Corte de chamas e pesadelos

Capitulo 137

A conversa fluía na sala, primeiro sobre a guerra. Depois Feyre, sempre curiosa e levemente fofoqueira, indagou Helion sobre seu envolvimento com a senhora da corte outonal, eu sequer toquei no assunto com ela ou qualquer outra pessoa.

O assunto voltou a ser sobre a guerra outra vez, e parecia que todos nós só sabiamos falar sobre isso nos últimos tempos, e ficava pior quando nos reuníamos, como se aquele peso nunca cessasse, mas pelo menos sabiamos que nós não eramos os unicos preocupados, todos estavamos no mesmo barco.

Havia um nó em meu estomago nos últimos minutos, não sei exatamente o motivo mas algo parecia estar errado, então tomei aquilo como ciúme pela troca de olhares entre Helion e Mor, pelo flerte descarado que eles trocavam, mas não sei exatamente se estou convencida disso, não se aquela sensação ruim estava de fato ligada àquilo.

Uma porta se abriu e fechou no saguão adiante, e Nestha apareceu em seguida. Helion parou de debater sobre a muralha para observá-la atentamente. Nestha o observou com o mesmo desdém que exibiu durante a reunião. Mas Helion ofereceu a mesma reverência que havia oferecido a Feyre.

– Não acho que fomos apresentados adequadamente mais cedo -cantarolou ele para Nestha. – Sou...

– Não me importo - respondeu Nestha, passando direto por Helion e parando ao lado de Feyre. – Gostaria de uma palavra -disse ela. – Agora.

Cassian mordia os dedos para evitar rir... da total surpresa e do choque no rosto de Helion. Um sorriso irônico foi estampado em meu rosto pela tamanha dispensa que levara de Nestha.

"Minha madrasta, minha amiga, minha irmã..." cantarolei provocativa na mente de Helion "Tome cuidado amor"

Um sorriso viperino surgiu em seu rosto quando ele se virou para mim.

"Você soa tão sexy quando me ameaça passarinho" ele respondeu em pensamento, mas eu podia ouvir sua voz claramente, ronronando aquela provocação "Podemos brincar com aquela adaga outra vez?"

Desviei o olhar dele para evitar sorrir em provocação assim como ele fazia e encontrei Nestha me olhando.

– O que? -perguntei franzindo o cenho

– Quero falar com você também -respondeu indicando a saída do cômodo com o queixo.

Suspirei me levantando do lugar no sofá que havia ocupado a pouco, me preparando para o que Nestha teria a dizer de forma tão repentina e segui ela e Feyre para fora do cômodo.

— O que foi? — perguntou Feyre, quando entramos todas no quarto de Nestha, o espaço decorado com seda cor-de-rosa e ouro, com toques de marfim espalhados pelo cômodo. 

— Precisamos ir embora — disse Nestha. — Agora mesmo.

O tom de Nestha, era algo que eu nunca havia ouvido ela sequer esboçar antes, algo como medo. Cada sentido meu ficou alerta.

— Por quê? -perguntou Feyre

— Parece errado. Alguma coisa parece errada.

— Rhys e os demais teriam sentido. Você provavelmente só está captando o poder reunido aqui.

— Alguma coisa está errada — insistiu Nestha.

— Não duvido de que se sinta dessa forma, mas... Se nenhum dos outros está captando...

— Não sou como os outros. — Sua garganta oscilou. — Precisamos partir.

— Posso mandar você de volta a Velaris, mas temos coisas a discutir aqui...

— Não me importo comigo, eu...

A porta se abriu, e Cassian saiu entrando, o rosto severo. A visão das asas, da armadura illyriana naquele quarto opulento coberto de rosa já eram de um imenso contraste quando ele exigiu: