Capítulo 64

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— VOCÊ FEZ O QUE? — Murmurrei irritado. — Ela pediu um tempo, droga! Toda essa história já é difícil demais pra ela, não precisa de ninguém a precionando.
— Eu não precionei ninguém, Willliam! Só tomei uma atitude e falei com ela. Fui muito educado, até sensível eu diria. Então não me venha com reclamações, se você tivesse levado ela pra Nova York quando eu te disse, isso não estaria acontecendo. — Rio sem humor, agora ele vai culpar a minha.
— Ahh, então agora a culpa é minha? — Ele mexe a cabeça nitidamente irritado e se levanta.
— E só pra você saber, vou fazer um jantar pra comemorar o meu aniversário, convidei a Maite e ela disse que irria pensar, talvez ela vá, fale com a mamãe e as duas se entendam. E eu não precisei preciona-la a nada, como você disse. — Dito isso ele sai, batendo a porta. Quero proteger a minha Bela, mas todos parecem estar dispostos a tornar essa missão impossível. Espero que essa conversa não a tenha feito mal. E que de verdade tudo se resolva de uma vez, eu já estou enlouquecendo sem ela. Sinto saudade de tudo nela, seu jeito, seu perfume, sua pele... Tudo!

Quando anoiteceu, eu estava mais calmo e vi que Rafael havia agido correctamente, eles são irmãos e precisavam conversar. Ele tem o gênio forte, mas sei que não faria nada pra machucar a irmã, eu que estou sendo super protetor demais como sempre e talvez ciumento, por ele ter estado com ela, e eu não. Rafael não havia me convidado, mas se havia uma possibilidade de Bela estar nesse jantar, então eu não perderia por nada. Dirigi até o seu apartamento e toquei a campainha, Isabel que abriu a porta pra mim, ela estava arrumada e sorridente, parecia uma pessoa feliz e normal, a muito tempo não a via assim. Ela me abraça com carinho e depois toca meu rosto.
— Você já sabe William? Rafael me disse que a Isabela vai vir jantar conosco.
— Eu disse que não é certeza. — Rafael se pronuncia lá da sala, mas Isabel nega com a cabeça, como se fosse conversa.
— Entra meu filho, senta lá com Heriberto e o Rafa, vou na cozinha ver se tudo está certo. — Ela se afasta, entrando na cozinha e vou para a sala desconfiado. Rafael continua irritado e só Heriberto responde meu boa noite, ele aperta minha mão e me pede pra sentar.
— Não deveriam ter contado a ela sobre a Be... Maite, e se ela não vir? Como Isabel vai ficar? — Digo baixo, já confortável em um dos sofás.
— Não irriamos contar nada, mas ela ouviu enquanto eu falava com Rafael pelo telefone e desde então não parou falar nisso e cuidar de tudo.
— Ao menos por agora ela está feliz, então deixa ela aproveitar isso. — Rafael fala. Entendo como é difícil pra ele, foram raros os momentos que ele pode ver a mãe bem, então me calo.
— Maite me disse que falou com o pai hoje de manhã. — Rafael fala e sou todo ouvidos assim que ouvi o nome de Maite. — Ele ameaçou te processar pelos socos e ela estava preocupada que fosse preso.
— Ela estava preocupada comigo? — Perguntei todo bobo e lutei pra esconder um sorriso. Rafael percebeu e riu afirmando.
— Mas eu a tranquilizei e disse que isso não ia acontecer
— De qualquer forma, é bom tomar cuidado William, Jorge é um homem covarde, mas ele é muito vingativo.
— Não se preocupe tio, sei me cuidar e já estou providenciando um segurança pra seguir a Maite não quero que nada aconteça a ela.
— E ela vai aceitar isso? — Inclino a cabeça em dúvida.
— Posso mandar ele seguir ela a distância, até que ela volte pra casa.
— Se ela voltar né... — Encaro Rafael querendo quebrar a cara dele. Por sorte minha mãe chega nos distraindo, como sempre toda preocupada comigo, ajeitando a minha camisa. Isabel também se junta a nós, mais ansiosa a cada minuto que se passa. Perguntando que horas a Bela disse que iria chegar, claro que Rafael não soube responder, é bem provável que a Bela não venha. E quando o celular dele tocou, Isabel logo perguntou se era ela, pela cara que Rafael fez, era sim. Antes dele atender explicou a mãe que talvez ela tivesse ligado pra dizer que não poderia vir, mas Isabel só queria que ele atendesse rápido e ainda pediu pra colocar no viva voz.

— Alô?
— Oi Rafael... — A voz doce dela preencheu a sala, confortando meu coração.
— Oi... Tudo bem?
— Tudo... Sobre o jantar que havia comentado...— Isabel se anima ainda mais, mas eu já espero o pior.
— Sim você vai vir? — Num segundo que mais pareceu uma eternidade, ela ficou em silêncio e por fim, disse sim, eu mal acreditei, meu coração deu um salto.
— Eu posso levar a Camilla comigo?
— Claro. — Rafael fala sorrindo, aliviado como todos nós.
— Ai de você, se falasse que eu não poderia ir, seu barbeiro. — A voz de Camilla faz ele ampliar o sorriso. — Agora diz o endereço pra gente ir. — Rafael passa o endereço e antes delas desligarem, tenho outra grata surpresa.
— Ah espera, o William está ai? A Bel ta louca pra saber, mas não tem coragem de perguntar.
— Camilla!! — Adoro a voz brava dela, nitidamente envergonhada.
— Está, sim.
— Ta bem, tchau. — E por fim elas desligam. Isabel só falta pular pra cima de alegria, abraça Heriberto, falando que a filha dela, está voltando pro seus braços. E eu estou igual ou mais feliz que ela. Vou ver minha Bela, sentir ela perto, seu olhar em mim, seu perfume inebriando-me. Meu peito se enche daquela sensação de paz, que só ela consegue me proporcionar. Enfim felizes, por ela vir, até minha mãe, deita no meu ombro sorrindo. Penso se Bela não perdoaria a mãe sem pensar se visse a felicidade estampada em seu rosto, só por saber que ela vai vir, num simples jantar.
Estava me servindo uma dose de whisky quando a campainha tocou. A alegria de Isabel já havia dado lugar a apreensão e ela permaneceu no sofá, sendo amparada pelo meu tio. Meus olhos não saiam da porta, enquanto Rafael a abria. Camilla estava na frente e só quando ela passou para o outro lado pude ver minha Bela, linda como sempre, os cabelos soltos sob os ombros, cobrindo parte do vestido rosa comportado que ela adora, entregando uma sacola de presente a Rafael e logo em seguida o abraçando. Depois ela ficou de lado, ouvindo algo que Camilla falava pro Rafael, as mãos encolhidas na frente do corpo, como se protegesse de algo, o jeito tímida sem ter coragem de se virar e nos olhar, porque é obvio que viu Isabel e os outros sentados na sala quando chegou. Mas quando Rafael se virou apontando a sala, ela não teve escolha e devagar se virou, o olhar assustado percorrendo tudo até parar em mim. Vi quando respirou mais forte, soltando o ar e um sorriso quase imperceptível cresceu em seus lábios em um misto de alivio e saudade, que eu também senti. Seu olhar em um pedido mudo que eu fosse até ela, a abraçasse e a tirassse dali. Mas Isabel se colocou de pé e seu olhar se desvio para a mãe.
— Boa noite. — Ela disse, seguindo Camilla, mas não tão animada quanto ela. E Isabel foi a primeira a responder, ansiosa, parecia querer ir até a filha, mas não teve coragem. Enquanto largava minha dose e me aproximava, minhas mãe tomou as honras e foi até Maite a abraçando, ela sorriu por um instante e perguntou se minha mãe estava bem, trocando cordialidades.
— Vem, senta por favor. — Minha mãe mostra o sofá e na metade do caminho que ela tem que percorrer por tras do sofá estou eu. Minha mãe passa direto, mas Bela, eu não permito.
— Oi. — Digo ela está na minha frente, depois de dias sem vê-lá e eu não hesito em abraça-la, Bela também não se faz de rogada e aperta a minha cintura, soltando o ar devagar, tão pequena em meus braços. — Tudo bem com você?
— Sim. — Ela sussura, mas sei que nao é verdade. E nos soltamos devagar, olhando nos olhos, não queria solta-la ou deixa-la ir, queria ficar abraçado nela por horas e sei que ainda assim, essa saudade não diminuiria. Contrariado, dou espaço pra ela ir na frente e a sigo. Infelizmente ela se sentou no sofá de dois lugares ao lado da minha mãe e só me restou o lugar no outro, ao lado de Camilla.
— Esse é meu pai Heriberto. — Rafael falava apresentando ele a Camilla, mas logicamente ele não iria apresenta-lo a Bela, notei que ela o olhou, ao lado de Isabel, mas rápidamente desviou o olhar, deve ser difícil pra ela, aceitar tudo assim, de cara. Camilla o cumprimentou animada como sempre. E logo um silêncio constrangedor se fez e eu não tirava os olhos de Bela, que olhava o chão, mexendo os dedos.
— Vocês aceitam um suco ou uma água? O jantar logo ficará pronto. — Minha mãe falou.
— Não obrigada. — Maite responde.
— Eu aceito whisky, duplo. — Camilla diz batendo de leve no meu joelho. Entendo o recado e me levanto servindo uma dose pra ela.
— Aceita whisky então Maite? — Minha mãe pergunta.
— Não, eu não bebo. — Sorrio, sabendo disso. Embora um dia, adoraria vê-la um pouco bêbada rindo de tudo, sem vergonha de me dizer algumas safadezas. Volto entregando o copo a Camilla, que agradece. Isabel está quieta demais, segurando a mão de Heriberto, mas a cada instante olha para Maite.
— E então quantos anos está fazendo Rafael? Uns 16? — Camilla provoca Rafael. Que aperta o olhar pra ela. — Ah, qual é voce tem cara de bebe ainda.
— Quer mesmo brincar de adivinhar a idade? Pela sua cara... Sua idade não baixa de 30. — Ela coloca a mão na boca indignada.
— Está me chamando de velha?
— Voce me chamou de bebê. - Ele dá de ombros.
—Tenho 24.
—De qualquer forma, já esta perto dos 30.
— Pelo jeito, voces dois se dão muito bem. - Heriberto fala.
— Muitoo... — Rafael debocha, e eu caio na risada. Camilla bate no meu ombro e começa a se explicar.
— Não muito, senhor, mas sabe porque? Quando eu conheçi seu filho, ele praticamente amassou todo meu carro.
— Aaahh, voltamos a essa história? — Rafael fala. Pela primeira vez, Maite sorri de verdade, ja sabendo o drama que Camilla vai fazer ao contar do trágico acidente, e não deu outra, ela contou detalhe por detalhe, culpando sempre o Rafael, que tentou se explicar, mas não adiantou muito.
—Deve ter mais cuidado ao dirigir, filho. —  Isabel fala, preocupada. E Camilla sorri.
— Ouviu Rafael? — Ele só nega com a cabeça, sem se importa.

Minha mãe que havia ido para a cozinha, volta dizendo que o jantar está pronto. Então nos levantamos, faço sinal pra Bela ir na frente e seguro o topo de suas costas a guiando, puxo a cadeira pra ela e me sento ao seu lado. Enquanto esperávamos os outros se acomodarem e se servirem, alcanço a mão dela, sob seu colo e entrelaço nossos dedos. Bela me olha por um instante e aperta minha mão devagar, senti que ela relaxou e eu tambem, seu toque é o meu melhor calmante. E só soltei sua mao, porque precisava das duas mãos para comer, ou não a largaria nunca mais.

Durante o jantar o clima parecia menos pesado, Camilla e Heriberto entraram num papo cabeça, sobre o comercio exterior, já que ela trabalha com isso e ele também. Eu fiquei calado, observando minha mulher sempre que podia, como um tolo apaixonado, morrrendo de saudades, desejando que todos desaparececem, para eu estar a sós com ela. Quando ela me olhava, eu já estava a olhando, e notei que ela estava ficando sem graça, então desviei o olhar por um instante, mas sua presença parecia puxar como um imã meu olhar.

Quando voltamos para a sala, já servidos, Bela sussurou algo pra minha mãe e ela apontou com a mão, provalmente onde ficava o banheiro. A sigo com o olhar, tão linda, ela parece ficar mais bonita a cada dia. Espero por um instante, e me levanto indo atrás dela, sem me importar com o que os outros vão pensar. Me escosto na parede do corredor a esperando, ansioso, quando ela sai do banheiro, volta pra trás ao me ver, como se levasse um susto e depois sorri de leve.

— Você quer ir... — Fala saindo da frente da porta do banheiro, mas eu nego com a cabeça.

— Não, eu vim falar com voce. — Ela tem a boca entre aberta, fazendo um biquinho sexy, os lábios parecendo tão apetitosos no momento. —  Você esta bem? — Pergunto preocupado, ela parece abatida e cansada. Bela fecha os olhos por um instante, respirando tudo.
— Por favor, não fala nada William. Ou eu vou começar a chorar e não vou mais conseguir parar. — Não, ela não esta bem, é obvio que não está. Ergo a mão tocando seu cabelo e ela vem até mim, escondendo o rosto no meu peito, as mãos em torno da minha cintura apertando. Fecho os olhos, tão em paz por a ter em meus braços novamente. Acaricio seus cabelos, minha boca beijando suavemente sua testa, num pedido mudo, ela ergue o rosto e eu não espero por sua aprovaçao, agarro sua nuca, descendo meus lábios nos seus, que momentaneamente parece surpresa, mas não deixa de me corresponder,  carinhosamente envolvendo a sua lingua na minha. Em pensar que quase enlouqueci sem seus lábios e agora a tenho aqui, totalmente entregue em meus braços, ela nunca teve medo de se entregar, mesmo diante da sua timidez, não ouve uma noite que ela não se entregou totalmente, minha para fazer o que eu quiser, confiando em mim cegamente, deixando-me ser seu dono, seu protetor. E por mais que ela diga que ainda precisa voltar a confiar em mim, o que eu vejo aqui, é que ela nunca deixou de confiar e se entregar a mim.

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Enfim o nosso casal ternura se reencontrou, e rolou de tudo, troca de olhares, sorrisos, e um beijao de tirar o fôlego... E eu tenho a impressão que é só o início. 😏❤🙈






Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now