Capitulo 30

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Imaginei estar sonhando quando senti  lábios macios tocarem os meus, mas ao realmente acordar, percebi que aquilo era real. E era tão gostoso. Bela estava sobre meu peito, me beijando com uma delicadeza incrível, seu cabelo estava sobre meu rosto e ela acariciava minha bochecha com a mão. Abri minha boca lentamente e deixei ela me beijar, do jeito dela, como ela quisesse, queria ver ela dominar. Seu beijo era calmo, demorado, me fazendo sentir melhor cada sensação. Bela é delicada, meiga, doce e consegue transmitir tudo isso em seus beijos.
Nunca imaginei que um beijo tão calmo, pudesse me excitar tanto. Minha mente pervertida começou a imaginar ela descendo, beijando meu peito até chegar ao meu pau e então o chupando com a mesma delicadeza que estava fazendo com minha boca. Porra. Isso seria incrível, apesar de saber que ela é tímida demais pra isso, sonhar não custa nada. Bela terminou o beijo com um selinho demorado e se afastou.
— Eu queria acordar assim todo dia. — Sussuro abrindo os olhos. Ela está sorrindo enquanto coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Oi. — Sussura, nitidamente envergonhada.
— Oi. — Eu queria ver ela dominar, mas estava louco para a ter embaixo de mim. Então rolo para cima dela e a coloco no travesseiro. — Que horas são? — Olho meu celular em cima da cômoda.
— Faltam alguns minutos para o celular despertar. — Ela diz.
— Então dá tempo. — Beijo ela com todo meu desejo. E quase me parabenizo por ter tirado seu vestido ontem para lhe fazer uma massagem, assim tenho o caminho livre para me perder em seu corpo...
Esse com certeza é um dos dias que vou trabalhar muito relaxado. O celular já despertou a alguns minutos e eu já fiz Maite minha. Agora estou abraçado a ela, sem coragem de levantar e ir trabalhar. Respiro fundo trazendo ela pra mais perto. Ficar assim é muito bom.

Chego na agência meia hora atrasado, ao passar pela sala de reuniões vejo Rafael com os funcionários da agência, lembro que ontem combinamos uma reunião logo cedo para redefinir as tarefas de cada um, pois foi necessário contratar novos funcionários. Quando entro na sala, os olhares lançados a mim não são dos melhores. Mas porra. Como que eu deixo de satisfazer uma mulher que me acorda de madrugada me beijando daquele jeito? Impossível.
— Bom dia. — Todos respondem. Menos Rafael que está me encarando com uma cara do tipo "Eu sei que você estava transando com a minha irmã, babaca".

A reunião levou praticamente a manhã toda, mas conseguimos discutir sobre as campanhas e delegar as tarefas e cargo de todos. Retirei muitas coisas que estavam sobre a responsabilidade do Rafael, ele estava ali pra me ajudar e não ficar com todo o trabalho duro. Mas deixei todos cientes que ele também manda na empresa e na minha ausência, ele é o chefe.
Quando a reunião termina, todos saem da sala, exceto eu e Rafael.
— Eu estava dando conta. — Ele se manifesta, está nitidamente irritado com isso.
— Eu sei que estava. — Falo.
— Então porque retirou a maior parte do meu trabalho? É porque eu ainda não fiz uma faculdade?
— O que? Claro que não. Só não quero te sobrecarregar. Eu conheço seu potencial e sua inteligência, não é uma faculdade que vai definir isso.
— Bom, eu estava dando conta. E se não quer mesmo me sobrecarregar, tente não chegar atrasado. — Ele diz levantando e saindo da sala. Rafael é muito bom no que faz, mas ele é o tipo de pessoa que prefere fazer o trabalho sozinho do que deixar que outra pessoa o faça.
Ele me evitou durante o resto da manhã e a tarde, mas quando era perto das três horas eu fui até sua sala, tínhamos que resolver isso, além de ser meu braço direito, Rafael era meu melhor amigo e eu não quero desentendimentos entre nós.
— Podemos conversar? — Rafael larga os papeis que tem na mão e aponta a cadeira.
— Rafa, eu sei que você é muito bom no seu trabalho, mas eu não vou lhe dar as suas tarefas de volta. E talvez seja clichê falar isso, mas estou fazendo pelo seu bem. Acredite, eu já fui muito assim no início, queria fazer tudo sozinho, porque pensava que ninguém faria melhor que eu. E me arrependo muito porque só serviu pra mim me matar trabalhando e me estressar atoa.
— Me desculpe. — Ele ergue a mão me impedindo de falar. E continua. — Eu estava nervoso e acabei descontando em você. Não tem nenhum problema com o trabalho que você me designou, toda a parte chata e burocrática foi retirada e isso vai me permitir me dedicar melhor as campanhas. — Franzo a testa.
— Então qual o problema? Porque está tão nervoso?
— Minha mãe como sempre. — Ele dá de ombros. E milhares de coisas passam pela minha cabeça.
— O que aconteceu dessa vez?
— Nada, por enquanto. Mas papai me ligou, ele está muito preocupado com ela.
— Porque?
— Porque mesmo com todos os remédios ela está muito ansiosa e nervosa. Estou começando a achar que não foi uma boa ideia remexer nessa história da Maite. — Nego com a cabeça.
— Isabel ficou doente justamente por essa história, está na hora de colocarmos um ponto final nisso.
— Eu já não tenho certeza disso. — Ele respira passando a mão no rosto.
— Falei com ela ontem, ela parecia que estava muito lúcida, quiz saber sobre o que Maite gostava e quando mencionei o filme preferido da Maite ela disse que irria assistir, ela parecia bem.
— Ela sempre parece bem William, até não aguentar e desabar. E também tem o papai, embora ele tente parecer forte,  sei que ele está no limite, ele já aguentou isso por vinte anos. — Concordo com a cabeça. Essa história sempre envolveu a família inteira.
— Posso pedir pra minha mãe ir ajudar ele e fazer companhia pra Isabel, talvez isso ajude ela a ficar mais calma.
— Tia Lúcia já está lá, ela chegou ontem a noite pra ajuda, mas não acho que isso seja suficiente, minha mãe quer mesmo é ter a Maite ao seu lado.
— Eu sei. — Digo pensativo.
— Talvez... Seja a hora de vocês irem pra Nova York e contar toda a verdade pra Maite. — Encaro ele. — Creio que Isabel só vai se curar realmente da depressão quando tiver a Maite ao lado dela. Eu já não sei o que fazer, nos já esgotamos todas as outras alternativas. — Sinto meu peito apertar ao ouvir isso. É como jogar Bela no colo da mãe depressiva e dizer, cure ela, pois nós já desistimos. E eu não tenho coragem de fazer isso com a minha Bela.
— Talvez devêssemos esperar...
— Esperar o que? — Rafael fala alto. —  Meu pai se descuidar por um momento e encontrar minha mãe morta? — Nego com a cabeça exasperado.
— Não, mas talvez um novo tratamento, só sei que quando contarmos a verdade a Maite, Isabel precisa estar bem, pra cuidar da filha, porque não sei se Maite aguenta isso sozinha.
— Vai ter que aguentar. — Encaro ele com raiva.
— Como assim vai ter aguentar? Maite ainda é uma menina, frágil que...
— Não, ela é uma mulher com 23 anos, eu aguentei tudo isso desde que era uma criança, então ela vai ter que aguentar. — Eu fecho os olhos pra não levantar e socar a cara dele. Respiro fundo para me acalmar.
— Essa semana é impossível ir pra Nova York.  — Tento ganhar tempo. — Todas as campanhas principais ficaram pra essa semana e a próxima.
— Eu sei, mas precisam ir o mais rápido possível. Falei pro papai manter ela sob controle com calmantes fortes, mas não gostamos de deixar ela dopada.
— Tudo bem, qualquer coisa me avisa, estou no celular.
— Vai sair? — Aceno.
— Sim, eu não estou com cabeça para trabalhar. — Percebo que Rafael não gostou nada, mas mesmo se eu ficasse, não irria ser produtivo no trabalho.

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