Capítulo 45

4.7K 314 25
                                    


Entro no apartamento retirando meu paletó, e enquanto caminho até o nosso quarto, abro os botões da minha camiseta, paro de repente na porta, observando minha mulher, eu passei o dia desejando vê-la e agora tudo que consigo fazer é me encostar no batente da porta e admira-lá como um bobo. Seu cabelo negro e sedoso, cai sob suas costas, quase chegando na bunda, com as pernas cruzadas posso ver suas coxas bem torneadas. Ela é tao gostosa, tão linda. Vejo fotos espalhadas sob a cama, e já não posso suportar a distância entre nossos corpos. Caminho até a cama e me sento atrás dela, com a mão retiro o cabelo para um lado e beijo seu pescoço, trazendo seu corpo, para se encostar no meu peito.
— Tudo bem? — Pergunto ao ver que as fotos são de Isabel.
— Sim. —  Quando ela ergue o rosto, vejo que não chorou e isso me tranquiliza. Me inclino a beijando, fecho os meus olhos desfrutando do sabor de seus lábios. Aperto em meus braços querendo protegê-la de tudo. — Apenas estou nostálgica hoje, eu não consigo esquece-la. — Ela diz erguendo uma foto de Isabel, as duas são muito parecidas.
— E nem deveria, é a sua mãe, não se esquece uma mãe. — Ela concorda com a cabeça.
— Ela morreu tão cedo, lembro que cheguei a pensar que meu pai tinha matado ela, mas eu não lembrava de nenhuma briga deles, sei que ele amava minha mãe. Então eu esqueci essa hipótese, prefiro ter um pai ausente, do que um assassino. — Suspiro... não gosto de falar  sobre a Isabel, pois tudo não passa de uma mentira.
— Não acho que o seu pai tenha assassinado ela, com certeza a polícia investigou e viu que foi só um acidente.
— Sim... — Ela se afasta, ficando de frente pra  mim. Sorri levemente passando os dedos sob a minha barba. Sem resistir eu agarro a sua cintura, a trazendo para meu colo.
— Está cansado? — Pergunta me fazendo sorrir.
— Isso depende. Cansado para que? — Mordo meu lábio a provocando e vejo seu olhar se fixar alí.
— Para ir a uma festa. — Franzo a testa.
— Que festa?
— Aniversário de casamento do meu pai, a Rebecca veio hoje a tarde, disse que ele, fazia questão que fôssemos.  — Não consigo ocultar a minha cara de descontentamento e tenho certeza que ela percebeu. O fato que é sempre detestei aquele velho, principalmente depois que pediu pra ela se divorciar de mim.
— Eu entendo se não quiser ir comigo. — Diz sorrindo, tentando não deixar transparecer a sua mágoa. Como se eu conseguisse negar algo a ela.
— Ainda está entalado na minha garganta, o fato dele ter pedido pra você se divorciar de mim.
— Ele poderia pedir mil vezes se quizesse, que eu não o obedeceria. — Sua frase acalma meu coração.
— Tudo bem, se quizer realmente ir, eu lhe acompanho. — Seu sorriso já vale pela festa inteira aturando seu pai.
— Obrigada. Apesar de tudo, ele é meu pai, e eu me importo muito com ele.
— Eu sei. — Fecho os olhos recebendo o seu beijo, demorado, gostoso. Alizo o seu corpo
apertando sua bunda e subo até os seus seios.
— Ah aii... — Paro olhando seus olhos.
— O que ouve?
— Meus seios... estão doloridos.
— Está menstruada? — Falo com desânimo.
— Não... — Diz pensativa. — Atrasou, então deve vir essa semana... — A interrompo com um beijo. E deito para trás, a trazendo para cima de mim...

Como todo homem, terminei de me arrumar primeiro, então sentei na cama, observando-a terminar a maquiagem. Perco o ar quando ela se levanta, pois o vestido azul com brilho nas costas, termina de deixa-la deslumbrante.
— Coloca pra mim. — Diz me alcançando a gargantilha que dei pra ela. Quando eu pego, ela se vira, erguendo o cabelo, deixando o seu pescoço amostra. Beijo seu ombro quando termino de prender a gargantilha.
— Você está maravilhosa. — A abraço por trás e só a solto porque temos que sair. Estava sem vontade de dirigir, então liguei para o Pedro e ele já nos espera na frente do prédio. Sento atrás com ela, a abraçando, permanecemos o caminho todo assim, até chegarmos no salão de festas.
— Seu pai não economizou na festa. — Digo ao ver o salão e o tanto de convidados. Bela me olha afirmando.
— Rebecca não perderia a oportunidade de se gabar. Ela não aguentou esperar até o ano que vêm. — Paro puxando-a perto de mim.
— Como assim?
— Ela está comemorando bodas de porcelana, mas só vão completar vinte anos de casados no ano que vem.
— Então ela está mentindo? — Falo pensativo, mas ao fazer as contas, lembro que Isabel foi embora a 19 anos, então eles não podem estar casados a vinte anos.
— Sim, uma amiga da Rebecca fez uma festa igual e ela pra se gabar mais que a amiga, não aguentou esperar até o ano que vem. — Rio com tanta soberbia.
No outro lado do salão posso ver a madrasta e o pai de Bela, distribuindo sorrisos e abraços aos convidados, vejo que Bela também está os olhando. Então a abraço por trás, sentindo o seu perfume.
— Já imaginou quando formos nós fazendo uma festa assim, para comemorar vinte anos de casados? — Sussurro ao seu ouvido. Sinto ela respirar mais forte e quando se vira para mim, a voz insuportável da Amanda surge ao nosso lado.
— William. — Odeio quando ela finge ignorar a presença de Bela.
— Oi. — Abraço minha mulher a colocando no meu lado sem dar chance dela me abraçar. Da ultima vez que nos vimos foi lá em casa, e eu,  apesar de amar o fato da Bela sentir ciúmes, odiei ver ela chorando ao me confidenciar que se sentiu mal ao me ver com a Amanda.
— Irmãzinha, agora você só anda com vestidos de grife, em?
— Não são de grifes, comprei no shopping. — Amanda sorri a olhando de cima embaixo.
— É olhando melhor, dá pra perceber. — Diz com desdém.
— Verdade. — Falo chamando a atenção das duas. E quase me bato por fazer Bela me olhar triste. — Maite fica linda até com um vestido de 10 reais. Ela não precisa de grifes e marcas caras. — Então ela sorri pra mim. — Dança comigo, meu amor? — Ela concorda com um leve aceno de cabeça. — Com licença. — Digo a Amanda. E levo minha mulher para a pista.
— Obrigada. — A trago para mim, segurando em sua cintura.
— Só disse a verdade. — Bela passa os braços pelo meu pescoço sorrindo. A música lenta e sensual nos envolve, eu desejei estar sozinho com ela nesse instante, sentindo o seu corpo quente, tendo sua imagem só para mim. Ao longo de três músicas, nos permanecemos colados, só então larguei seu corpo, deixando a pista de dança. No caminho encontramos os anfitriões da festa, Rebecca abraça Bela como se fossem grandes amigas e logo a mim.
— Parabéns pelo casamento. — Digo apenas. E aperto a mão de Jorge.
— Muito obrigada. — Rebecca diz sorrindo.
— Parabéns pai. — Sinto meu coração apertar ao ver Bela o abraçando com tanto amor e ele nem sequer, se dignar a erguer os braços para corresponder. Quando Bela volta ao meu lado eu a abraço com força, esperando que ela não tenha percebido o desconforto do seu pai pelo abraço.
— Maite, vamos comigo retocar a maquiagem, detesto ir sozinha. — Rebecca fala, pegando a Bela pela mão, quase a puxando sem esperar a resposta.
— Ah... Claro. — Bela me olha, antes de ir com ela, sumindo do meu campo de visão.
— Como vai o seu pai? — Jorge puxa assunto.
— Bem, ele está em Nova York.
— Será que ele desistiu de fazer negócios no Brasil?
— Não sei, não tenho falado muito com ele nesses últimos dias.
— Entendi. Alfonso havia comentado que vai fazer da empresa algo mais familiar. Ele tem muitos irmãos?
— Não, apenas dois.
— E a sua mãe? Muitos irmãos? — O encaro, tentando entender onde ele quer chegar.
— Apenas um.
— Ah sim. O Heriberto. — Droga. Ele sabe. O jeito que está me olhando, como se estivesse me analizando, demonstra que ele já sabe de tudo. Tento não parecer surpreso, apenas ajo naturalmente, enquanto meu olhar vasculha o lugar, procurando por Bela.
— Sim, creio que é esse o nome dele. — Volto a encara-lo, para que ele não desconfie de nada.  Minha vontade é socar a cara dele. O maldito, planejou tudo, primeiro afastou Bela de mim, para depois tocar no assunto do Heriberto. E eu sinceramente estou tentando não enlouquecer ao pensar que não vou vê-la de novo.
— Crê? Não sabe qual é o nome do seu tio?
— Bem, na verdade não temos contato, então não lembro direito, mas acho que é Heriberto sim. Vocês se conhecem? — Ao que parece, ele não quer abrir o jogo, então eu também não vou.
— Estranho você não ter contato com o único irmão da sua mãe. — Vejo que ele se esquivou da minha pergunta, maldito.
— Ah, sim. A muitos anos. — Com o olhar, eu procuro por Bela, mas ela não está em lugar algum, me deixando aflito.
— Porque não? — Respiro fundo, tentando me acalmar. E penso em alguma historia para lhe contar.
— Porque, minha mãe e ele brigaram a alguns anos atrás, disputa pela herança deixada por meus avôs. E desde então eles não se falam, portanto eu não o vejo desde que era criança. O senhor conhece ele?
— Fizemos negócio uma vez. — Sei bem o tipo de negócio que ele fez. Forjou a morte da sua própria esposa, somente porque não aceitou o divórcio e ainda a privou de ver a filha.
— Ah entendi.
— Soube que Heriberto se casou. É verdade? — O olho como se estivesse surpreso. Ele é um maldito sinico, então também vou ser.
— Não sei dizer, minha mãe nunca fala sobre ele.
— Compreendo. — Jorge diz afirmando com a cabeça, sorrindo. Nada de bom pode vir desse sorriso. Então eu esqueço de manter a minha posse de calmo e passo a procurar Bela. Estou apavorado com a ideia de não voltar a vê-la.
— Vou cumprimentar os outros convidados, aproveite a festa, William. — Diz batendo no meu ombro. Sigo o maldito velho com o olhar, talvez ele vá falar com Bela agora, mas não, ele para logo adiante, falando com um casal. Então caminho na direção que Bela foi com a  Rebecca, na esperança de encontra-la. Sentir o medo crescendo dentro de você é angustiante. E a cada passo que dou sem vê-lá,  sinto esse medo crescer e se alastrar como fogo, dentro do meu peito. Eu nem sei o que eu faria sem ela, talvez enlouqueceria como Isabel.
Paro num canto do salão observando todos, mas nenhuma dessas pessoas é a minha Bela. Volto a caminhar procurando-a, quando sinto alguém puxar meu braço. Juro que senti meu corpo todo amolecer quando me virei.
— Bela. — Suspiro, a trazendo para os meus braços, apertando-a e beijando o topo da sua cabeça. Finalmente relaxando. Quando ela ergue o olhar, sorrindo levemente vejo que ainda é a minha Bela, e que não foi envenenada contra mim.
— Tudo bem? — Ela pergunta, seu olhar desce para meu peito, onde estão apoiadas as suas mãos, possivelmente sentindo as batidas descompassadas do meu coração.
— Sim, agora sim. Venha. — Seguro firme em sua mão,  a levando para um canto do salão, onde não tem tantas pessoas esbarrando em nós. E sem pensar a puxo para perto, e a beijo  segurando seu rosto entre as minhas mãos. O medo está se esvaindo aos poucos.... a cada toque do seu corpo. Eu amo essa mulher, com todas as forças da minha alma, de um jeito que jamais julguei ser possível. E perde-la está fora de cogitação.

¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.
Migalhas De AmorDonde viven las historias. Descúbrelo ahora