Capítulo 71

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O dia começou normal, como todos os outros, mas não era um dia qualquer, e eu tentei não pensar nisso, não agora. Levantei da cama, imaginando estar sozinha, afinal William perdeu uma tarde de trabalho essa semana pra me acompanhar na consulta. E  como ele quer deixar tudo pronto antes do fim do mês, pra irmos embora, pensei que não iria faltar mais nenhum dia. Estava enganada.
Descobri que ele estava em casa quando meu celular tocou depois de eu ter tomado café. Era Arthur e quando falei seu nome em voz alta, feliz por falar com ele, William saiu do escritório me olhando fixamente. Continuei falando normalmente com Arthur, contei sobre a gravidez e o agradeci por ter me alertado. Quando desliguei William estava sentado no braço do sofá, com os braços cruzados na frente do corpo, me encarando. Eu levantei e fui até ele.
— Antes que diga qualquer coisa, me deixe explicar o que ouve. — Ele apenas acentiu, mordendo o lábio, faz isso quando está bravo.
— Bem... Eu encontrei Arthur no dia que eu desmaiei, lá no hospital e nós conversamos. Ele viu que o diagnóstico do médico estava errado e foi por isso que ele me ligou naquela manhã, me explicou tudo e me pediu pra ir falar com o médico que me atendeu. Foi graças a ele que descobri o que meu pai fez... De certa forma ele salvou nosso bebê. — William continua muito sério e encara o chão, pensativo. — Hey... — Toco seu rosto com as mãos, o fazendo me olhar. — Não tem motivo pra ficar assim, ele é apenas um amigo, eu jamais trairia você.
— Eu sei disso. Confio em você.
— Então...
— Eu que deveria ter salvado vocês e não ele. — Diz descruzando os braços e me trazendo pra perto dele. — Era a minha responsabilidade.
— Só não salvou porque eu me afastei de você, é minha culpa.
— Não... Olha esquece isso! Já não importa quem salvou e sim que vocês estão bem agora. Vamos agradecer o Arthur pelo que ele fez e pronto.
— Eu já agradeci!
— Tudo bem. —  O beijo lentamente e depois o abraço com força, sentindo-me protegida em seus braços.
— Pensei que já estivesse no trabalho.
— Candelária foi fazer as compras do mês e eu não quis te deixar sozinha.
— Você é perfeito. Mas Camilla já está chegando ai, não iria ficar sozinha. — Ele dá de ombros sorrindo.
— Mesmo assim, eu quis ficar. Posso fazer o meu trabalho em casa, de qualquer forma.
— Ta bem. Obrigada.  — O beijo novamente, agradecendo. E ficamos um bom tempo no sofá, nos beijando, abraçando, ele acariciando a minha barriga que ainda nem aparece.
Até que a campainha tocou, então ele foi pro escritório, me deixando a vontade com Camilla! Ela chegou me abraçando forte, e entregando a mala que deixei na casa dela, enfim louca como sempre.
— Eu sei, sou uma péssima amiga! — Dou espaço pra ela entrar. — Eu não te liguei, nem mandei mensagem, absolutamente nada! Depois que você saiu lá de casa, eu te esqueci, me perdoa? Ai mas também é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo... Não dou conta! Enfim... Como você está?
— Bem!
— Bem mesmo?
— Mais feliz impossível. — Digo me sentando ao seu lado, então ela sorri.
— Se acertou com ele?
— Depois de uma semana morando com ele? Você me pergunta isso?
— Tá... Foi uma pergunta idiota, mas me conta tudo, como foi?
— A gente conversou, se pediu perdão e estamos juntos, eu o amo, não quero ficar longe dele.
— Que bom! Não aguentava mais ver você chorar. — Reviro os olhos rindo.
— Mas e você? O que te fez sumir essa semana em Cami?
— Ahhhhhh My good Beeel... Nem me pergunta, eu estou enlouquecendo. — Ela pega uma almofada e coloca sobre o rosto se escondendo.
— O que ouve? Me fala... — Espero ela parar de fazer drama, mas ela não se mexe.
— Aposto que o Rafael tem algo a ver com isso. — Degavar ela retira a almofada, me olhando desconfiada. 
— Ele te falou alguma coisa?
— Não, eu só estou deduzindo.
— Ele tem muito a ver com isso, com tudo. — Noto que ela está séria, muito diferente da Camilla de sempre.
— Quer me contar?
— Ele... Ele me mandou flores Bel... eu cheguei pra trabalhar e tinha um entregador lá, com um buque enorme, era lindo, de rosas amarelas, eu nunca tinha visto rosas amarelas... — Ela sorriu, um sorriso genuíno, me atrevo a dizer, apaixonado.
— E qual é o problema dele te mandar flores? — Pergunto confusa.
— O problema é eu ter gostado, muito...
— Isso não é um problema.
— Não é só as flores... é tudo!
— Tudo o que?
— Ele... ele inteiro! Ele me faz ficar vulnerável e se aproveita disso. 
— Como assim se aproveita?
— Ele me obrigou a ser namorada dele.
— Te obrigou?
— Sim, disse que me considera a sua namorada e vai me tratar como tal, não importando o que eu dissesse. E depois me mandou flores. E não satisfeito me esperou no corredor do meu apartamento, com aquele sorriso... Perguntando se gostei das flores, minha vontade era esfregar o buquê na cara dele.
— E você fez isso? — Perguntei com medo, que ela tivesse mesmo feito isso com o coitado.
— Não, disse que não gostei, ele me beijou e me chamou de mentirosa... Dai a gente entrou... E ele se aproveitou de mim... de novo. 
— Você está apaixonada por ele.
— Claro que não! — Ela levanta se fingindo de ofendida. — Só estou jogando esse joguinho de namorados idiota que ele inventou.
— Completamente apaixonada! — Ela suspira e eu a interrompo. — E não á nenhum problema nisso. Rafael é um cara legal, e além disso meu irmão.
— Mas...
— Sem mais Camilla, deixa rolar... Se te faz bem porque está indo contra isso?
— Não sei... Ele é tão diferente... Tão bonzinho que me irrita arrrgg... Fora que ele não é daqui, eu vou me apegar, ele vai embora, e dai eu vou sofrer sozinha.
— Ou pode ir embora com ele, com... nós.
— Nós?
— William e eu decidimos ir embora no fim do mês.
— O que? Como assim? Quando planejava me contar isso?
— Agora?
— Isabelaaaa... Vocês estão tão bem aqui, porque ir embora?
— Porque quero construir a minha familia longe das pessoas que me  fizeram mal.
— Está falando do seu pai? — Afirmo com a cabeça.
— Ele me machucou de novo, Cami. E dessa vez é imperdoavel. — Ela suspira voltando a sentar.
— Aquele maldito velho do capiroto, esclerosado. O que ele fez?
— Antes de mais nada eu tenho que te contar uma noticia que me deixou nas nuvens.
— O que é? — Ela pergunta desconfiada.
— Fui ao médico e descobri que estou grávida, vou ter um bebê.
— AHHHHH SÉRIO???  — Afirmo um pouco assustada com seu grito. E rio quando ela me abraça. William surge na porta do escritório nos olhando, provavelmente por causa do grito.
— Onww meu Deus! Bel, que alegria. — Ela me abraça forte. — Fico tão feliz por você, meu bebê vai ter outro bebê, nem acredito.
— Aii Camilla Kkk — William sorri voltando a fechar a porta. Enquanto Camilla quase me derruba do sofá.

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