Capitulo 129

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A algum tempo atrás, se alguém dissesse para mim que eu me sentiria tão confortável e segura ao acordar nua nos braços de Helion eu diria a essa pessoa que ela estava completamente louca, mas, aqui estou eu. Acordar com as suas carícias em meu cabelo, em meu rosto, era algo tão comum que eu sequer podia imaginar como seria acordar de outra maneira, ou com outra pessoa.

Reclamei ao sentir Helion se afastar como se fosse levantar da cama e o puxei de volta para perto me agarrando a ele.

– Não queria acordar você  -disse ele se deitando outra vez.

– Mas acordou -resmunguei com a voz rouca enfiando o rosto na curva de seu pescoço.

– Desculpa -Helion deixou escapar uma risada ao acariciar meu cabelo.

Ronronei com o ato me aconchegando aos braços dele e sua enorme mão que rodeava minha cintura me apertou um pouco mais.

Ouvi passos soarem no andar de baixo, algo como uma corridinha em pés descalços que estalava como palmas em contato com o mármore.

– Ontem, pedi para que Brianna a trouxe aqui quando ela acordasse -explicou Helion –não imaginei que você teria dormido nua, nem que ela acordaria tão cedo.

Nós tinhamos buscado Dalila para almoçar conosco no restaurante em Annecy a três dias.

Os passos estalados de criança soaram mais perto, subindo as escadas e depois disparando pelo corredor até o quarto, Dalila estava sempre correndo.

Me cobri com o lençol tampando meus seios, antes a mostra, ao mesmo tempo que Dalila disparou pela porta com um sorriso de orelha a orelha.

– Bom dia -ela disse animada me fazendo rir e então correu até a cama – Sabia que ontem eu aprendi a escrever meu nome? -perguntou ela dando um pulinho para que conseguisse se sentar ao meu lado na cama.

– Sério? Que legal -ergui as sobrancelhas entusiasmada e me sentei na cama, segurando o lençol junto ao corpo, para prestar atenção no que ela dizia.

– Muito legal -seu sorriso aumentou quando ela me viu sentar.

– Quem ensinou a você? -perguntei apenas para deixar que ela continuasse a falar sobre oque queria

– A Tia Rosalie  -Dalila deu de ombros me fazendo rir.

– Pode me mostrar depois? - perguntei em tom suave.

– Você quer ver? -os olhos de Dalila brilharam ao notar meu interesse.

– É claro que sim -confirmei com a cabeça

Dalila então se levantou e engatinhou até mim na cama apenas para que se sentasse em meu colo. Senti Helion segurar o lençol em minhas costas para que eu pudesse aninhar Dalila em meus braços.

– As outras crianças aprenderam a escrever os nomes dos pais delas -disse ela em tom baixo, talvez triste, enquanto eu fazia carinho em seu cabelo – A tia perguntou qual era o nome dos meus pais, eu não queria contar que minha mãe morreu por causa de Hybern. -Dalila pareceu receosa ao completar: –Então, eu disse a ela o seu nome...

Senti algo que nunca imaginei sentir antes, algo que sequer sabia nominar, mas era bom, assustador, mas bom.

– Você pode ser minha nova mãe, não pode? -havia receio mas também esperança em seu tom, em seus olhos.

– É claro que posso -garanti em tom suave.

Pude ver um enorme sorriso crescer no rosto quando ela lançou os braços ao redor do meu pescoço.

A abracei com força como se não quisesse que saisse nunca mais. Bem, realmente não queria, queria te-la em meus braços para sempre, mante-la segura.

Corte de chamas e pesadelosDove le storie prendono vita. Scoprilo ora