Capítulo 54

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Meu mundo em poucos segundos deu uma volta inteira, mas como por milagre, voltou ao eixo, girando normalmente. E o Milagre se chama Maite Isabela Perroni. Eu ainda estou digerindo tudo que essa mulher pode ser, tudo que ela pode aguentar. E quando amor pode caber dentro dela. Quando ela abraçou Isabel, eu fiquei perplexo. Nem em meus melhores sonhos imaginei que seria dessa forma, na verdade, eu esperava pelos seus gritos, pelas suas reclamações e acusações. E definitivamente ela me  surpreendeu com sua bondade. Percebo que conheço, tão pouco dessa mulher que chamo de minha. E eu quero conhecer tudo dela, tudo.

Confesso que não tive coragem de deixa-la sozinha, e também estou preocupado por ela, a pouco estava com tontura. Então desde que a coloquei na cama com Isabel, estou na porta a observando. Seu cuidado com a mãe, mesmo depois de tanto tempo é lindo.
— William... — Rafael me chama. Como Bela parece estar dormindo tranquila, eu  fecho a porta, saindo.
— O que?
— Papai está muito preocupado, ele quer vir aqui ficar com ela.
— Rafa, não acho que seja boa ideia, por enquanto Bela rebeceu bem a notícia, mas não vamos abusar da sorte. Sinceramente acho que ela ainda não pensou sobre tudo que isso significa, ela só está deslumbrada pela volta da mãe, mas logo ela vai querer uma explicação e não é bom que ele esteja aqui.
— Uma hora ou outra ela vai ter que aceitar ele. — Rafael como sempre sendo um insensível.
— Sim, ela vai, mas não vai ser hoje. — Não vou ser flexível nesse assunto. E antes mesmo dele falar, já o interrompo. — Eu entendo que Heriberto é seu pai, e que ele está preocupado com a Isabel, mas pra Bela, nesse momento, ele vai ser o homem que levou a mãe dela embora.
— Você sabe que não foi assim.
— Sim, eu sei, mas você acha que depois de tudo ela passou hoje, ela ainda vai ter paciência pra entender o lado deles? — Ele respira fundo concordando.
— Tudo bem, vou dizer pra ele não vir. — Quando ele sai, vejo Candelária da cozinha nos olhando. E caminho até lá.
— Candelária, quando tiver um tempo, vá pedir ao médico quando devo a ele, diga que pago o que ele pedir.
— Sim senhor. — Confirmo com a cabeça me virando... — Foi muito bonito ver a Isabela abraçando a mãe.  — Volto a ela, acentindo.
— Sim, Bela é muito amorosa, eu não imaginava que ela reagiria assim.
— Senhor William, eu sei que não tenho nenhum direito de lhe pedir nada, mas eu  lembro que antes de se casar com a Maite, eu pedi ao senhor que cuidasse bem dela.
— Estou cuidando...
— Eu sei, o senhor a trata muito bem, fico muito feliz por isso e ela também, ela gosta muito do senhor. — Sorrio afirmando. —
Eu não sei o que o senhor tem haver com a historia da Isabel e nem sei o que isso muda. Mas eu peço mais uma vez, que nao a machuque, Isabela já sofreu muito nessa vida.
— Eu sei disso. E estou mais envolvido nessa história do que gostaria, mas isso não muda nada. Eu a amo e vou continuar cuidando dela sempre.
— Obrigada. M Me desculpe por me entrometer, mas...
— Eu compreendo, você gosta muito dela e quer o melhor pra ela.
— Sim, ela é como uma filha pra mim...
— Já falei com meu pai William, ele não vai vir. — Rafael chega nos interrompendo.
— É melhor assim.
— Sei. Bem, enquanto elas ficam no quarto, nos podíamos trabalhar né? Tem muita coisa essa semana pra resolver.
— Sim, vamos para o escritório. Candelária se a Bela acordar, me chame por favor.
— Está bem.

Nós passamos o resto do dia trabalhando, a Candelária nos levou o almoço e fui ver a Bela, mas ela continuava dormindo, junto a Isabel, então não tive coragem de acorda-la. Voltei pro escritório e foquei a minha mente no trabalho. Eu preciso me manter ocupado ou vou começar a sofrer por antecipação, pensando em tudo que pode acontecer. E eu não posso ser fraco agora, Bela precisa de mim forte ao seu lado, vou ser seu pilar de sustentação, seu escudo, então preciso me manter calmo e forte. Porque se eu pensar que pode haver uma chance, uma pequena chance dela me deixar, eu vou a loucura... Foco William, volta pro trabalho! Fotos, campanhas, slogan, e... estou esquecendo de algo. Droga. Largo a caneta, respirando fundo.
— Eu sei que tudo ocorreu bem no primeiro instante, mas estou com medo do que está por vir.
— O que? — Rafael pergunta confuso. Já que a um segundo atrás estávamos falando da campanha.
— Ela está calma demais, eu me preparei pra lidar com seus gritos, mas não com seu silêncio.
— Ah... Está falando da Maite. 
— Sim.
— Olha... eu também fiquei surpreso com a reação dela, mas talvez ela ainda esteja em choque com a notícia, de um tempo a ela.
— Estou dando tempo e espaço, mas pra falar a verdade, estou apavorado.
— Apavorado?
— Sim, apavorado. Eu me apaixonei por ela, e a amo como nunca pensei amar alguém na vida. E tudo que consigo pensar é que não posso perde-la. Mas e se ela não me perdoar? Se ela me deixar? O que eu vou fazer? — Duas batidas na porta fazem meu coração acelerar.
— Pode entrar.
— Com licença senhor, mas Maite acordou e perguntou pelo senhor.
— Estou indo.
Quando entrei no quarto, a vi encolhida no lado da Isabel, segurando a mão dela. Embora pareça ser uma cena bonita, me corta o coração a ver tão carente de amor, olhando Isabel como se fosse sua salvação. Fiz a volta na cama sentando ao seu lado, quando pensei em levar a mão tocando seu ombro, ela se moveu rapidamente, se arrastando até o meu colo e se aninhando em meu peito, num misto de amor e alívio eu a abraçei forte, beijando seus cabelos.
— Tudo bem? — Pergunto e ela apenas assente. Erguendo a cabeça pra me olhar, os olhos vermelhos me partem o coração.
— Eu... sinto que vou acordar a qualquer instante e ela não vai mais estar aqui. — Nego com a cabeça.
— Não está sonhando. Ela vai ficar aqui com você o tempo que você quizer, ela é a  sua mãe e não vai te deixar de novo. Ta bem? — Ela concorda se encolhendo no meu peito. — Já são quase seis horas. Você precisa comer alguma coisa.
— Mas e a minha mãe? — Sussurra.
— Rafael disse que o calmante é muito forte, ela deve acordar somente amanhã.
— Não quero deixar ela sozinha.
— Tudo bem, posso pedir pro Rafael vir ficar com ela. Precisa comer Bela, eu não quero que fique doente.
— Ta bem. — Ela suspira olhando a Isabel. Eu a ergo, levando para fora do quarto e a coloco na nossa cama. Candinha entra logo atrás com uma bandeja com comida.
— Minha menina, eu fiz sopa de legumes e carne, aquela que você adora. — Ela diz colocando a bandeja na cama, Bela olha a comida mas não diz nada.
— Obrigada Candelária. — Digo puxando a bandeja. — Pode dizer pro Rafael ir ficar com a Isabel agora, por favor.
— Sim, com licença. — Ela sai fechando a porta.
— O cheiro parece delicioso. — Digo ajeitando a bandeja sobre suas pernas e ela franze a testa me olhando.
— A mim está me fazendo sentir ânsia.
— Ânsia? Deve ser porque não comeu nada o dia todo, coma um pouco, assim vai passar. — Muito devagar e parecendo sem  vontade ela toma umas colheradas.
— Melhorou?
— Não muito, mas sinto fome. Então... — Ela toma outra colherada. Me escosto na cabeceira da cama esperando ela terminar de comer.
— Não quero mais. — Como o prato está quase vazio, eu concordo. Retirando a bandeja.
— Quer descansar um pouco?
— Não, quero tomar um banho.
— Tá bem. — Me afasto dando lugar pra ela levantar, mas quando ela se desiquilíbra, eu estou alí pra segura-la.
— Tudo bem? — Nossos olhares se encontram.
— Sim, só fiquei tonta. — Não sei porque, mas eu amo que ela seja baixinha, talvez porque quando ergue o rosto pra me olhar, seu cabelo desliza para trás.
— Deixa eu te ajudar. — Pego seu vestido o erguendo e o retirando. Ela mantem os olhos fechados e não tem noção de como está linda nesse momento. Me aproximo, deslizando até as suas costas e abrindo o fecho sutien. Por ultimo a calcinha e sapatilhas. Mesmo depois de um dia inteiro, ela continua tão cheirosa. A abraço, a protegendo em meu peito.
— Tira a sua também. — Diz doce, e eu não posso ocultar um sorriso me afasto apenas pra retirar minhas roupas, e a trago pra mim novamente, a levando pro banheiro.
A mantenho em meus braços, enquanto ligo o chuveiro e a água cai sobre nós. Ela ergue o rosto, deixando a agua molhar todo seu cabelo e suspira.
— Me sinto tão cansada... Como se tivesse corrido o dia todo.
— É um sintoma da queda de pressão. Eu pesquisei no google. — Ela sorri se encolhendo no meu peito. Beijo a sua testa abraçando. — Só precisa descansar, vai passar.

A ajudo a se vestir e penteio seu cabelo, só então a coloco na cama a cobrindo. Beijo a sua testa, descendo devagar, como se pedisse permissão e beijo sua boca, muito lentamente... Então por pedido dela, vou ver se Isabel está bem e volto deitando ao seu lado, ela me abraça, deitando sobre o meu peito, me acalmando e me fazendo me sentir em paz. Estou quase dormindo quando ela chora me assustando.
— Minhas pernas doem. — Resmunga, as jogando por cima de mim. E respira fundo, parece se controlar pra não chorar mais.
— Elas doem como? Ainda por causa da caminhada que fizemos no parque?
— Sim...
— Esta bem, vou fazer uma massagem pra aliviar a dor. Mas olha pra mim... Eu estou aqui pra te amparar, pra cuidar de você, e você pode chorar de quiser. — Ela assente deixando as lagrimas virem, a beijo antes de me afastar ficando de joelhos e começo a massagear suas pernas, devagar mas com pressão. Até perceber que ela relaxou, parou de chorar e adormeceu. A trago pra meus braços, beijando seu rosto e durmo logo em seguida.
Ela acordou de madrugada pedindo pela mãe, eu disse que ela estava bem, mas continuava dormindo. Então ela dormiu novamente. E eu também. Sinto um beijo na minha boca, então ela se afasta dos meus braços, me viro pensando que ela vai no banheiro e durmo novamente. O barulho de algo caindo e se quebrando me faz abrir os olhos. Droga.

Amor é cuidado, proteção. Amor vai além do sexo ou desejo. Amor vai além de tudo. E foi isso que eu quiz passar com esse cap. O quanto o amor é bonito e o quanto esses dois podem se amar ❤ Um é a força do outro. 😍💗

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