Capítulo 58

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Tudo que se ouvia era a minha respiração descompassada, entre cortada por soluços, que aos poucos foram se dispersando, William me manteve em seu colo, contra o seu peito o tempo todo, respirei fundo quando sai dali e ele aos poucos me soltou, limpei as lágrimas com as mãos e tentei ajeitar meu cabelo, ficando meramente apresentável. 

— Você não quer deitar e descansar um pouco? — William pergunta alisando meu ombro. E eu nego com a cabeça. — Quer comer então? Ainda não comeu nada hoje. — Nego novamente, e crio coragem pra encara-lo, seus olhos tem um brilho diferente e sua feição está tão suave, mas a sua testa franzida demonstra preocupação. 

— Eu só quero que me explique tudo, que me diga a verdade William. 

— Está bem, eu vou te explicar tudo. — Diz colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. E olha em volta como se pensasse, porque não levantamos do chão? Mas de uma forma maluca me sinto mais segura aqui, presa entre ele e a cama. 

— De onde conhece ela? — Pergunto. 

— Isabel é minha tia. — Isso quer dizer que somos primos? —... Mas não de sangue, ela se casou com o meu tio, irmão da minha mãe. — Ele responde como se lê-se meus pensamentos. 

— O homem com quem ela foi embora? — Ele confirma, abaixo o olhar pensando. O tio dele é o homem por quem a minha mãe me abandonou, é humilhante mas sinto inveja dele, inveja por ela ter o amado mais que a mim. — Porque ela deixou meu pai? Eu pensava que ela amava ele, lembro vagamente dos dois juntos, mas... eles sempre sorriam e estavam abraçados.

— Isso não sei dizer, mas posso chamar ela se quiser, ela pode te responder tudo isso. — Nego insistentemente. 

— Não, eu não quero ver ela, nem falar com ela. 

— Bela... 

— NÃO. — Falei alto demais. — Eu sei que o apartamento é seu, mas por favor, manda ela embora, eu não quero ela...não quero... —  Termino a frase em lágrimas e as trato de enxugar. 

— O apartamento é nosso, mas tudo bem, não precisa falar com ela se não quiser. — Diz segurando a minha mão entre as suas. E eu apenas confirmo. — Mas não seja tão dura com ela, Isabel te ama muito e o que mais quer na vida é te ter do lado dela. — O olho buscando a verdade, eu não sei se ele esta mentindo descaradamente, ou ele realmente acredita no que está falando, mas o fato, é que isso não é verdade. 

— Se isso fosse verdade, ela não teria ido embora. 

— Bela... Isabel teve seus motivos e quando falar com ela, tenho certeza que ela vai te explicar o porque de ter ido embora.  — Nego.

— Eu não acho que exista uma explicação, não uma que eu vá aceitar. Ela fingiu que estava morta, William. Voltou 20 anos depois, casada e com outro filho, o que tem pra explicar? — Dou de ombros, como se não me importasse, mas no fundo, meu coração está se partindo em dois, minha mãezinha tem outro filho, a quem dá todo o amor que era pra ser meu, outra vez alguém roubou o meu lugar de filha e dói demais pensar nisso.

— Toda historia tem dois lados, vai ter que tentar entender o lado dela e as razões que a fizeram ir embora. — Meus olhos estão fechados e eu apenas nego com a cabeça, me recuso a entender, me recuso a imaginar minha mãe me abandonando como se eu fosse um nada, simplismente algo que pudesse ser deixado pra trás. Ela era tudo pra mim, eu era apenas uma criança, eu presicava dela.
 — Bela... Não percebe? A culpa é toda do seu pai, ele mentiu sobre ela estar morta, forjou a morte dela e não permitiu que ela se aproxima-se de você, tudo na base da ameaça, Isabel até tentou, mas teve medo que ele te machucasse e por isso foi embora. Sinto muito, mas é a verdade, seu pai é um... canalha, ele...

Migalhas De AmorWhere stories live. Discover now