Capitulo 15

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Chego na agência e vou direto para minha sala, Clara já entra atrás de mim me trazendo uma pilha de papeis pra assinar.
—  E parabéns pelo casamento senhor William. — Ela diz ao sair.
— Obrigado. —  Imediatamente lembro de Maite, ainda posso sentir o gosto do seu beijo na minha boca.
Ficamos uma semana a mais do que o planejado na ilha, e quando chegou a hora de ir pra casa, eu ainda queria ficar, me supreendi ao perceber que eu ficaria por mais um mês se pudéssemos.
Imaginei que esse casamento seria um tormento, aceitei apenas porque não queria mais ver Isabel sofrer daquela maneira, a depressão estava voltando, e não poderíamos deixar ela se afundar de novo.
Mas eu já tinha uma opinião formada sobre Maite, uma mulher mimada, fútil e gananciosa como o pai. Jamais me passou pela cabeça que ela seria assim como é, doce, meiga e compreensiva.
Chacoalho a cabeça parando de pensar nela e começo a trabalhar.

— Finalmente resolveu lembrar que tem uma agência? — Rafael entra na minha sala falando grosso, mas está sorrindo. — E então?
— E então o que?
— Como foi a lua de mel?
— Foi legal. — Não posso dizer pra ele que tirei a virgindade da irmã dele e que passei os últimos dias fazendo sexo com ela.
— Só isso? Legal?
— O que quer que eu diga? — Jogo a caneta na mesa e cruzo os braços.
— Que me fale sobre ela, como ela é, o que disse.
— Porque?
— Oras, porque ela é minha irmã, eu tenho o direito de saber.
— Ta bom, senta ai, que a conversa vai ser longa. — Rafael se sentou colocando os papeis que tinha na mão sobre a mesa. — Antes de aceitar me casar com ela, nós conversamos sobre isso, sobre como ela seria.
— Eu lembro. Falamos que ela poderia ser como o pai e acabar machucando ainda mais a Isabel. E eu ainda acho que essa história não vai acabar bem, e não quero ver minha mãe naquela situação novamente, ela já sofreu demais com tudo isso.
— Isso também era o que me preocupava, mas não mais. Ela é completamente diferente do que imaginamos.
— Diferente como?
— Ela é... Eu não sei como explicar, ainda é uma menina, que foi privada de muitas coisas, o pai foi um completo tirano com ela.
— Você acha que ela vai perdoar a Isabel?
— Sim, ela sente muito a falta da mãe, é nítido isso. E ela é muito compreensiva, até com as tiranias do pai.
— Talvez esteja fingindo, pra te conquistar.
— Não, não é fingimento, é o que ela é.
— Então acha que no final essa história toda vai acabar bem?
— Eu espero que sim, Bela também sofreu muito com isso.
— Bela? Quem é Bela?
— Bela é o apelido da Maite, bom, mas eu só eu a chamo assim.
— Ah. — Ele franziu a testa. Então mudei o assunto falando do trabalho,  para evitar outras perguntas.

O dia passou rápido, não tive tempo pra nada, passei o resto da manhã na minha sala, praticamente tudo precisava da minha assinatura. E duas reuniões com possíveis clientes me tomou a tarde toda, a ultima indo até as sete horas da noite.
Quando sai da agência eu estava morto de cansaço, minha cabeça doía e eu só queria comer qualquer coisa e ir dormir. Por sorte havia pedido para Clara contratar um motorista durante a tarde, então não precisei dirigir.
Pensei em comprar qualquer besteira num restaurante, mas lembrei de Maite, ela com certeza teria feito o jantar, na ilha ela sempre cozinhava.

Depois de quase 40 minutos preso num trânsito infernal finamente chego no apartamento. As luzes estão acessas, mas tudo está em um completo silêncio.
Retiro meus sapatos e vou até o quarto, abro a porta lentamente, Maite está dormindo enrolada nas cobertas, sorrio e fecho a porta, minha vontade é deitar junto a ela, mas estou com muita fome.
Vou até a cozinha, abro a geladeira, mas ela está completamente vazia, ainda não fizemos compras. Então me viro e minha vontade é ir até o quarto e beija-la em agradecimento quando vejo um prato de macarronada com muito queijo em cima da bancada de mármore.

Depois de comer a macarronada, que por sinal estava deliciosa eu vou para o quarto. Maite continua do mesmo jeito, pego uma cueca na minha mala e sem fazer barulho vou para o banho.
Saio do banheiro secando meu cabelo com a toalha, olho Maite na cama, ela está segurando um rolo de papel higiênico, ao me aproximar vejo seu rosto vermelho e molhado. Ela chorou. Mas porque?
Jogo a toalha no chão e vou para a cama, eu sinto uma necessidade de abraça-lá, cuida-la. Retiro a coberta e empurro os papeis amassados para fora da cama, Maite está encolhida, vestindo uma regata e uma calcinha. Então deito atrás dela e a puxo para mim, sinto quando ela acorda.
— Já cheguei do trabalho. — Sussurro. Ela se vira pra mim, mas não posso ver seu rosto, pois ela se esconde no meu peito. — Tudo Bem? — Ela apenas balança a cabeça. Então apenas a abraço cheirando seu cabelo.

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now