Capítulo 39

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Encaro Isabel, indeciso sobre falar ou não sobre o que eu estou sentindo pela Maite. E acho que devo ser sincero com ela. Eu já não tenho como fugir disso, pensar em Bela se tornou minha rotina.
— Porque... Eu me apaixonei por ela tia... — Dou de ombros. Não tem o fazer, ela está em mim, no mais profundo do meu ser. E eu não quero tirar ela daqui. Espero que Isabel tenha alguma reação, mas ela apenas me olha, me deixando nervoso. E de repente sorri.
— Oh Meu Deus! Você está me falando a verdade William?
— Sim, estou.
— Como isso aconteceu? — Nego.
— Eu não sei, simplesmente aconteceu... me desculpe... — Eu me sinto, em divida com a Isabel. Meu propósito era trazer a Bela pra ela e agora a quero só pra mim.
— Oh meu filho! Tudo bem. — Fecho os meus olhos sentindo o seu abraço, eu precisava disso, de alguém que falasse, que tudo bem eu me apaixonar por ela, que não foi um erro, e que tudo vai dar certo. Quando Isabel me solta, ela toca meu rosto sorrindo.
— Tudo bem pra senhora isso?
— E você ainda me pergunta, William? Você acha que eu poderia escolher outro homem pra minha filha que não fosse você? — Sorrio
— Eu não sei.
— Mas é claro que não. Minha pequena Isabela, não estará em melhores mãos senão as suas. — Ela segura minha mão e está sorrindo.
— Me sinto melhor agora, sabendo que aceita nos dois. 
— Estou tão emocionada, eu quero saber de tudo, me conta como tudo aconteceu, William. — Assenti com a cabeça. Isabel sempre foi a minha conselheira, pois a minha mãe nunca foi uma pessoa fácil de se lidar.
— Bem... Eu não sei como aconteceu tia,  quando vi, eu já estava apaixonado por ela.
— O amor é assim mesmo meu filho, ele chega bem devagarinho e sem avisar.
— Sim, o amor é silencioso. — Falo pensativo.
— Mas e ela? Isabela sente o mesmo por você? — Suspiro.
— Eu não sei.
— Não sabe?
— Sim, porque eu não havia percebido que estava apaixonado por ela. Eu tentei mentir pra mim mesmo, fingir que esse sentimento não existia e que tudo não passava de cuidado e proteção. Porque eu sabia que esse casamento tinha um prazo de validade e eu não podia sentir algo por ela, porque ela iria embora. — Fecho os olhos tentando ocultar as lágrimas. — E eu ainda tenho medo, medo que ela se vá.
— Eu te entendo meu filho. Tenho esse mesmo medo e não sei se suportaria a perder pela segunda vez. — Aperto sua mão tentando passar força. E ela sorri, me mostrando o quanto é forte, e como ela não percebe a força que tem dentro de si.
— Mas e então? Como percebeu que estava apaixonado? — Sorrio.
— Rafael me jogou na cara, antes que eu embarcasse no avião.
— Oh! Isso é bem a cara dele. — Diz rindo.
— Sim.
— Então descobriu na vinda pra cá?
— Sim, por isso eu preciso de um tempo, pra ter certeza que ela sente o mesmo por mim.
— E você acha que ela sente? — Dou de ombros.
— Não posso afirmar, mas a forma com que ela me trata me diz que sim.
— E como ela trata você?
— Bem, ela se preocupa se eu me atrazo e sempre pergunta se estou com fome e quero comer algo antes do jantar. Ela me pergunta como foi o dia e mesmo não sabendo nada sobre o meu trabalho, ela ouve tudo. E sempre sorri ao me ver e nunca briga comigo... — Termino de falar sorrindo, lembrando dela. A voz de Isabel que me trás de volta.
— Eu esperei quase 20 anos pra vê-lá de novo William, então posso esperar mais alguns meses.  — Sorrio a abraçando.
— Obrigado tia.
— Só peço que continue cuidando bem dela. — Diz me olhando e apontando o dedo.
— Eu vou, mas somente se a senhora me prometer que vai lutar pra melhorar e ficar forte quando chegar a hora de falar a verdade.
— Eu prometo. — Diz sem hesitar e eu confio nela.
— Ótimo. — Beijo sua mão.
— Volte logo para o Brasil não quero deixar ela sozinha muito tempo.
— É, eu também não, amanhã mesmo volto pra lá.

Fico praticamente a manhã toda com a Isabel, e sempre voltavamos, ao mesmo assunto, Bela. Eu acho que contei tudo o que sei sobre ela pra Isabel e no final me despedi, prometendo cuidar muito bem dela.
Já no taxi, vejo que a Maite respondeu a minha mensagem, e digito perguntando se tudo está bem, enquanto aguardo sua resposta olho pela janela do carro, e ao ver uma joalheria , decido lhe comprar um presente. Claro, vir até Nova York e não lhe comprar nada, seria tolice. Bela foi privada de muitas coisas, e eu quero lhe dar tudo agora. A vendedora coloca uma serie de jóias a minha frente, uma mais brilhante que a outra. Apesar de serem lindas, não acho que nenhuma combina com a Bela, são extravagantes demais pra sua personalidade. Então eu peço algo mais simples. E quando coloco os olhos sobre ela, eu tenho certeza que é aquela que vou levar.

Depois eu vou para a agência e passo o resto do dia, resolvendo as milhares de pendências. Já é tarde da noite, quando finalmente volto pro meu apartamento. Como jantei uns colegas de trabalho, eu apenas tomo um longo banho e me deito pegando o celular. Droga, eu vou ter que acordar a Bela de novo, mas não resisto a ouvir sua voz antes de dormir. É um alivio saber que embarco amanhã de meio dia e provalmente de madrugada já estou em casa para dormir em seus braços.
— Oi... — Ouço sua voz de sono e o barulho da coberta mechendo. Ahh! Eu daria tudo pra estar lá com ela agora.
— Oi... Eu estou te acordando de novo?
— Sim, mas eu estava esperando a sua ligação. — Sorri.
— Cheguei tarde do trabalho, por isso demorei a ligar, desculpe.
— Tudo bem, o importante é que você ligou, pensei que tinha esquecido.
— Jamais, não via a hora de chegar em casa e te ligar.
— Ah é?
— Hurum. — Por um instante ficamos em silêncio, fecho os olhos pra ouvir a sua respiração.
— Como foi seu dia? — Ela pergunta.
— Eu... passei o dia na agência, tinha muita coisa pra resolver. — Não gosto  de mentir pra ela, mas é necessário.
— E já resolveu o problema que te levou ai?
— Sim, tudo resolvido, amanhã estou de volta.
— Sério? — Sorrio por sua animação.
— Seríssimo.
— E que horas você chega?
— De madrugada, vou embarcar ao meio dia.
— Ta bem.
— Bem e como foi seu dia?
— Normal, fiquei a manhã em casa e a tarde Pedro me levou no curso. — Porra, fecho os olhos com força, lembrando do maldito curso. Eu havia esquecido por completo daquele imbecil que estuda com ela e falando nele também lembro do maldito Arthur. Eu pensei tanto nela, que esqueci que eles existiam. E não consigo evitar o ciúmes. Eu não sei se ela sente o mesmo que eu sinto por ela, e se não sentir? E se ela ainda gostar desse
Arhtur? É por isso que morro de ciúmes porque penso que a qualquer instante ela vai me deixar por ele e tenho medo.  Eu vivo com medo de perde-la, tanto para a Isabel, tanto para o pai e agora para esse Arthur.
— William? Você ainda está ai?
— Sim... Eu... to aqui.
— Você deve estar cansado não é?
— Não, não é isso.
— Então o que é? — Merda.
— Nada, talvez eu esteja cansado mesmo.
— É melhor você ir dormir, amanhã nos falamos.
— Tudo bem. Nos vemos amanhã, já estou com saudade.
— Eu também. Vou estar te esperando. — Suspiro, é bom saber que tenho uma mulher como ela me esperando. Eu mal vejo a hora de te-lá em meus braços.

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