Capítulo 35

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Enquanto Bela come seu almoço, eu fico observando-a. Respiro fundo lembrando de como fiquei nervoso, quando ela não me respondeu mais. E o grito da Camilla chamando seu nome ecoava em minha mente. Não vou mentir que senti o meu coração disparar e tive medo de não a ver de novo. Fiquei muito angustiado, tanto que retornei a ligação por muitas vezes e ela não me respondia. Me senti tão impotente, sem falar com ela ou ver como estava. Então eu corri pra casa, na esperança de encontra-la. E só consegui respirar com calma, quando a vi no sofá.
Olho pra Maite ao meu lado mais uma vez. É bom saber que ela está bem e que tudo não passou de um susto. Confesso que senti muito a sua falta esse final de semana, das nossas conversas, do seu sorriso, dos seus beijos, principalmente do beijo, das carícias. Balanço a cabeça, parando de pensar nisso.
Maite terminou de comer e coloca seu prato na bandeira pegando o copo de suco.
— Você já almoçou? — Pergunta quando nossos olhares se encontram.
— Sim, quando a Candelária chamou antes, você estava dormindo e resolvi te deixar descansar um pouco mais. — Ela concorda com a cabeça.
— Bom, eu vou voltar pro trabalho, tenho uma reunião agora. Aproveita e descansa.
— Ah... Eu tenho que ir pro curso agora a tarde.  — Mordo o lábio lembrando do maldito curso de inglês. As vezes eu me pego lembrando que ela está na mesma sala que aquele imbecil, que falou com ela.
— Sei. — Começo a abotoar os botões da minha camisa com raiva.
— O que ouve? — A olho. —  Você ficou serio de repente. — Ela diz.
— Não é nada. — Falo me virando, mas acabo voltando a ela. — É que eu prefiro que você fique descansando, está sem  celular e seu joelho está machucado. — Tento persuadi-la. Não vou conseguir me concentrar na reunião, se eu ficar imaginado o que ela vai estar falando com aquele imbecil. — Porque não fica descansando? — Pergunto mais uma vez. E ela inclina a cabeça como se estivesse pensando.
— Tudo bem, eu vou faltar hoje.  — Sorrio e me aproximo dela lhe dando um selinho demorado.
— Certo, nos vemos a noite.
— Bom trabalho. — Diz sorrindo e lhe dou outro selinho antes de ir.

Depois de quase uma hora, no trânsito infernal. Chego na agência, vou direto para a minha sala e Rafael entra logo depois de mim.
— E então? O que tinha acontecido com a Maite? — Quando estava saindo para ver o que tinha acontecido, encontrei Rafael e tive que contar onde estava indo.
— Ela foi assaltada, levaram o celular.
— Ah... — Disse se sentando. — E como ela está?
— Agora bem, estava assustada, mas eu... É acalmei ela. — Digo disfarçado lembrando de como a acalmei. Aquilo foi bom. — Os clientes já chegaram? — Mudo de assunto.
— Não, ainda temos meia hora. — Ele diz.
— Ótimo. — Ligo meu computador.
— Ainda não falou com ela? — Olho pra ele sem entender. — Com a Maite, sobre a Isabel. — Nego. Eu perdi a coragem na hora e fugi dela o resto do dia. E hoje de manhã, bom... eu estava usando a boca pra beija-la e não falar qualquer coisa.
— E porque não? Domingo me disse que iria falar tudo e leva-la para Nova York, Isabel precisa dela e você sabe.
— Eu sei, mas acontece que ela não tem passaporte e vai levar uns vinte dias pra ficar pronto.
— O que? Como assim ela não tem um passaporte? — Diz exasperado.
— É foi uma surpresa pra mim também. Mas o que podíamos esperar? O pai foi um tirano com ela, mal dava dinheiro pra faculdade, nem um celular descente ela tinha. — Ao falar isso lembro que eu tenho que comprar outro celular pra ela.
— Ela não teve a vida que eu imaginei que tinha. — Rafael diz pensativo. A verdade é que ele sempre culpou a Bela por não ter a mãe saudável. — Bem e o que faremos agora? Minha mãe não está bem, muito pelo contrário, está dopada de remédio e ainda assim, entre seus delírios ela chora e chama pela filha. — Suspiro Fundo.
— Maite não pode viajar sem passaporte e a Isabel não pode vir. — Rafael se afunda na cadeira. Ele parece cansado de tudo isso.
—  Ela não vai se acalmar até ver a Maite.
— Talvez se eu for.
— Sozinho? — Ele pergunta.
— Sim, posso falar com ela e tentar acalma-la, nos sempre conversamos bastante e eu sei muitas coisas sobre a Maite agora, ela vai ficar feliz em me ver.
— É, talvez isso a acalme. Bem, é a única opção que temos no momento. — Ele dá de ombros.
— Acha que consegue segurar a barra aqui dá agência?
— Sim. Tudo está indo bem, consigo fazer funcionar até você voltar.
— Certo, vou no próximo vôo. — Ele concorda.
Depois da reunião eu pego o telefone, pra pedir a Clara que me compre uma passagem pra Nova York. E penso se deveria falar com Bela antes de decidir ir, eu não sei se ela vai gostar que eu vá sozinho. Penso um pouco, mas opto por comprar de vez a passagem e terminar de vez com isso. E também peço pra Clara me comprar um celular novo.

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now