Capítulo 9

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Quando William deixou meus lábios, eu já estava completamente derretida em seus braços, levei alguns segundos pra me instabilizar e abrir os olhos. Ele me encarava enquanto sorria de lado, tão lindo. Não entra na minha cabeça o fato dele gostar de mim, gostar tanto a ponto de se casar comigo. Não tem lógica. Eu não tenho nada de especial, já ele, ele é o homem mais lindo que já vi na vida. 
— Sorria. — Vejo ele se afastar e erguer a câmera, forçei um sorriso totalmente envergonhada. — Linda. — Sussurou olhando a câmera.
— Lá está a ilha. — Bernardo gritou, chamando nossa atenção. No horizonte já dava pra ver a ilha, com árvores, praia e uma linda casa de madeira. Longe da casa havia uma espécie de kiosque na areia da praia e um pier onde a lancha irria atracar.
— Espero que goste, não vou poder lhe dar uma lua de mel longa, mas tentarei fazer com que esse final de semana seja inesquecível. — Não tenho coragem de olhar para William ao meu lado, mas o modo com que enfatizou o inesquecível só poderia significar uma coisa: Sexo. E não sei se estou preparada para o que ele tem em mente.
— Parece ser um lugar muito bonito. — Desvio o assunto.
— Sim, ótimo pra tirar muitas fotos. — Concordo com a cabeça.
Depois que Bernardo ancorou a lancha. William me ajudou a descer e me disse pra ir para a casa, ele pegaria as malas e depois irria. Concordei e caminhei rápido pois o sol estava muito quente, quando cheguei na varanda uma senhora saiu na porta.
— Bom dia, entre por favor.
— Bom dia. — A casa era muito aconchegante, havia uma sala pequena com dois sofás e uma TV na parede, logo atrás do sofá um balcão de marmore separava a sala da cozinha e também servia de mesa.
— Me chamo Catarina, muito prazer.
— Prazer, Maite. — Estendi a mão pra ela.
— Estou aqui pra ajudar no que precisarem. O quarto fica aqui, é uma suite. — Catarina abriu uma porta de correr que revelou uma cama com lençóis brancos perfeitamente arrumados.
— Só tem um quarto?
— Sim. — A senhora me olhou estranho, claro havíamos acabado de casar e eu já queria dormir longe do marido, soava muito estranho.  — Eu imaginei que chegariam na hora do almoço então tomei a liberdade de preparar  um risoto de frutos do mar.
— Obrigada. — Disse sorrindo pra ela. Voltamos para a cozinha e ela mostrou a mesa pronta.
— Tem comida nesse armário e na geladeira, deixei todas as coisas fáceis pra vocês encontrarem. Mas qualquer coisa é só digitar o número 25 no telefone que vai cair direto na minha casa.
— A senhora mora aqui na ilha?
— Sim, do outro lado. Eu e meu marido cuidamos de tudo aqui. Então é só ligar.
— Esta bem, obrigada.
— Espero que tenham um bom final de semana.
— Obrigada.
— Com licença.
— Toda. — Acompanhei ela até a varanda, William continuava falando com Bernardo perto da lancha, notei também a presença de outro homem com eles.
O calor aqui fora estava demais, então voltei para dentro, analizei alguns detalhes da decoração, uma casa linda, porém, pequena demais para quem está tentando fugir do marido. Respiro fundo, ele aceitou a minha condição de dormir em camas separadas, então ele vai esperar o meu tempo. Olho o quarto e a cama, relembro que ontem quando acordei no meio da noite eu estava dormindo sobre o peito dele, tentei sair, mas seus braços estavam em volta de mim e não quis acorda-lo. Foi uma das melhores sensações que tive durante a noite, normalmente eu acordo quando tenho pesadelos. Um barulho me fez pular.
— Desculpe, te assustei. — Era William que colocou as malas no chão com muita força.
— Tudo bem. Eu só estava distraída.
— O quarto fica ai?
— Sim. — Sai da porta pra ele passar com as malas. O vejo analisar o quarto depois de ter colocado as malas ao lado da cama.
— A dona Catarina fez o almoço pra gente, esta com fome?
— Agora não, tomei café tarde hoje.
— É... Eu também não, vou guardar o almoço na geladeira para mais tarde. — Vou para a cozinha e me concentro em guardar o almoço e o suco na geladeira. Quando me viro William está encostado no balcão me olhando, tomo um leve susto, o que o faz sorrir.
— Você é assustada assim sempre? — Nego.
— Apenas sou bem distraída.
— Entendi. Então falei com o senhor Otávio, ele é o responsável pela ilha, pra irmos mergulhar a tarde. O que acha?
— Mergulhar no mar?
— Sim.
— Mas não é perigoso?
— Não, o Otávio disse que a um lugar especialmente pra isso, não é tão fundo e tem uns corais lindos. Vai ser legal.
— Ta bem. — Ele sorriu.
— Mas vamos só depois das 4 horas, o sol está muito quente. Então ainda temos.... — Ele pegou o celular. — Agora é meio dia e quarenta. Temos quase 4 horas de folga. O que quer fazer?
— É... Eu não sei.
— Bem, nós poderíamos irmos para a  cama...  — Arregalei os olhos. — ...e assistir algum filme. — Ele termina a frase sorrindo, possivelmente por causa da minha reação.
— É... Ta bem. — Falo já imaginando ele me agarrando no meio do filme, aperto os dedos nervosa.
— Você faz a pipoca? — Aceno com a cabeça, ele parece entender o quanto sua presença me deixa nervosa e sai voltando ao quarto.
Procuro por pipoca no armário, pego o pacote e coloco no microondas, espero os minutos e depois coloco sobre uma tigela de vidro.
Respiro fundo antes de ir para o quarto, ele está  sentado na cama, encostado nos travesseiros, trocando de canal. Sento ao seu lado e coloco a pipoca entre nós dois.
— Só tem Piratas do Caribé: A maldição do Pérola Negra. Os outros filmes já estão na metade. Pode ser?
— Sim, gosto desse. — Ele larga o controle e arruma os travesseiros para se encostar. Ficamos em silêncio ao longo do filme, rimos em algumas partes, ele virou o rosto algumas vezes pra me olhar, principalmente quando nossas mãos se encontraram quando fomos pegar pipoca, o filme já estava acabando quando senti minhas vistas ficarem cansadas...

Acordei novamente nos braços dele, dessa vez ele também estava deitado de lado e de frente para mim, meu rosto estava escondido em seu peito e ele tinha seu braço por cima de mim.
Acordei com aquela tipica preguiça de quando dormimos de dia. Me permiti continuar em seus braços e dormir um pouco mais. Acordei novamente algum tempo depois com ele saindo da cama.
— Merda. — Disse olhando o celular. E foi para o banheiro, eu estava quase adormecendo de novo quando ele voltou para a cama, deitou de bruços abraçando o travesseiro.
— O que ouve? — Sussurrei.
— Já passa das cinco horas. Acho que nosso mergulho vai ter que ficar pra amanhã.
— Hmmm. — Resmungo ainda com sono. Ele sorri.
— Vejo que encontrei uma esposa boa de cama.... — Suas palavras me deixam em alerta. — que deita e dorme. — Sorri envergonhada.
— Ontem o dia foi bastante agitado. — Dou como desculpa. Me surpreendo quando ele coloca a mão no meu cabelo o acariciando, não sei o que fazer ou pra onde olhar. Acho que ninguém jamais fez isto em mim. É tão bom.
— Gostaria de saber o que está pensando. — O encaro.
— Acho que é a primeira vez que alguém faz carinho no meu cabelo.
— Sério? — Faço que sim com a cabeça.
— Gosto de ser o primeiro. — Ele sorri de lado, como ninguém no mundo consegue. Percebo que ele só sorri assim quando fala algo safado, ou pensa. — Ainda está com sono?
— A palavra certa seria preguiça.
— Tenho uma ideia pra fazer essa preguiça passar. — Ele sai da cama, o sigo com o olhar, ele faz a volta vindo para o meu lado da cama.
— Que ideia? — Pergunto com receio, me espanto quando ele se abaixa e me pega no colo.
— O que está fazendo? — Sem dizer nada ele me levanta, me seguro em seu pescoço para não cair. — William... — Ele caminha pra fora da casa, como se eu não pesasse nada. Continuo o olhando, esperando uma resposta.
— Vou te jogar no mar. — Ele diz simples. Rindo da minha cara.
— O que? Não. — Tento sair do seu colo. Ele me aperta mais e gira, me seguro nele pra não cair.  — William... Ahh... Kkkkkk. — A sensação de ver o mundo girando é muito boa. William cai de joelhos quando chegamos no mar, uma pequena onda nós atinge, e acabo indo por cima dele, que me ajuda a levantar e me puxa pela mão para a parte mais funda. Uma nova onda mais forte nos atinge e ele me puxa para seus braços, estamos ambos rindo. Me surpreendo quando ele sufoca meu riso com seu beijo, suas mãos apertam minhas costas me puxando pra perto, enquanto sua lingua acaricia a minha suavemente, é um beijo salgado.
— Aposto que está mais disposta agora, não é? — Ele sussurra acabando com o beijo.
— Um pouquinho. — Digo tirando o cabelo do rosto.
— Sabe nadar?
— Sim.
— Então vamos. — Tentamos nadar um pouco, mas as ondas estavam muito fortes, então decidimos sair. Torço meu cabelo molhado enquanto caminho até o quiosque ali perto. William me alcança uma toalha. Quando seu olhar desce pelo meu corpo, noto que o vestido grudou na minha pele, mostrando perfeitamente a calcinha e o sutian que estou usando. Pego a toalha e me enrolo imediatamente.
— Essa brisa é tão boa. Vem, vamos sentar. — Sento ao seu lado olhando o mar, relaxo meu corpo sobre a cadeira, não lembro qual foi a ultima vez que estive assim, tão leve.
— Gosta de praia?
— Sim, as poucas viagens que fiz, todas foram para praia. E você?
— Amo. A melhor viagem que fiz foi para o Caribé, as praias lá são coisa de outro mundo. Tirei fotos incríveis...

E então ele não parou mais de falar, me contou de suas inúmeras viagens, quais foram as melhores, quais as piores, eu apenas concordava e ria do que ele falava, foi uma tarde muito agradável.

O sol já estava quase se pondo quando William disse que irria tomar um banho, depois que ele se foi, eu criei coragem pra tirar o vestido e pegar um sol. Estendi a toalha no chão e me deitei. Fechei os olhos por causa do sol...

Acordei com agua caindo no meu rosto,
sentei na toalha assustada, mas eu não consegui enxergar nada, arregalei meus olhos e forçei minhas vistas a funcionarem, mas tudo que eu via era escuridão e nada além dela. Senti meu corpo amolecer e o ar faltar em meus pulmões, abri a boca tentando respirar.
Minha visão não ficou embaçada com minhas lágrimas, porque tudo que eu estava enxergando era o escuro. Ele estava ali, em volta de mim, por todos os lados, me aprisionando em uma bolha repleta de escuridão, esperando eu dar o primeiro passo pra me pegar. Fechei os olhos com forças, como se aquilo fosse suficiente pra me enconder. Mas eu sabia que ele ainda estava ali, me olhando, sorrindo para minha aflição. Senti as primeiras gotas de chuva começarem a cair, um trovão me fez recordar tudo que eu queria esquecer, trazendo de volta aquela menina de 7 anos...

Eu sei que demoro muito para postar, e é difícil acompanhar uma fic com toda essa demora, mas eu to odiando minha escrita ultimamente, por isso reescrevi umas dez vezes até eu achar postavel. Então perdoem as minhas loucuras e não desistam de mim.

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now