Capítulo 59

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Meu peito parecia estar se partindo em dois e não pude evitar as lágrimas, olhei pra cima em busca de uma intervenção divina, mas nada aconteceu. Maite tinha os olhos marejados, mas ela não chorava,  apenas me olhava esperando eu falar algo, ter alguma reação, mas havia um choro preso em minha garganta que me impedia de dizer qualquer coisa. Meu maior medo estava se concretizando, diante dos meus olhos e eu não tinha nenhuma arma pra lutar contra ele, já esgotei todas as minhas defesas e explicações, e ela ainda quer me deixar... Mesmo eu já esperando isso, é um baque muito forte pra se suportar.

— Só um tempo? Tudo bem... — Concordo, abaixando a cabeça, mas o simples fato de me imaginar um dia sem ela, já me faz mudar de ideia.
— Não, não vai... Por favor Bela, fica aqui comigo. — Puxo seu corpo junto ao meu, a apertando contra meu peito.
— Me perdoa por mentir, achei que era a melhor opção, eu estava errado, não queria te magoar, nunca quis... — Bela não saiu dos meus braços e escutei o seu choro baixinho, misturando-se com o meu.
— Te amo tanto... Não consigo dormir sem você, sem te abraçar, não quero ficar nesse apartamento sozinho. — Ficamos em silêncio por um tempo, mas era um silêncio bom, porque ela ainda estava em meus braços, ainda...
Eu mais do que ninguém sei o quanto ela está machucada, e eu quero ser o único a recolher cada caquinho dela, o único a curar suas feridas, sei que sou o único que posso fazer isso, mas ela está me afastando e com razão, eu mereço pela mentira e por ter sido egoísta... Mas como solta-la? Como deixá-la ir? Eu não consigo abrir mão dela, sou egoísta, seu lugar é aqui, protegida  entre meus braços, longe das garras do seu pai e de todos que um dia a machucaram.
— William...
— Não. — A aperto contra mim. Me recuso a solta-la, eu sei que devo respeitar a sua decisão e dar o tempo que ela pediu. Isso é o mínino diante da mentiras que lhe contei
mas se eu lhe der espaço, algum babaca vai deslizar para o meu lugar imediatamente. Eu não vou aguentar isso, não vou. Bela não tentou sair novamente, ela se aninhou, deitando a cabeça contra mim e ali ficou quietinha, me permitindo respirar aliviado por um instante, a sua mão deslizava levemente pelo meu peito, fazendo-me carinho. Me emociono por ela se importar em tranquilizar. Estou sendo tão imbecil, eu deveria estar sendo forte, por ela, por nós, mas estou aqui desmoronando como um menino chorão, que não pode aceitar uma decisão e apoia-lá. Em nenhum momento ela disse que vai me deixar, que quer o divórcio, só pediu um tempo, apenas um tempo. Eu devo isso a ela, dar um voto de confiança, confiar no nosso amor e na sua sensatez.

— Quanto tempo precisa? — Sussurro, afrouxando o aperto e devagar deixo ela se afastar de mim. É doloroso, mas é  necessário.
— Não sei... Tenho que pensar em muitas coisas... — Confirmo com a cabeça e pego sua mão.
— Tudo bem. — Engulo seco, deixá-la ir é a coisa mais difícil que já fiz na vida, o medo dela não voltar é grande, mas a esperança de que ela volte, me enche de expectativa.— Eu posso te ligar as vezes? Só pra saber como você está?
— Sim. — Sua afirmação tranquiliza o meu coração.
— Não fique com raiva de mim, eu só quis ajudar a Isabel e me apaixonei... — Ela afirma com os olhos marejados.
— Nem se eu quisesse...
— O que?
— Nem se eu quisesse, conseguiria sentir raiva de você... — Sorrio, meu peito se enchendo de esperança, ela volta, eu sei que volta.
— E... Você vai ir agora? — Ela afirma.
— Bem, depois que minha mãe...  Isabel tiver saído.
— Não quer mesmo falar com ela?
— Hoje não, não consigo.
— Tudo bem, eu... Vou conversar com ela e mandar a Candelária te trazer o café da manhã.
— Não tenho fome...
— Ainda não comeu nada, já é quase meio dia... Coma um pouco, por favor, não quero que fique doente.
— Tá bem... — Levanto do chão e estendo a mão pra ela, ajudando a levantar, depois que a deixo na cama, saio do quarto, todos me olham e Isabel vem ao meu encontro.

— E então? — Pergunta ansiosa, tentando ver pelo vão da porta, mas Bela não quer vê-la então, fecho a porta e toco seu braço a levando pro sofá.

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