Capítulo 43

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Quando acordei hoje de manhã, estava de costas para Bela, e me senti querido e amado, quando notei que ela me abraçava por trás, puxando o meu corpo junto ao dela, só necessito ter a certeza que ela sente isso por mim, que ela me ama. Ontem a noite depois que fizemos amor, ela não ocultou que tirou as fotos por mim e que não era algo que ela gostaria pra si, e eu não pude deixar de me sentir orgulhoso.
Então, hoje de manhã, antes de ir para o trabalho, eu  parei numa floricultura e lhe comprei um buquê de rosas vermelhas, mandando entregar depois das oito horas para não acorda-la tão cedo e somente depois fui para a agência.
— Que estranho! Você chegando cedo, será que vai chover hoje? — Rafael diz assim que me vê.
— Engraçadinho. Venha comigo, temos muitas coisas pra resolver.
— Já estou indo, só vou na minha sala pegar algo que fiz pra você. — Franzo a testa, curioso.
— O que? — Ele se vai sem me dizer nada, então vou para a minha sala. Alguns minutos depois ele entra com um álbum de fotografias na mão. Já imagino do que se trata e pego da sua mão, abrindo. Me deparo com as fotos da Maite, ficaram lindas e mesmo sendo para uma campanha publicitária, fica evidente a sua personalidade meiga e tímida.
— Ficaram ótimas não é? Maite tem algo no olhar, que prende a atenção.
— Sim, seu olhar é terno, parece que trás confiança.
— Sim, Carlos acertou na escolha, confiança é tudo e mulher se liga muito nisso, a Pantene vai faturar esse ano. — Sorrio concordando, sem tirar os olhos das fotos. — Dê o álbum pra Maite, mas diga que foi um presente meu. — Olho pra ele.
— Vejo que a sua opinião sobre ela mudou bastante esse ultimo mês. — Rafael dá de ombros.
— Maite não é o que eu imaginava, ela tem se
demostrado uma pessoa muito integra, apesar da criação que teve. E é minha irmã, quero ficar mais próximo dela, Isabel gostaria disso.
— Sim, ela me apoiou muito quando confessei que eu estava... estou apaixonado pela Maite. — Rafael ergue as sombrancelhas e RI. Não entendo o porque, pois eu já havia falado com ele depois que voltei da viagem.
— O que é? — Pergunto irritado.
— É que depois de tanto negar, ver você falando com todas as letras que está apaixonado por ela, chegar a ser engraçado.
— A cala a boca vai. — Fecho o álbum o quardando no canto da mesa, enquanto ele RI. — Quando você se apaixonar, quero rir da sua cara o tempo todo. — Mal termino de falar a frase e batem na porta.
— Pode entrar. — É a Clara.
— Senhor William, tem uma mulher na recepção que deseja vê-lo, ela se chama Camilla.
— Camilla? Mande-a entrar. — Será que aconteceu algo com a Maite, pego meu celular checando se tem alguma mensagem ou ligação dela, mas não a nada.
— Bom dia. — Camilla chega sorrindo, mas para ao ver o Rafael.
— Bom dia Marrentinha.
— Como é? Me chamou de quê? — Ela bate no ombro do Rafael com a bolsa, fazendo ele rir.
— Calma, não seja agressiva. — Ela faz careta e faz a volta na mesa vindo me cumprimentar.
— Tudo bem? — Pergunto enquanto a abraço.
— Tudo sim.
— Senta por favor. — Aponto para a cadeira ao lado do Rafael.
— Não obrigada. É um assunto rápido, eu não tinha o seu número de telefone, por isso vim pessoalmente.
—  Entendi, aconteceu algo com a Maite?
— Não, mas é sobre ela. — A encaro, já imaginando os milhares de problemas que podem me tirar do seu lado. — A Bel por acaso não te falou que hoje o aniversario dela, falou?
— Não... É hoje?
— É sim, 24 aninhos de pura beleza.  — Diz rindo. — E então, eu estava pensando em fazer algo pra ela, não precisa uma festa, mas um jantar, algo assim... A Bel nunca teve um aniversário com muitas pessoas pra comemorar, era sempre eu e a Cândi, e agora tem você. — Sorrio. É agora ela tem a mim.
— Sim...
— E então, o que acha?
— É uma excelente idéia, temos que fazer algo pra ela sim.
— Ótimo. Então fica combinado um jantar?
— Sim.
—  Ela gosta de um restaurante na zona sul, a comida é deliciosa, sem falar na sobremesa.
— Então vamos nesse. — Ela concorda.
— Sim, eu faço a reserva então. Três pessoas, ou você vai querer levar mais alguém?
— Bom... Você vai querer ir Rafael? — Ele concorda com a cabeça.
— Ótimo, o barbeiro vai, se encarregue que ele vai ir sem carro, por favor William. — Camilla me pede séria, mas vejo uma ponta de sorriso em seu rosto.
— Rá, rá, rá, muito engraçadinha. — Rafael fala.
— Bem, me passa o seu número, que eu mando por mensagem o endereço do restaurante. — Pego o seu celular, marcando meu numero. E depois lhe devolvo. — Certo, eu já vou indo, tenho uma reunião daqui a pouco, nos vemos a noite então.
— Sim, obrigada por me avisar.
— De nada. Do jeito que a Bel é, ela é capaz de nem te falar nada. — Concordo, Maite não é do tipo que quer atenção pra si, mas eu quero dar tudo a ela.
— Tchau. — Camilla beija meu rosto, se despedindo e quando está saindo...
— E eu não ganho beijo? — Rafael pergunta.
— Você amassou meu carro, não beijo caras que amassam meu carro. — Ela fecha a porta deixando ele rindo.
— Ela é louca. — Ele se levanta. — Vou ir trabalhar, mas antes, eu fico com isso. — Pega o álbum em cima da mesa. — Vou embrulhar  pra presente e entregar pessoalmente. O que acha?
— É um bom presente, ela vai gostar.
— E você vai dar o que? Mulher se liga muito nessas coisas.
— Bom, sem saber eu já mandei entregarem flores esta manhã e quando fui a Nova York, comprei uma gargantilha pra ela, mas esqueci de entregar, então parece que o destino está do meu lado. — Dou de ombros me sentando.
— Você tem uma puta sorte, isso sim. — Diz saindo e eu sorrio. Prefiro pensar que é o destino, querendo unir nos dois.
Chego em casa perto das seis horas, fecho a porta olhando o apartamento, Bela não está na sala, mas as flores que mandei estão num vaso sobre a mesa. Então caminho até o quarto e abro a porta lentamente, colocando a cabeça pra dentro, a TV está ligada e ela sentada na cama assistindo. Não posso ocultar um sorriso quando nossos olhares se encontram, Bela fica de joelhos, me aproximo da cama e me inclino a erguendo em meus braços, ela enlaça as pernas ao redor da minha cintura.
— Obrigada pelas flores. — Ela sussura antes de me beijar e me perco no sabor dos seus lábios, quando se afasta esta sorrindo pra mim.
— Será que hoje é um dia especial? — Bela franze a testa fazendo uma carinha inocente.
— Na... Não sei... — Ela é péssima pra mentir. A desço no chão e toco seu cabelo.
— Eu acho que é um dia muito especial, sim. —Sorrio pra ela, que esconde o rosto no meu peito.
— Feliz Aniversário, meu amor. — Ela me aperta.
— Obrigada. — Sussura. E só então me olha nos olhos, pego seu queixo a beijando. A minha vontade é fazer amor com ela agora mesmo, mas vamos nos atrasar para o jantar, então eu me afasto.
— Como soube que meu aniversário é hoje?
— Adoraria dizer que sei tudo sobre você, mas dessa vez foi a Camilla que me contou. — Ela suspira, mas está sorrindo. — Preferia ter ouvido dos seus lábios.
— Desculpa, mas você sabe que eu não sou muito de chamar atenção pra mim mesma. — Ela se encolhe, envergonhada.
— Tudo bem, eu sei. — Lhe dou um selinho. — Eu tenho uma surpresa.
— Surpresa? Que tipo de surpresa.
— É uma surpresa, não posso contar. — Ela faz uma carinha tão fofa, que tenho vontade de contar tudo. — Mas acho, que você vai gostar.
— Vindo de você eu tenho certeza. — Sorrio e a beijo mais uma vez.
— Agora vai se arrumar, que vamos sair as oito.
— Ta bem, e nos vamos aonde? — Sorrio.
— É uma surpresa. — Ela suspira. — Não seja curiosa.
— Mas eu tenho que saber que roupa usar. — Diz rindo.
— Coloca um vestido, você fica bonita de qualquer jeito.
— Certo. — Ela se afasta sorrindo e vai para o banheiro. Aproveito e procuro na minha mochila a correntinha que comprei. Espero ela tomar banho e depois vou eu, quando saio enrolado na toalha, a vejo em frente ao espelho, linda num vestido azul escuro, ela sempre usa cores mais claras e o escuro a deixa mais mulher. Pego a caixinha em cima da cômoda e me aproximo dela.
— Está linda. — Ela se vira pra mim.
— Obrigada.  — Ergo a caixinha alcançando a ela,  que me olha curiosa.
— Apenas um detalhe pra lhe deixar mais bela... — Sorrio, pelo trocadilho. E ela abre a caixinha, a sua expressão se suavizando e me olha sorrrindo.
— Obrigada, é tão delicada.
— Igual a você, comprei quando fui a Nova York. — Ela ergue a sombrancelha surpresa.
— Porque a surpresa? — Pergunto.
— Mesmo zangado me comprou um presente? — Oh, isso me pegou de surpresa. Não havia pensado por esse lado, mas, na verdade, nunca estive realmente zangado com ela.
— Não estava zangado, só com ciúmes. — Admiti. E ela sorri voltando a olhar a correntinha. — Deixa eu colocar pra você. — Pego a jóia, colocando em seu pescoço e beijo seu ombro.
— Linda. — Ela toca o pingente de coração e sorri, me olhando pelo espelho.
— Eu vou me vestir. — Beijo seu ombro mais uma vez e vou para o closet, em menos de quinze minutos estou pronto. E saímos do apartamento.
— E a Candelária? — Pergunto no elevador.
— A tia dela passou mal e está no hospital, Cândi é a única parente dela aqui na capital, então ela está de  acompanhante.
— Entendi.
Quando paramos em frente ao restaurante, Bela me olha sorrindo.
— Camilla também te contou que esse é o melhor restaurante de São Paulo?
— Não, na verdade ela apenas falou que era o seu preferido, e pra mim isso já basta. — O seu sorriso aumenta e saio do carro indo abrir a porta pra ela. Já dentro do restaurante, procuro a nossa mesa, quando vejo a Camilla e o Rafael sentados nela, conversando. Aponto pra Bela olhar e ela RI.
— Conseguiu juntar os dois? — Pergunta surpresa.
— Teremos sorte se eles não se matarem até o final do jantar. — Ela concorda rindo, enquanto vamos até eles.
— Chegou meu casal preferido. — Camilla fala e se levanta. — Belzinha... — Puxa Maite a agarrando e a abraçando, sussurrando algo no ouvido dela. Eu me sento, pois as duas parecem que não vão se largar tão cedo. Só depois de algum tempo, Camilla a solta e ela cumprimenta Rafael, logo se sentando ao meu lado.
— Obrigada. — Fala, quando Rafael lhe entrega o seu presente. Ela olha as fotos encantada e o assunto até pedirmos o jantar é sobre elas.
Enfim, a comida estava deliciosa, a companhia nem se fala, a conversa animada, pude ver uma Bela, mais sorridente e brincalhona, eu mal vi a hora passar, só quando percebi que já havíamos secado três garafas de cerveja, vi que era hora de ir.
— Eu vim sem carro, para o barbeiro aqui presente,  não amassar. — Camilla brincou na saída, mas ela já estava tontinha demais pra digirir mesmo. Eu havia me controlado na bebida, estava sóbrio, então decidi que levaria todos pra casa.
No carro a animação se dispersou e a mais animada, vulgo Camilla estava quieta, e Rafael não precisava ficar respondendo as suas provocações,  Bela estava olhando as fotos novamente e eu prestando atenção no trânsito, tudo calmo, salvo engano, para a minha  surpresa, quando olho no retrovisor, eu vejo Rafael praticamente devorando a Camilla, por isso estavam tão quietos, seguro o braço de Bela apontando para o retrovisor e ela sorri ficando de boca aberta, como uma menina travessa.
— Hum,hum,hum. — Pigarreio e os dois se soltam. Camilla nos olha, e vendo que nos percebemos, ela começa a rir contagiando todos nós.
— William faz o retorno. — Camilla praticamente grita.
— Porque? — Pergunto confuso, pelo GPS o caminho esta certo.
— Porque alí atrás tem um motel ótimo, podíamos ir nos quatro. — Franzo a testa olhando pelo retrovisor e vejo a placa do motel piscando.
— Camilla não inventa. — Maite fala.
— Ahhh Bel, não seja estraga prazeres. — Paro no sinal vermelho, então posso olhar pra trás, Camilla está falando algo no ouvido do Rafael. E Bela ao meu lado está nitidamente envergonhada olhando para os seus dedos.
— Tudo bem, pra ser justa, vamos fazer uma votação. — Camilla se pronuncia, chamando a atenção da Bela que também olha pra trás.  — Quem quer ir levanta a mão. — Camilla fala cantando, Rafael ri, mas levanta a mão no mesmo instante que ela. Um pouco hesitante levanto a minha e Bela desvia seu olhar pra mim, mas o olhar destinado a mim, não é de reprovação, é apenas seu simples olhar doce, sincero e muito envergonhado. E por fim, um sorriso tímido.

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now