada soluço está me matando, então a abraço pegando o sabonete que ela insiste em passar com força.
— Bela, você pode me contar tudo que quiser, entendeu? Qualquer coisa, por mais boba que seja. Eu vou estar aqui pra te ouvir e te apoiar sempre. — Ela parece se tranqüilizar nos meus braços e deita a cabeça no meu peito, respirando profundamente.
— O que você disse antes me fez lembrar... — Ela sussura, espero que ela continue, mas ela não o faz.
— Lembrar de que?
— Dele, ele sempre dizia isso... Que eu era uma ninfeta pronta pra ser atacada. — Fecho os olhos com força, pra evitar o meu ciúmes.
— Quem é ele?
— Armando Correia de Souza, ele era o diretor da minha escola. — Sua voz sai fraca e eu a aperto mais forte.
— Ele abusava de você? — Pergunto com a voz embargada.
— Sim... — Então ela volta a chorar. — Ele tentava me tocar... me apertava.... E eu... Eu... tinha tanto medo... — Não suportando mais ouvir o seu choro, eu a viro de frente a abraçando com força, e a escondendo no meu peito. Nem em meus piores pesadelos eu imaginei que ela tivesse passado por algo assim. Beijo a sua testa, esperando que ela não perceba que estou tremendo, de raiva, de ódio, eu vou mata-lo com as minhas próprias mãos.
— Fica calma meu amor, já passou. — Engulo seco pra não demostrar que estou quase chorando com ela. — Eu estou aqui pra te proteger e ele nunca mais vai te tocar, nunca... — Seu aceno de cabeça é quase imperceptível. Então pego a toalha do gancho enrolando sob seus ombros e outra para enrolar na minha cintura. Bela continua a chorar, e se apóia em mim para sair do banheiro.
Pego a mesma toalha e começo a seca-la. Me dói ver ela sofrer, e embora eu esteja tentando ser forte, preciso fechar os olhos pra não chorar.
— Não fica assim... — Ela sussura, me fazendo olha-lá.
— Eu o mataria... — Digo entre dentes. E ela respira fundo negando.
— Ele já morreu, a muito tempo atrás.
— Tem certeza? — Ela confirma.
— Já passou. — Sussura, me fazendo bufar.
— Era eu quem deveria estar te consolando e não ao contrário. — Digo acariciando seu cabelo e ela fecha os olhos sorrindo de leve. Me aproximo dela beijando sua testa. — Eu queria ter estado lá, ter te protegido, me dói saber que foi negligênciada por seu pai. — Ela soluça me apertando. — Shiiii.. Tudo bem, já passou, eu prometo  que nunca mais vou deixar ninguém te machucar. — Beijo a sua testa inúmeras vezes, até sentir que ela está mais calma. — Deita um pouco, descansa. — Bela afasta seu rosto do meu, mas não solta a minha cintura.
— Não... — Sussura. — Eu quero lembrar como é bom, como é bonito e limpo...
— O que?
— Fazer amor com você. — Sorri pra ela e a trouxe pra perto.
— Pensei que não estivesse com vontade de fazer, depois de lembrar... — Suspiro.
— Eu sei, mas... Aquilo era nojento, sujo. Nunca se comparou ao jeito que você me toca. — Em um único movimento a derrubei na cama fazendo ela suspirar. Pairei o meu corpo por cima dela e suas pernas se enrolaram na minha cintura. Beijei seu pescoço, vendo ela inclinar a cabeça para me dar o acesso.
— Meu amor... — Sussurro alcançando seus lábios, numa perfeita sincronia a sua boca recebe a minha. As suas mãos
deslizam pelas minhas costas e descem encontrando meu pênis, ela o direciona para sua vagina apertinha e geme na minha boca, quando a penetro em um só golpe.
— William... — Murmura quando fico em meus joelhos, penetrando-a sem parar. Seus olhos não saem dos meus e sua mão agarra a minha enlaçando os nossos dedos. Seus gemidos são como uma linda melodia e me perco dentro dela, sussurrando quase sem voz um eu te amo cansado. Leio em seus lábios a mesma frase e a calo com um beijo sem fôlego, seu corpo tremia como minhas pernas e de alguma forma, a sua dor nos uniu ainda mais, de uma forma que não consigo descrever aqui. Deito meu corpo sobre o dela, tomando cuidado pra não deixar todo meu peso sobre ela, e continuo beijando a sua boca sem parar, como se eu fosse morrer de ficasse longe.

Permaneci a observando até ela pegar no sono, dormindo em meu peito. Lutei mais uma vez contra o choro ao imaginar o que um ser asqueroso como esse, fez com a minha Bela, ele tem sorte de estar morto, ou eu o mataria da pior forma, com minhas próprias mãos. Não me resta duvida que chegou a hora de irmos pra Nova York, longe do maldito do Jorge, nunca mais o deixarei ver a minha Bela. E eu vou dar um jeito de arruina-lo. Ele não poderia ter deixado ela sozinha, ainda era uma menina. A culpa é toda dele. E ele vai pagar muito caro, isso eu juro.
— William... — Bela sussura e eu viro o rosto escondendo as lágrimas. — Meu amor... — Fala encostando seu rosto no meu, respirando fundo.
— Desculpa... — Digo com a voz embargada. Sem conseguir parar de chorar. Droga, não quero ela ela me veja assim, mas nao consigo parar. E ela se afasta, enxugando o meu rosto.
— Tudo bem... Foi a muito tempo, eu já esqueci. — A sua imagem embaçada sussurrando coisas pra me consolar, é a coisa mais linda que já vi na vida. Mas eu sei, que coisas como essas, não se esquecem assim.
— Eu vou a loucura só de pensar, em alguem te machucando. — Consigo falar sem gaguejar e ela apenas me abraça.
— Ninguém vai me machucar, você não vai deixar.
— Sim, eu não vou, eu te prometo. — Ela confirma.
— Eu sei, eu sei meu amor. — Sorrio ao escutar ela me chamando assim. E acho que permanecemos assim, ela deitada em cima de mim, até pegarmos no sono.

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now